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RED HOT CHILI PEPPERS
Ricardo Moreno e Claudia Ogrizek

Os jornais norte-americanos já prevêem. No próximo dia oito de junho um grande terremoto irá sacudir Los Angeles. Não há motivo para pânico - trata-se apenas do lançamento de Californication, o novo disco dos eternos malucos-beleza do Red Hot Chili Peppers. "É a grande reunião", empolga-se o baterista Chad Smith em entrevista fornecida ao site woodstock.com. "Como o Black Sabbath", compara, em tom de brincadeira.

Californication vem apagar quatro longos anos de hiato. Substitui a decepção de One Hot Minute, último disco do grupo, lançado em setembro de 95 e considerado um dos mais sombrios e fracos de toda a carreira. Mas o motivo maior de tamanha festa é outro: o posto deixado pelo guitarrista Dave Navarro, foi ocupado, novamente, por John Frusciante, que deixou a banda em meio à turnê do álbum Blood Sugar Sex Magik, em 1992. Ele foi o melhor e que durou mais tempo desde a morte de Hilley Slovak, em 1988.

"Eu estava muito confuso quando eu larguei a banda", afirmou Frusciante à revista Rolling Stone. "Chegou um ponto da minha cabeça que o estrelato era o demônio", completa. "Foi Flea quem deu a idéia de chamarmos John de novo" explica o vocalista Anthony Kiedis. "Não podemos projetar quantos anos isso vai funcionar. Agora, está funcionado perfeitamente".

Desde lá, mais de meia dúzia de músicos passaram pela banda. Todos tentaram, sem sucesso, se manter no Red Hot Chili Peppers, entre eles o ex-Alanis Morissette Jesse Tobias e o ex-Jane's Addiction Dave Navarro - que agora dedica seu tempo ao seu projeto pessoal batizado de Spread Entertainment (maiores detalhes em matéria nesta mesma página).

O título do álbum tenta lidar com os altos e baixos que existem quando se vive em Hollywood. "É sobre a profunda influência da Califórnia e Hollywood no planeta", eplica Kiedis. "Do bom e do mal disso tudo. De como as pessoas sonham com esse estranho e mágico mundo - o ponto final do Hemisfério Norte", viaja o vocalista.

"Californication tem um som natural, orgânico. Montamos o disco em três semanas. É muito honesto e também tem boas músicas", diz o baterista. Chad Smith, de longe o mais zen da banda, ainda faz uma análise da nova fase.

"Somos uma banda de garagem de novo. Literalmente". A afirmação de Chad tem um explicação clara: durante todo verão californiano, o grupo passou enfurnado na garagem do baixista Flea, ensaiando e compondo.

Como Frank Sinatra
Outra boa surpresa para os fãs é a volta do produtor Rick Rubin, que aceitou de imediato o convite do Chili Peppers. "Eles estavam escrevendo um monte e não faziam um disco há um tempo, o que foi muito bom", avalia Rubin. "Havia muita energia. Eles estavam prontos", completa. Rick já havia trabalhado com a banda em Blood Sugar... e ainda quando Slovak era vivo fora convidado para produzir um disco. "Eles estavam muito mal, drogados", lembra. "Hoje são muito mais maduros que naquela época".

Gravado no estúdio 02 da Ocean Way Recording, em Los Angeles (onde Frank Sinatra já editou alguns grandes sucessos de sua vida e Brian Wilson, dos Beach Boys, criou o clássico Pet Sounds, Californication foi parido do jeito que o grupo queria. Entre as 26 músicas selecionadas e gravadas no estúdio, 14 entraram no álbum. "Muitas começaram como jams", entrega Flea.

Uma melodia, "Road Trippin", nasceu durante uma viagem de surfe da banda. No ano passado, durante uma folga, Kiedis, Flea e Frusciante encheram a caminhonete do baixista com lanches e músicas de David Bowie, The Germs e The Cure e dirigiram até Big Sur para pegar umas ondas. "Fizemos uma fogueira e, enquanto Frusciante e Flea tocavam, comecei a  escrever a letra", explica o vocalista. "No fim do dia, tinha a música sobre nossa viagem. Estávamos juntos depois de todo este tempo e fazendo algo tão puro como surfar e escrever músicas."

Para Kiedis, a viagem - assim como todos os acontecimentos de sua vida, por mais pequenos e insignificantes que possam parecer - traz algum sentido. "Se aprendi alguma coisa das aflições destas experiências é que todas as recaídas, todas as perdas e todos os ganhos, tudo tem uma razão. Você nunca fica doente sem razão. Não acho que temos o que temos agora se toda aquela bagunça não tivesse acontecido", viaja novamente o vocalista.

Finalmente, a veia chilipeperiana está de volta. Tudo registrado em Californication, sem dúvida, o disco mais esperado do ano. O baixo onipresente de Flea, a bateria zen de Chad, a voz veloz de Kiedis e - finalmente - a guitarra caleidoscópica de Frusciante se encontram novamente juntas. O primeiro single, "Scar Tissue", que já está em alta rotação em rádios de todo o mundo é o mais puro reflexo dos Chili Peppers com a volta de Frusciante. A faixa ainda promete ser a sucessora da balada "Under The Bridge". "Californication", música que dá nome ao disco, traz uma bateria bem pontuada e remete ao bom e velho RHCP. "Other Ride", por sua vez, é fraquinha e não deve agradar a ninguém, principalmente pelos refrões pegajosos a la U2. "Around The World" é outra que deve fazer barulho, provavelmente saindo como o segundo single - lembra muito o hit "Give It Away". "Like a Dirt" vai mais ao estilo do álbum Mother's Milk, remetendo mais precisamente à maluca "Magic Johnson". O resto só mesmo esperando até o dia 8 de junho para conferir.

Spread Entertainment
Depois de passar boa parte da década de 90 ao lado do Jane's Addiction e do Red Hot Chili Peppers - e ainda participando do disco Mechanical Animals, de Marilyn Manson - Dave Navarro poderá mostrar quem realmente é em seu novo projeto.

Mais que uma banda, Spread Entertainment é, como o nome sugere, entretenimento. Para isso, Navarro lançou "Metal Machine Music", de Lou Reed, fora de catálogo a mais de duas décadas. "É uma verdadeira celebração pra mim", disse o guitarrista. Dave não é o único a considerar o disco influente e inspirador. Nels Cline, que já gravou com o guitarrista do Sonic Youth, Thurston Moore, também diz que sempre gostou de Metal Machine Music. "Achava um disco radical". Mas esta "homenagem" a Reed não é a única coisa à qual Navarro se propõe. Ele também gravou uma faixa de Venus in Furs, do Velvet Underground, para o primeiro disco do Spread, que por alguns momentos chegou a contar com Chad Smith como membro original da banda.

O disco, que deveria ter saído em abril, já está pronto e trará faixas remixadas por Danny Saber, que já trabalhou com Rolling Stones e U2, e convidados ilustres como Reeves Gabrels, parceiro de David Bowie. "Com certeza será um disco mais sombrio que One Hot Minute", adianta Navarro. Quem já ouviu o disco extra-oficialmente discorda e adianta que existem algumas faixas totalmente pop, compactas, e altamente pegajosas.

Como Dave Navarro agora é seu próprio chefe e não precisa discordar nem concordar com mais ninguém, faz o que lhe der na telha sem precisar dar muita satisfação ou explicações. "Sou o último martelo da lei. Quero agora é agradar a mim mesmo.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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