logo06.JPG (17693 bytes). INFORMAÇÃO COLUNISTAS BR-116 HISTÓRIA
DO ROCK
FICÇÃO RESENHAS

 

ÍNDICE

 

AMBERVISIONS
Várias
(Migué Records)
Por Alexandre Matias

Sim, Ambervisions são aqueles óculos de sol marrom-amarelados que parecem os que os ETs usavam em V- A Batalha Final, que são vendidos pelo (011) 1406. São eles que batizam este trio catarinense descendente direto do trio surf Los Chick Magnets.

Sua história começa com a partida do guitarrista Rodrigo Kothe para a Inglaterra. Parados à força, o baterista Zimmer e o baixista Ameixa decidiram cuidar da vontade de tocar em banda montando outra. Ameixa assumiu seu lado guitarrista e convidaram o guitarrista do Mom’s Pride, Arioli, para o baixo. Pronto: os Ambervisions viam a luz do dia.

A diferença entre as duas bandas está na entrada do punk como válvula de escape à vontade adolescente de falar bobagem. A princípio, podemos confundir os Ambervisions como uma banda de surf music tradicional, graças a números instrumentais com os pés fincados nas areias da Califórnia do começo dos anos 60. A guitarra de Ameixa é puro Dick Dale, gatilho rápido com aquele timbre de guitarra seco característico do gênero, e é perseguida pela cozinha da banda como um fugitivo de motocicleta. Aí entra o punk, com acordes tão toscos e sujos quanto as palavras que saem das bocas dos amigos que eles chamaram para cantá-las.

O resultado é Várias (Migué Records), uma fita que já impressiona de cara pelo cuidado com a capa, uma colagem de pin ups dos anos 50 com elementos visuais da cultura lounge, como se fosse a propaganda de um bordel de luxo. Ela começa em clima de nostalgia, com um locutor de rádio anunciando "a sempre popular...", sendo atingido em cheio pelo riff ganchudo de Proteção UV 400 que parece soletrar "surf music".

Zé do Caixão dá espaço para os primeiros vocais da fita, cantando sobre a filosofia do velho Mojica e perguntando-se, sempre em tom de molecagem, sobre o fim das unhas do mestre. Mas não dá pra levar a sério uma banda cujo refrão canta que "Zé do Caixão não tem coração" e ao ser emendada com a também instrumental Várias, que batiza a fita, fica claro que a única pretensão dos Ambervisions é divertir, mesmo que as piadas sejam as mais idiotas possíveis.

O que acontece logo em seguida com Pão Com Ovo ("Colesterol/ Taquicardia/ Se não fosse o pão com ovo/ Eu morreria") e Vaca Holandesa (toda vontade infantil do mundo de se falar palavrão numa faixa que culmina com o óbvio, porém censurável, "P* no c* da sua b*", como se ninguém soubesse o que eles estivessem cantando). O resultado é uma fita para se ouvir no último volume, até sua mãe vir perguntar o que esse cara tá falando na fita e você responder "né nada não". O som da diversão, de uma festa sem tema nem convidados, apenas um monte de amigos, muita cerveja e a irresponsabilidade de se falar e fazer besteira sem preocupar-se com o que os outros vão achar.

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© 1999

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