Quando o assunto é bastidor, Eduardo Ramos, um dos donos da gravadora Slag, não dorme no ponto. E em pouco menos de dois anos viu a ascenção de seu selo de fitas tanto no quesito descobridor de talentos quanto no profissional. Seu pequeno elenco de bandas (incluindo gente como Sala Especial, Varnan, Fish Lips, Raindrops e Vellocet, além do Audiozine) é um dos mais consistentes do país e algumas surpresas estão sendo guardadas a sete chaves para o segundo semestre.

Mas na frente de sua banda, o Headache, Eduardo é tímido e frágil. Adepto da religião lo-fi, que faz com que ele dedique sua vida musical à simplicidade tosca de um gravador de quatro canais, Du reverencia os bastiões do gênero, do terceiro disco do Velvet Underground ao primeiro dos Modern Lovers, passando pela vasta obra de Bob Pollard (Guided By Voices) e Lou Barlow (Sebadoh).

Bridig Polk, Ondine & Me (Slag), a terceira fita da banda, mostra um Headache desbravando novas terras. Aqui vemos o pop perfeito e o indie rock ceder a uma outra paixão, o drone, aquele redemoinho de "sons esquisitos" que giram em torno de uma frase musical que, com a repetição, torna-se uma espécie de mantra elétrico. O exemplo mais gritante da pequena mas significativa mudança é Pop Muzik #33, que abre a fita exorcizando qualquer fantasma drone que a banda possa carregar. Em Pixelvision, o drone encontra o lo-fi tradicional e temos um ótimo noise pop.

Mas a base do Headache ainda é o pop descompromissado e Du encarna o típico estereótipo lo-fi com uma voz abatida e uma guitarra baixa e sonolenta, cantando canções no sentido estrito do termo, como as três músicas que batizam a fita e as demais que a completam. Para comprar a sua, peça via Slag pelo correio (Rua Francisco Valio, 45. Centro. Itapetininga-SP. CEP 18200-000) ou por email ([email protected]).