logo06.JPG (17693 bytes). INFORMAÇÃO COLUNISTAS BR-116 HISTÓRIA
DO ROCK
FICÇÃO RESENHAS

 

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STEREOPHONICS
Performance & Cocktails
(V2)
Omar Godoy

Muita gente anda quebrando a cabeça para encontrar o futuro do rock. A imprensa corre avidamente atrás das novidades e bandas de todos os cantos tentam fazer um som inovador. Fusões das mais variadas andam aparecendo e, muitas vezes, cansando os ouvintes. É muito bom ver o pessoal querendo revolucionar, mas às vezes falta aquela banda de rock mítica - como o Nirvana no início desta década.

A imprensa européia já encontrou o "novo" sucessor do trio de Seattle. É o grupo Stereophonics, vindo do País de Gales e bastante influenciado pelas canções de Kurt Cobain. Mas não esperem mais uma daquelas ridículas bandinhas americanas pós-grunge. O trio britânico formado por Kelly Jones (voz/guitarra), Suart Cable (bateria) e Richard Jones (baixo) alia a energia do rock americano ao refinamento melódico do britpop. O resultado é uma das bandas mais "refrescantes" dos últimos tempos.

Os dois álbuns do grupo são ideais para se ouvir de manhã, antes de sair de casa para trabalhar ou estudar. Desde Buffalo Tom e Afghan Whigs não se ouvia uma banda tão emocionante. Aliás, emoção é um elemento dos mais raros no rock atual - onde prevalecem o excesso de produção do britpop e o lo-fi bunda mole da américa. O vocalista Kelly Jones (considerado sex symbol na Inglaterra) canta como se a melancolia de Thom Yorke (Radiohead) fosse enrouquecida pelo fantasma furioso de Kurt Cobain. As letras são de deliciosamente adolescentes e o som funde riffs de hard rock com a urgência do punk. A mistura de peso e melodia do grupo chama a atenção de publicações de música dos mais variados estilos, do pop ao metal.

Performance And Cocktails, o segundo álbum da banda (o anterior é Word Goes Around, maravilhosa pérola perdida de 1997), chega agora ao Brasil após receber uma montanha de elogios da imprensa mundial. Excetuando a América - sempre atrasada em ensimesmada - Europa, Oceania e o Japão já fazem previsões sobre o brilhante futuro do Stereophonics. Neste trabalho, os garotos provam ter amadurecido sem perder o pique inicial. O disco já começa com as pauladas "Roll Up And Shine" e o hit "The Bartender And Thief". A primeira já começa arrepiando o ouvinte com os versos "É hora de fazer o que temos medo/É hora de brilhar". A maioria das canções conta estórias bem descritivas de jovens perdidos pelas ruas e pubs das grandes cidades. Os personagens tentam entender o amor, o sexo e a amizade. Questionam os modismos e as mudanças de fase juvenis. O Stereophonics pode não ter a agressividade do Nirvana, mas o teen spirit da Geração X é o mesmo.

O disco segue mostrando o lado mais light do grupo. As músicas lentas da banda não podem ser chamadas de "baladas", pois peso barulho sempre estão presentes. A atmosfera amena segue até a simples e bela "Just Looking" ("Existem coisas que quero/Existem coisas que acho que quero", mais adolescente impossível). O gás é retomado pelo início furioso de "Half  The Lies You Tell Ain't True", mas é evidente o direcionamento mais pop deste trabalho. "I Wouldn't Believe Your Radio" tem um bom potencial radiofônico, apesar do título. "T-shirt Sun Tan" parece música de final de filme e merecia um belíssimo videoclip. Um clima mais europeu toma conta das canções e confere mais personalidade ao Stereophonics, distanciando-os dos grupelhos new college americanos. "Pick A Part That's New" deve ser o novo hit do grupo na Europa. O single da música vai conter versões de canções de Bob Dylan ("Positively 4th Street") e Nirvana ("Something In The Way", a última do Nevermind). Será que a idéia de fazer um cover do grupo de Seattle é homenagem ou provocação?

Os rapazes do Stereophonics não vão mudar o mundo nem salvar o rock. Muito menos são os sucessores do Nirvana. Só estão querendo fazer música orgânica e alimentada pela inquietude juvenil. A rebeldia inteligente do grupo pode ser sintetizada em um verso de "A Thousand Trees"(de Word Goes Around): "Basta uma árvore para fazer mil fósforos/Basta um fósforo para queimar mil árvores".

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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