Image1.JPG (15354 bytes)

01.03.1999

INFORMAÇÃO
Blur
Ira!
Sleater-Kinney
Goldie

P&R
Henry Rollins
Jon Carter
Afrika Bambaataa

COLUNISTAS
CINISMO ALTO-ASTRAL
por Emerson Gasperin
PAIRANDO
por Camilo Rocha
ESPINAFRANDO
por Leonardo Panço
OUTROPOP
por G. Custódio Jr.
PENSAMENTOS FELINOS
por Tom Leão

CORRESPONDENTES
INTERNACIONAIS

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO
por Cassiano Fagundes
WICKED, MATE
Por 90

BR-116
Pequenas Capitanias
Outros Carnavais

Por Fora do Eixo
Arroz com Pequi
Loniplur-RJ
Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando

FICÇÃO
Leia no último volume
Canalha!
Miniestórias

RESENHAS
Massive Attack
Blondie
"You've Got the Fucking Power"
Relespública (show)
Trap
Johnattan Richman (show)
Little Quail & the Mad Birds
High Llamas
Thurston Moore
Red Meat
Los Djangos
Bad Religion (show)
Vellocet
Jon Carter (show)
Raindrops
Jimi Hendrix Experience
Fun Lovin' Criminals

E-MAIL

CRÉDITOS

JIMI HENDRIX EXPERIENCE
BBC SESSIONS
(Universal)
Por Alexandre Matias

Ao som do riff perfeito de Foxy Lady, numa versão distorcida e bem próxima do microfone (todos os graves da voz são sentidos com exatidão), Jimi Hendrix levanta-se do caixão. Veste aquelas roupas de guarda vitoriano, cobertas por uma grossa camada de poeira, que  cai à medida que ele se ergue. Em meio à nuvem de pó que se levanta com ele, Hendrix parece um fantasma, fitando seus olhos em direção ao nada.

Mas à medida que a poeira dissipa, vemos que empunha sua Fender Stratocaster de cabeça pra baixo, invertida por ser canhoto. É ele quem toca a guitarra que parecia ser apenas trilha sonora deste sonho hippie, acompanhado por  seus fiéis escudeiros: Noel Redding, tocando um baixo de seis cordas, e Mitch Mitchell, castigando o batera como se a força que despeja sobre seu instrumento fosse o suficiente pra acompanhar o líder. Olhamos pros lados e estamos num estúdio pequeno, piso de madeira e paredes com a acústica isolada. Pelo vidro da porta, um ou outro engomadinho olha sem entender o barulho que vem de dentro desta sala.

A névoa púrpura que toma conta do pequeno estúdio sai pelos altos falantes de quase todos os rádios de Londres. Um som compacto, misturando blues, funk, jazz, soul e rock, espalha-se pela cidade como um gás psicodélico, deixando todos que têm contato com ele indiferentes. Para uns, mero ruído. Para outros, a melhor música do planeta. O certo é que o som potente que escapa pelas caixas de som londrinas como um fio de som enlatado está sendo posto pra fora na nossa frente.

É possível sentir as gotas de suor correndo pelo rosto do guitarrista enquanto seus dedos martelam acordes diferentes no braço de seu instrumento. A intensidade do som torna-o vivo, mesmo que não estejamos mais de 30 anos na frente daquele distante 1967 que viu as gravações que hoje compõem o duplo BBC Sessions serem despejadas sem destino certo pelas antenas da rádio estatal inglesa.

Mas ao ligarmos o som e deixarmos o CD rolar, esquecemos do presente e entramos numa máquina do tempo psicológica. Podemos ver todos os movimentos do trio, assistir a guitarra se multiplicar em sons nunca antes ouvidos fora da cabeça de Jimi. Conhecemos quase todas suas canções de cor (além das versões para Can You Please Come Crawl Out of Your Window?, de Bob Dylan; Hootchie Cootchie Man, de Willie Dixon; Day Tripper, dos Beatles; I Was Made to Love Her, com Stevie Wonder na batera, Hound Dog, gravado por Elvis Presley; e Sunshine of Your Love, do Cream), mas a impressão é que não conhecíamos nenhuma, tamanha a capacidade de Hendrix  de prender nossa atenção com seu instrumento e sua voz rochosa.

Assim é o novo disco de Hendrix, o segundo inédito desde que a família do guitarrista conseguiu por as mãos em seu material. Gravações que valem ouro e parecem estar sendo feitas ao vivo, do outro lado do rádio. Canções que poderiam ter sido perdidas, como o próprio Hendrix confessa temer a certa altura das duas horas do disco. Felizmente, não.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
Fale conosco

Hosted by www.Geocities.ws

1