Variando do pop mais deslavado a riffs quase heavy, o quarteto brasiliense Divine deixa bem claro sua versatilidade nas onze faixas deste primeiro trabalho. As letras e vocais remetem ao melhor da década passada, evocando Fellini e Picassos Falsos. O instrumental é barulhento e pesado, característica principal da década de noventa - onde a distorção reinou absoluta.

A canção "A Rainha Das Garotas Más" deveria estar sendo martelada na MTV de tão grudenta. "Sobre Um Oceano" lembra o lado mais pesado dos Smashing Pumpkins e tem uma das melhores letras dos últimos anos. "Exubeat (Segunda-Feira de Carnaval)" faz imaginar os Cramps entupidos de anfetamina e possuídos em um terreiro de umbanda. O competente lado eletrônico do grupo também aparece em "Lâmina Azulada" e "Batum-Hum!".

A Divine tem um texto bastante acima da média, variedade musical e disponibilidade para dialogar com os mais variados públicos. Apesar de todos os excelentes atributos, ainda trabalha em caráter totalmente independente. As grandes gravadoras só podem estar surdas.