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01.02.1999

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CINISMO ALTO-ASTRAL
por Émerson Gasperin
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WICKED, MATE
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CINISMO ALTO-ASTRAL
Por Emerson Gasperin

CRIE SEU PRÓPRIO UNIVERSO

Que atire a primeira pedra o leitor que nunca quis estar no lugar deste pessoal que "escreve de música". Shows, entrevistas, contato direto com o artista. E o melhor: discos, muitos discos na faixa, embalados na sacola da gravadora com seu nome em pincel atômico – às vezes, acompanhados de mimos para a imprensa. (Jamais me esquecerei de um isqueiro que a Warner mandou de brinde com o disco do Porno For Pyros. Daqueles que se compra cinco por R$ 1,99, mas tinha uma mulher que perdia a roupa toda vez que era aceso. Sacou? Porno, pyros...) Você é pago para fazer o que pagaria para fazer. O dia inteiro ligado em música. Conhece todas as novidades, lê todas as revistas que importam, freqüenta os sites certos.

Vida boa. Mas não tão boa quanto a dos caras que não foram obrigados a ouvir o disco novo do Titãs, nunca viram nem a capa do novo do Paralamas e ignoraram a ressurreição de Marcelo Nova. Dos caras que lembram vagamente de uma chamada sobre Legião Urbana que viram em uma Showbizz exposta no anúncio de assinaturas das revistas da Abril encartado na Veja. Dos caras que ligaram a MTV, ouviram que o Capital Inicial estava voltando e perceberam que vagavam por outra freqüência.

A solução mais saudável é criar – e habitar – seu próprio universo, com mitos, lendas, top hits e demais frescuras protocolares. A enxurrada de informação ainda vale, só que acoplada a um filtro extra-exigente. Doses maciças de convicção são anexadas ao conhecimento adquirido previamente. Surge uma nova pessoa, que a cada disco adquirido sente-se um pouco mais rica. Ou pensa desse jeito, o que resulta em idêntico efeito pacificador.

Eu, por exemplo, hoje vivo em um planeta regido pelos grooves. De coisas recentes, quase nada escapa do maquinário eletrônico; em velharias, manancial infinito. A coletânea dupla de Roy Ayers detona a mesma vibração que o carteiro ao entregar o caixinha de papelão contendo o CD Soul Explosion, do Daktaris. O clima da trilha sonora de Out Of Sight faz de David Holmes o melhor remédio ministrado após sete horas a bordo de uma rave.

Tudo conspira para um aumento em escala industrial da autoconfiança. Não pode ser ruim um disco como Beretta 70, só com funks extraídos dos filmes policiais italianos da década da boca-de-sino, assim como as seleções feitas por Keb Darge em Legendary Deep Funk, já no volume 2 com bandas que nem em sonho você ouviu falar. Na praia, no final do ano, regalei-me com Otto e me achei o bicho mais quente da estação.

Sei não, mas acho que meu gosto não vai mais sofrer grandes alterações – desconfiei disso quando me flagrei pondo um Richard Groove Holmes para acompanhar a leitura de um livro. Talvez, acrescentarei outras direções ao que ouço agora. Ou então, radicalizarei o presente e passarei a admirar apenas funk etíope dos anos 70. Não faz mal. Uma passadinha pela realidade revela que "Gilberto Gil é indicado para o Grammy". No meu sistema, eu escolho os astros.

Emerson Gasperin é jornalista profissional e já utilizou seu ofício para falar de surfe, acupuntura, movimento sindical e garotinhas, entre outros assuntos edificantes. Depois de criar o zine futio/indispensável, escreveu "de música" na revista General e no jornal O Estado de S. Paulo. Atualmente, é editor da Gazeta Mercantil e atua no site The Bambas, sem ganhar um CDzinho sequer

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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