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01.02.1999

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ALTERNATIVA POP AO POP ALTERNATIVO
Por Luciano Vianna e Valéria Rossi
(London's Burning)

A imprensa especializada costuma dizer que os integrantes do Garbage são o sonho de qualquer jornalista: bem-humorados e comportados durante as entrevistas, o baterista Butch Vig, os guitarristas Duke Erickson e Steve Marker e a vocalista Shirley Manson são, ao mesmo tempo, completamente selvagens no palco. A banda teve a oportunidade de provar que a fama é totalmente justificada quando se apresentou como uma das atrações principais do último Reading Festival, no interior da Inglaterra.

O show foi o último do Garbage no Reino Unido no ano de 1998. Por isso foi marcado pela emoção da escocesa Shirley Manson, que não se cansava de agradecer à platéia pela oportunidade de tocar para um público de aproximadamente 30 mil pessoas. Também, pudera, o Garbage subiu ao palco depois de uma histórica apresentação do New Order depois de um hiato de cinco anos, que deixou a platéia do festival totalmente extasiada. Animar este público teria sido uma tarefa árdua para qualquer um. Não para o Garbage, que exalou energia sem parar na hora e meia em que esteve em cima do palco. No show não faltaram músicas do segundo álbum Version 2.0, como "Push It" e "Hammering In My Head" - além de sucessos do primeiro disco, Garbage, como "Only Happy When It Rains" e "Stupid Girl".

Vestida em um sensual vestidinho prateado, a vocalista Shirley Manson mostrou por que é considerada musa inspiradora por uma legião de adolescentes no mundo inteiro: com uma voz impecável, ela mostrou uma incrível presença de palco, mantendo a platéia sob o seu controle o tempo todo. Shirley saltou, se jogou no chão diversas vezes e chegou a descer do palco uma vez, para tocar os seus fãs. Mais low profile, porém igualmente eficientes, os outros integrantes da banda fizeram a sua parte, deixando o brilho por conta da vocalista. Cada qual em um canto do palco, Duke e Steve davam o peso de suas guitarras às músicas, enquanto Butch tocava a sua bateria atrás de uma redoma de acrílico. Shirley, por sua vez, soube aproveitar a boa iluminação e o cenário futurista do palco com fundo acolchoado laranja, igual ao da capa do disco.

A receita do Garbage é simples. Junte dois guitarristas mais ou menos obscuros do interior dos EUA com um produtor de grande sucesso (Nota dos Editores: Vig calibrou os álbuns Nevermind e Siamese Dream, respectivamente do Nirvana e Smashing Pumpkins, dois expoentes do rock americano desta década). Adicione uma vocalista escocesa carismática, que compõe letras fortes e polêmicas. Deixe fermentar em estúdio por mais ou menos um ano e lance no mercado. O resultado serão quatro milhões de cópias vendidas no primeiro álbum e mais outros milhões do segundo. Parece fácil, mas quando o baterista Butch Vig resolveu convidar seus amigos guitarristas Duke Erickson e Steve Marker para montar o Garbage, ao qual viria se juntar depois a vocalista escocesa Shirley Manson, ninguém nunca poderia imaginar que a banda chegaria tão longe.

Os músicos estão na estrada desde maio para divulgar o segundo álbum, que já alcançou a marca de mais de um milhão de cópias vendidas. Colhendo os bons frutos do sucesso, o quarteto recebeu o 1999 no seu camarim, durante o Reading Festival, e chegou a prometer uma visita ao Brasil em breve.

1999 - Vocês trabalharam por quase um ano nos estúdios da banda, na cidade de Madison, nos EUA, para finalizar Version 2.0. Como é tocar ao vivo um álbum tão elaborado?
Butch Vig -
Nós usamos muita tecnologia, mais do que na turnê anterior. Encontramos uma maneira de usar essa tecnologia de maneira interativa para as músicas ficarem mais espontâneas no show. Todos nós usamos pontos, de forma que podemos isolar o som dos amplificadores, da bateria e dos vocais de Shirley. Isso permite uma melhor separação da bateria, samples, loops e seqüências que eu vou jogando entre as músicas. Até agora tem funcionado muito bem.
Duke Erickson - Não estamos preocupados em reproduzir o disco fielmente. Algumas canções soam igualzinhas e outras são completamente diferentes. Gravação e palco são dois momentos bem distintos para nós.

1999 - Vocês estão na estrada desde maio. Já têm algum show favorito, até agora?
Duke -
Nós fizemos um show fantástico em Paris, logo no começo da turnê, que foi maravilhoso.
Steve Marker- Glasgow também foi muito legal.
Shirley Manson - Fizemos um memorável em Lisboa, Portugal. Para ser sincera temos tido sorte. O público tem sido fantástico.

1999 - Como é o relacionamento da banda com os fãs?
Duke -
Os nossos fãs são bem bacanas. Eles são também muito respeitosos conosco, de forma que estamos muito satisfeitos. Temos recebido também muitos comentários no nosso website, principalmente depois dos shows. Digamos que eles são uma "tchurma" bacana... (risos) Nós abrangemos uma quantidade muito grande de pessoas. Tem mulheres e homens, crianças e adultos. Não somos como as bandas de heavy metal, que só agradam a adolescentes espinhentos com cabelos compridos.

1999 - Vocês esperavam vender quatro milhões de cópias do primeiro disco?
Butch - De jeito nenhum. Não tínhamos idéia do que ia acontecer.
Duke - Bem, nós tínhamos idéia de que com certeza isso não iria acontecer. Ainda não nos acostumamos muito com a idéia de que vendemos tanto assim.

1999 - Como é um dia típico de vocês?
Steve -
Isto é um dia típico: chegar numa cidade, dar entrevistas, fazer shows e pegar a estrada novamente. Nós não saberíamos como agir se não estivéssemos em turnê. Esta é a nossa rotina.
Shirley - Tentamos ao máximo levar uma vida normal, queremos manter o equilíbrio. Se você se deixa agarrar pelo furor que envolve um disco de sucesso ou uma banda de sucesso, você se torna uma vítima disso. Você acaba isolado e se transforma numa aberração. Eu não quero isso acontecendo em minha vida. Por isso, tanto quanto possível, tento mantê-la em um campo real.

1999 - Shirley tem família e marido na Escócia e, quando não está em turnê, passa a maior parte do tempo em Madison, nos EUA. Como é administrar essa distância?
Shirley -
Passo muito tempo longe deles. Tenho feito isso nos últimos cinco anos e estou acostumada. Acredito que, como com qualquer coisa na vida, se você quer alguma coisa maravilhosa, como a que nós temos, você também tem que abrir mão de certas coisas.

1999 - Até onde as letras das músicas, muito pesadas, são autobiográficas?
Shirley -
A maior parte das letras quem faz sou eu. Por isso, óbvio, são muito pessoais. Mas muitas vezes são sobre coisas que estou vendo na vida de outras pessoas. Ainda assim, é minha interpretação sobre aquele fato. O curioso é que fazer letras de músicas é como colocar um marcador em um livro: elas representam o meu estado de espírito no momento em que a letra foi composta. As pessoas tentam rotular a minha vida inteira a partir desses pequenos momentos. Eu mudo o tempo todo. Não posso contradizer o que gravei, mas também não deveria estar limitada pelo que compus. As minhas letras são como notas num diário.

1999 - Dá para identificar alguma nova banda que siga o estilo de vocês? A impressão que se tem é que o primeiro disco foi muito copiado e, agora que vocês mudaram o estilo no segundo, com mais elementos eletrônicos, tem muita gente fazendo alguma coisa parecida.
Shirley -
Creio que nós captamos uma corrente do tempo. Era uma direção natural na música começar a experimentar mixando e misturando estilos diferentes. Eu acho que, basicamente, é assim que a nossa música é definida: nós pegamos techno, punk rock, hip hop e outros estilos e misturamos tudo. Outras bandas também fizeram isso e têm sido acusadas de plágio, mas não acho que seja o caso.
Duke - Colocamos a nossa música em um contexto bem mais pop que as outras bandas, que soam mais alternativas.
Butch - Não queremos categorizar nada. Só queremos fazer aquilo que tivermos vontade, sem nos prendermos a rótulos.

1999 - Ainda é muito cedo para pensar no terceiro álbum?
Butch -
É sim. Acabamos de lançar este. Temos a tendência de ir e fazer, sem mais. Não fazemos álbuns demo, como muitas bandas. Simplesmente acontece. É mais experimental. Isso é muito bom, mas também apavora um pouco. Nunca sabemos o que vai acontecer.

1999 - Que bandas atualmente vocês gostam mais?
Shirley - Girls Against Boys, Placebo. Ouvimos o novo disco do Hole, que é maravilhoso. Também adoramos o novo da PJ Harvey. Tem muita coisa que amamos.
Todos - Massive Attack!
Butch - Outro dia, em uma entrevista, eu disse de brincadeira que só escutava Mariah Carey, Marc Bolan e Kenny G. Eles disseram "sério?" e eu mandei: "Lógico, o novo disco de remixes do Kenny G é sensacional, cara!"... (risos)

1999 - O que vocês fariam se não fossem músicos?
Shirley -
Eu não acho que pudesse fazer qualquer outra coisa. Não tenho qualificações para mais nada.
Steve - Eu estaria na cadeia.
Duke - E eu seria um jornalista especializado... em música. (risos)

1999 - Durante a premiação do Grammy houve um incidente em que vocês foram citados como não estando satisfeitos com a premiação. O que aconteceu?
Shirley -
Foi uma brincadeira. Quando estivemos na premiação, achamos hilário todas aquelas pessoas ali, todas arrumadas e bem vestidas, naquela cerimônia chatíssima. Quando os competidores perdiam os seus prêmios ficavam aplaudindo e sorrindo para os vendedores e isso é muito hipócrita. Achamos que seria uma travessura divertida armar o maior circo do tipo: "O quê? Não ganhamos!!! Vamos quebrar tudo!". Mas nos contivemos. Por outro lado, o seu instinto natural, mesmo sabendo que o Grammy não significa absolutamente nada, é ganhar alguma coisa. Senão são duas horas do mais puro tédio. Enche o saco.

1999 - Vocês têm planos de tocar no Brasil?
Shirley -
Estamos mortos de vontade de ir. Ainda temos que acertar a data. Não sabemos muito do país, só que vocês têm o melhor futebol do mundo, mas esperamos aprender algo mais quando estivermos lá.

1999 - Qual é a pior parte de fazer turnê?
Shirley -
Banheiros químicos.. (risos) É o tipo da coisa que nunca melhora. Fazer parte de uma banda hoje em dia não é mais tão glamouroso do que fazer parte de uma banda quando eu tinha 15 anos. A não ser pelo fato de que hoje nós temos um ônibus. Acho que é o máximo de glamour que se pode ter.

1999 - Muitas das outras bandas que tocaram aqui hoje vieram de limousine...
Shirley -
Ah, eu já andei de limousine... uma vez (risos). Bom, você tem que pagar por esse tipo de coisa. Não é prático. No fim do ano, você acaba devendo mais à sua gravadora do que tem a receber.

1999 - O título de sex symbol ainda a incomoda?
Shirley -
Não me incomoda, mas acho inapropriado para quem eu sou. Eu não tenho nada do arquétipo de sex symbol. Não uso sutiã de renda e não ando por aí em saltos finíssimos. Acredito que se você é uma mulher em uma banda e usa batom e vestidos bonitos, é mais fácil para as pessoas te rotularem de sex symbol. É mais fácil que ter que lidar com as complexidades de quem você é como mulher e artista. Uma maneira simples de categorizar. Mas não levo isso muito a sério. Se as pessoas me acham gostosa, eu aprovo.

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