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HOMELANDS
Com
Winchester
(Inglaterra)
Por Luciano Vianna e Valéria Rossi
London's Burning

No fim de dezessete horas seguidas de música sem interrupção, com uma escalação que incluiu mais de 80 DJs e bandas se apresentando em onze palcos diferentes e dividindo o espaço com cerca de 35 mil pessoas, a impressão que se tem é a de ter sobrevivido uma grande maratona. A idéia deve ter isso essa mesmo. O Homelands, maior festival de música eletrônica da Inglaterra (que aconteceu no último sábado), provou que as grandes recompensas vêm com esforço redobrado e a satisfação também é maior depois de passar por vários desafios.

Neste caso, o primeiro deles foi chegar até Winchester, cidade no interior da Inglaterra, aproximadamente a uma hora e meia de viagem de Londres. Uma vez na cidadezinha, na estação de trem era preciso pegar um ônibus até os arredores da cidade e, de lá, caminhar incríveis vinte minutos no meio do nada até chegar ao vale que servia de casa para o festival. Na ida, tudo bem. Difícil foi repetir todo o processo na volta.

O festival abriu as portas às 13h do dia 29 de maio e só as fechou às 6h do dia seguinte. Uma vez lá dentro, o visitante tinha que fazer das tripas coração para escolher o que ver, já que muita gente boa se apresentava em palcos diferentes, ao mesmo tempo. Na Arena 1, a principal, as atrações incluíam Jon Carter, Les Rythmes Digitales, Lionrock, Jungle Brothers, James Lavelle, DJ Shadow, Asian Dub Foundation, Paul Oakenfold (que tocou também na Arena 3, da Radio 1), Chemical Brothers, Fatboy Slim e Paul Van Dyk, encerrando a festa entre 3h30m e 6h. Na Arena 2, patrocinada pela revista Mixmag, tinha Gilles Peterson, Presence, Faithless, Underworld, Carl Cox, Deep Dish, Basement Jaxx e Erick Morillo, entre outros. Na Arena 3, da Radio 1, os sets de gente como Sasha e Pete Tong foram transmitidos ao vivo para os ouvintes de casa. Já a Arena 4 teve DJs do calibre de Darren Emerson (Underworld), Stacey Pullen, Dave Angel, Carl Cox e Laurent Garnier. A Arena 5 foi dedicada ao drum'n'bass, com nomes como Andy C, DJ Hype, Roni Size, Fabio, Grooverider, Krust, Bryan Gee e Swift. Na Arena 6 tocaram, entre outros, Judge Jules, Seb Fontaine, Gordon Kaye, Sonique e DJ Taucher.

Enquanto isso, na Arena 7, Danny Tenaglia fazia um set incrível de dez horas. Já na Arena 8, o som ficou por conta de Trevor Mac, Danny Rampling e Dave Pearce. A Arena nomes menos conhecidos e duplas como Bob Jones & Justin Robertson. Na Arena 10 predominaram os ritmos latinos, com Patric Forge, do Brazilian Love Affair; e Martin Morales, entre outros. A Arena 11 era a área do descanso, pois ninguém é de ferro. Neste espaço o povo podia relaxar vendo um filme - foi lá que aconteceu a premiere mundial do filme Human Traffic, sobre a cultura clubber - ou dormindo na grama. Ufa! Para quem achou pouco, vai ter repeteco em Edimburgo, na Escócia, no próximo dia 4 de Setembro. Antes de fazer as malas, confira os principais shows e apresentações, de zero a dez.

Nota 0: Basement Jaxx. Os atuais queridinhos da mídia inglesa mostraram seus habituais houses insossos e samba para inglês ver. Tocando às 4 da manhã, eles afugentaram o resto de público que ainda estava na arena da Mixmag e tiveram que mandar duas vezes "Red Alert", seu single de maior sucesso. Tudo para ver se o público vibrava um pouco.

Nota 1: Jungle Brothers. Tocando na Arena principal, os americanos não se saíram bem, em grande parte por causa da recepção fria do público, que praticamente não conhecia nenhuma música do grupo. Show morno, sem nenhuma vibração. Nem em cima, nem abaixo do palco.

Nota 2: Danny Tenaglia. Apesar de ter uma arena exclusiva para o seu set de dez horas consecutivas, o americano, uma das principais atrações do festival, não empolgou o público e nem teve sua arena lotada em nenhum momento da noite. O engraçado é que lá pelas 3h da manhã o cara se cansou (tudo bem, ninguém é de ferro) e ficou sentado conversando atrás do palco, só subindo na cabine na hora de trocar os discos.

Nota 3: Roni Size. O set do DJ de Bristol não chegou perto da vibração de sua festa no clube Gitana, em São Paulo, onde enlouqueceu a galera. Arena cheia, MC Dymaite em ação, mas faltou aquele algo mais. Destaque para os dub plates que ele tocou em primeira mão de sua nova banda, a Breakbeat Era, que lança seu primeiro disco no próximo mês.

Nota 4: DJ Shadow. O americano, uma das metades do U.N.K.L.E., escolhe bem as músicas, mas as mixagens ficam a desejar - e apenas ficar fazendo scratch nunca foi sinônimo de ser um bom DJ. Valeu apenas pelas versões remixadas exclusivas de músicas do U.N.K.L.E..

Nota 5: Grooverider. Com sua técnica peculiar, Grooverider (que está cotadíssimo para tocar no Brasil este ano, em um grande festival de música eletrônica que será realizado em agosto no Rio e em São Paulo) mostrou um set praticamente só de dub plates para um público que não parou de gritar e pular em nenhum momento.

Nota 6: Asian Dub Foundation. Apresentando muitas músicas do seu novo disco, o ADF fez o seu habitual excelente show. Entre uma pregação e outra contra a violência, a banda preparou a alegria do público com sucessos como "Free Satpal Ram" e "Buzzin'".

Nota 7: Chemical Brothers. Os headliners do festival tocaram para mais de dez mil pessoas na arena principal e mostraram praticamente o mesmo show que passou pelo Brasil no mês passado. A diferença é que, ao contrário do público brasileiro, os ingleses não reagiram muito bem às novas músicas do grupo e só vibravam de verdade em velhas conhecidas, como "Block Rockin' Beats" e "Setting Sun". Apesar de diversas revistas anunciarem que o show teria convidados especiais, nenhum dos nomes extras do novo disco da banda apareceu, frustrando ainda mais a enorme platéia que acompanhava os irmãos químicos.

Nota 8: Fatboy Slim. Entrando logo depois dos Chemical Brothers, Norman Cook chegou inspiradíssimo e mostrou seu habitual repertório de big beats e afins, com direito a dub plates exclusivos de músicas do novo disco do Leftfield e diversos remixes próprios. Sem parar de agitar nas pick ups, era difícil dizer quem estava aproveitando mais, se Fatboy Slim ou o público que assistia extasiado à apresentação impecável do DJ.

Nota 9: Underworld. Os headliners do palco 2 mostraram uma excelente mistura de sucessos de seus três discos, com uma atuação muito inspirada do vocalista Karl Hyde e seu modo de cantar quase raivoso e superpessoal. Destaque para a óbvia "Born Slippy" e para "Push Upstairs", o primeiro single do novo disco da banda.

Nota 10: Paul Oakenfold e Faithless. As duas notas máximas do festival tocaram em horários opostos, mas souberam levantar o público como ninguém. Enquanto o Faithless tocou no fim da tarde, com o sol ainda forte, Oakie foi uma das últimas atrações do festival, no ingrato horário das 4 da madrugada. Com um show perfeito tecnicamente e um vocalista que parece entrar em transe a cada música, o Faithless mostrou porque é atualmente o melhor show de música eletrônica do mundo, com sucessos como "Insomnia" e "God Is A DJ", que, em uma versão de quase dez minutos, fechou um show perfeito e inesquecível.

Já Oakie (que também esteve em São Paulo no mês passado, tocando na U-Turn) se apresentando na Arena 3 (que era apenas um pouco menor que a arena principal) juntou quase dez mil pessoas às quatro da matina para ouvir seus houses e trances. Com um set vibrante para um público que respondia à altura, Oakie mostrou porque é tão adorado pelos ingleses e é considerado o melhor DJ do mundo. Vibração incrível, de levantar até defunto, tocando os habituais sucessos de sempre. Mas o que mais o povo podia querer depois de mais de quinze horas em pé? Só ele mesmo para deixar a galera animada àquela hora.

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