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05.04.1999

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OUTROPOP
Por G. Custódio Jr.

Se eu não falar, ninguém fala!

Uma das melhores maneiras de se conhecer bandas novas é comprando compilações. Esses álbuns, com vários artistas, sempre ultrapassando os 70 minutos e na média com 20 canções cada, sempre nos revelam excelentes surpresas. Difícil uma compilação que não tenha no mínimo duas bandas que realmente chamam a atenção e nos façam adquirir rapidamente algum outro material. Assim como é difícil uma compilação perfeita, onde todos os artistas presentes são realmente bons.

Um fato comum na cena independente do mundo inteiro é gravadoras indie lançarem compilações que dão uma geral no cast de artistas que fazem parte da própria gravadora, ou outros artistas que apresentem afinidades musicais e ideológicas. Isso se chama sampler e geralmente custa baratinho. É o melhor meio para se conhecer bandas novas. Outras gravadoras debutam lançando compilações para mostrarem pra que vieram, reunindo artistas com um tipo de som que será o que a gravadora pretende investir nos futuros lançamentos. No Brasil as compilações independentes tem um aspecto financeiro, visto que é o meio mais fácil de um artista registrar suas canções num CD, já que os custos do mesmo são divididos entre todos os outros participantes.

Isso não é novidade pra ninguém, e ultimamente não anda acontecendo nenhum boom de compilações boas no mercado, quer dizer, compilações boas tem, como vocês verão a seguir, mas nada diferente do que já vem acontecendo há vários anos. O principal fator que me levou a escrever um pouco sobre as compilações é que eu não tinha nada de mais interessante pra escrever nessa coluna. E também tem aquela coisa de que, se eu não falar desses disquinhos com vários artistas independentes, ninguém fala!

TAKING A CHANCE ON CHANCES (SLAMPT/TROUBLEMAN)

IT’S THE CHEAP DAMAGED GOODS SAMPLER THINGY (DAMAGED GOODS)

Slampt Underground Organization é uma gravadora londrina extremamente influenciada pelos ideais punk. Lançam fanzines e manifestos mensalmente e os artistas que fazem parte de seu cast tocam o punk mais atual feito nos dia de hoje. Não aquele punk datado, bitolado e panfletário, mas sim algo original, onde duas bandas nunca soam iguais, não é só preto e branco, mas rosa também, como eles mesmos escreveram num de seus manifestos. Sim, eles ouvem Ramones e Bad Religion, mas são viciados em The Fall e Pere Ubu também. Troubleman é a versão americana da Slampt e segue basicamente os mesmos ideais. A compilação chamada "Taking a Chance on Chances", lançada no final de 98, é uma parceria entre estas duas gravadoras e reúne 20 bandas dos dois lados do Atlântico, totalmente desconhecidas fora do próprio círculo de amizades de cada uma. Há vários destaques, como o Computer Cougar, Milky Wimpshake, Red Monkey, Russia entre outras, que deverão agradar em cheio os fãs das gravadoras americanas Kill Rock Stars e K.

Outra gravadora inglesa que investe no punk do final de milênio é a Damaged Goods, que acaba de lançar um CD reunindo o que de melhor lançou nos quase 150 lançamentos alcançados. "It’s the Cheap Damaged Goods Sampler Thingy" reúne 30 bandas, dentre as quais há várias curiosidades e verdadeiros hits. Como o segundo single do Manic Street Preachers "New Art Riot", faixa excelente de quando eles ainda estavam começando e não eram tão poseurs como na fase de Richey e nem tão amadurecidos como na fase atual. Há ainda o Television Personalities tocando cover de uma canção clássida da C86, "Sorry to Embarras You" do Razorcuts. E o Thee Headcoats com "We Hate the Fuckin’ NME". Só por isso já valeria o pouco dinheiro investido. Mas há muito mais. Como o riot grrrrl disco bublegum do Helen Love, com "We Love You", uma versão anos 90 do Pooh Sticks, onde a letra, excelente, diz: "make a record on your home, you don’t need a studio / drum machine casio, get on the radio / pop boy, pop girl, we love you!". No mesmo estilo temos o Anorak Girl com "She Says". Honeyrider e seu punk rock com influências de Jesus and Mary Chain e Beach Boys e Twister e seu punk rock cheio de solos de gaita também são grandes destaques. E se eu for ficar falando de tudo que há de bom nesse CD eu não termino mais. J Church, Wat Tyler, Lovesick, Cee Cee Beaumont, Period Pains, Dweeb, Toast, Dustball... ufa! São quase 76 minutos de perder o fôlego. E o encarte conta com uma discografia completa da gravadora, com as respectivas capinhas em miniatura.

SHOESHINE CHARTBUSTERS (SHOESHINE)

Já ouviu falar em bandas com pedigree? Não? Nem desconfia? OK, então pense numa banda que tenha em sua formação Gerry Love, Eugene Kelly e Francis McDonald. Essa banda existe e se chama Astro Chimp. E uma outra com Norman Blake e Francis MacDonald. Também existe e se chama Frank Blake. Isso é o que eu chamo de pedigree pop. "Shoeshine Chartbusters" é uma espécie de "quem é quem" do pop feito em Glasgow e é prato cheio para quem gosta das bandas oriundas daquela parte do mundo, aquele pop que só eles sabem fazer, Teenage Fanclub, BMX Bandits, Eugenius, Superstar e toda turma.

Essa compilação foi lançada ano passado pela Shoeshine Records, uma nova gravadora administrada por nada menos que Francis McDonald, uma legenda viva de Glasgow (só perde pro Stephen Pastel) que toca em inúmeras bandas, sendo a mais conhecida o BMX Bandits. A gravadora começou lançando compactos. Logo depois do sexto lançamento resolveram compilar todos 7"s num só álbum, além de acrescentar algumas canções inéditas. Está pronto "Shoeshine Chartbusters" com suas 20 faixas e 6 bandas.

E são essas bandas a grande surpresa da gravadora. Os já citados Frank Blake, que aparecem aqui com um clássico do bom pop chamado "Don’t Let Love Pass You By" com melodias suaves e vocais de Norman Blake. Parece até com Teenage Fanclub, mas eu sei que esses matariam um por uma canção como essa... sério, nem no "Bandwagonesque" encontramos algo do nível. Só por essa canção, esse disco já vale todo dinheiro gasto, mas aí encontramos uma banda chamada Speedboat com outro clássico chamado "Satellite Girl" e aí começamos a refletir sobre a facilidade que esse pessoal tem em criar melodias tão boas como a que ouvimos nessa canção. De onde eles tiram isso? Que drogas usam? Deve ser algo na água... é algo impressionante! Astro Chimp aparece com outra pérola chamada "Draginn’" e aí pronto, os arrepios se tornam inevitáveis. É tudo muito bom!

BMX Bandits aparece com três canções que poderiam estar no último álbum da banda, "Theme Park". Alex Chilton do Big Star apresenta cinco canções gravadas ao vivo, meio blues, rock’n’roll básico; é o cara se divertindo com os novos amigos. Pra fechar temos o Radio Sweethearts com um country básico, que perde um pouco de seu brilho posto ao lado de canções tão boas como as já citadas acima.

DIFERENT SONGS (O BOSQUE/WOODLAND)

Claro que não poderíamos deixar de fora a ótima compilação nacional "Different Songs", lançada pelo selo da baixada santista O Bosque/Woodland. São 9 bandas, com três canções cada (somente o Swamps tem apenas uma – um pop dançante com vocais etéreos), o que dá uma bela amostra de como cada banda soa. No mesmo estilo das outras compilações lançadas anteriormente, "Don’t Be Afraid My Son" (SP) e "Guitar" (PR), só que melhor, "Different Songs" aposta no movimento guitar pop brasileiro. E consegue se dar bem.

Temos o Moonrise, que nunca conseguiu me chamar a atenção com suas demos, mas aqui surpreendentemente apresenta a melhor canção do CD, "Youthful Song", que é linda com suas guitarras jangle e bateria eletrônica, além de bela melodia e o vocal, ponto forte da banda. O Bughouse vem com seu pop a lá Teenage Fanclub e vocais bastante peculiares. Pra quem conhece a demo, eles continuam a mesma coisa, com canções super agradáveis e melódicas, com um forte apelo pop. Six Degrees apresenta 3 canções, que já estavam presente na demo e aqui ganham o formato digital. Destaque pra "James Woods" e suas enxurradas de guitarras. Fora as guitarras distorcidas e rasgadas, o Six Degrees tem como ponto forte as melodias tristes e as programações na bateria eletrônica, simples como devem ser. Chronic Missing apresenta outro grande momento da compilação com a faixa "Last". Vocais femininos, guitarra jangle contrapondo com outra distorcida e um clima melancólico que percorre a canção do começo ao fim. Perfeita. New Wave Hookers acerta em cheio em "Bigger Words", com suas guitarras microfonando. Pena que as outras duas canções da banda na compilação sejam horríveis. The Old Suit apresenta canções que não estão no excelente CD de estréia "La Enfermidad", mas o som é basicamente a mesma coisa, ou seja, canções densas, tensas e depressivas em alguns momentos e agressivas e barulhentas em outros. Divine tem como destaque a simpática "Lar Católico", uma espécie de versão indie guitar para Legião Urbana, onde a letra diz "o que nos une não é o amor, mas o medo da solidão". No geral, a compilação é muito boa e fora o Indoor, que é muito ruim, dá pra ouvir do começo ao fim sem maiores atropelos. O CD, que tem uma capa e contracapa linda, está disponível na homepage do Midsummer Madness.

G. Custódio Jr. editava o Esquizofrenia.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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