1999
mais que música

Atualizado todo dia.

Se você quiser escrever para o 1999 sobre QUALQUER coisa que tenha a ver com música (um show legal que você viu, um carinha que você conseguiu entrevistar, um disco que você queria mostrar pras outras pessoas, qualquer tipo de teoria, contar qualquer parte da história do rock), basta escrever para a gente.

24.AGO.1999

BR-116
LEITE QUENTE
Curitiba
por Digão Duarte

Um dia desses recebi um telefonema de uma estudante de jornalismo pedindo uma entrevista. Ela e sua equipe preparavam um documentário sobre o porquê da música curitibana não ter projeção nacional (e regional também). Para chegarem a uma resposta (se é que ela existe) saíram à caça de gente que está envolvida no meio há um bom tempo: músicos veteranos, produtores, radialistas, jornalistas e até fanzineiros. O ponto de partida foi o slogan "Curitiba capital do rock", bolado por Hélio Pimentel, vulgo Helinho, responsável pela 96 Rádio Rock e pela TV Estação Primeira. Seu lobby rendeu matérias na Veja e vários jornais de alcance nacional. Só não rendeu ascensão para nenhum grupo musical desta "capital musical", que nunca teve sequer uma banda de forte projeção nacional.

Seja qual for a razão disto, falta de qualidade eu sei que não é. Tanto nas bandas mais alternativas quanto nas que possuem um potencial pop, há trabalhos que beiram o profissionalismo. Êpa! Eu escrevi "potencial pop". Alguém pode se perguntar se há artistas com essa característica por aqui. Pois pedi uma cervejinha no Linos Bar e comecei a rabiscar alguns nomes num papel. Antes do copo
chegar na metade, lembrei uns dez e ainda era possível separá-los por categorias! Pode confirir:

Quem não gostar, bom sujeito não é
Acredite ou não, mas Curitiba também dá samba. Claro que da nossa maneira. À moda antiga, portanto nada de teclados de brinquedo, nem aeróbica, tampouco bundas sacolejantes que distorceram o sentido original da palavra samba. Por aqui não há morro nem grandes percussionistas, mas temos recantos boêmios e violonistas de sobra. O Maxixe Machine, maior expoente do estilo se caracteriza justamente pela riqueza de arranjos de violões. Não têm distorção, guitarra ou baixo, mas usam piano, samplers (discretos) e bateria. As letras (ironicamente inteligentes) são de autoria deles mesmos em parceria com ilustres poetas da cidade (entre eles o finado Marcos Prado), havendo também espaço para composições dos mestres Ary Barroso, Noel Rosa e Lamartine Babo, que tanto os influenciaram. No fim das contas, saiu um samba velho com cara nova sem tirar o pé do pop e sem deixar de ser samba, como bem define seu vocalista, Rodrigo Barros Homem Del Rei.

Formada pelos mesmos integrantes do Beijo AA Força, que sempre foram conhecidos como irriquietos boêmios fazedores de coisas, lançaram recentemente - através de uma lei de incentivo à cultura - o primeiro CD barbabel, com um encarte-revista de 66 páginas, e um filme com o mesmo nome que conta um pouco da história do samba. Concretizaram o triunvirato "ouça o disco, leia o livro, veja o filme".

Completam o cenário malandro curitibano o Gente Boa da Melhor Qualidade e Vampiros da Garoa. A primeira apenas interpreta sambinhas e choros dos anos 30, 40 e 50. Tem na formação integrantes da big band Woyzeck, um guitarrista da guitar band UV Ray que toca pandeiro e mais alguns chegados. Já os Vampiros da Garoa (que trazem uma homenagem explícita no nome) é formada em sua maioria por professores do Departamento de Letras e Lingüística da UFPR que montaram o grupo apenas para concorrer no último Festival da Canção promovido pela Universidade, não tendo a intenção de dar continuidade ao trabalho após o evento. Como tiraram o primeiro lugar, porém, continuaram tocando.

Antes década perdida que década desperdiçada
Duas gratas revelações locais resgatam suas influências por bandas dos anos 80 (em sua maioria pós-punk como Bauhaus e Siouxsie and the Banshees) para realizar alguns dos trabalhos mais consistentes já ouvidos por estas plagas. Cores D Flores é uma estreante com cara de veterana, que conta com os vocais de Mariele Loyola (ex-vocalista dos grupos Volkana, Arte no Escuro e Escola de Escândalos) e vai numa linha mais calma. Enquanto isso, a banda-irmã Zigurate, que já tem dois anos de idade (comemorados num show histórico documentado na última coluna) põe um pouco mais de peso e velocidade nas músicas graças às referências das bandas punks oitentistas. Ambas executam um instrumental invejável que embalam suas letras emotivas. Podem agradar tanto os fãs do gótico e Legião Urbana quanto leigos consumidores de música pop em geral.

It's only Rock'n'roll, baby!
Já bastante conhecida fora do estado, a Relespública completou uma década de uma turbulenta existência com o lançamento de seu primeiro CD E o Rock'n'roll, Brasil?, sucesso de crítica e público. Com o projeto Relespública 10 Anos, pretendem captar recursos através de patrocínios e incentivos fiscais para lançarem o segundo disco. Enquanto isso, tocam sem parar em diversos bares da cidade (Vox Café, Birinights, Anjo Caído, Sheena, Dromedário, Curaçao, etc, etc, etc) em shows elétricos ou acústicos. Chegam marcar shows em quase todos os dias de uma semana, um feito e tanto.

A MTV é a nossa cara
Rock alternativo dos anos 90, reggae, MPB, jazz, música eletrônica, e até música indígena entra no liqüidificador do Fuksy Faluta, que já tem bastante público e moral em sua cidade. Como cartão de visitas para o resto do Brasil, tem a música "Cabelos Crescem", vencedora do programa Ultrasom da MTV do mês de outubro de 98, uma das poucas faixas decentes daquele horrível CD comemorativo de aniversário do programa que a Music Television lançou recentemente. Uma bolachinha só deles já está quase pronta e dentro de no máximo um mês estará disponível. Faço minhas apostas que desse mato
sai coelho. Seguindo linhas mais pop, temos o StriQ, que também mistura de tudo, mas soa bem menos (ou quase nada) rock do que o Fuksy Faluta. Sua mistureba é mais adequada para tocar no rádio. Só não toca porque as rádios de Curitiba são um cu. Tem um CD homônimo que já vendeu bastantinho. Cartoon conta com músicos veteranos da jurássica Ídolos de Matinê. Junta um pouco de ska, pop e rock anos 80 e tem letras em português bem sacadas. Está cada vez mais cavando seu espaço na cena curitibana. Numa praia mais disco/funk/black music (que parece estar voltando à tona) seguimos com Maggie Poo e Bug La Bag. Esta última leva algumas pitadas de rock, mas a Maggie Poo é black music pura.

Retornando...
Nesta altura do campeonato o documentário daqueles estudantes já está editado. A princípio, não será exibido, pois é apenas um trabalho de faculdade realizado por alunos que declararam não entender muito do assunto. O Helinho estava entre sua lista de possíveis entrevistados. Provavelmente não conseguiram capturá-lo. Segundo consta, ele fugia da entrevista como hippie foge de água. "I can't get no satisfaction", deve pensar ele. Assim continuamos sem saber porque cargas d'água esse lóque
insiste em dizer que Curitiba é a capital do rock.

Café Expresso:

* A Educativa FM, nossa rádio estatal está gravando pilotos de novos programas para o "Todos os Caminhos do Rock", um espaço reservado toda sexta-feira das 17h ás 2h para o rock e seus desmembramentos. Entre os que fazem parte do páreo, está Peçonha, comandado por Abonico Smith e Omar Godoy (editor e colunista do 1999, respectivamente) entrevistam convidados e comentam músicas de modo a fazer jus ao nome do programa.

* Já foi lançado o CD Rendam-se Humanos!!! dos Limbonautas, um frankenstein de surf music, psychobilly e hardcore com discurso alienígena. O vocalista é Daddy Jr., alter-ego de JR Ferreira, dos MAGNÉTICOSs, acompanhado por músicos egressos das bandas Missionários e Monkeybrain (todas começando com "M"; que urucubaca!). O disquinho traz de volta à ativa o selo Bloody Records, do próprio JR, que em 94 lançou 13 compactos de bandas como Pinheads, Relespública e Boi Mamão.

* O selo hardcore Barulho Records, coordenado por Júlio Linhares (ex-Pinheads, atual Cola! e Hülk) pôs na praça seu quarto lançamento, que desta vez não tem nada a ver com a cena curitibana, pois trata-se do CD da banda carioca Noção de Nada. Seus três lançamentos anteriores foram o CD do Confusion e as coletâneas Punk Rock Stamp e Barulho Tapes. Nos planos do selo estão uma coletânea com várias bandas prestando tributo aos Pinheads e o primeiro do Pullover.

* O veterano do rap em curitiba, Davi Black, lançou seu segundo CD, Pra Manos e Aliados e já começou a fazer divulgação em São Paulo - que, além de ser sua terra natal, tem um movimento hip hop muito forte. Quem o acompanha é o DJ Plock, um garoto prodígio (tem só 17 anos) - que, além de DJ, também foi o produtor do disco.

Digão Duarte foi fanzineiro (vide papakapika zine, Mambo Bobby e [MAIS] Zine) e pretende voltar a sê-lo em breve.

Divine, Six Degrees, Moonrise e Barbarella
Vermes do Limbo
Sala Especial
Al Green
Bowery Electric
Jamiroquai
Flaming Lips
Gong - Show de 30 anos
Megatério (agosto) - A Noite do P* no C*
Marreta (agosto) - O jazz morreu
Rolling Stones
Mercenárias
"Paul's Boutique"
"Tim Maia Racional"

Kraftwerk
Sugar Hill Records

Second Come
R.E.M.
Built to Spill
Eddie
Flaming Lips
Ultraje a Rigor
"Kurt & Courtney"
Moby
clonedt
Mark Sandman
Suede
Plebe Rude
Rentals

Pavement
MEGATÉRIO - Omar Godoy
WICKED, MATE - 90 (de Londres)

REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K
atenciosamente, - Rodrigo Lariú
Red Hot Chili Peppers

Underworld
Prodigy
Hojerizah
Raimundos

Plebe Rude
Wilco
Little Quail
Chemical Brothers
Atari Teenage Riot

Grenade
Lulu Santos
Liam Howlett
4-Track Valsa
Chemical Brothers (show)
Yo La Tengo + Jad Fair
"Select"
Dr. John
Memê
"Drinking from Puddles"
Capital Inicial (show)
Jon Spencer Blues Explosion (show)
Homelands (festival com DJ Shadow, Underworld, Asian Dub Foudation, Chemical Brothers, Fatboy Slim, Grooverider, Faithless e outros)
Divine
"The Best of Sugar Hill Records"
Ambervisions
Amon Tobin
Sepultura/Metallica (show)
Mocket
Stereophonics
Headache
Fatboy Slim
Cassius
Paul Oakenfold
Silver Jews
Amon Tobin
Inocentes
Sepultura
Outropop
Pensamentos Felinos
Loniplur
atenciosamente,
Swervedriver e Mogwai
Comédias
Pequenas Capitanias
Por Fora do Eixo
Arroz com Pequi
Marreta?

Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando
Por Aí
T-Rex
Kurt Cobain
Bob Dylan
Nuggets
Sebadoh
Los Hermanos
Kiss (show)
Mestre Ambrósio
Jesus Lizard
Maxixe Machine
Fish Lips
Silverchair
PJ Harvey e Jon Parish (show)
Cornelius
"Post-punk chronicles"
Blur (show)
Garage Fuzz
Pólux (show)
Marcos Valle
Astromato
French Fried Funk
Sublime
Leia no último volume
Na Lata!
Miniestórias
Blur
Ira!
Sleater-Kinney
Goldie
Henry Rollins
Jon Carter
Afrika Bambaataa
O pai do rock brasileiro
Nova História do Pop
Grave sua própria fita
C86
Medo do novo
Digital Delay
No shopping com Status Quo
Fita ou demo?
Solaris
A história do indie baiano
Prot(o) e Rumbora
Monstro Discos
Carnaval e Los Hermanos
Eletrônicos e bicões
Kólica, Pupila e Total Fun
As hortas musicais de Curitiba
Ala Jovem
Brian Wilson
Limpando os remédios
Amor e Luna
Massive Attack
Blondie
"You've Got the Fucking Power"
Relespública (show)
Trap
Johnattan Richman (show)
Little Quail & the Mad Birds
High Llamas
Thurston Moore
Red Meat
Los Djangos
Bad Religion (show)
Vellocet
Jon Carter (show)
Raindrops
Jimi Hendrix Experience
Fun Lovin' Criminals
Garbage
Tom Zé
Câmbio Negro
Catalépticos
Lobão
Cowboys Espirituais
Max Cavalera
Escrever "de música"
O CD ou a vida (quase)
A bossa nova contra-ataca o Brasil
Um pouco de educação não faz mal a ninguém
Fé em Deus e pé na tábua
O Mercury Rev que não foi
Um banquinho, um violão e Dee Dee Ramone
Escalação pro Abril Pro Rock 99
Dago Red
Festivais na Bahia
Chutando o futuro de Brasília
Ê, Goiás
Pós-Rock, Teletubbies e LTJ Buken
Você sabe o que é Louphas?
Por dentro da Holiday Records
Chacina no litoral paranaense
PELVs e um blecaute
Bruce Springsteen
O último show dos Beatles
Genesis -
"The Way of Vaselines"
Vamos nos encontrar no ano 2000
Tropicanalhce
A professora com pedal fuzz
Portishead
Chico Buarque (show)
Deejay Punk-Roc
Ninja Cuts
Jon Spencer Blues Explosion
Dazaranha
Snooze
U.N.K.L.E.
Pearl Jam
New Order (show)
Rock Grande do Sul
Spiritualized
Damned
NME Premier Festival (shows)
Delgados
Punk Rock Stamp
Fellini (show)
Plastilina Mosh
Neutral Milk Hotel
Fury Psychobilly
Gastr Del Sol
Pólux
Afghan Whigs
Ritchie Valens
Marcelo D2/ Resist Control (show)
Limbonautas
Cartels
Babybird
Elliot Smith
Jesus & Mary Chain
Nenhum de Nós
Otto 
Relespública  
DeFalla
Piveti
Isabel Monteiro
Man or Astroman?
Ricardo Alexandre elocubra sobre Engenheiros do Hawaii
Camilo Rocha ri do medo da imprensa especializada
Leonardo Panço mete o pau em quem ele acha que deve meter o pau
G. Custódio Jr. fala de Flin Flon e Va Va Voon
Tom Leão dá as dicas de como se gravar "aquela" fita pra "aquela" gata
ROCK & RAP CONFIDENTIAL defende o crédito à pirataria 
Rodrigo Lariú lembra de bons shows
Festivais no Nordeste
O último show do Brincando de Deus

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98 em Brasília
Superdemo e Fellini no Rio
Uma geral no ano passado em Sampa
Cadê o público nos shows?
As dez melhores bandas de Curitiba
Pelo fim da reclamação
Black Sabbath
Burt Bacharach
"Três Lugares Diferentes" - Fellini
Beck
Mercury Rev
Jurassic 5
Sala Especial
Lou Reed (show)
Asian Dub Foundation
Belle and Sebastian
"Velvet Goldmine"

Autoramas (show)
Grenade
Chemical Brothers (show)
Cardigans
Bauhaus
Stellar

1999 é feito por Alexandre Matias e Abonico Smith e quem quer que queira estar do lado deles.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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