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01.02.1999

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DE VOLTA PRA CASA
Por Fabiano Camargo

"We want more! We want more!" (Tradução: "Nós queremos mais! Nós queremos mais!"). Os gritos que partiam da "floresta" de topetes coloridos e cabelos moicanos que compunha a platéia deixavam bem claro: o Brasil já é uma potência mundial dentro do psychobilly, aquele ritmo que mistura o som básico do rockabilly com peso, velocidade e climas psicóticos. O público em questão era o presente na edição deste ano do festival Big Rumble, evento anual realizado desde 1987 na localidade de Great Yarmouth, Inglaterra, a cerca de 150 quilômetros de Londres.

A banda que mereceu os pedidos de bis é a curitibana Catalépticos, um fenômeno que em menos de dois anos de atividade conseguiu construir uma carreira respeitada dentro daquele estilo radical de música. O trio formado por Vlad Urban (vocais e guitarras), Gustavão (baixo acústico) e Coxinha (bateria) garantiu seu espaço na cena internacional de um estilo de rock que, apesar de totalmente underground e nem um pouco popular, possui adeptos por todo o globo. Sua música, cantada em inglês, é agressiva e traz letras que celebram o terror e as psicoses humanas. A conquista internacional começou no ano passado, quando o grupo foi convidado para tocar no Big Rumble, o mais importante evento do som psycho em todo o planeta. O passaporte para aquela apresentação veio por meio de contatos via Internet e, mais importante, o envio de gravações com músicas do grupo. A produção do festival adorou a idéia de ter uma banda do distante Brasil no elenco de atrações.

A estréia dos Catalépticos no festival, aguardada pelos organizadores ingleses e pelo público multinacional como uma curiosidade exótica, acabou surpreendendo. Surpreendeu e agradou, tanto que a banda lançou seu primeiro disco, há dois meses, por um selo britânico, o Nervous Records, pilotado pelos organizadores do Rumble. Desde que saiu na Europa, o CD do trio vem ficando entre os três mais vendidos da Nervous. Isso pode não dizer muita coisa em termos de números de cópias - os músicos não sabem precisar a cifra - mas nem por isso o valor da conquista é diminuído. Em Curitiba, o CD pode ser achado na Temptation Discos . Outra opção é encomenda direta via internet (www.nervous.uk.co ou www.super.com.br/~carolina ).

Respeito - Com uma atuação ainda melhor no Big Rumble deste ano, os Catalépticos voltaram exultantes do show em solo britânico. "Dessa vez foi bem diferente", diz Gustavão. "Fomos muito respeitados, como uma banda que já está no circuito, ao contrário do ano passado, quando éramos uma 'curiosidade' vinda do Brasil". Vlad completa: "tocamos depois de termos um disco lançado lá fora e termos participado de duas coletâneas internacionais. As pessoas sabiam quem éramos nós e o que esperar do som".

O festival, com um público fiel que girou entre 700 e 1000 pessoas, foi realizado em um campo de férias. Os cerca de 80 trailers ali instalados foram ocupados por fãs do psychobilly de toda a Europa (Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Suíça, além da Inglaterra) e até do Japão e Argentina. O público, assim como as bandas, ficou acampando durante os três dias de festival nestes alojamentos.

Além de muita diversão (leia abaixo), os Catalépticos trouxeram boas lembranças musicais. "Tocamos no dia das bandas mais porrada, Necromatix, Batmobile e Klingonz, que também estão entre nossas prediletas. Foi um sonho", define Gustavão. "Pela boa repercussão dos shows, acredito que mostramos não estar devendo nada a niguém. É evidente que não podemos ser comparados a grupos que tocam há uma década como aqueles três. Nós só temos dois anos, mas ficou claro que estamos no caminho certo. Nosso psychobilly tem personalidade e força."

A estrutura técnica também foi melhor este ano. Na edição anterior, o grupo recebeu instrumentos capengas da produção em cima da hora - levar tudo do Brasil seria muito caro e burocrático. "Pelo menos dessa vez a guitarra que me deram não ficava desligando e o amplificador tinha distorção", lembra Vlad.

Um dos frutos desta nova passagem pela Inglaterra foi a possibilidade do grupo partir para uma pequena turnê européia no ano que vem. "Nada está confirmado, mas conversamos com vários produtores para viabilizar um giro pela Alemanha, Holanda, França e Bélgica (nesses países é só marcar data). Vamos tentar também ir para a Espanha e Finlândia. Este é um dos lugares onde temos mais fãs, conforme indica a procura por CDs e nosso site na Internet".

Outro plano: um novo disco será gravado neste ano. "A idéia é fazer como o primeiro CD. Gravamos aqui em Curitiba e aí enviamos cópias para os vários selos europeus, vendo qual a melhor oferta. Já deu para sentir que propostas não vão faltar", comenta Gustavão. Antes do álbum sair, a banda ainda vai aparecer numa coletânea organizada por um fanzine norte-americano, o Wellcome To The Nightmare. "As coletâneas são o melhor meio de divulgação do psycho. Se espalham como fogo por todos os cantos do mundo".

Podem os Catalépticos se transformar em um novo Sepultura, o grupo de som pesado brasileiro que ganhou fama internacional? "Seria ótimo, íamos nos divertir muito. Mas acho que isto nunca vai acontecer. O psychobilly é um som antigo e continua marginal, orgulhoso e fechado", diz Gustavão. Isto, porém, não preocupa os integrantes nem um pouco. Muito pelo contrário. "Estamos nisso por acreditar no que fazemos. É um estilo de vida", conclui Vlad.

Fauna psycho - A cena psychobilly mundial é como uma tribo que tem seus integrantes espalhados por todo o planeta. Mesmo distantes geograficamente e com algumas diferenças culturais de país para país, eles mantêm uma unidade graças à elos como a música e ao visual. Maior festival deste estilo musical underground no mundo, o Big Rumble é uma grande festa que toma ares de ritual e celebração. É como se fosse um kuarup dos adeptos do psycho.

"Quando voltamos de um evento como este, nossas convicções na cultura psycho ficam ainda mais fortes", diz o vocalista e guitarrista Vlad Urban. "Encontramos pessoas de todo o mundo que giram em torno de um som feito com elementos simples: um baixo de pau, uma guitarra com base de rockabilly e uma bateria", completa o baixista Gustavão. "É uma tribo mesmo, só que sem fronteiras".

A confraternização, músicos e público, passeando de trailer em trailer. "De repente, quando nos dávamos conta, estávamos em um trailer conversando com pessoas de três ou quatro países diferentes, de japoneses a argentinos e europeus", lembra o baterista Coxinha. Uma das principais ferramentas de união desta ONU psycho são as coletâneas que agrupam bandas de todo o globo.

Os encontros foram regados a muita cerveja, mas muita mesmo. "Foram três dias de loucura. Ficamos bêbados quase todo o tempo", lembra Gustavão. "Na verdade, beber era mesmo necessário para espantar o frio." O cronograma etílico era bem definido, recorda Vlad. "Antes dos shows, rolava um aquecimento. Depois que acabavam as apresentações começavam as festas nos trailers. A gente ia rodando e entrando em todos. Era só abrir a porta e pegar uma cerveja".

Apesar do clima festivo, o trio diz que não chegou a travar nenhum relacionamento mais profundo com fãs do sexo oposto. "Nós somos namorados sérios", afirmam Vlad e Gustavão, ambos comprometidos. Já Coxinha, o único disponível dos Catalépticos, confessa que no caso dele o problema foi idiomático. "Faltou fluência no meu inglês para dar uma cantada."

Depois dos três dias de festa no Big Rumble, a banda ainda deu uma esticada até a louca capital da Holanda, Amsterdã. Lá, o trio fez turismo e conheceu pontos famosos como os cafés que vendem vários tipos de marijuana - com cardápio e tudo - e a mítica Red Light Street, a rua repleta de vitrines decoradas com desinibidas profissionais do sexo. "Mas fomos apenas para conhecer", justificam os músicos em coro, com ênfase redobrada.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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