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01.03.1999

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WICKED, MATE
Por 90

Com a minha coluna pra esse mês já atrasada por vários motivos (preguiça, falta de inspiração, ou pura e simplesmente a impressão de que qualquer coisa que vc disser já foi dita antes, e melhor, por outra pessoa), eis que, segunda-feira passada, me acontece algo que me dá o que pensar. Algo que gostaria de partilhar com vc, que está se dando ao trabalho de ler minha coluna.

Estava eu no shopping center em Kingston, a cidade onde se localiza a universidade na qual estudo. Se Shopping já é deprimente no Brasil, imagina na Inglaterra. Kingston é uma cidade que não oferece nada de atraente, só a universidade e comércio. E no meio de tudo está o shopping.

Deprimente. Mas mais deprimente ainda foi o que eu vi. Descendo os andares após estacionar o carro, vejo uma aglomeração incomum em um canto do Shopping. Equipamento de iluminação. Câmeras. Chegando mais perto do burburinho vejo mais coisas. Equipamento que parece pertencer a uma banda. Amplificadores. Um órgão. Ao ver a bateria as iniciais SQ no bumbo entregam o jogo. O que diabos o Status Quo estaria fazendo no shopping center em Kingston?

Após almoçar, descubro o quê. Gravando um video clip. Ao ver os membros da banda (e alguns fãs), não pude evitar matutar o resto do dia sobre músicos que envelhecem sem dignidade. Ver os membros da banda tocando foi constrangedor. Imagine a cena: o guitarrista e vocal com a calvície já óbvia, mas tentando disfarçar com um rabo de cavalo gigantesco. O baixista um tio daqueles que você jamais diria que está numa banda, a não ser pela cara de quem está travadaço em cocaína. O tecladista e o baterista se enquadram na mesma categoria, com a diferença que a parte relativa ao produto de exportação colombiano (aparentemente, notem) não cabe. Quanto ao som, a mesma coisa que vem fazendo há vinte anos.

A indústria da música é um negócio engraçado. Ela sobrevive de sangue novo, ao mesmo tempo que recicla e regurgita velharias. Tenta te convencer de que você deveria estar ouvindo tal gênero, ao mesmo tempo que fatura em cima de medalhões e vacas sagradas. Quantas pessoas que vc conhece idolatram cegamente artistas que obviamente emulam (muitas vezes mediocremente) coisas que já vieram antes? E quantos outros que você conhece só ouvem 'clássicos'? A indústria musical chegou a um ponto em que tudo é tão especializado e efêmero, em que as coisas acontecem rápido, mas ao mesmo tempo não mudam efetivamente. Artistas não inovam, não se reinventam.

Ou pior, tentam mudar com medo dos gêneros em evidência e fazem o que não sabem. Quantos artistas que você, leitor ou leitora, conhece, envelheceram com dignidade, tanto na aparência como no som? Status Quo definitivamente não é um deles…

90 foi batizado Rodrigo Daniel Kothe pelos seus pais, é engenheiro de som e produtor, toca numa banda chamada Los Chick Magnets e está pensando em voltar ao Brasil no meio do ano.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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