Image1.JPG (15354 bytes)

01.03.1999

INFORMAÇÃO
Blur
Ira!
Sleater-Kinney
Goldie

P&R
Henry Rollins
Jon Carter
Afrika Bambaataa

COLUNISTAS
CINISMO ALTO-ASTRAL
por Emerson Gasperin
PAIRANDO
por Camilo Rocha
ESPINAFRANDO
por Leonardo Panço
OUTROPOP
por G. Custódio Jr.
PENSAMENTOS FELINOS
por Tom Leão

CORRESPONDENTES
INTERNACIONAIS

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO
por Cassiano Fagundes
WICKED, MATE
Por 90

BR-116
Pequenas Capitanias
Outros Carnavais

Por Fora do Eixo
Arroz com Pequi
Loniplur-RJ
Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando

FICÇÃO
Leia no último volume
Canalha!
Miniestórias

RESENHAS
Massive Attack
Blondie
"You've Got the Fucking Power"
Relespública (show)
Trap
Johnattan Richman (show)
Little Quail & the Mad Birds
High Llamas
Thurston Moore
Red Meat
Los Djangos
Bad Religion (show)
Vellocet
Jon Carter (show)
Raindrops
Jimi Hendrix Experience
Fun Lovin' Criminals

E-MAIL

CRÉDITOS

OUTROS CARNAVAIS
(BA)
Por Ricardo Spencer

Oh Deus, oh Diabo, a quantas anda a cena de Salvador?
Um guia para quem não é baiano

Prólogo

Salvador é um camaleão. Nunca vi mudar tanto em tão pouco tempo, atrás de modismos, bandas e discursos novos. De acordo com ditos populares esta é a terra onde não se nasce, estréia. Só que eu nunca vi uma terra com mais artistas não-artistas do que esta. Principalmente em se tratando de música alternativa.

Por exemplo: existe uma enorme discussão na cidade acerca da cena local. E essa discussão vem bem antes do mangue beat, claro que muito agravada depois do sucesso dos vizinhos. Era comum ouvir nas esquinas: "Salvador tem bandas que podem chegar ao estrelato, a gente tem que se unir", "Sem união não há solução." Ugh!

Não consigo enxergar nenhuma cena, uma vez que todos os baianos (que estão vivos, logo são artistas) têm sua banda, sua produtora, seu vídeo ‘premiado’ e uma baita cara-de-pau ao ponto de se sentir o popstar local. Esta inexistência da cena, a meu ver, parte do preceito de que todos deveriam se ajudar ao invés de bancar o crème de la crème da cidade. A única conclusão que tiro da extrema desgraça que cai nessa terra, talvez até pela inocência da frase de domínio popular, é que a cena independente nunca vai dar certo.

Este ceticismo é muito claro, visto que a união de que tanto se fala só é possível, então, com dinheiro na jogada. É por isso que o axé rende milhões, e que todo mundo que está ‘unido’ não tem mais onde colocar dinheiro. Ou a falha no destaque da cena seria culpa da diversidade musical da cidade? Tantas bandas, tantas cabeças... talvez os destaques fossem individuais ao invés de coletivos, quem sabe. Vide a Penélope Charmosa e contrato com a major Sony.

Mas esta introdução serve apenas pra situar a atual cena desprovida de senso, na qual não se justificam as inúmeras asneiras em uma terra onde todos seriam supostamente amantes da arte. Desde o útero.

Capítulo 1
Se você viesse sempre passar as suas férias em Salvador, se assustaria com as mudanças anuais em termos de bandas e espaços para show. Isso seria legal se as bandas anteriores continuassem ou pelo menos deixassem uma facção capaz de gerar mais público e bandas congêneres. Mas, em um efeito adverso, só gera uma confusão desnorteada.

Então como anda a cena local atualmente?

Para falar de hoje, vamos citar quem já figurou com glamour na Salvador do passado.

Em termos de indie pop, a coisa anda feia. Depois do brincando de deus, houve uma época na qual surgiram bandas pop e o público parecia crescer, corroborando o gênero. Mas nos últimos tempos a estagnação tomou conta deixando apenas duas ou três bandas além do brincando de deus e um público reduzido. Algumas vezes toma-se um susto em um ou outro show onde aparece gente de tudo quanto é canto, ou numa festa linda e feliz que surge dos infernos, mas na maioria das vezes a solução é ficar em casa. Hoje: Além do próprio brincando de deus, que prepara novo álbum para breve, as bandas que ainda atuam com certa frequência no cenário são a Arsene Lupin e a Jupiterscope. Pra quem gosta de Teenage Fanclub a Seely.

Quando o assunto é metal, é complicado para quem gosta do estilo ter que esperar um ano pra poder acompanhar as bandas prediletas. Hoje em dia, só saem de casa uma vez no ano pra tocar no Palco do Rock, festival que acontece paralelo ao carnaval de Salvador. Há tempos, existiam festivais só de heavy metal, thrash metal, etc. Hoje: Poucas são as bandas que fazem show durante o ano, mas podemos citar Shadows e Gridlock pra quem tiver interesse e for passar um tempo na cidade.

Das que surgiram na cola do Hollywood Rock que teve Red Hot Chili Peppers e Alice In Chains, podemos citar o Dois Sapos e Meio como peça maior. Foi a banda que começou um estilo em Salvador, o qual você ama ou odeia. Gerou um monte de filhotes para desgraça local (que vão sumindo aos poucos), mas, individualmente falando, ainda detém um excelente público. A banda continua à toda e, pelo que soube, tocaram na avenida, em pleno carnaval. A Janquis é outra banda similar que também continua fazendo shows mas que já teve seus 15 minutos de fama local. Mas quantas bandas vierem, nesse estilo de cantar mezzo rap e guitarras Rage Against The Machine, é certo de que terão público aqui. Só não se sabe quando a moda vai parar. Hoje: São muitas as bandas semelhantes e desconhecidas. A Vírus 071 é uma delas.

No aspecto estrambólico esquizóide, a Crac!, banda de André e Nancy e que está com CD prestes a sair, não tem feito shows ultimamente. Ficou entre os finalistas do Canta Nordeste há alguns anos, além de vencer um prêmio que gerou a gravação do disco. Ou seja, estrambólico aqui dá certo, sim senhor. Vide o passado e o presente. Hoje: Apesar da ausência nos palcos com a Crac!, seus integrantes costumam fazer participações na esquizóide do momento, a Lisergia. A banda, que atualmente tem o maior público de Salvador junto com o The Dead Billies, prepara CD demo com 7 faixas a sair em breve. Uma banda que no mínimo deve estar presente em show.

Em se tratando do famoso ‘rock cafona’ (definição local para as 50s e 60s, assim como ‘rock triste’ para os indies e ‘rock sujo’ para os funk grunges), Dr. Cascadura e The Dead Billies são as âncoras. Ambas com um bom tempo de estrada e CDs lançados, sempre atraem gente nos shows ou festinhas que tocam. Além de grandes músicos e composições sem deixar nada a dever aos originais, sempre é um grande motivo de diversão estar presente.Hoje: The Dead Billies e Dr. Cascadura

Class 80’s. De um grupo de amigos que ouviam Pixies, Sonic Youth e Echo & The Bunnymen em época ginasial, saíram pelo menos duas bandas de destaque e que chegaram a gravar. A mais importante delas, com certeza, foi a lendária Mutter Marie. Definidos como NPB – noise popular brasileiro – a banda gravou duas faixas em um LP coletânea intitulado SSA-01, pelo selo Bazar Musical Records, junto com mais três bandas: Úteros em Fúria, Meio Homem e Kama Sutra. Todas extintas hoje. Ainda na class 80’s podemos citar a Macumba’s Day (com Érica da Penélope Charmosa e Batata da Arsene Lupin). Eram mais pop mas formaram um estilo junto com a Mutter Marie. Hoje: Dois integrantes da Mutter Marie junto com um da Macumba’s day formaram a brilhante Saci Tric que lança CD ainda neste semestre. Os shows são tão bons que o registro é ao vivo, gravado no Teatro XVIII, no Pelourinho.

99. O que chamam por aí de New Metal. Deftones, Korn e afins podem ser notados em novas bandas em Salvador que vêm fazendo shows, sendo este estilo, talvez, o que vem ganhando mais público atualmente. A Pimps é uma delas. Nada original mas sem afetações, faz o público pular sempre.

A Shes é outra banda que tem feito muitos shows e que tem adquirido um bom público. Formada só por meninas, o som é punk/hardcore melódico. Às vezes lembra Ramones, às vezes fica muito requintado e uptodate. Estão na coletânea do Telefanzine com uma faixa.

Rebeca Matta é trip hop com mpb. Graças a deus tem um som nesse esquema por aqui agora. A banda conta com um criativo keyboarder/sampler que climatiza muito bem, além de Peu (Dois Sapos e Meio) que manda ótimas guitarras a la Sonic Youth. Worth a try!

Ainda em eletrônica, esse ano quem promete fazer shows com bases e samplers cool é a Guizzmo. Dois caras: um bulinando um teclado e sampler e um maluco na guitarra tirando riffs psycho. Boa pedida mesmo! E nos shows, contam com a baterista Thamyma Brasil, boa referência.

Capítulo final
Pra quem se interessou pelo que está acontecendo de novidade hoje na cidade, é bom correr. Daqui a alguns meses estará tudo confuso de novo.

Ricardo Spencer toca no Jupiterscope

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
Fale conosco

Hosted by www.Geocities.ws

1