1999
mais que música

Atualizado todo dia.

Histórias: Já
Um espaço pra textos diferentes, atualizado diariamente

Se você quiser escrever para o 1999 sobre QUALQUER coisa que tenha a ver com música (um show legal que você viu, um carinha que você conseguiu entrevistar, um disco que você queria mostrar pras outras pessoas, qualquer tipo de teoria, contar qualquer parte da história do rock), basta escrever para a gente.

8.NOV.1999

RESENHAS
MR. BUNGLE
California
(Warner Brothers)
Por Alexandre Matias

Então chegamos ao disco pop do Mr. Bungle. Pra quem não conhece, o grupo era o projeto de estimação de Mike Patton, do Faith No More. Enquanto em sua banda oficial o vocalista levava seus extremos musicais rumo ao rock pesado (achando no melhor disco do grupo, Angel Dust, a raiz para todo o chamado novo metal - Korn, Limp Bizkit, Marilyn Manson, Deftones e companhia limitada), era no Mr. Bungle que ele soltava suas neuras musicais.

Cruza de Frank Zappa, John Zorn e trilha sonora de desenho animado, o Mr. Bungle levava a esquizofrenia sonora destes três universos às últimas conseqüências: de Zappa tiravam o passeio livre por todos os segmentos da música pop, chegando a tocar quatro ou mais gêneros numa mesma canção; de Zorn buscaram os ataques iconoclastas à canção, atravessando extremos de uma ponta à outra sem pensar duas vezes, só pelo choque; dos desenhos animados vieram o aspecto visual da música, em que cada nota serve para encerrar um conceito, ilustrar um movimento. Casando os três, o grupo californiano chegava a um consenso: é possível misturar todo tipo de música, em qualquer velocidade ou intenção - sem a mínima necessidade de se soar pop.

Até agora. Com o fim do Faith No More no ano passado, Patton ficou sem seu playground no rock. Sem poder exercitar sua gana em escrever canções com pé e cabeça, aos poucos o Mr. Bungle foi assumindo esta nova persona. Não que Patton precise de uma banda pop para sobreviver, mas sua paixão pela música pop e pelo rock tradicional é tão forte quanto pelas outras maluquices que adaptou à sua vida que ele precisava por este sentimento para fora.

O resultado é California (Warner, importado), o disco de mais fácil digestão da história do grupo. Mas mesmo sendo um disco pop, California passa longe de sê-lo. Como disse no começo, é o disco pop do Mr. Bungle. Em que Patton, Trey Spruance, Bär McKimmon, Trevor Dunn e Danny Heifetz se rendem ao formato pop como uma dos ingredientes da mistura. Aproveitando-se desta possibilidade, o grupo enfatizou o apelo comercial que o disco inevitavelmente teria e transformou no conceito do disco.

Tanto que o disco começa com o som de pássaros voando e a balada litorânea Sweet Charity, que aos poucos passeia pelo doo-wop, pelo pop de Burt Bacharach, com guitarras havaianas, tímpanos, bateria eletrônica e teclados. Patton exercita seus dotes vocais ao passaram do sussurro à impostação em questão de segundos, fazendo seus próprios backing vocals.

None of Them Knew Were Robots começa massiva para depois cair num boogie jazz com referências de surf music, swing, rockabilly e blues. Aos poucos percebemos os primeiros lampejos de esquizofrenia, embora volte o tempo todo para o máscara pop que o grupo finge usar. Retrovertigo é uma balada daquelas que faziam as fãs do Faith No More suspirar, embora menos pesada (bem mais épica que rocker) e mais, hm, madura.

O começo lírico de The Air-Conditioned Nightmare nos engana direitinho - não dá pra imaginar que a loucura de verdade comece de uma canção tão bonita. Mas logo nos vemos presos num pesadelo que mistura música árabe, heavy metal e música de comercial de TV dos anos 50. Foi dada a largada. Ars Moriendi começa orientalesca, passa por uma sanfona cigana, até cair na Espanha com castanholas eletrônicas, guitarras flamencas, death metal e a trilha sonora do Gato Félix em 78 RPM. Tarde demais: não era tão pop como imaginávamos e eis o velho Mr. Bungle de novo.

Mas como pop é o tema do disco, com ele nos encontramos de novo, mesmo que no doo-wop eslavo com toques de canção francesa (não é exagero, acreditem) que torna-se a balada mortal Pink Cigarette. A caixinha de música que abre Golem II: The Bionic Vapour Boy remete à criança de filme de terror que o vocalista finge ser toda vez que sorri. Mas a melodia mecânica torna-se base para uma canção de ninar electro com referências diversas - baixo funk, levada bossa nova, Kraftwerk, música erudita, new wave. The Holy Flament abusa de toda espécie de lirismo - vocais, pianos, percussão, orquestra - para criar uma paisagem tão careta que soa bizarra no meio de tanta maluquice.

O doo-wop (obsessão zappiana abraçada por Patton) Vanity Fair passeia em tempos diferentes, mas sem perder o clima nostálgico que o grupo imprime. E mesmo se a banda faz a faixa soar torta, Patton canta como se estivesse assistindo um casal perto do primeiro beijo, entregando todo sentimento da canção àquele momento tão particular e importante. É sempre bom lembrar que, mais do que um maluco ou um popstar, o ex-vocalista do Faith No More era um baita cantor.

Goodbye Sober Day termina o disco com a insanidade particular do grupo: barulho, contravenção sonora, free jazz, baladas, efeitos sonoros acelerados, cadências alternadas, loops de ruído, schizo-funk, metal... Não há limites para as pirações do Mr. Bungle. Contudo, California é seu disco mais pop. É a entrada perfeita para os fãs do velho Fenemê no multiverso esquizóide desta aberração musical que é o Mr. Bungle. E, claro, sem desapontar seus fiéis seguidores.

Ira!
Pin Ups Acústico
Skuba
Lado B especial
Autoramas
"Substance - 1987"
"Dois"
Titãs
Angélica
Notas do Subterrâneo (outubro)
Arroz com Pequi (outubro)
O Rappa
Quannun
Einstürzende Neubaten
"Punk - A Anarquia Planetária e a Cena Brasileira"
Tom Waits
Andreas Kisser
Retropicalismo / Mutantes/ Arnaldo & Rita
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido"
Legião Urbana
Stereolab
Cut Chemist / Shortkut
Pavement
"Vocabulário de Música Pop"
Red Hot Chili Peppers (show)
MV Bill
Thee Butchers' Orchestra
Zen Arcade - Hüsker Dü
Ozomatli
Pato Fu
Los Hermanos
Nocaute
Mosha (show)
Down by Law
Tricky / DJ Muggs
Los Hermanos
Grenade & Thee Butchers' Orchestra
Rebeca Matta
Man or Astroman?
Abbey Road
Os Catalépticos (show)
Comunidade Ninjitsu
"Esporro!" e "Guerrilha"
CMJ Music Fest
Pensamentos Felinos (setembro)
Echo & the Bunnymen (show)
Stela Campos
Jim O'Rourke
atenciosamente, (setembro)
Luiz Gustavo (Pin Ups)
Relespública (Diário de Bordo)
Alex Chilton
Toy Shop
Martin Rev (Suicide)
Yellow Submarine
Punk Rock em Curitiba
Grenade
Mutantes
Bruce Whitney (Kranky Records)
Cotton Mather
Por Fora do Eixo (setembro)
Thomas Pappon
Pequenas Capitanias (setembro)
Mercury Rev (show)
Paralamas do Sucesso
Relespública, Mosha & Woyzeck (show)
Reading 99
O maravilhoso mundo grátis
"Eu vou enfiar um palavrão"
Jason (entrevista)
Pôneifax, Walverdes e Tom Bloch
Noel & Liam Gallagher
Manu Chao
Jason pelo Nordeste
V99 (festival com Manic Street Preachers, Orbital, DJ Shadow, Massive Attack, Mercury Rev, Gomez, Happy Mondays, James Brown, Groove Armada e Mel C)
"Curitiba, Capital do Rock"
Divine, Six Degrees, Moonrise e Barbarella
Vermes do Limbo
Sala Especial
Al Green
Bowery Electric
Jamiroquai
Flaming Lips
Gong - Show de 30 anos
Megatério (agosto) - A Noite do P* no C*
Marreta (agosto) - O jazz morreu
Rolling Stones
Mercenárias
"Paul's Boutique"
"Tim Maia Racional"

Kraftwerk
Sugar Hill Records

Second Come
R.E.M.
Built to Spill
Eddie
Flaming Lips
Ultraje a Rigor
"Kurt & Courtney"
Moby
clonedt
Mark Sandman
Suede
Plebe Rude
Rentals

Pavement
MEGATÉRIO - Omar Godoy
WICKED, MATE - 90 (de Londres)

REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K
atenciosamente, - Rodrigo Lariú
Red Hot Chili Peppers

Underworld
Prodigy
Hojerizah
Raimundos

Plebe Rude
Wilco
Little Quail
Chemical Brothers
Atari Teenage Riot

Grenade
Lulu Santos
Liam Howlett
4-Track Valsa
Chemical Brothers (show)
Yo La Tengo + Jad Fair
"Select"
Dr. John
Memê
"Drinking from Puddles"
Capital Inicial (show)
Jon Spencer Blues Explosion (show)
Homelands (festival com DJ Shadow, Underworld, Asian Dub Foudation, Chemical Brothers, Fatboy Slim, Grooverider, Faithless e outros)
Divine
"The Best of Sugar Hill Records"
Ambervisions
Amon Tobin
Sepultura/Metallica (show)
Mocket
Stereophonics
Headache
Fatboy Slim
Cassius
Paul Oakenfold
Silver Jews
Amon Tobin
Inocentes
Sepultura
Outropop
Pensamentos Felinos
Loniplur
atenciosamente,
Swervedriver e Mogwai
Comédias
Pequenas Capitanias
Por Fora do Eixo
Arroz com Pequi
Marreta?

Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando
Por Aí
T-Rex
Kurt Cobain
Bob Dylan
Nuggets
Sebadoh
Los Hermanos
Kiss (show)
Mestre Ambrósio
Jesus Lizard
Maxixe Machine
Fish Lips
Silverchair
PJ Harvey e Jon Parish (show)
Cornelius
"Post-punk chronicles"
Blur (show)
Garage Fuzz
Pólux (show)
Marcos Valle
Astromato
French Fried Funk
Sublime
Leia no último volume
Na Lata!
Miniestórias
Blur
Ira!
Sleater-Kinney
Goldie
Henry Rollins
Jon Carter
Afrika Bambaataa
O pai do rock brasileiro
Nova História do Pop
Grave sua própria fita
C86
Medo do novo
Digital Delay
No shopping com Status Quo
Fita ou demo?
Solaris
A história do indie baiano
Prot(o) e Rumbora
Monstro Discos
Carnaval e Los Hermanos
Eletrônicos e bicões
Kólica, Pupila e Total Fun
As hortas musicais de Curitiba
Ala Jovem
Brian Wilson
Limpando os remédios
Amor e Luna
Massive Attack
Blondie
"You've Got the Fucking Power"
Relespública (show)
Trap
Johnattan Richman (show)
Little Quail & the Mad Birds
High Llamas
Thurston Moore
Red Meat
Los Djangos
Bad Religion (show)
Vellocet
Jon Carter (show)
Raindrops
Jimi Hendrix Experience
Fun Lovin' Criminals
Garbage
Tom Zé
Câmbio Negro
Catalépticos
Lobão
Cowboys Espirituais
Max Cavalera
Escrever "de música"
O CD ou a vida (quase)
A bossa nova contra-ataca o Brasil
Um pouco de educação não faz mal a ninguém
Fé em Deus e pé na tábua
O Mercury Rev que não foi
Um banquinho, um violão e Dee Dee Ramone
Escalação pro Abril Pro Rock 99
Dago Red
Festivais na Bahia
Chutando o futuro de Brasília
Ê, Goiás
Pós-Rock, Teletubbies e LTJ Buken
Você sabe o que é Louphas?
Por dentro da Holiday Records
Chacina no litoral paranaense
PELVs e um blecaute
Bruce Springsteen
O último show dos Beatles
Genesis -
"The Way of Vaselines"
Vamos nos encontrar no ano 2000
Tropicanalhce
A professora com pedal fuzz
Portishead
Chico Buarque (show)
Deejay Punk-Roc
Ninja Cuts
Jon Spencer Blues Explosion
Dazaranha
Snooze
U.N.K.L.E.
Pearl Jam
New Order (show)
Rock Grande do Sul
Spiritualized
Damned
NME Premier Festival (shows)
Delgados
Punk Rock Stamp
Fellini (show)
Plastilina Mosh
Neutral Milk Hotel
Fury Psychobilly
Gastr Del Sol
Pólux
Afghan Whigs
Ritchie Valens
Marcelo D2/ Resist Control (show)
Limbonautas
Cartels
Babybird
Elliot Smith
Jesus & Mary Chain
Nenhum de Nós
Otto 
Relespública  
DeFalla
Piveti
Isabel Monteiro
Man or Astroman?
Ricardo Alexandre elocubra sobre Engenheiros do Hawaii
Camilo Rocha ri do medo da imprensa especializada
Leonardo Panço mete o pau em quem ele acha que deve meter o pau
G. Custódio Jr. fala de Flin Flon e Va Va Voon
Tom Leão dá as dicas de como se gravar "aquela" fita pra "aquela" gata
ROCK & RAP CONFIDENTIAL defende o crédito à pirataria 
Rodrigo Lariú lembra de bons shows
Festivais no Nordeste
O último show do Brincando de Deus

Conheça Belo Horizonte
98 em Brasília
Superdemo e Fellini no Rio
Uma geral no ano passado em Sampa
Cadê o público nos shows?
As dez melhores bandas de Curitiba
Pelo fim da reclamação
Black Sabbath
Burt Bacharach
"Três Lugares Diferentes" - Fellini
Beck
Mercury Rev
Jurassic 5
Sala Especial
Lou Reed (show)
Asian Dub Foundation
Belle and Sebastian
"Velvet Goldmine"

Autoramas (show)
Grenade
Chemical Brothers (show)
Cardigans
Bauhaus
Stellar

1999 é feito por Alexandre Matias e Abonico Smith e quem quer que queira estar do lado deles.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
Fale conosco

----- -----

Hosted by www.Geocities.ws

1