Image1.JPG (15354 bytes)

05.04.1999

INFORMAÇÃO
Fatboy Slim
Cassius
Paul Oakenfold
Silver Jews

P&R
Amon Tobin
Inocentes
Sepultura

COLUNISTAS
OUTROPOP
por G. Custódio Jr.
PENSAMENTOS FELINOS
por Tom Leão
LONIPLUR
por Sol
atenciosamente,
por rodrigo lariú

CORRESPONDENTES
INTERNACIONAIS

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO
por Cassiano Fagundes

BR-116
Comédias
Pequenas Capitanias
Por Fora do Eixo

Arroz com Pequi
Marreta?
Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando
Por Aí

HISTÓRIA
DO ROCK
T-Rex
Kurt Cobain
Bob Dylan
Nuggets

RESENHAS
Sebadoh
Los Hermanos
Kiss (show)
Mestre Ambrósio
Jesus Lizard
Maxixe Machine
Fish Lips
Silverchair
PJ Harvey e Jon Parish (show)
Cornelius
Post-punk chronicles
Blur (show)
Garage Fuzz
Pólux (show)
Marcos Valle
Astromato
French Fried Funk
Sublime

FICÇÃO
Leia no último volume
Na Lata!
Miniestórias

E-MAIL

CRÉDITOS

POR FORA DO EIXO
DF
Por Marcos Pinheiro

Quem acompanha mensalmente este espaço reservado à cena candanga já deve ter percebido que o colunista que aqui escreve não morre de amores por música eletrônica. Não chega a ser um ódio, como o que nutro por axé-bunda-music (musicalmente falando, nada contra as ditas cujas e respectivas donas) ou pelo pagode-mauriçola. Ou o nojo ao breganejo e as dores-de-corno em geral.

Os clubbers de fato, aqueles que vivem a cena desde o princípio, pelo menos têm atitude - mesmo que usem (também musicalmente falando) uma máquina para expressá-la. E embora não acompanhe de perto, reconheço o valor da música eletrônica. Até concordo que ela possa ser comparada com o punk rock dos anos 70 pela liberdade de poder compor por conta própria - o velho e bom do it yourself.

O que irrita é o consumismo, o modismo, o oportunismo, que rolam em torno da cena. Já encheu o saco ouvir vinhetinhas na TV, inclusive (e sobretudo) em emissoras especializadas, com sonzinhos eletrônicos, plins, tóins e outras onomatopéias, como "expressões do som do momento". É só isso que existe na música do final do século?!

Pior é ver mauricinhos e patricinhas, assíduos freqüentadores de shows baianos, sentindo-se clubbers porque (mal) conhecem Prodigy, Chemical Brothers ou Fatboy Slim. Eles nem distinguem música eletrônica da dance music bate-estaca que estão acostumados a ouvir em boates ou nos alto-falantes dos seus carros - aqueles que passam à toda velocidade na rua despejando um som que parece ser o mesmo o tempo todo.

Em Brasília, as raves se proliferaram a tal ponto que já viraram mainstream. Os grandes promoteurs da cidade (praticamente os mesmos que continuam entupindo o calendário local com shows e mais shows de axé e pagode) "descobriram" a eletrônica.

Resultado: a cada final de semana, são três, quatro grandes festas do gênero, reunindo quase mil pessoas em média, com flyers transados (tenho que reconhecer) e vários DJs brasilienses e alguns importados de São Paulo, Rio ou até Nova York, Londres ou Berlim.

Mas quem freqüenta garante que os públicos são bem definidos. E os DJs também. Muitos não aceitam essa invasão de grã-finos e só tocam nas festas que são roots. Cada um a seu estilo, que não cabe a mim discutir porque sou assumidamente leigo no assunto.

Além do modismo, outra coisa me chateia nessa história: os que cospem no prato que comeram. Muitos DJs e produtores da cena local são sabidamente ex-roqueiros. Tudo bem, temos vários exemplos disso em todo o mundo. Mas sair proclamando que o "rock morreu" e ridicularizar o gênero é muita cara de pau! Já tive discussões fervorosas com alguns deles, amigos meus inclusive.

Nem todos são assim, justiça seja feita. E não cabe a mim ficar dedurando ninguém. A esses "traidores", lembro a famosa frase impressa na camiseta de um certo ex-Presidente: "O tempo é o senhor da razão" (Ridículo! Porque fui lembrar disso?! Cruz credo!!!).

O ROCK SOBREVIVE

Se as raves se proliferam, a cena rock brasiliense teve em março um mês animador. Logo de cara, uma temporada de três noites com Ratos de Porão. O quarteto paulista tocou no dia 5 (sexta-feira) com o reformado DFC, agora sem o baixista Phú, e no dia 6 com o Sem Destino, banda de Luziânia (GO) que tem se apresentado muito pelo Distrito Federal - fez também alguns shows no Sul do país - para divulgar o CD de estréia, já comentado por aqui. Os dois shows, lotados, reuniram mais de mil pagantes e, o mais legal, marcaram a reabertura do Teatro Garagem - templo da música brasiliense, onde começaram Raimundos, Maskavo Roots, Little Quail, Oz e tantos outros. O local ainda está passando por uma ampla reforma e deve voltar a pleno vapor em junho.

O último show do Ratos foi no domingo, dia 7, no Quarentão (Ceilândia), com abertura das metaleiras Abhorrent e Narcose. O público foi menor que o do Garagem, mas igualmente animado. No repertório das três apresentações, porradas do mais recente CD, Carniceria Tropical, e alguns hits de toda a carreira. Suadeira e satisfação geral da molecada.

No mesmo dia 7, rolou o Rua do Rock, festival - com patrocinadores mainstream - que reuniu esportes radicais, seis bandas e mais de cinco mil pessoas ao ar livre, mesmo sob a constante ameaça de chuva, numa entrequadra da Asa Norte. A programação foi aberta pela convidada Punch, de Goiânia, que mandou bem seu metal rapeado. Na seqüência, as brasilienses Tatu Derrado e Ganza, que ainda precisam de mais estrada. Já o Deceivers mostrou ser uma das promessas da nova geração com sua mistura hardcore-rap - até o final do ano pode pintar o primeiro CD.

Como headliners, um Pravda com repertório novinho, afiado e entrando em estúdio para gravar o segundo disco - desta vez pelo Zen Records, o mesmo que revelou Nativus. E o Rumbora, fazendo a então pré-estréia de seu primeiro CD, lançado no final de março pela Trama Records. O quarteto liderado pelo vocalista e baixista Alf (ex-Câmbio Negro) e pelo baterista Bacalhau (ex-Little Quail) trouxe como convidado o ex-Plebe Rude, André X, que subiu ao palco para recordar "Até Quando Esperar?" e "Proteção". Delírio óbvio dos presentes. Para o 1999, André garantiu: a volta da Plebe só não aconteceu ainda por questões geográficas. Ele em Brasília, Phillipe Seabra nos Estados Unidos, Gutje e Ameba no Rio. O dia em que os quatro se encontrarem ...

Além de outros shows menores, o rock também ganhou força no dial brasiliense com o programa Idéia Nova, dedicado aos lançamentos alternativos dos EUA, Europa e Brasil, que, depois de um ano e sete meses, voltou novamente sob o comando do jornalista Carlos Marcelo. E a estréia do Legião Eterna que, quinzenalmente, presta tributo à música de Renato Russo, desde gravações piratas até a discografia oficial de todas as fases do maior cantor e compositor revelado pela "terrinha". Ambos pela Rádio Cultura FM.

Legião Eterna estreou no dia 27 de março, quando o vocalista faria 39 anos. Curiosamente, na mesma noite, Rita Lee, Pato Fu e Titãs fizeram show conjunto no Ginásio Nilson Nelson, com mais de 15 mil pagantes. Segundo os promotores, "para homenagear Renato". Mas faltou avisar com antecedência aos artistas. Fora os mineiros, com sua costumeira versão para Eu Sei, antecedida por uma tocante Quase Sem Querer, cantada à capella por Fernanda Takai (e devidamente acompanhada pelo público), foi constrangedor ouvir Paulo Miklos tentando entoar a difícil Monte Castelo. Rita Lee, mesmo improvisando, pelo menos não "pagou mico" com Será, também à capella.

Legal mesmo foi ouvir a Legião Urbana original nos alto-falantes durante todos os intervalos. E a molecada, com média de 18, 19 anos, cantando junto, todas as letras, sem errar. Legião é mesmo eterna. E esse colunista está ficando velho ....

RAPIDINHAS

Continua até 20 de abril o Cadastro do Rock Brasília 99, promovido em parceria com a Rádio Cultura FM. Em menos de um mês, já foram catalogadas quase 80 bandas, mas a intenção dos promotores é que esse número dobre até o fim do prazo. Para participar, as bandas devem responder a um amplo questionário, que inclui desde nome, endereço e estilo musical, até o que já gravou, onde ensaia, principais locais que tocou, entre outros itens. Todos os cadastrados - só valem grupos do Distrito Federal e Entorno - concorrerão ao sorteio de prêmios, como instrumentos musicais, horas gratuitas de gravação e ensaio, camisetas e adesivos personalizados, home page na Internet, etc. Pela Internet, as inscrições podem ser feitas no seguinte endereço: www.pangeia.com.br/cult22

Os metaleiros do país estão rindo à toa: em menos de um mês, Kiss, Bruce Dickinson e Metallica, só para citar os principais, vêm ao Brasil. A galera de Brasília já está juntando os trocados e arrumando a mochila para encarar a estrada, principalmente para São Paulo. Mas também tem motivos para comemorar: até o fechamento desta edição, estava confirmada para o dia 30 de abril a primeira apresentação do Sepultura na capital do país, dentro da turnê brasileira de divulgação de Against. Local a confirmar.

Do próximo mês, não passa: faremos um balanção das fitas e CDs-demo que estão pintando pela cidade, aproveitando o encerramento do Cadastro do Rock Brasília.

Um abraço!

Marcos Pinheiro é jornalista de esportes do Correio Braziliense e produtor e apresentador do programa de rock Cult 22, da Cultura FM de Brasília

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

Fale conosco

Hosted by www.Geocities.ws

1