logo06.JPG (17693 bytes). INFORMAÇÃO COLUNISTAS BR-116 HISTÓRIA
DO ROCK
FICÇÃO RESENHAS

 

ÍNDICE

 

CAPITAL INICIAL
Fórum
(Curitiba)
Por Omar Godoy

Foi um show de rock para playboys. O som mecânico (não se pode chamar aquilo de discotecagem) da Forum preparou o público caretinha com uma seleção de lixo australiano e outras coisas abomináveis. A noite congelante parecia mais fria ainda naquele recinto babilônico. Um sucesso do Skank foi o grande sucesso da pista de dança. A maioria da garotada provavelmente nem conhecia o repertório do Capital Inicial. Por outro lado, um público de faixa etária um pouco maior esperava com avidez a apresentação dos brasilienses. Para eles, o rock acabou em 1989.

O Capital Inicial sempre foi uma baba, mas um sentimento de nostalgia faz com que os menos críticos tenham simpatia e respeito pela volta do grupo. De uma hora para outra todo mundo se esquece do Dinho posando sem camisa para a revista Capricho e resolve eleger a banda como "bastião do rock brasileiro". Pelo menos eles se livraram da influência nefasta do tecladista Bozo Barretti. E o álbum novo é razoável e tem o bom hit "O Mundo", composição de Pit Passarel, do execrável Viper.

Mesmo dando um desconto para o passado cafona do Capital, foi impossível aturar o show. A breguice de sempre permaneceu e alguns defeitos foram acentuados. O guitarrista Loro Jones, um dos piores do rock nacional de todos os tempos, provou ser mestre em destruir canções. Seu instrumento jorrava o show inteiro a mesma distorção irritante e arranjos porcos. Para piorar, o sujeito parece um sub-Slash e faz mais pose do que toca. Loro ainda dedicou uma música para o grupo de motoqueiros Carcará. Deu para perceber de onde vinha aquele visual.

O melhor momento da apresentação foi "Assim Assado", dos maravilhosos Secos & Molhados. Mais covers, citações e inserções vieram na seqüência. Ao contrário da primeira, as outras versões foram estéreis e causaram constrangimento. "Que País É Esse", da Legião Urbana, foi antecedida por um ridículo protesto contra o poder. "P* no c* dos políticos, todos eles!", bradava o vocalista. Renato Russo ficaria envergonhado. Mesmo porque ele sempre odiou ver o Capital gravando suas músicas antigas. "Até Quando Esperar", da atualmente superestimada Plebe Rude, conseguiu ficar pior do que a cover tocada pelos Inocentes. Ainda vieram "Walk On The Wild Side" (Lou Reed) e a pavorosa versão de "Passenger" (Iggy Pop). Entre os sucessos do grupo, "Independência", "Psicopata" e "Música Urbana" foram os melhores momentos. A excelente "Fátima" foi esticada em demasia e estragada por solos horrorosos dos instrumentistas. Pior destino teve 'Veraneio Vascaína", transformada em um rapcore de fazer o Body Count sair dando tiros em todo mundo.

O show serviu para uma análise geral da trajetória do Capital Inicial. O grupo começou com um bom disco e foi perdendo a personalidade nos trabalhos seguintes. O ex-tecladista pasterizou exageradamente o som do grupo e os outros integrantes provaram ser péssimos compositores. Cada álbum continha  duas músicas boas e o resto do repertório era fraco. Enfim, uma triste constatação: eles sempre foram ruins.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

Fale conosco

Hosted by www.Geocities.ws

1