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05.04.1999

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Por Digão Duarte

Curitiba não tem apenas um jornal que apoia a produção local, programas de rádio especializados e uma TV musical em contrapartida a um público "intrigueiro" e pouco participativo. O que deixou de ser citado na coluna do mês passado é que aqui na Província do Leite Quente também temos dois prêmios para reconhecer o trabalho dos músicos e pessoas ligadas à música na cidade. Quem ganha fica muito contente, posa para as fotos, é entrevistado no telejornal e recebe uma injeção de incentivo para elevar mais o nível de seu trabalho. Quem não ganha fica chateado, mas leva na esportiva ou fica prostituto da vida e sai dizendo que rolou chuncho e começa uma campanha difamando os vencedores e os organizadores da premiação

- Coca Cola é isso aí.

Vamos começar apresentando o prêmio Saul Trumpet, que apesar de ser o mais antigo (já está em sua quarta edição), é o menos conhecido, talvez por ser mais direcionado à MPB curitibana - que não é tão P quanto devia. O nome do prêmio é emprestado de um dos músicos mais respeitados do Paraná, como uma homenagem em vida, um tributo muito mais lógico mas que ocorre pouco. Das 20 categorias, algumas foram papadas por gente com ligação ao rock. Foi o caso do Woyzeck, que ganhou o troféu de melhor clipe por "O Recado Pelo Morto", que também tem grandes chances de concorrer a melhor democlipe no VMB deste ano. Como melhor grupo musical, venceu o Maxixe Machine, que toca choro e sambinhas, mas tem em sua formação boa parte dos integrantes do Beijo AA Força. Por falar neles, seu primeiro CD já está pronto e começou a ser distribuído pelas bancas de revistas do Brasil, através de um projeto aprovado pela lei de incentivo à cultura. O bróder Victor França, guardião do Estúdio Solo, ganhou como melhor profissional de estúdio. Este prêmio ele merece ganhar todos os anos até se tornar hour concour. Muitas das bandas mais legais da cidade já gravaram em seu estúdio e é incrível como ele encarna o estilo de cada uma durante as gravações para tirar o melhor som possível, seja psychobilly, eletrônico, hardcore, MPB ou qualquer outro estilo. Por fim, Todos Os Caminhos do Rock (sobre o qual escrevi na coluna anterior) ganhou como melhor programa de rádio, merecidamente.

Apesar de estar apenas na segunda edição, o prêmio Fun do jornal Gazeta do Povo é mais popular e tem razões de sobra para isso: é realizado pelo jornal de maior circulação no estado, privilegia as bandas alternativas e é aberto ao público, ao contrário do Saul Trumpet, que é realizado numa cerimônia restrita. O troféu tem o curioso formato de um estilingue prateado sobre uma base acrílica, provavelmente para metaforizar o lançamento dos grandes talentos. São duas as premiações, a de crítica e a de público. Para esta última, deveria ser preenchida uma cédula de votação encartada no Caderno Fun da Gazeta durante o mês de janeiro.

Em 5 de março rolou a festa de premiação da Forum, uma boate com capacidade para até 4 mil pessoas, segundo a lenda. Nosso Billy Crystal foi, pela segunda vez, o ilustre Rodrigão, que além de vocalista do Maxixe Machine e Beijo AA Força, também é ator de comerciais. Um bom mestre de cerimônias que não fazia piadas cretinas e ainda cortava o barato de neguim do público que se metia a engraçadinho. Praticamente todos os músicos e pessoas envolvidas com o circuito estavam presentes na festa. "Se caísse uma bomba na Forum, a cena curitibana estaria morta", era esta a frase da noite. E desta cena, foram pinçadas algumas das figuras mais populares ou exóticas para apresentarem os premiados, sempre em duplas. Algumas delas proporcionaram visões inesquecíveis, como José Aguiar e Marielle Loyola. O contraste era total! Ele, quadrinista do Núcleo de Quadrinhos, todo arrumadinho de terno, suspensórios e gravata borboleta. Completava o visual com seu óculos e um penteado nerd. Ela, ex-Volkana, atual vocalista do Cores D Flores, usava um vestido preto sem mangas para deixar à mostra as várias tatuagens.

Nas categorias locais, o prêmio ficava similar a uma escolha de menina mais bonita da faculdade ou coisa parecida. Tudo bem, aqui tem banda a dar com o pau, mas sempre existe aquele grupinho das favoritas. O Resist Control, a exemplo do anos passado, deixou a Forum com um pouco mais de peso na bagagem: quatro estilingues pela votação de público - melhor grupo, show, vocalista e música, para "Resist Control". Mas não foram os campeões do ano, pois empataram com a Relespública que, em contrapartida, recebeu seus prêmios dos críticos, sendo eles melhor grupo, disco, show e vocalista.

Os integrantes da banda psychobilly Os Catalépticos ficaram embasbacados por terem recebido dois troféus: revelação e instrumentista, para o baixista Gustavão, segundo a crítica. Levando-se em consideração que o psychobilly é um estilo maldito e até esquecido, esta foi uma vitória e tanto. "Só mesmo em Curitiba para uma banda de psychobilly ganhar algum prêmio", sacou Gustavão.

Outros premiados da noite foram as bandas Fuksy Faluta (melhor demo pela crítica, para "Quixeramobim"), Mosha (melhor música, "Stoned", crítica), Whir (revelação e demo, "Empty Little Stars", público) e a coletânea LototoL. Quanto a ela, vou abrir aqui um parênteses, já que o disco é uma cria minha e do Manoel Neto, da [Mais] Records. Sendo assim, a ética jornalística vai pro beleléu se eu fizer qualquer comentário. Recebeu prêmio de melhor capa, tanto de crítica, quanto de público. Para quem ainda não conhece, a coletânea LototoL simula um remédio. Vem numa caixinha de remédio de verdade. Por dentro, o CD é envolvido numa embalagem parecida com um blister e a serigrafia do disco imita o relevo de uma pílula. Pra completar, dentro da caixa tem uma bula explicativa sobre as bandas. Enfim, era uma capa bem diferente e curiosa. Muita gente antes já tinha me falado que este já era um prêmio previsível. Não vou discordar, senão estaria fazendo falsa modéstia. A surpresa foi receber também como melhor disco pelo público, justamente numa época em que eu estou muito puto da cara com o público de Curitiba. Ironia do destino. Mais tarde fui sacar que esse prêmio tinha lógica: num disco com 26 bandas, se cada uma fizer sua campanha votando em si mesma, as chances de ganhar são grandes. Fecho parênteses, paro com a autopropaganda e volto a ser um mero observador.

Entre as premiações, oito das bandas mais representativas da cena curitibana apresentaram uma música cada. Era mais do que suficiente, já que o evento servia como uma vitrine. Lá se encontravam muitos leigos quanto a produção musical paranaense, entre elas, VIPs da mídia local. Começou com AAAAAA Malencarada, numa apresentação média. Melhorou com o show vigoroso da Relespública, a pancadaria billy d'Os Catalépticos e as viagens mezzo eletrônicas do Mosha. O Primal... promoveu um grande impacto visual. O vocalista Gugu entrou no palco com o corpo pintado de azul e preto. Usou um esmeril para jogar faísca no público e um megafone para distorcer seu vocal. Dava o clima ideal para detonar seu metal com toques industriais. O grupo de garotas Whir têm acrescentado uma pegada punk rock em suas novas músicas que até então faziam a linha que convencionou chamar guitar. Estão melhores que as antigas, mas o vocal precisa ser melhorado porque está muito devagar e baixo, desproporcional à música. Fuksy Faluta mostrou um grande potencial pop, tanto na faixa de trabalho ("Cabelos Crescem") quanto na presença de palco - vestiam roupas feitas com embalagens de bombril e

outros materiais reciclados. Merecem crédito pois foram uma das poucas bandas que agitaram o público de verdade, assim como o Resist Control, que fechou a bateria de shows locais pondo o povo para pogar com a música que dá nome ao grupo. Seguiu-se um intervalo de trinta minutos tendo como trilha a discotecagem do DJ Hermes. Depois o palco da Forum recebeu o Ira! para fechar a noite em grande estilo.

O que esperar para o ano que vem? Provavelmente o Resist Control continuará recebendo vários prêmios. Idem para a Relespública, se continuar neste pique - no ano passado a banda renasceu do limbo. O Primal..., que também está se reerguendo após um período de trevas, é outra grande aposta. O Maxixe Machine deve papar alguns estilingues. Apesar de ser samba, é uma banda que tem o apoio de boa parte dos envolvidos na cena local. Os recém lançados CDs dos pops StriQ e Bug La Bag, e dos rappers Comunidade Racional e Davi Black também podem render frutos. Também estão prometidos para este ano os discos das bandas Fuksy Faluta, Mosha, Whir, Maconha, Oinc, Clone DT, Pogoboll, King Kong de Conga.br e Batuque de Brancodoido, que podem ser bem cotados. Particularmente, espero que o Prêmio Fun tenha uma melhor divulgação em outros estados e deixe de ser um evento de âmbito puramente local.

Café Expresso

  • No mês passado foi a Relespública. Desta vez, o grande aniversário a ser registrado (não que isso seja fixo nesta coluna) é o da banda Zigurate, que completou dois anos com uma presentação especial para mais de 250 pessoas no Auditório do Largo da Ordem (nome pomposo, hein?) no último 20 de março.
  • Numa primeira parte, tocaram um repertório só seu, com 14 composições, algumas já bastante conhecidas do público local, como "Vento", "Como Será" e "A Pedra". Após um intervalo, seguiu-se uma maratona onde foram interpretadas 26 covers de clássicos do rock, de Bauhaus a Portishead, sempre trazendo convidados de bandas amigas. As parcerias mais marcantes foram com Murilo, do estúdio Clínica, que deu um arranjo de violão flamenco a "Blood", do Cure e com Paulo (baixista do Estigma) e Reginaldo (vocalista do King Kong de Conga.br), que fizeram o povo pular ainda mais com sua versão de "Sabotage" dos Beastie Boys. Foram 40 músicas em cerca de 3 horas! Haja pique. Sem dúvida um show histórico, e o melhor da carreira da banda.
  • Quando todos pensavam que uma segunda edição do evento Supertrash ficaria só na garganta, do nada surgem as filipetas divulgando o evento. Como o próprio nome diz, traz como tema os filmes bagaceiras. A primeira edição do evento ocorreu em outubro de 97 e foi um sucesso, lotando o extinto Bar do DCE da UFPR com mais gente do que ele comportava, obrigando a uma rotatividade de público. As grandes atrações são sempre os novos vídeos da famigerada Canibal Produções, de Palmitos, Santa Catarina. Seu mentor, Petter Baiestorf, esteve presente para a premiere de seu gore pastelão "Zombio", que traz a Canibal Produções de volta às raízes, retornando com os filmes engraçados após uma época produzindo filmes de muito mal gosto com a intenção de chocar não só a sociedade, mas também seus admiradores de longa data.
  • Também foram apresentados os curtas "Raptores" (do gordo podólatra José Salles) e "Nocturnos", uma extravagância gore experimental do paulista Denison Ramalho. Para a parte musical, três bandas que também apresentam uma veia trash: Os Catalépticos, Libonautas e Stanley Dix O Q.G. Bar inaugurou seu porão, dando à Curitiba mais um local (ou buraco) para os shows locais. Inaugurou muito bem com os shows de lançamento do fanzine O Monstro #6, por parte dos Limbonautas e Os Catalépticos. Na semana seguinte, sediou o festival do selo Low Tech Records, de Blumenau.
  • Tocaram Minds Away (Blumenau), Grenade (Londrina), 4 Track Valsa (Rio de Janeiro), Pistoleiros (Florianópolis) e os locais Tod's e Prozac. Vários shows ainda vão passar por este palco. Para 17 de abril está reservado o tão esperado Psychobilly Fest V. Mais detalhes no mês que vem.

Quando estudante, Digão Duarte editava vários fanzines como o papakapika, Mambo Bobby e [MAIS] Zine. Agora que se formou em Jornalismo, seu maior sonho é se vender para o sistema e ser chamado de traidor e vendido.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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