logo06.JPG (17693 bytes). INFORMAÇÃO COLUNISTAS BR-116 HISTÓRIA
DO ROCK
FICÇÃO RESENHAS


Pavement - Red Hot Chili Peppers - Underworld - Prodigy - Hojerizah
Raimundos - Plebe Rude - Wilco - Little Quail - Chemical Brothers - Rentals

 

LITTLE QUAIL & THE MAD BIRDS
Por Abonico Smith

O Little Quail and The Mad Birds voltou apenas para um show no Rio de Janeiro. Uma notícia aparentemente sem muita importância, podem pensar muitos. Nada disso. Este é um show especial, que marca a volta - mesmo que por uma noite apenas - de uma das melhores e mais cultuadas bandas do rock brasileiro desta década.

Aproveitando um show conjunto de seus novos projetos, o guitarrista e vocalista Gabriel Thomaz (no comando do trio Autoramas) e o baterista Bacalhau (do Rumbora), resolveram dar uma chance à nostalgia. Chamaram o velho camarada e baixista Zé Ovo (hoje atuando como roadie do Maskavo Roots) e prepararam uma ressurreição momentânea do grupo que saiu de Brasília para conquistar todo o circuito independente brasileiro. Tudo motivado pelo lançamento de um disco póstumo (EP, com oito faixas garimpadas entre shows, demos e raridades perdidas, pelo selo indie Tamborete Entertainment).

Ao contrário de muitos outros contemporâneos, o Little Quail fez história pelos porões - o grupo era tão segunda divisão, que teve o azar de surgir no intervalo entre duas grandes safras do rock de Brasília (a primeira, de Legião, Capital e Plebe Rude; a segunda, de Raimundos e Maskavo Roots). Raramente tocava nas rádios e fazia clipes toscos e distantes do padrão MTV. E, quando tentou dar passos maiores, caiu na armadilha corporativista, encerrando as atividades pouco tempo de lançar o segundo disco por uma gravadora multinacional.

O segredo do sucesso do trio nunca foi muito difícil de ser descoberto. As letras primavam pelo lado do humor, anos antes de surgirem os Mamonas Assassinas e seus diversos clones sem graça. O grupo também não hesitava em seguir o exemplo de outras bandas da terra e falava abertamente sobre coisas de Brasília, incluindo o uso de muitas gírias locais. No palco, o pau comia solto em um rock básico, vigoroso e bastante veloz.

O diferencial, porém, estava na organização própria e na perseverança. Por cinco anos a fio, o Codorninha e os Pássaros Malucos (sim, Little Quail and The Mad Birds é este nome esdrúxulo em português) fez o que todas as bandas independentes brasileiras deveriam fazer: rodou o Brasil inteiro, viajando em uma van. "Não tínhamos qualquer apoio de gravadora. Éramos só nós, a charanga e um equipamento chulé", conta Bacalhau.

O retorno do Little Quail, contudo, não parece estar deixando os músicos empolgados. "O importante é que ficou a brodagem. E este show é mais pela amizade. O futuro é olhar para a frente", desconversa Bacalhau. Gabriel complementa: "Este show é mais para a galera carioca, o maior público do Little Quail. Serve também para exorcizar os fantasmas e as fofocas de que teríamos brigado de vez. Continuamos amigos, mas agora cada um fazendo o que gosta e morando em cidades diferentes."

Foi-se o Little Quail mas o rock brasileiro ganhou duas novas grandes bandas. O Rumbora, que acaba de lançar disco homônimo pela gravadora Trama, aposta em melodias ganchudas e bases pesadas e com bastante groove. O supergrupo Autoramas (que ainda tem em sua formação ex-integrantes de bandas cultuadas como Dash e Planet Hemp) também aposta em boas melodias, só que em arranjos power trio, com baixão distorcido e guitarra limpa fazendo linhas básicas. Tem apenas uma ótima demo e já está em negociação com alguns selos para estrear logo em disco.

BACALHAU ESTÁ MORTO
Por Omar Godoy

Carlos "Pinduca" Frederico, ex-guitarrista do Maskavo Roots, foi informado por um amigo da morte de Bacalhau, do Litlle Quail. Um grande engano, é claro. O obituário do jornal comunicou a morte de um rapaz chamado Marco Aurélio, apenas homônimo do baterista. Bacalhau também se chama Marco Aurélio (e ainda conhecia o falecido), mas os sobrenomes eram diferentes.

Abalado, Pinduca foi ao cemitério de Brasília prestar condolências aos pais do "falecido" músico. Chegando ao local do velório, uma decepção. Ninguém da galera do rock compareceu. Onde estariam todos os amigos, o pessoal das bandas? Pinduca soube por um dos presentes que Marco Aurélio havia sido vítima de um acidente de carro. Percebendo a ausência da namorada do baterista, suspeitou de sua morte também. O guitarrista nunca suportou cemitérios e foi embora sem olhar o amigo pela última vez.

Triste, Pinduca foi comunicar o falecimento aos amigos. Dirigiu-se ao shopping Conjunto Nacional, onde muitos integrantes de bandas trabalhavam em uma loja de discos. O choque foi geral. Todos desconheciam o desastre e a choradeira coletiva começou. Querendo saber mais sobre a tragédia, alguém resolveu ligar para a casa do baterista. Foi o próprio quem atendeu. "Bacalhau, você não morreu?", perguntaram atônitos. Tudo foi esclarecido de imediato, mas o boato correu a cidade por um bom tempo. Até em outros estados a informação da morte do baterista do Little Quail chegou a circular. Bacalhau conta que o fato não atrapalhou sua vida, pelo contrário. "No fim das contas, até que foi legal. Descobri que muita gente gostava de mim", orgulha-se o atual membro do Rumbora.

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© 1999

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