Image1.JPG (15354 bytes)

05.04.1999

INFORMAÇÃO
Fatboy Slim
Cassius
Paul Oakenfold
Silver Jews

P&R
Amon Tobin
Inocentes
Sepultura

COLUNISTAS
OUTROPOP
por G. Custódio Jr.
PENSAMENTOS FELINOS
por Tom Leão
LONIPLUR
por Sol
atenciosamente,
por rodrigo lariú

CORRESPONDENTES
INTERNACIONAIS

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO
por Cassiano Fagundes

BR-116
Comédias
Pequenas Capitanias
Por Fora do Eixo

Arroz com Pequi
Marreta?
Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando
Por Aí

HISTÓRIA
DO ROCK
T-Rex
Kurt Cobain
Bob Dylan
Nuggets

RESENHAS
Sebadoh
Los Hermanos
Kiss (show)
Mestre Ambrósio
Jesus Lizard
Maxixe Machine
Fish Lips
Silverchair
PJ Harvey e Jon Parish (show)
Cornelius
Post-punk chronicles
Blur (show)
Garage Fuzz
Pólux (show)
Marcos Valle
Astromato
French Fried Funk
Sublime

FICÇÃO
Leia no último volume
Na Lata!
Miniestórias

E-MAIL

CRÉDITOS

SEBADOH
The Sebadoh
(Sub Pop)
Por Alexandre Matias

O rock dito alternativo é o novo rock clássico, não? Veja bem - os Smashing Pumpkins têm a pompa de um Led  Zeppelin, o Green Day é um novo AC/DC, Beck posa de novo Dylan, o Wilco é uma banda de country rock tradicional, Marilyn Manson se pinta como um Alice Cooper, o Supergrass tem a mesma energia de um The Who, Jon Spencer Blues Explosion surge como um Stones atualizado, Radiohead é comparado abusivamente com o Pink Floyd.

A diferença entre essas duas gerações - além de toda história que assistimos no meio do caminho - é a valorização da canção perfeita. Antes, separávamos pop de rock. Hoje, não há diferença entre uma coisa e outra. Quase todas as bandas desse gênero inventado após a morte do grunge seguem, hoje, o mesmo caminho trilhado pela geração que sacramentou o rock nos anos 70 (criando fãs fervorosos e um novo esquadrão de bandas). A única diferença é o pop perfeito, diluído de formas diferente em bandas diferentes.

Lou Barlow sabe disso. E, desde que viu que sua banda, o Sebadoh, estava saindo do underground rumo ao topo, começou o processo de reestruturação do grupo - como uma banda de rock clássico.

Surgido em 1987, o Sebadoh foi criado como um duto de vazão da criatividade de Barlow, que não conseguia fazer com que sua música fosse ouvida em sua banda anterior, o Dinosaur Jr. Ao lado do percussionista Eric Gaffney gravou algumas fitas (The Freed Man e Weed Forestin’), que logo sairiam em disco, pela gravadora Homestead.

Barlow saiu do Dinosaur Jr em 88, passando a se dedicar inteiramente à sua nova banda - onde transformou a gravação lo-fi (baixa qualidade) num gênero à parte. Neste novo gênero, a canção era mais importante que a gravação, indo de encontro às superproduções que caracterizavam os anos 80. Recrutou o baixista Jason Loewenstein e o baterista Bob Fay (para ocupar o cargo de Eric, que não queria ficar preso à nenhuma banda específica) e compôs dois clássicos - o disco Sebadoh III e a canção Gimme Indie Rock, em que exaltava o rock americano independente da década que terminava, como Sonic Youth e Hüsker Dü.

A partir de seu quinto disco, Smash Your Head in the Punk Rock (93), que compilava trabalhos de dois EPs (Sebadoh Vs. Helmet e Rocking the Forest), o grupo aos poucos se distanciava do lo-fi. Mas Lou Barlow continuava defensor do gênero, em projetos paralelos como o Folk Implosion, o Deluxx Folk Implosion e o Setrindoh.

A partir daí, sair do lo-fi significava abraçar a carreira como uma banda de rock clássico. E, aos poucos, o grupo foi traduzindo toda a mitologia criada nos anos de baixa fidelidade sonora para um formato mais hi-fi, um power trio. Vieram então Soul And Fire, Bubble & Scrape, Bakesale e Harmacy - cada um deles mais pop, mais rock e melhor
gravado que os primeiros discos da banda. Nesse meio tempo, Bob Fay deixou a banda, sendo substituído por Russ Pollard. O novo disco do grupo The Sebadoh traz ‘O’
Sebadoh. Daí o artigo definido que enfeita o nome da banda - é assim que Lou Barlow quer que sua banda seja lembrada. Como uma banda de rock.

E põe rock nisso. O disco abre com uma quebrada na bateria, abrindo o pulso firme para uma guitarra seca berrar o riff de It’s All You. A partir daí, entramos numa versão forte e potente do Sebadoh. Guitarras no último volume, muito peso, pegada pra dançar, Lou e Jason gritando e, claro, muito imaginário sonoro Sebadoh.

Aliás, dá pra dividir o disco nas faixas que lembram o velho Sebadoh e as faixas novas. Do lado de cá, temos a pra lá de familiar Weird, a bela Break Free, a bucólica Love is Stronger, Thrive (com belas guitarras), Sorry (uma das melhores do disco, com vocais superpostos). Do lado de lá,   a gritalhona Bird In The Hand (incomum pro autor, Jason), a
folkie Tree, a estática Nick of Time, o noise pop de Drag Down (outro bom momento do disco), a pesada So Long, a rocker Decide, Colorblind (que é puro Hüsker Dü) e a ruidosa Cuban.

No meio das duas partes, temos Flame, o primeiro single do disco e uma das melhores músicas do Sebadoh nos últimos anos. Baseada num groove criado por um riff repetido eternamente, ela nos distancia do mundo de carne e osso criado por Gimme Indie Rock e cogita possibilidades abertas pelo rock clássico. No meio da canção, Lou repete
que “você pode sentir o que quiser sentir/ E dizer que é real”, até ser soterrado por um caminhão de ruídos.

Com The Sebadoh, o trio alcança um grau de maturidade que o sagraria nos anos 70 e o sepulturia nos 80. Mas como estamos na década de 90 e quase tudo é permitido, o grupo apenas alcança um estágio seguinte, potencializando tudo aquilo que já havia sido dito nas entrelinhas. E por
que não?

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

Fale conosco

Hosted by www.Geocities.ws

1