logo06.JPG (17693 bytes). INFORMAÇÃO COLUNISTAS BR-116 HISTÓRIA
DO ROCK
FICÇÃO RESENHAS

 

REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K
atenciosamente, - Rodrigo Lariú

 

MEGATÉRIO - Omar Godoy
WICKED, MATE - 90 (de Londres)

 

WICKED, MATE
Por 90

E mais uma parte da história do rock britânico se vai. Após mais de 30 anos de bons serviços no bairro londrino de Richmond, a loja de música Potter’s vai fechar.

O proprietário, Gerry Southard, é um comerciante à moda antiga. Faz praticamente qualquer negócio, tira todo o tempo do
mundo para falar com um cliente que está procurando determinada coisa, e indica outra loja se o que você procura não está nas possibilidades dele. Sua esposa Ann é a parceira mais quieta, mas nem por isso menos simpática e atenciosa.

A loja já teve clientes muito ilustres nesses mais de 30 anos. Podemos citar de cara Eric Clapton e Pete Townsend. O último, aliás, passou na loja há menos de três finais de semana atrás. Sua casa fica um pouco mais acima em Richmond Hill, perto do parque. Desnecessário dizer que é uma área nobre. Gerry estava me mostrando umas fotos tiradas no data acima citada, e para minha surpresa, eis que aparecem nas fotos seguintes Elvis Costello e filho. "Ele fez um show na noite
anterior, uma sexta-feira, e no sábado passou aqui".

O motivo pelo qual a loja está fechando? Para começar, o contrato de aluguel do imóvel está no fim. Gerry obviamente lamenta o fim da loja, mas é o primeiro a admitir que os tempos mudaram nessa área de comércio, e é cada vez mais difícil para um comerciante pequeno como ele competir com as HMVs, Towers e Virgin records da vida. Não só pelo tamanho da loja, mas pelo fato de ele vender gêneros específicos de música (a loja se concentra nos ditos gêneros de "Raiz", entendendo-se por aí Blues, Folk, Country, Jazz, e clássicos, além de instrumentos musicais, com ênfase em violões e guitarras). "O caráter desse tipo de comércio mudou. Quando eu comecei a loja tudo era obviamente diferente. Sair para comprar um disco no sábado era um programa, algo que você esperava ansiosamente a semana toda. Além de ser impossível concorrer com os grandes, eu acho que no futuro as pessoas vão comprar música pela internet ".

Interessante notar que, por mais que a loja tenha um passado relacionado com medalhões do rock e pop britânico, o proprietário nunca se aproveitou disso para vender a imagem da loja. Ele poderia muito bem colocar fotos na parede com dedicatórias e coisas do tipo, mas no entanto nunca o fez. Mais por modéstia que por falta de tino comercial.

Isso me faz pensar em outras coisas. Música, hoje em dia, é turismo também. A maioria dos fãs de um artista vão gostar de saber que um determinado lugar marcou a história da trajetória de seu artista favorito, e provavelmente irão procurar conhecer o lugar. O fato é que muitos locais que se relacionam intimamente com a história do rock britânico poderiam ser melhor explorados como atrações turísticas em Londres, e no entanto não o são. Há exceções, lógico, como o culto ao famoso
cruzamento e os estúdios em Abbey Road. A quantidade de turistas que passa por lá, em especial os japoneses (sempre eles, os que tiram fotografias até de prego torto na parede) impressiona. No entanto, com uma infra-estrutura melhor, muitos outros locais espalhados pela cidade poderiam ser visitados e apreciados como Abbey Road.

Um exemplo simples é um pub que hoje em dia se chama Bull and Bush, próximo à estação de trem de Richmond. Há uma placa indicando que o local costumava ser o Crawdaddy club, onde os Stones começaram a construir sua reputação como banda. Mas só uma placa. Porque não toda uma documentação e fotos nas paredes do pub inteiro? Me impressiona o fato de não terem feito isso, afinal inglês adora coisa velha. A National Heritage apenas lá por 1997 começou a descerrar placas em imóveis indicando que determinada personalidade viveu/trabalhou ali relacionadas a artistas de rock/pop. O flat Londrino de Jimi Hendrix foi o primeiro, e se não me engano a árvore na qual o mini de Marc Bolan bateu em 1977 também tem uma placa memorial. Mas por hora é só. O potencial está ali. Só falta fazer.

O que nos trás ao Brasil, onde poderíamos fazer semelhante trabalho relacionado a música e história, com a riqueza musical que nosso passado mostra, de Pixinguinha até Chico Science. Mas não dá nem ânimo de discutir...ou dá?

Potter’s fica aberta até 1 de junho. Se você estiver por Londres dê uma checada, fica na Hill Rise em Richmond Hill. E
diga para Gerry que o Brasil manda lembranças.

90 é engenheiro de som se especializando em tv, guitarrista e mentor da Banda Instrumental Los Chick Magnets e fica na Inglaterra até o final do ano.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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