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01.03.1999

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IRA!
NOVOS VELHOS HERÓIS
Por Fabiano Camargo

Depois de incorporar a música eletrônica no seu mais recente disco, Você Não Sabe Quem Eu Sou, o Ira! está preparando um novo trabalho "mais básico". Nasi (vocais), Edgard Scandurra (guitarra), Gaspa (baixo) e André Jung (bateria) já iniciaram a produção de um próximo álbum que trará vesões para clássicos da MPB e também para músicas de grupos de rock dos anos 80. "Vamos resgatar as coisas que a gente gosta e tocar com a personalidade do Ira!", diz o vocalista Nasi, em entrevista ao 1999. Na entrevista reproduzida abaixo, Nasi e Scandurra falam mais sobre o show, os novos projetos e rock'n'roll.

1999 - Como vocês avaliam este ano que passou, com o lançamento do novo disco?
Nasi -
Foi um ano legal pela boa aceitação de crítica que o disco Você Não Sabe Quem Eu Sou conseguiu. Foi um dos mais elogiados da história do grupo. Não esperávamos esta receptividade, já que o disco era bem experimental e tinha um ponto polêmico: o uso da música eletrônica. Os críticos reconheceram nossa intenção de tentar arejar o trabalho, de tentar fazer o que sempre fizemos de maneira diferente. Por outro lado, aconteceram algumas resistências junto ao público, com muita gente achando que fosse um desvio da tendência natural do Ira!. Neste ano passamos também por algumas dificuldades com nossa gravadora, a Paradoxx. Não renovamos o contrato para um novo disco. Isso ocorreu porque esperávamos que o álbum novo fosse melhor divulgado, já que recebeu tantos elogios. Ficamos um pouco frustrados. Mas eu, particularmente, sempre achei que seria um disco comercialmente mais difícil. Embora tenha coisas modernas, ou contemporâneas, como prefiro classificar, ele não é um trabalho cheio de refrões. Uma coisa estranha que aconteceu foi o boicote sofrido pela música "Miss Lexotan 6mg Garota" nas rádios rock de São Paulo. Das três que existem na cidade, a principal, que não vou citar o nome, se recusou a incluir na programação.

1999 - Porque ocorreu este boicote?
Nasi
- Eles não deixaram claro o motivo. Julgamos que tenha sido por alguma picuinha boba. Ou pela citação ao remédio Lexotan ou pela parte da letra que fala: "ela teme que jamais conhecerá um carinha que vai comê-la estando apaixonado". Por outro lado, na Brasil 2000, a música ficou em primeiro lugar na parada dos ouvintes por dois meses e meio, bantendo bandas como Raimundos e Metallica. Quer dizer, ninguém pode dizer que ela não tem apelo popular.

1999 - Mudou algo no show?
Nasi -
Ele teve mudanças em relação ao show de lançamento do último disco. No show antigo, mostrávamos o disco completo e as músicas antigas entravam no tempo que sobrava. Também tínhamos um músico convidado, o Loop B, que tocava teclados e comandava ruídos industriais, mais alguns cenários e figurinos. Essa fase terminou depois que lançamos o disco. Agora retomamos um show que traz entre 40 e 50% das novas. A maioria das músicas são os clássicos de maior destaque da banda, além de alguma coisinha nova.

1999 - Vocês já estão preparando o próximo disco?
Nasi -
Estamos em estúdio ensaiando desde o final do ano passado. Cogitamos a gravação de um disco ao vivo, mas ainda não deu o tesão para fazer isso. Agora chegamos a uma idéia: no novo álbum, o Ira! vai revisitar clássicos da MPB e do rock nacional. Vai ser um trabalho conceitual no qual resgataremos as coisas que a gente gosta, como Lô Borges, Chico Buarque, Erasmo Carlos, Jorge Benjor, Júlio Barroso, Mercenárias, Voluntários da Pátria e talvez Mutantes.
Edgard - Vamos usar a nossa linguagem nestas versões. São releituras nas quais continuo mostrando meu momento de guitarrista tecnológico.

1999 - Vocês vão continuar usando elementos da música eletrônica no próximo disco?
Nasi -
A música eletrônica foi mais uma influência somada ao nosso trabalho. Não teremos dificuldades se quisermos voltar a usar samplers e programação de bateria eletrônica. O que o disco Você Não Sabem Quem Eu Sou marcou foi uma despreconceitualização de a gente em relação a estes recursos. Isto não quer dizer que vamos fazer um mergulho radical e nem que não estamos mais abertos a esta possibilidade. Quanto ao novo disco, cada música é uma viagem profunda que tem sua própria história. Mas é bem provável que tenha alguma influência de trip hop em alguma faixa. O legal é que queremos dar a cara do Ira! a coisas totalmente distintas. De qualquer forma, o disco será uma coisa mais básica.
Edgard - O novo disco pode manter os timbres de guitarra com efeitos, mas virá repleto de canções.

1999 - Como era iniciar uma banda de rock'n'roll nos anos 80, comparando com hoje em dia?
Nasi -
Quando começamos a fazer rock, era uma coisa completamente sem futuro. Não imaginávamos que aquilo tomaria as proporções que tomou no Brasil, como um movimento. Fazíamos tudo por pura convicção e até alienação sobre o que ocorria no resto da música brasileira. Estes sentimentos motivavam uma certa rebeldia inocente. Hoje, apesar da crise, existem veículos como rádios, revistas e selos especializados. Isso gera uma expectativa quanto ao sucesso que pode ser maléfica. Nós começamos fazendo nosso próprio caminho sem dar satisfação a nada.

1999 - Edgard, que tipo de guitarrista você é atualmente, depois de tantas experimentações?
Edgard -
Como guitarrista, estou pondo minha guitarra completamente a serviço da tecnologia. Estou descobrindo cada vez mais dentro desse caminho: uma linguagem própria, um estilo que faz com que eu mexa muito com percussão, com ritmo. E a guitarra acaba virando a voz da composição. Modifiquei até meu jeito de solar. Agora penso muito mais na rítmica toda da banda do que em fazer um solo jazzístico extrapolado. Mas como sou um dos integrantes do Ira!, isso reflete mais no estúdio do que na forma de compor. Para o proximo disco, a composição está bem caseira: só baixo, guitarra e bateria. Neste show, vou atuar como um guitarrista subversivo. O Ira! me dá liberdade e eu me sinto a vontade tanto para tocar com a guitarra limpa como para usá-la superdistorcida e cheia de efeitos.

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