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MARRETA? RJ Por Simone do Vale Nos últimos seis meses o Rio de Janeiro voltou a vivenciar um boom de criatividade no seu cenário rock/pop/eletrônico. Desde a descoberta da dobradinha MPC/ Hemp Family, não se via uma diversidade biológica tão rica nessa cidadezinha amaldiçoada pelo epíteto "Rio 40º". Não que eu tenha alguma coisa contra o Hip Hop, mas essa infestação de clones mal penteados do D2 já deu no saco. Quem agüenta mais esse discurso de garotos de classe média que pensam que conhecem de perto a cruel realidade dos morros porque sobem a favela pra comprar maconha nos sábados à noite? E o som se resume a uma imitação barata dos grooves do deus vivo Formigão: bum bum bum, cha-cum-dum, Rio de Janeiro, favela, ui, ui, ui, a violência, ai, ai,ai, sou carioca, pow pow pow. Vomitante. E essa MPBzinha pseudo-intelectual-de-vanguarda-de- boteco-de-Santa-Tereza? Um palhaço coloca um chapeuzinho de palha no cocuruto, arranha um violãozinho chinfrim, cospe um refrãozinho com violência, pena de morte e favela nos versos e pronto, nasce um novo gênio do cancioneiro carioca. Fala sério... Sorte que rolou uma virada nesse jogo. Sorte do público, que já não tinha mais opção. Ou ia ver um panaca imitando o Chico Science, ou ia ver um pateta encarnando o D2. E como a maioria das portas dos poucos espaços para shows só se abriam para patetas e panacas, muita gente boa ficou de fora da panela por falta de carioquice. Isso porque até um ano atrás pouquíssimos picos conseguiram manter a regularidade da sua programação. Mas cariocas pródigos meteram o pé na porta dos fundos, tiraram dinheiro do próprio bolso pra pagar aluguel de P.A. e olha nóis aí... Sim, temos uma cena, finalmente digna dos milhões de referências culturais do nosso Estado. Temos o hardcore romântico dos Los Hermanos, nosso principal concorrente a Next Big Thing do ano 2.000; temos o trio de siderados do Vulgue Tostoi, semeando o trip hop com Danelectro; temos nossos heróis do Carbona, trio de punk rock bubblegum que excursionou pelos EUA e Canadá, grandes pioneiros dessa abertura de novos espaços para shows na cidade; temos o demoníaco country hardcore - é, só existe aqui mesmo - do Matanza e também o hardcore tradicional carioca do Jason; o techno alucinado do niteroiense Johann Heyss; o punk desafinado porém bem recebido do Pólux; o sacolejo sacana do Chatos e Chatolins; o funkão esquema baile dos deuses do Funk Fuckers; temos os legítimos herdeiros de Arrigo Barnabé, o Zumbi do Mato, a banda mais loooooouca de todos os tempos; temos o hardcore melódico do Ack, Wacky Kids e todo o lirismo dos absolutos Hill Valleys; temos o charme do interessantíssimo 4Track Valsa, que está começando a se apresentar fora do estado; a volta da melhor vocalista de rock do Brasil, Sandra Mendes, ex-Nave, com o seu Oh! Valerie; o ska de macho dos Djangos... e o Acabou La Tequila, que não dá pra enquadrar em rótulo, só se eu fosse parafrasear o Kassin: "Fazemos uma mistura de rock com música". E talvez, quem sabe, antes do Dia do Juízo Final pode rolar a volta dos Deuses do Saravá Metal. Parece que Ronaldo Chorão vai reativar o Gangrena Gasosa... Brasil, carioca não é mais palavrão. PICUINHAS & OUTRAS FRESCURAS
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