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01.02.1999

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SENHORA SIMPSON ÀS AVESSAS

Bossa nova. Esta é a nova tendência dentro do indiepop que vem influenciando diretamente um número considerável de bandas. Esse número tende a crescer ainda mais, já que o natural é que a partir dessas bandas, surgirão outras, formando uma deliciosa bola de neve. Vale frisar que não é só bossa nova o que influencia essas bandas – apesar do estilo ser o preferido de todos -, mas a música latina em geral e jazz também são freqüentemente citados como influência. O que não é novidade, já que nos anos 80 tínhamos uma gravadora, a legendária él Records, que se dedicava somente a lançamentos que seguiam a risca essa peculiar mistura. Hoje em dia temos algumas gravadoras que tentam resgatar o espírito da él, como a espanhola Siesta e as americanas Radio Khartoum e Le Grand Magistery. É daí que surge grande parte dessas bandas.

Como o Gypsophile. Oriundos da França, eles acabam de lançar o primeiro mini-álbum, intitulado Songs of a Thousand Nights, pela Radio Khartoum. Assim como todos lançamentos da gravadora, o CD tem 3 polegadas (quase metade de um "normal") e vem numa embalagem simples e linda. Contendo 6 canções em menos de 20 minutos, o CDzinho é uma das melhores coisas que ouvi desde Belle and Sebastian. Suas canções são climáticas e tristes, fica difícil conter a emoção e um sorriso de gratidão à banda por fazerem coisas tão belas. Todas as 6 canções seguem a mesma fórmula: um violão tocando ora acordes de bossa nova, ora dedilhados, uma bateria acústica tocada de um jeito super leve, às vezes um teclado e os vocais cantando melodias suaves. Tudo é muito agradável. Lembra Stan Getz e Nick Drake. "Song of Hiersterday" é a minha predileta, "Docteur Chic-Chic" é a única em francês e "Some Days More With Circé" tem um poema em português no meio da canção, recitado por uma portuguesa (percebe-se pelo sotaque).

Não tão espetacular como o Gypsophile, mas mesmo assim uma excelente pedida é o The Crooner. Esses são da Grécia e o debut da banda, o mini-álbum "Heaven Airlines", foi lançado ano passado pela gravadora americana Shelflife. Logo na abertura da primeira faixa do álbum uma garota fala com uma voz doce: "The Crooner is about to take you on a trip back to 1965". A canção se chama "Billy Liar (bossa nova 1965)". Por aí já dá pra pegar o espírito da coisa toda. Mesmo assim são menos radicais que o Gypsophile, incorporando instrumentos eletrônicos, guitarras e teclados que dão uma clima mais "verão" ao álbum como um todo. Algumas canções caem mais para o pop easy-listening, como "Love Makes the Sun Shine Bright", outras, como "Over the Rainbow", são puro electronic pop. Penso ser esse o motivo que leva eles e lançarem seu debut pela Shelflife, uma gravadora que se dedica ao indiepop mais ortodoxo (ouça as bandas do cast, como Acid House Kings e Skypark, que são o que existe de mais puro no pop). Mas em Heaven Airlines bossa nova dá o tom principal. Pode não ser uma obra-prima, mas está acima da média. O que não é difícil, em meio a tanto lixo que encontramos no pobre cenário musical atual.

É claro que o Brasil não poderia ficar fora dessa. Nós também temos nossos representantes dessa nova "cena" bastante globalizada. O nome é 4Track Valsa. Cariocas, já lançaram uma fita-demo chamada Festa e participaram com 3 canções na compilação Where D’You Get Your Information From do selo Midsummer Madness. Com vocais femininos, guitarras puras, uma bateria dançante e um baixo com bastante groove, canções recheadas com bastante melodia, o 4Track Valsa é uma de minhas bandas nacionais preferidas. Tudo bem, não é TÃO bossa nova assim, mas a influência do estilo é bastante perceptível em alguns momentos. Cantam em inglês e português. Eu particularmente acho que deveriam cantar somente em português. Mas isso é apenas minha opinião, a banda tem mesmo é que fazer o que mais lhes agradarem. E já que o preço dos CDs foi para o espaço, essa é a melhor hora de ir atrás de algumas fitas-demo. Comece com o 4Track Valsa. Contatos: Rua Jaime Perdigão, 645/103 – Ilha do Governador – Rio de Janeiro – RJ – 21920-240.

E fique esperto. Existe uma banda americana que se chama Bossanova. Lançaram um mini-álbum homônimo excelente no finalzinho de 97. É bom mesmo! Mas não tem NADA a ver com bossa nova! O som é guitar pop, com ecos de shoegaze. O vocal é meio diferente, me lembra algo, mas não me vem na cabeça o quê... Bom, pretendo falar mais deles, quem sabe mês que vem?

É que agora me sinto na obrigação de escrever umas linhas sobre a Matinée Records, uma gravadora americana que vem me empolgando bastante a cada lançamento, onde não encontramos bandas que misturam bossa nova com indiepop, mas sim o bom e velho jangle pop na sua melhor forma. A gravadora é nova, está apenas no seu quinto lançamento, todos em vinil sete polegadas, mesmo assim ela promete muita coisa boa. Ah! sim, claro, os disquinhos... não adianta nada eu escrever sobre a gravadora sem comentar os lançamentos e bandas de seu cast. Então vamos lá.

O primeiro lançamento da Matinée foi um compacto do Sweet William chamado Dutch Mother. Aliás, a banda também marca presença mais um vez, lançando o 7" de número 6 da gravadora chamado `Lovely Norman. Nesses dois compactos encontramos 6 canções (3 em cada) que nos remetem ao pop melancólico de Field Mice, Brigther e companhia (leia-se Sarah Records). É uma banda nova (como quase todas da Matinée) e a discografia se resume a esses dois 7"s e outros dois lançados um na Library Records e outro na Twee Kitten (esse sendo um CD single). Provavelmente teremos um álbum em breve. Enquanto isso, esses singles servem como perfeita introdução.

O segundo lançamento da gravadora é de uma banda francesa chamada Ego. O single se chama "The Question Mark" e contém 3 canções. É o debut da banda. As canções tem em comum o fato de terem todas um título que na verdade é uma pergunta, além de, óbvio, serem um jangle pop contagiante e bastante melódico. Lembra um pouco as bandas indie inglesas do final dos anos 80. Apesar de serem franceses, cantam em inglês. Mesmo assim o encarte vem todo escrito em francês. Ah!, já ia me esquecendo de falar dos encartes. Sim, todo lançamento tem um encarte com um texto de autoria de James Tassos, o homem por trás da Matinée. Os textos falam geralmente da banda em questão e bobeiras em geral.

Bella Vista marca o número 3 do catálogo da Matinée com o single "Was the Last". É o meu preferido. Alternando vocais masculinos e femininos, lembrando às vezes o Go Sailor, com 4 canções rápidas e energéticas, esse compacto conseguiu me conquistar. Sempre boto "Was the Last", a primeira do lado A, para dançar como os anorak-kids sozinho em meu quarto. Uma delícia! E esse é o debut da banda! Mal posso esperar pelo próximo!

O quarto lançamento é um single da banda australiana The Lucksmiths. Esses já são veteranos, já tem três álbuns nas costas, mas somente ano passado eles se tornaram popular devido ao CD "A Good Kind of Nervous" ter sido lançado nos EUA pela Drive-In Records. Antes disso a banda só era conhecida na Austrália. Eles tocam um pop que poderia ser posto entre o Housemartins e o Belle and Sebastian.

O quinto lançamento ainda é uma surpresa, mas a Matinée ainda promete singles do Sportique (banda inglesa que contém membros do legendário Razorcuts) e Windmills (re-lançamento de um single raríssimo lançado em 88, que todos dizem ser um clássico). Mal posso esperar! A gravadora ainda não tem homepage, mas seus disquinhos podem ser encontrados nas boas lojas do ramo, como a Twee Kitten e a Parasol.

É isso aí, até a próxima. Pop’n’Peace!

Gilberto Custódio Jr. editava o Esquizofrenia.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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