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05.04.1999

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KISS
Autódromo de Interlagos (SP)
17 de abril de 99
Abertura Rammenstein
Por Odil
on Merlin


Confesso que meu interesse em assistir ao show do Kiss se deu quase exclusivamente pela curiosidade de ver os efeitos especiais divulgados. O fato deles serem uma das mais cultuadas bandas do antigamente chamado heavy metal também despertou minha vontade de me desbancar  de Curitiba até Sampa naquelas cansativas excursões bate-volta. Como a turma era legal, a cerveja gelada e a curiosidade grande, lá fui eu.

Interlagos fervilhava há dias esperando o Kiss. As filas eram quilométricas e haviam começado três dias antes, com gente acampando em frente aos portões. Todos devidamente uniformizados com suas camisetas pretas estampando os quatro mascarados, seus anti-heróis de história em quadrinhos, os inocentes bad guys de vinte e tantos anos atrás que, comparados aos bad guys de hoje, mais parecem cordeirinhos indefesos.

Espantava até a presença de milhares de adolescentes caras-pintadas que não haviam nem nascido quando o Kiss  era sinônimo de rebeldia e escândalo e sexo e drogas e rock'n'roll. Por sinal, nunca havia visto antes uma unanimidade tão grande em matéria de vestuário.

O show de abertura foi dos alemães do Rammstein. Abrir para o Kiss é um privilégio que eles agora dividem com outras bandas como AC/DC, Metallica, Iron Maiden e Judas Priest. Ou seja, a nata do metal atual abriu para os caras - ponto para eles. A apresentação do Rammstein foi pontuada pela pirotecnia. Não tinha uma música que não fosse adornada com fogos de artifício e labaredas. Hora nos pés e na capa do vocalista, hora no palco, nos teclados, nos tripés de microfones; enfim, tudo fumegava. O som da banda é bom, mas as músicas são muito parecidas entre si e o andamento é sempre o mesmo. Além disto, os fãs do bom e velho rock'n'roll não perdoaram as influências eletrônicas dos alemães e vaiaram vários momentos do show - principalmente quando eles quase desbancavam para um hard-techno. Roqueiros puritanos são puritanos roqueiros e acabou-se a discussão: com 45 minutos de show, o Rammstein saiu do palco meio aplaudido e meio vaiado. C'est la vie.

Finalmente, com quase com uma hora de atraso, os lendários mascarados entraram no palco. Começaram o show com "Psycho Circus", do último CD, e fizeram o imenso público entrar em delírio frenético. E eu ali, louco para colocar meus óculos 3-D entregues na porta e ver os "efeitos especiais". A primeira impressão não decepcionou: os caras ficam enormes no palco, com umas botas de fazer inveja a qualquer drag-queen. E a língua do Gene Simmons é um ícone do rock. Realmente muito divertida toda a performance do roqueiro setentista.

A partir da terceira música um aviso nos telões indicava glasses on. Oba, chegava a grande hora, íriamos ver uma coisa que nunca tínhamos visto antes, um show de rock em três dimensões. E de fato o troço funcionava. Intercaladas com imagens do show, ilustrações sensacionais em 3-D deixavam o público boquiaberto. Às vezes eram chamas que chegavam até bem perto, outras cubos e bolas que brincavam no ar à sua frente. Sem contar a banda empunhando instrumentos e língua na direção das câmeras. Você tinha a sensação de poder tocá-los. Muito legal mesmo.

Mas aí o show ia passando, com mais baixos do que altos. Entre glasses on e glasses off, o deslumbramento inicial era substituído por pura decepção. O show tinha mesmo ares de playback, mas poucos perceberam a farsa - o visual era muito mais impressionante. Além disso, para quem se importava se eles estavam tocando de verdade ou não (como eu), o negócio era agitar - era o que as 53 mil pessoas presentes estavam fazendo. A demagogia e pieguice de Paul Stanley incomodava e chegou ao ápice quando o coroa falou "vocês fazem a gente ter vontade de ficar para sempre". Bom, na terra do Paulo Maluf isso deve colar.

No final, a platéia reclamava que eles não haviam tocado nem metade dos seus sucessos - o que seria quase obrigatório em um show que significava a volta da formação original da banda. Realmente a apresentação poderia ter sido um pouco mais completa. O problema é que eles nem agüentam um show mais longo.

Infelizmente, de nada adiantou toda a parafernália que a banda trouxe. O Kiss não é nem sombra do que já foi e o público percebeu isso. Valeu para ver que o rock pode unir gerações, com pais e filhos curtindo juntos um grande concerto. Só por isso. A turnê Psycho Circus é um grande caça-nÌqueis. E dinheiro não anda fácil hoje em dia.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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