logo06.JPG (17693 bytes). INFORMAÇÃO COLUNISTAS BR-116 HISTÓRIA
DO ROCK
FICÇÃO RESENHAS
 

Rentals
Por
Alexandre Matias

Depois de ouvirmos o novo disco dos Rentals, Seven More Minutes (Maverick, importado), dá pra entender porque Matt Sharp saiu do Weezer. Durante umas férias desopilantes de cérebro em Barcelona, o baixista compôs tantas músicas que elas não cabiam mais em sua banda “oficial”. Desviou o assunto para seu projeto paralelo e transformou o que era apenas uma banda de brincadeira num enorme paraíso rock, tão grande quanto o Weezer.

Aliás, a comparação com sua antiga banda não pára aí. Em seu primeiro disco, o Weezer era só um grupo de nerds brincando de fazer pop com guitarras. No segundo, Pinkerton, o líder Rivers Cuomo deixou um ano inteiro de sua vida pessoal desfilar pelo disco, transformando o Weezer num grupo de rock clássico, livrando-o do estigma de banda tímida, sempre filtrado pelo pop.

O mesmo acontece com os Rentals. Enquanto em seu primeiro disco, The Return of the Rentals, o grupo brincava de defensores do pop feito com Moogs, no novo disco as coisas são bem diferentes. Depois das tais férias em Barcelona, Matt resolveu transformá-los numa banda de verdade, com doses pesadas de rock sério, mas, tal como sua banda anterior, sem deixar o bom e velho pop de lado.

Enquanto a “maturidade musical” de Cuomo passava pelo Japão, frustrava-se com o lesbianismo da amada e trancava-se no casulo de si mesmo como defesa (citando Madame Butterfly), Matt Sharp foge para Barcelona para curtir a vida sem se preocupar com as conseqüências.

O disco é basicamente sobre isso. Escrito em bares, banheiros de boates, bancos traseiros de táxis e cabines de peep show, Seven More Minutes quer acordar cada dia numa cama diferente e preparar-se para mais uma noite de bebedeira com os amigos, como se a vida dependesse disso.

“Faz muito tempo que eu não me sinto assim”, canta na festeira Getting By, “talvez desde os tempos do segundo grau”. Cada música ele canta para uma garota e cada garota é uma noite. Nenhuma delas se importa com ele e, mesmo ele ligando pra isso, finge não se importar. Quer se esbaldar, sabe que as garotas só querem isso e assim o faz.

“Ela não liga pra mim e não temos motivos pra mentir”, canta em Getting By. “Ela me diz que tá legal contigo e tá legal sem você/ Dos dois jeitos tá legal (pois dos dois jeitos você não é meu)”, explica em She Says It’s Alright.

Desilusões amorosas disfarçadas de desinteresse à parte, o disco procura a diversão a qualquer custo. “Olá/ É bom vê-la de novo/ Estar com os amigos/ Onde não existe trabalho algum”, canta na bucólica Hello, Hello. Encara as férias como um cruzeiro mágico, como explica na excelente The Cruise (“Cantamos/ fora de tom/ Estamos num cruzeiro”). Na pegajosa Barcelona (a faixa central do disco) canta a cidade que lhe inspirou apenas com seus elementos (Gaudi, Dali, Picasso azul, sex show Panam, a discoteca Top of the Mountain, o boteco Good Bar, absinto e suas “chicas”, Anna, Maria, Monica e Noemi).

Musicalmente o disco é bem mais “agressivo” do que o primeiro. Agressivo entre aspas porque não é um disco violento: é forte, cheio e com personalidade. Com um pé no rock clássico e outro no pop tímido do primeiro álbum, Seven More Minutes acerta a mão com excelentes melodias e refrões grudentos ao extremo. Seja em faixas mais animadas (The Cruise, Barcelona, Getting By, Big Daddy C) ou lentas (Hello, Hello, Overlee, She Says It’s Alright, Say Goodbye Forever), Matt não perde a mão em sequer um minuto. Os moogs ainda estão lá, mas não no primeiro plano que dividiam com a voz. Na frente estão sempre Matt Sharp e Petra Hayden, dividindo backing vocals cujos arranjos são tão importantes para as músicas quanto nos Beatles.

Falando em vocais, o fato do disco ter sido gravado em Londres conta pela quantidade de participações especiais. Desfilando ao lado de Matt vemos Tim Wheeler (vocalista do Ash), Donna Matthews (ex-Elastica), Damon Albarn (do Blur), Miki Berenyi (ex-Lush), num verdadeiro hall of fame do britpop. Um discaço.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
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