logo06.JPG (17693 bytes). INFORMAÇÃO COLUNISTAS BR-116 HISTÓRIA
DO ROCK
FICÇÃO RESENHAS

 

REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K
atenciosamente, - Rodrigo Lariú

 

MEGATÉRIO - Omar Godoy
WICKED, MATE - 90 (de Londres)

 

MEGATÉRIO
Por Omar Godoy

O seu nome significa 'Grande Besta'. Media acima de 7 metros de comprimento. Sendo portanto maior que um elefante, o Megatério conseguia pôr-se em pé sobre os quartos traseiros para chegar às folhas mais altas das árvores, de que se alimentava.

Megatério, o nome que batiza esta coluna, refere-se ao ancestral pré-histórico do bicho-preguiça. Uma versão gigante do animal que habitou algumas regiões do Brasil. Pois bem, eu me sinto como um verdadeiro megatério. Aquele que, teoricamente, foi a criatura mais preguiçosa de todas

Pelo fim da fraternidade deturpada

A brodagem minou o rock brasileiro. A cena sempre foi formada por patotinhas seletas e fechadas. Mas as coisas degringolaram muito nos últimos anos. No início, tudo era legal e muito engraçado. Bandas e jornalistas amigos ajudavam-se mutuamente. Mutuamente, sim senhor! Ou vocês acham que a imprensa nunca quis nada em troca? Muitas vezes as informações foram dadas apenas para o pessoal dos veículos mais "chegados". Jornalistas de fora do eixo Rio-SP quase sempre ficaram com as piores entrevistas. As novidades eram restritas aos brothers.

Estamos em 1999. Chico Science morreu, os Raimundos agora são pais de família e os Titãs preparam uma participação no novo disco do Padre Marcelo Rossi (brincadeirinha!). Miranda agora é amigão do João Marcelo Bôscoli (este parece ser um cara legal de verdade), Virgulóides foram esquecidos e finalmente o mundo livre s/a ganhou um pouco de prestígio. E agora? O que ficou?

Sobraram 427.000 "tchurminhas" espalhadas pelo Brasil. A brodagem continua em todos os níveis e o jeito é catar os caquinhos do que sobrou. Mas há um lado bom em tudo isso. Formou-se uma variedade de sons e estilos nunca vista no pop/rock nacional. Morreram Virna Lisi e Jorge Cabeleira. Sobreviveu quem acreditou no verdadeiro espírito alternativo. Sua banda não vai assinar com uma gravadora? Dane-se! Você tem sua profissão e sustento, faz música porque gosta. A rádio não toca? E daí? Vai parar por causa disso?

O vocalista do Guided By Voices é professor. Até pouco tempo, os nerds do Offspring dormiam em furgões. R.E.M. e Soul Asylum penaram anos nos porões do underground americano antes de conhecerem o sucesso. Só no Brasil a molecada ainda acredita na possibilidade de ganhar dinheiro com rock. É uma questão sócio-cultural bastante clara. O guri normamente vem de família de classe média alta, acostumado com um certo padrão de vida. Começa a tocar em uma banda e resolve levar a atividade para um nível mais profissional. Quando vê a dureza do processo, rapidamente fica desestimulado. Larga o rock ou monta grupo cover e de sambanejo. Ou então, vai estudar contabilidade. Nada contra quem faz Ciências Contábeis, mas por que largar a banda? Quer ganhar uns trocados tocando em conjuntos de baile?

Ótimo! Invista em você e no seu grupo de música própria.

O negócio é não ficar chorando. Pare de reclamar da Showbizz e crie um fanzine (virtual ou não). Esqueça a MTV. Elabore projetos de programas de rádio legais para a emissora estatal da sua cidade. Deixe de choramingar porque o Midsummer Madness não quer distribuir a sua demo de indie rock. Monte seu micro-selo. O próprio Lariú vai gostar de ver mais gente trabalhando pelo rock alternativo. Mas, por favor, não incorra nos erros do passado recente. Evite formar um bunker de brodagem. No início da década, os brothers alcançaram um certo respaldo em termos de mercado, mas a qualidade caiu. Se você não pode criticar construtivamente uma banda por ela ser de um amigo seu, o grupo nunca vai evoluir. Planet Hemp e Raimundos tornaram-se caricaturas de si mesmos por falta de alertas. Além disso, com a brodagem ninguém consome rock. Você é obrigado a dar seus discos e colocar os amigos de graça para dentro dos shows. Ninguém quer pagar nada, e as bandas não conseguem investir nas próximas produções.

Por enquanto é só amiguinhos. Nunca abandone sua turma, mas não carregue os amigos nas costas. Incentive todo mundo a ter uma banda, mas desça a lenha quando o som estiver derrapando. Até a próxima!

Omar Godoy  escreve sobre cultura pop e não gosta de ninguém.

 

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© 1999

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