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01.03.1999

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PENSAMENTOS FELINOS
O Medo do Desconhecido
Por Tom Leão

Quando eu tinha 13, 14 anos, descobri o punk rock. A princípio, meus amigos mais velhos, que só ouviam progressivo e metal, disseram que aquilo não ia durar, não era rock de verdade, essas coisas. Tempos depois, estavam eles escutando The Clash e achando o máximo. Seria legal se a banda já não tivesse acabado (conheceram só depois de Combat Rock). E, ironia das ironias, hoje, quem não quer ser excluído de turmas tem que ser punk, o que antes, era justamente o contrário.

Salto de tempo, anos 80: alguns imbecis passaram a me chamar de veado porque eu usava uma camisa dos Smiths (não era uma banda de machos, detalhe pequeno frente às guitarras de Johnny Marr e as belas - e ambíguas - letras de Morrisey). A coisa ficou pior quando eu encorporei o gótico e perigava apanhar de estranhos na rua por causa de uma camiseta preta. Hoje, Smiths é considerada a melhor banda inglesa dos anos 80 e todo mundo reconhece o valor de Cure, Bauhaus. Joy etc.

Mais uma década (é, eu já estou na primeira metade dos trinta) e vemos o florescer da nova eletrônica, espalhando suas influências inovadoras por toda a música pop/rock. E vem de novo aquela patrulha, cobrança, preconceito, de que não é musica, não vai durar etc. Só olham a superfície, o visual, não prestam atenção no que está à volta, no que aquilo representa a longo prazo. No que me concerne, eu acho que o rock tinha um lema que o definia: pedra que não rola, não cria limo. Bom, não é isso o que eu vejo acontecer. Não há gente mais conservadora hoje em dia do que os "roqueiros".

Digo tudo isso só pra concluir: por que as pessoas esperam uma década para começar a gostar de algo que um dia foi novidade? Por que hoje proliferam festas com som dos anos 80? Hoje em dia, com a rapidez da informação, não dá pra por desculpa em nada. Tudo bem que é legal voce finalmente descobrir que Echo & The Bunnymen foi uma banda do caralho (antes só reparavam no cabelo do Ian McCulloch) e eleger os Beastie Boys como a banda mais hype do planeta (e pensar que eles foram vetados num programa que eu fazia na dita "maldita" Fluminense FM porque era muito funk!!!). Mas, cara, tem um monte de coisas legais rolando nesse exato momento que você não escuta por puro preconceito!

O que rola é puro medo, covardia musical mesmo. Aqueles que xingaram o Nirvana hoje admitem a importância da banda e se travestem de clubbers pra não parecerem velhos (e citam Prodigy como a coisa mais quente que conhecem, dizendo que "aquilo é rock", por (in)segurança). Mas quando é que os sisudos progressivos vão sacar que The Orb, Orbital e Banco de Gaia são o prog dos anos 90? (tocariam na Eldo Pop numa boa). E quando os "músicos" vão perceber a riqueza de bandas como Tortoise e o espirito jazz que mora no drum’n’bass? Quando será que alguém vai reconhecer que Moby (antes de pirar) foi um dos mais talentosos DJs/produtores/compositores dessa década? Quem sabe numa festa revival na próxima década, quando tudo isso já tiver passado e fizer parte de algo seguro e aprovado por todos.

O que eu quero dizer é o seguinte: você aí que se considera roqueiro, moderno, o que for, independentemente de seu gosto musical (eu, agora, por exemplo, to ouvindo Cowboy Junkies, country/folk melancólico de primeiríssima, porque não?), pelo visto não passa de um figurante de anúncio de cigarro e iogurte, com sua pose, tatuagem, piercing e roupa de grife. O tal espírito do rock’n'roll (hoje invocado em vão) passou longe. Para tristeza de pioneiros que espalharam o grito da liberdade musical e foram incompreendidos em sua época. A História está sendo escrita neste momento. Faça parte dela. Não espere para ler o livro ou comprar o disco ou ver o vídeo quando a festa já tiver acabado.

Tom Leão é editor do rio fanzine, DJ e um cara que nunca ligou para o que os outros vão dizer

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