1999 Atualizado todo dia. Se você quiser escrever para o 1999 sobre QUALQUER coisa que tenha a ver com música (um show legal que você viu, um carinha que você conseguiu entrevistar, um disco que você queria mostrar pras outras pessoas, qualquer tipo de teoria, contar qualquer parte da história do rock), basta escrever para a gente. 21.AGO.1999 RESENHASSALA ESPECIAL MAM (São Paulo) 14 de agosto de 1999 por Adriano Claret Albertos Numa coluninha, vejo uma boa notícia no jornal: hoje tem show do Sala Especial. Nem acredito, já penso em quem eu poderia convidar para ir ao show comigo. Nenhum nome clareando entre as idéias. É....nem meu irmão se habilitou. De si para si, eu farei companhia para mim. Me certifico do preço camarada (R$ 5,00 ou R$2,50), visto um capote para agüentar a temperatura siberiana e pego o carro para ir ao Parque do Ibirapuera mais próximo. Que bom, até o estacionamento não precisa pagar, são programas assim de que eu preciso. Nenhum carro no estacionamento, ninguém eufórico para contemplar o Sala Especial: tudo deserto no Ibira. Só havia vento gelado, bater queixo e pernas parecia impossível não fazer. Depois do guarda ficar batendo papo, numa discussão besta para passar o tempo, no telefone, ele me disse onde seria o congelado concerto. Na verdade, explicou com a boa vontade de quem deve ficar num sábado à noite guardando um lugar escuro, frio, com folhas de árvores balançando a mil por hora e estátuas que mais parecem papel higiênico cinza colocados um sobre o outro para dar a forma de uma pessoa banhada em ácido. E o salário... Quem procura acha, como já dizia alguém, encontrei o templo da música onde seria feito de palco para uma grande banda, neste frio do qual não canso de falar. Fui o primeiro a chegar, apesar de faltarem quinze minutos para às oito horas, horário marcado para começar (tem gente que ainda acredita em pontualidade no Brasil). O pessoal da banda, pelo menos, dava as caras, fumando cigarro do lado de fora, saboreando também a temperatura tendendo ao zero. Exagero à parte, surgia um ser aqui outro ali, até abrirem a porta e, assim, podermos nos abrigar nas escadarias (três degraus) enquanto aguardávamos a finalização da checagem do som. As pessoas presentes se conheciam, todos se cumprimentavam numa felicidade única, pós-final-de-mundo-frustrada. Os integrantes (não gosto desta palavra) do Maybees apareceram. Me encostei num canto, o relógio dava oito e meia, quinze para às nove. Finalmente acabaram os últimos ajustes. Vamos ao que viemos. As testemunhas, no bom sentido, entram na sala especial, escolhem os lugares para se embriagarem de sons "novos". Eu pego um lugar no canto, do lado esquerdo. O ar condicionado está ligado, hmmmm, pretendem trazer a temperatura lá da rua para dentro, conseguiram. Não tem problema, a música é quente. Os músicos sobem no palco, ufa, não agüentava mais esperar. Eu não conhecia nenhuma música de nome, tirando a All Transistor. O som vem fervendo, aquele teclado (me desculpem, não sei o nome verdadeiramente certo para ele) vai mostrando o caminho, os outros músicos, entretanto, sabem este de cor. O som é antigo, magistral, suficiente para encantar qualquer par de ouvidos. Um casal não agüenta ficar sentado, levantam para dançar, no que estão muito certos. Estamos numa nave espacial de volta ao passado ? Esta é a impressão. Ao fundo do palco, desenhos feitos por um computador dão veracidade a minha viagem ao passado, talvez, dos outros também. Os desenhos mostram gráficos toscos criados por um XT ou semelhante. Às vezes, surgem traillers de uns jogos do Atari, como o R. Hero. Ótima idéia, por sinal. Falemos do som pois o resto é só perfumaria. A dinâmica do grupo me agrada muito, sabem dar o que a música pede, na hora que pede. Aqueles barulhinhos eletrônicos floreiam as músicas de tempo em tempo, o percussionista some num minuto pois não há microfone em seus instrumentos, logo aparece para melhorar ainda mais as aventuras estereofônicas (nome das duas fitas do grupo). O baixista, Mauro, na maior parte do concerto ficava de costas olhando o tecladista André, foi a impressão que tive estando no canto esquerdo. Depois de mais ou menos uma hora e quinze minutos de música, termina o grande espetáculo. Saio quase correndo para
comprar as duas fitas do Sala Especial, com o rapaz da Slag (gravadora do Sala Especial,
entre outras bandas). Este mesmo rapaz tirou incansáveis trocentas fotos durante o show,
espero vê-las no site da gravadora. Legal, uma fita por R$ 3,00, duas por R$ 5,00. Levei
duas. Totais R$ 7,50 bem gastos, onde eu pensaria gastar tão bem este dinheiro ?? É
difícil. Tinha esquecido do frio, ele existe para quem não conhece/ouve a Sala Especial. Al Green 1999 é feito por Alexandre Matias e Abonico Smith e quem quer que queira estar do lado deles. Os textos só
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