1999
mais que música

Atualizado todo dia.

Se você quiser escrever para o 1999 sobre QUALQUER coisa que tenha a ver com música (um show legal que você viu, um carinha que você conseguiu entrevistar, um disco que você queria mostrar pras outras pessoas, qualquer tipo de teoria, contar qualquer parte da história do rock), basta escrever para a gente.

26.AGO.1999

DIÁRIO DE BORDO
Jason
Turnê pelo Nordeste
Por Leonardo Panço

É, quem diria.

De banda paralela de todos até uma segunda tour pelo Nordeste, muita coisa mudou no Jason. Pelo menos por ora. Taí uma região muito pouco aproveitada pelas bandas, que estão sempre querendo tocar no Rio e em São Paulo. Não fazem idéia do erro que estão cometendo. Nós já sabemos e já consertamos. No ano passado conseguimos fazer cinco shows em cinco estados. O que era uma vitória das grandes. Já dessa vez saímos de nossas camas quentinhas para 25 dias de viagem e mais de 10000 Km rodados - terrestres - e com oito shows marcados em oito estados diferentes. Demos sorte diria eu. Nenhum deles foi desmarcado e ainda fizemos outros dois extras. Todos os detalhes de nossa bela viagem estarão contados aí abaixo. Divirtam-se.

Saímos - eu, Flock e Vital - do Rio no dia 14 de julho - uma quarta-feira. O Rafael nos encontraria na sexta já em Maceió. O ônibus demorou duas horas para aparecer. Apesar de ter dado pra ver o jogo do Brasil na rodoviária, deu um pouco de raiva, já que tínhamos mais 39 horas pra esperar sentados. A viagem foi bizarra. Tinha uma mulher com sua filha - que só falava de boca fechada - com um cachorro vestido de Batman. Sério mesmo. Um Pincher com uma camiseta do homem morcego pra não sentir frio do ar condicionado. Atrás da orelha do Vital, tinha o nenê King Diamond. Eram só agudos metal em plena madrugada. E a troca das fraldas? Oh, Jah...

Chegamos em Maceió 39 horas depois de sair do Rio. Marcelo, baixista do TMD, e Debbie - esposa de Waldyr, guitarrista do TMD foram nos buscar e logo em seguida rolou uma lasanha de primeiríssima regada a dois dos primeiros 50 litros de Coca-cola que tomamos na viagem toda. Nada como ser de uma banda punk radical e fazer propaganda da Coca-cola. Divertido. Rafael chegou na seqüência, raspando o tacho da comida. Pagamos um banho e fomos dar entrevista no programa Zona Privada da Jovem Pan, que é inclusive transmitido ao vivo pelo www.zonaprivada.com todas às sextas lá pelas 8 da noite. Clássico. É incrível como o repertório de bobagens tem crescido ultimamente. Depois disso fomos para o lugar do show. Muito legal. Um galpão no centro antigo da cidade, que de frente parece uma casa, mas entrando tem uns 50 metros de comprimento. O show foi surpreendentemente bom. Realmente em Maceió não tínhamos idéia do que esperar e foi o melhor possível. Som bom, luz, mais de 200 pessoas. Além de nós, tocaram o Mad, TMD e o Dread. Não vi nenhuma das três por culpa de acertos que tive de fazer na guitarra, mas todas pareceram muito boas ouvindo.

No sábado rumamos para Recife. Já na rodoviária, Chorão, vocalista do Gangrena Gasosa tinha ido nos encontrar para dar uma ajuda, diga-se de passagem muito necessária, já que tínhamos além dos instrumentos e das roupas, 700 Cds para carregar, 50 Rock Press, camisas da banda, 3000 flyers, fotos, releases, máquina fotográfica, etc. Por mais que tentem, jamais vão conseguir construir uma rampa tão grande dentro de um metrô como fizeram no de Recife. "Tortura Nunca Mais". Nos encontramos com o Zé, baixista do Supersoniques, deixamos os instrumentos e o Chorão quietinhos num cantinho do Pina de Copacabana - é, aquele mesmo do clip do Otto - e fomos para a casa do Zé deixar coisas, tomar banho, enfim, aquele ritual de sempre.

Tocamos depois dos Bokomoko, o que era um erro, mas como o Zé que também é da banda e também é de uma outra banda de blues e tinha que fazer outro show na mesma noite, tinha que ir embora, tocamos pra menos da metade das 60 pessoas que viram a primeira banda. Igual tiragem de revista, quando preciso a gente também mente o número de pessoas. Devia ter umas 20 quando tocamos. O show em si não foi ruim. Claro que tocamos algum cover do Gangrena pro Chorão cantar. "Pegue Santo or Die". No final da última música chegaram quatro amigos que foram só para ver a gente, entre eles o Márlio, baixista do Cambio Negro HC, que completou 15 anos de atividade. É ficou pra próxima. Depois foi tomar cervas até altas horas e ir pra casa. Domingão. Nada pra fazer. A não ser ver a final da Copa América na beira da piscina Legalize do Zé num churrasco com umas 50 pessoas, quase todas elas de banda. Jorge Cabeleira quase todo, Supersoniques, River Raid e várias outras. Chorão ficou espantado do beque rolar sem problemas com os pais do Zé por lá. Seu Jorge estava preocupado mesmo era em ninguém passar em frente da TV, o resto não era problema dele. Bem. O Brasil foi campeão, vi meus emails e o povo saiu pra comprar mais cervejas.

Na segunda, rodamos pela cidade pra vender nossos CDs e na seqüência rumamos para Fortaleza, onde começa nossa rotina de rock stars. E olhe que gostamos do negócio, viu? Umas 10 horas depois chegamos, e como tínhamos combinado de chegar só na sexta-feira e ainda eram 8 da manhã de terça, ficamos preocupados com o telefonema a ser dado. George, baixista do Insanity, foi acordado cruelmente e foi nos buscar. Nesse meio tempo, fui comprar passagens para Teresina. Eis que participei do seguinte diálogo.

- Você não é aquele cara daquela banda?
- Sou eu mesmo.
- Que vai sempre pra Teresina, né?
- Isso.
Nunca tinha ido em Teresina.
- Ah. Eu sabia.

Muito bom. Mesmo não sendo eu, já gosto do lugar. Mais tarde vim a saber que provavelmente ela estava falando do George, que como eu tem uns quilinhos a mais. Pouca coisa, é claro.

Fomos pra Georges’ casa, a casa sem portas. Muito moderno, né? Tem que avisar: - Ó, não vem ninguém por aqui que eu vou no banheiro. Do vaso do quarto do George dá pra ver as janelas do prédio em frente. Bem sutil, um mundo para eu me adaptar ainda. Comemos baião de dois na beira da piscina no terraço. Gostei daqui. Sobremesa, tinha três diferentes...Vimos um vídeo do Korn e fomos pros aposentos do Diego, vocalista do Straighthate. Aconselho. Recomendo mesmo. Pode ir pra lá. De primeira. De tarde compramos cervejas e fomos para a piscina do prédio. Nossa primeira tarde como rock stars. Sem um real no bolso, mas na beira da piscina em mangas de camisa em meio a goles de cerveja. O que vale é o espírito. Somos rock stars. Antes de irmos para o Centro Cultural Dragão do Mar, que uma semana mais tarde nos daria boas surpresas, comemos um ótimo cachorro quente. Aí reside minha teoria de que é dele a culpa. Como explicar os próximos 10 dias a base de cream cracker e arroz puro que eu encarei? Rock Star também tem infecção intestinal.

O Vital chegou a experimentar a lazanha verde antes de ficar doente, ou antes de admitir que estava doente. Pro FF e pro Rafael, que passaram a poder comer tudo em dobro, veio a calhar. Já no Dragão do Mar, tiramos fotos e fomos ver The Big Lebowski, o novo filme dos irmãos Cohen.. Não vi escrito em lugar algum, mas não é possível que o Dude, personagem de Jeff Bridges, não tenha sido inspirado em Bukowski. Tem que ser. Uma casa largada, roupas e cabelos a qualquer nota, vivendo sem emprego do jeito que desse, nenhum apego material, cervas, um nome parecido, viagens. Só pode ser.

Depois disso, fomos com George, Diego e suas senhoras para uma pizzaria. Mas já não fui capaz de comer. No dia seguinte um café da manhã de frente para o marzão de Fortaleza na sala do Diego. De tarde praia. Geral entrou na água da Praia do Futuro, a mesma onde morreram os músicos de apoio do Jota Quest, menos eu. Ser chato é um dom. Fiquei embaixo da barraca tomando várias cervas a mais que os outros. Curti. Rafael deu vários autógrafos, tirou fotos com geral da praia e proporcionou outra conversa das boas.

- Aí. Tu não é o cara da MTV?
- Sou. O Rafael.
- Tá vendo. Não te falei. Agora tu me deve cinco litros de cana.
Isso é que é aposta entre amigos.

Depois disso fomos para uma festa de 15 anos. Mas não era uma festa qualquer. Tinha uma banda - Disaster - tocando Sick of It All. Aliás eles tocaram com a gente novamente no sábado e gostamos mais ainda do som. Já que estávamos por lá, tocamos 10 músicas. Muito bom. Deu para ver que a estadia em Fortaleza seria ponta firme. No dia seguinte fomos vender CDs e de tarde geral foi pro shopping enquanto eu fiquei lendo umas 30 Níquel Náusea e dormindo. Rafael novamente foi assediado pelo mulheril e deu entrevista ao vivo em um posto da Rádio Cidade dentro do Shopping. Confirmando a tese de que o mundo é uma ervilha, uma menina reconheceu a galera porque tinha visto o show de Recife. À noite fomos novamente ao Dragão do Mar, dessa feita para ver shows: Gargamaus, Hateful e Hostile Inc. Duas de HC e uma Death. Digamos que nada demais. Claro que estando todos por ali, fomos pedir para dar uma canja. Saiu melhor que encomenda. A organizadora (alô Léa) colocou a gente pra fechar a noite da semana seguinte com um show inteiro. Perfeito, não? Ainda nesse mesmo dia, teve um cara pelado pulando no palco e já começamos a nos familiarizar com a galera das bandas: Alma Sebosa, Disaster, Cuspe na Sola, Straighthate, Insanity, Swichstance...

Na sexta, acordamos uma da tarde, almoçamos e...piscina. Depois eu e Rafael fomos com o Diego numa loja que tinha dado patrocínio fazer uma média e fazer os ingressos. De noite, foi o aniversário do Mamede. O Flock bebeu geral e ficou a festa toda dançando Michael Jackson. Relembrando os tempos em que tinha um grupo de break. Ele jura que só dançou uma ou duas vezes, mas quem não bebeu sabe que ele dançou por umas duas horas no mínimo. Foi sinistro. Geral bêbado e fazendo merda.

No sábado acordei duas da tarde - passando mal é claro - e vimos o 4x0 do Brasil contra a Alemanha. Depois era hora de passar o som. Chato como sempre. E finalmente o show. Fala sério. Fodão demais. O Disasters abriu, depois o Straighthate, a gente e fechando o Alma Sebosa - que deveria ter aberto, mas o Bebeco dormiu e chegou uma da manhã na parada. Demos bis - assim como em Maceió, eu que esqueci. No final, o inesperado. Geral - lá pelas 250 pessoas - gritando JASON, JASON, JASON. Tem como imaginar? Aí foi vender nossos peixes, tomar um banho, comer algo e partir para Teresina de manhãzinha. Não sem antes uma coroa perguntar na rodoviária se a gente era de um algum conjunto de rock. No ônibus fui novamente confundido, só que dessa vez com o Fauzi, vocalista do Tribo de Jah.

Depois de 10 horas de buracos, chegamos em Teresina e fomos direto pra Rádio 94 dar entrevista e mostrar umas músicas do CD. Na seqüência, um banho - sendo que novamente fomos bem recebidos e hospedados, valeu aí João, uma passagem de som que não existiu e o show. Tocamos na Concha Acústica da Universidade Federal. Mesmo tendo 500 pessoas no lugar, parecia um pouco vazio por ser muito grande. Palco grandão e equipamento de prima. Fomos os primeiros a tocar e em seguida tocou o Káfila e o Narguilé Hidromecânico, que estava lançando seu CD. Foi aí que tivemos confirmado o que nunca esperávamos. As 22 camisas da banda que tínhamos levado, acabaram. O que levaria uns dois anos para ser vendido no Rio de Janeiro, acabou em cinco shows no nordeste.

Com a ajuda do Sandro, batera do Káfila, despirocamos e no dia seguinte mandamos fazer 50 camisas. Já tínhamos nos livrado de um peso bizarro e como se não bastasse, pegamos mais. Depois das devidas negociações, acabamos fazendo 4 cores diferentes e com um detalhe total rock star: nas costas os belos dizeres: "Jason - Tour Nordeste 99" e todas as datas e as cidades ao lado.

Se foi bem sucedido? Nem eu tenho a camisa. Ainda na segunda, vi o Maranhão, que fica logo ali depois de um Rio dentro de Teresina mesmo, fomos ao Meio Norte dar entrevista sobre tudo que tinha para falar: Jason, Poindexter, Piu Piu, Tamborete, Esporro. Enfim, tudo mesmo. Valeu aí Natacha. Aliás foi através dela que ficamos sabendo que o Soutien Xiita foi citado na coluna do Zé Simão na Folha de São Paulo. Como? Não sei.

Tirando total onda de rock stars, voltamos ao shopping para dar entrevista para o Poupa Show, um programa de TV bem popular que passa no SBT em quase todo o Nordeste. Muito bom. Ah, se aqui fosse assim...Já que estávamos por ali, fomos novamente à rádio, tocaram mais músicas e falamos mais bobagens. Ah, esqueci que ainda na segunda, sustentando meus vícios, fui ver o Globo Esporte e eis que a surpresa maior. Uma matéria com a seleção de Hóquei sobre Patins baseada no goleiro titular, o "baixista da banda paulista de punk rock Cólera". Depois de mostrar ele jogando, cortou para o vestiário onde o time todo cantava uma música do Cólera. Ave Redson.

A terça-feira foi de bob total, dormindo, vendo TV, lendo a Bundas e esperando a hora do ônibus. Chegamos tipo umas sete da manhã em Fortaleza. Tomamos café, vendemos mais CDs, almoço, um cochilo e passagem de som. Dá pra acreditar que durante a passagem de som, o retorno não estava bom para mim, eu falei com o técnico do monitor e enquanto fomos em casa e voltamos ele tinha arrumado uma caixa só para mim? Ah, Rio de Janeiro...

Vou exemplificar de modo bem simples. Concluam se o show foi bom ou não. O Bebeco, vocalista do Alma Sebosa, acabou o show com as costas sangrando. Dessa eu nunca tinha visto. Ele perdeu um sinal de nascença durante o caos nuclear. 600 pessoas viram esse show. Se não fosse o jogo do Brasil na mesma hora, o céu era o limite. Ah, esqueci de dizer que rolaram uns saltos mortais e o próprio Bebeco, o João do Disaster e o Maurílio do Straighthate deram um tostão de suas vozes.

Esse show foi filmado. Um dia chega por aqui. Na quinta-feira chegamos em Natal providencialmente na hora do almoço. Fomos na casa de Ana Morena - baixista do Super Boy - e depois direto para a casa do Anderson, vocalista do Ravengar. Já era a terceira vez que eu comia na casa dele. Difícil dizer qual a melhor. À noite fomos na Records a loja do Vitor (batera do Terrorzone) vender Cds e em seguida para o trailler do Pedrão. Muito bom. Meu primeiro dia podendo comer qualquer coisa depois de 10 seguidos no arroz com cream cracker. Perdi a linha total.

No dia seguinte, almoçamos novamente na casa do Anderson, e fomos para a Records fazer uma espécie de encontro com os fãs. Seria isso? Mais ou menos isso. Fomos trocar uma idéia de hora marcada com a galera que curte a banda.

Ficou melhor assim. Depois, um novo rango, passagem de som - que funcionou - demos entrevista na Rádio Tropical - se não me engano - o que foi bem divertido e fomos para o show. Já tínhamos passado por isso no passado mas de repente da terceira vez já vamos estar escaldados. Meia-noite não tinha nem uma pessoa no lugar e nem na porta. Pânico total. Será que o Rappa há 200 metros daqui estaria influenciando? O Peixe-Coco, a outra banda de Anderson e que tem como guitarrista, Caio Vitoriano, o cara por trás do zine mais legal de Natal, o AZ Revista começou a tocar faltando ¼ para uma da manhã e umas 40 pessoas subiram. Já começamos a ver nossa passagem de volta pra João Pessoa escapar entre os dedos até que lá pela uma e meia começou a lotar e lotar. Fomos tocar e conforme tocávamos, o povo entrava por todos os cantos, literalmente já que até minas escalavam um poste, pulavam umas marquises e entravam pela janela. Pra não pagar três mérreis. Na quinta música, um socão na cara de um maluco. Paramos por uns dois minutos pra situação se acalmar, dei uns esporros, mas o que fez acalmar mesmo foi tocar mais 15 músicas na pressão total. Como não tinha palco, geral se debatia e vez ou outra alguém caía por cima da gente.

Chamamos isso de clipe do Agnostic Front. Bom demais. Acabamos o show e já estávamos desmontando quando o Anderson falou: "Oh, uma galera saiu do show do Rappa e tá entrando pra ver vocês. Toca mais." Tocamos mais oito, inclusive repetindo "aquela da Barbie". Até covers do fundo do baú rolaram. Esse clássico está todo em vídeo com uma mina em algum lugar. Mais tarde rolou um stress punk com o FF e um cara que roubou um CD, mas tudo se resolveu com uma caixinha quebrada. Esse mesmo idiota pulou de uma marquise de três metros de tão bêbado. Dormimos duas horas e fomos para João Pessoa. Almoçamos, fomos ao estúdio do Coloral, guitarrista do Cuidado com o Cão, que nos hospedou, organizou o show e tudo o mais. Depois foi a hora sagrada de vender CDs na loja do Óliver, passagem de som e a grata surpresa, hora da sopa. Muito bom. Um mega pratão por um real. Pãozinho incluído. Tomei logo dois. Um banho e o show. Esse era um show com o qual tínhamos uma expectativa saudável por ter sido o melhor da tour do ano passado e esperávamos o máximo novamente. Depois do Cuidado e do Rotten Flies (já com nove anos de estrada) destruírem, fomos fechar a noite. É. Não foi brinquedo não. 300 pessoas se degladiando e cantando as músicas. Até minas na pancadaria. De arrepiar mesmo. Ah, pra quem toca guitarra. Os dois guitarristas das duas bandas levaram seus Marshalls e ligaram um no outro. Tssssss.

Esse também tem filmado mas ninguém conhecia o cara e não o achamos depois do show. Se alguém souber quem é, dê um alô pra gente. E queremos saber também quem era o cara que tirou fotos de cima do palco. Tivemos que dar bis novamente. Tocamos todo o CD, nove novas e ainda tocamos Pinheads e Replicantes. Depois do show, o Rafael foi ali na casa dele rapidinho. Nos encontrou na sexta-feira em Aracaju. Domingo - 1º de agosto. Só lazer. Acordamos, compramos passagens para Maceió, comemos, fomos para a casa do Marlon - baixista do Cuidado - tomar várias cervejas, comer um churrasco do bom com algo que eu nunca tinha comido mas que não lembro agora e ver o jogo da seleção com a Arábia. Aquele do 8 a 2. Geral jogou sinuca e quem teve muito, mas muito culhão mesmo, entrou na piscina. Um frio cavalar.

Na segunda, encontrei com meu amigo Jesuíno - batera do Nails Pop - enquanto o povo dormia e recebemos a notícia de que não tinha carro para ir até a rodoviária. Como sempre, o povo local - seja ele de que cidade for - disse que era pertinho. Carregamos um peso grosseiro por centenas de ruas num sol nordestino de dar inveja. Ah, com a possibilidade de chegarmos atrasados.

Tudo acabou dando certo e fomos para Maceió. A hospedagem tinha sido tão OK que voltamos - agora pra ficar porque aqui... Waldyr já nos esperava. Fomos pra casa dele comer a comida maravilhosa da Debbie. Sobremesa? uhuh. Torta de maçã. No dia seguinte, só lazer. Fizemos um city tour de turista mesmo, comemos, tomamos umas cervas, vi meus e-mails e coisas do tipo. Na quarta fomos para Aracaju sem avisar. Até que foi simples. Nosso anfitrião nos foi buscar e nos levou para o CEAB - o Centro de Entretenimento Adelvan Barbosa. Mesmo que seja só a casa dele, é o que parece. Assim como a casa do Diego, pilhas e mais pilhas de várias revistas e Cds. Livros, fotos e filmes de sacanagem. Tinha desenhos animados japoneses com putarias jamais assistidas por nós. Mesmo com todas essas opções, fomos nós todos e mais o Anderson - organizador do show - para um bar tomar várias cervas, conversar e passar vergonha. É, aquela final da Copa das Confederações que o Brasil perdeu do México. A quinta-feira foi um dia bem ocupado. Fiquei lendo umas Trip, depois assistimos Cidadão Kane enquanto o dono do CEAB trabalhava. Na seqüência fomos na Freedom, a loja do Sílvio do Karne Krua, onde trabalha o Jamson Madureira, um dos artistas mais respeitados do estado. Só que eu não consegui encontrar o figura em estado razoável nenhuma vez. Queria fazer umas propostas de CDs por um quadro. Sabe como é. Nunca se sabe o dia de amanhã. Depois fomos a um rodízio de pizzas de 3,00 e mais tarde a um vernissage de artes plásticas (será que é assim que se escreve?) no SESC. Maneirão. Engraçado é que vários caras do Metal vão só para beber e comer. Dali fomos para o Drink no Inferno. Tem que ter ido para onde fomos ou ter visto o filme para imaginar. Uma boite de strip-tease. Uhuhuhuh. Nada mais turista.

Era uma rua de barro nos cafundós do mundo, com um matagal em volta. Paramos em frente a uma casa com cara de abandonada. Não entendi nada. Era lá. A grana da obra tinha secado. Entramos por uns corredores escuros até sairmos lá. Não parecia que ia dar nenhum caldo, mas até que foi bem divertido. Conseguimos pechinchar a entrada de cinco para um real por cabeça. Daí pra frente foi só zoar mesmo. Um coroa ficou pelado na pista de dança e broxou com geral zoando. Piu Piu tem seguidores em vários lugares. É. Só tendo ido mesmo.

Na sexta, acordamos, fomos buscar o Rafael que estava de volta e contar as novidades. Ele como tinha feito dois anos de namoro na noite anterior, tava virado. Coisas do rock. E ele enquanto rock star da banda, foi escolhido como único candidato pela diretora de um programa em que iríamos dar entrevista para falar do show e da banda. Ele e Adelvan - também vocalista do Nora Kusma - venderam seus peixes ao vivo para uma TV local.

Daí fomos para o show, debaixo da chuva que já caía há dois dias sem dó nem piedade. Tocamos no DCE da Universidade, um casarão antigo bem legal. Tocamos depois do Sublevação e Karne Krua, que fizeram shows bem legais apesar do equipamento não ser lá muito bom. Fizemos nosso show de sempre da tour e a galera também foi selvagem. Tivemos também que dar bis e tocar músicas que não estavam no set list. A galera pulava do parapeito da janela. Saudável. Fechando o Nora Kuzma, a banda mais anti-música de todas. Adelvan no vocal gritando insanamente e Bilau, o rei do metal na bateria e no strip-tease. Silvio, vocal do Karne e Cacareco nas guitarras e no baixo, o FF. Até o Rafael tocou em uma música (???). Flock foi inclusive acusado de ter feito um groove, um pecado mortal. Dormimos um pouco e rumamos para Salvador. Nosso amigo Bola foi nos buscar na rodô e nos levou para o Albergue que já tínhamos nos hospedado no ano passado. Sempre de primeira. Fomos comer e em seguida pro show.

Muito bom estar em Salvador novamente. Muita gente conhece a gente por causa da nossa demo ter sido gravada no lado b da fita do Lisergia e por nosso show do ano passado no Garage Festival. Armamos nosso barraco dos badulaques onde terminamos de vender nossas camisas e Cds e depois do Lisergia abrir o show, sempre geniais fomos tocar. Agnostic de novo. Um salão de festas, sem palco e quase 400 insanos amontoados. Não foi brinquedo também não. O vocalista do Injúria apareceu no meio do show para protestar com a cara toda inchada, supercílio aberto. Um gordo também veio reclamar com o sangue espirrando da boca. Mas brigas mesmo não teve. Tocamos até coisas que não sabíamos direito no final. Umas 30 músicas. Fechamos com chave de diamante a tour.

Melhor que isso impossível. Aí era só esperar que as 26 horas de ônibus passassem rápido para chegar na minha cama são e salvo.

Fica aqui o agradecimento de toda a banda para todas as pessoas que nos ajudaram em cada estado. Nos buscando, levando, carregando, organizando os shows, nos alimentando, e tudo mais que fosse preciso. Obrigado mesmo.

E um alô para as bandas do Brasil todo. Tentem fazer algo do tipo uma vez. Té mais.

V99 (festival com Manic Street Preachers, Orbital, DJ Shadow, Massive Attack, Mercury Rev, Gomez, Happy Mondays, James Brown, Groove Armada e Mel C)
"Curitiba, Capital do Rock"
Divine, Six Degrees, Moonrise e Barbarella
Vermes do Limbo
Sala Especial
Al Green
Bowery Electric
Jamiroquai
Flaming Lips
Gong - Show de 30 anos
Megatério (agosto) - A Noite do P* no C*
Marreta (agosto) - O jazz morreu
Rolling Stones
Mercenárias
"Paul's Boutique"
"Tim Maia Racional"

Kraftwerk
Sugar Hill Records

Second Come
R.E.M.
Built to Spill
Eddie
Flaming Lips
Ultraje a Rigor
"Kurt & Courtney"
Moby
clonedt
Mark Sandman
Suede
Plebe Rude
Rentals

Pavement
MEGATÉRIO - Omar Godoy
WICKED, MATE - 90 (de Londres)

REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K
atenciosamente, - Rodrigo Lariú
Red Hot Chili Peppers

Underworld
Prodigy
Hojerizah
Raimundos

Plebe Rude
Wilco
Little Quail
Chemical Brothers
Atari Teenage Riot

Grenade
Lulu Santos
Liam Howlett
4-Track Valsa
Chemical Brothers (show)
Yo La Tengo + Jad Fair
"Select"
Dr. John
Memê
"Drinking from Puddles"
Capital Inicial (show)
Jon Spencer Blues Explosion (show)
Homelands (festival com DJ Shadow, Underworld, Asian Dub Foudation, Chemical Brothers, Fatboy Slim, Grooverider, Faithless e outros)
Divine
"The Best of Sugar Hill Records"
Ambervisions
Amon Tobin
Sepultura/Metallica (show)
Mocket
Stereophonics
Headache
Fatboy Slim
Cassius
Paul Oakenfold
Silver Jews
Amon Tobin
Inocentes
Sepultura
Outropop
Pensamentos Felinos
Loniplur
atenciosamente,
Swervedriver e Mogwai
Comédias
Pequenas Capitanias
Por Fora do Eixo
Arroz com Pequi
Marreta?

Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando
Por Aí
T-Rex
Kurt Cobain
Bob Dylan
Nuggets
Sebadoh
Los Hermanos
Kiss (show)
Mestre Ambrósio
Jesus Lizard
Maxixe Machine
Fish Lips
Silverchair
PJ Harvey e Jon Parish (show)
Cornelius
"Post-punk chronicles"
Blur (show)
Garage Fuzz
Pólux (show)
Marcos Valle
Astromato
French Fried Funk
Sublime
Leia no último volume
Na Lata!
Miniestórias
Blur
Ira!
Sleater-Kinney
Goldie
Henry Rollins
Jon Carter
Afrika Bambaataa
O pai do rock brasileiro
Nova História do Pop
Grave sua própria fita
C86
Medo do novo
Digital Delay
No shopping com Status Quo
Fita ou demo?
Solaris
A história do indie baiano
Prot(o) e Rumbora
Monstro Discos
Carnaval e Los Hermanos
Eletrônicos e bicões
Kólica, Pupila e Total Fun
As hortas musicais de Curitiba
Ala Jovem
Brian Wilson
Limpando os remédios
Amor e Luna
Massive Attack
Blondie
"You've Got the Fucking Power"
Relespública (show)
Trap
Johnattan Richman (show)
Little Quail & the Mad Birds
High Llamas
Thurston Moore
Red Meat
Los Djangos
Bad Religion (show)
Vellocet
Jon Carter (show)
Raindrops
Jimi Hendrix Experience
Fun Lovin' Criminals
Garbage
Tom Zé
Câmbio Negro
Catalépticos
Lobão
Cowboys Espirituais
Max Cavalera
Escrever "de música"
O CD ou a vida (quase)
A bossa nova contra-ataca o Brasil
Um pouco de educação não faz mal a ninguém
Fé em Deus e pé na tábua
O Mercury Rev que não foi
Um banquinho, um violão e Dee Dee Ramone
Escalação pro Abril Pro Rock 99
Dago Red
Festivais na Bahia
Chutando o futuro de Brasília
Ê, Goiás
Pós-Rock, Teletubbies e LTJ Buken
Você sabe o que é Louphas?
Por dentro da Holiday Records
Chacina no litoral paranaense
PELVs e um blecaute
Bruce Springsteen
O último show dos Beatles
Genesis -
"The Way of Vaselines"
Vamos nos encontrar no ano 2000
Tropicanalhce
A professora com pedal fuzz
Portishead
Chico Buarque (show)
Deejay Punk-Roc
Ninja Cuts
Jon Spencer Blues Explosion
Dazaranha
Snooze
U.N.K.L.E.
Pearl Jam
New Order (show)
Rock Grande do Sul
Spiritualized
Damned
NME Premier Festival (shows)
Delgados
Punk Rock Stamp
Fellini (show)
Plastilina Mosh
Neutral Milk Hotel
Fury Psychobilly
Gastr Del Sol
Pólux
Afghan Whigs
Ritchie Valens
Marcelo D2/ Resist Control (show)
Limbonautas
Cartels
Babybird
Elliot Smith
Jesus & Mary Chain
Nenhum de Nós
Otto 
Relespública  
DeFalla
Piveti
Isabel Monteiro
Man or Astroman?
Ricardo Alexandre elocubra sobre Engenheiros do Hawaii
Camilo Rocha ri do medo da imprensa especializada
Leonardo Panço mete o pau em quem ele acha que deve meter o pau
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As dez melhores bandas de Curitiba
Pelo fim da reclamação
Black Sabbath
Burt Bacharach
"Três Lugares Diferentes" - Fellini
Beck
Mercury Rev
Jurassic 5
Sala Especial
Lou Reed (show)
Asian Dub Foundation
Belle and Sebastian
"Velvet Goldmine"

Autoramas (show)
Grenade
Chemical Brothers (show)
Cardigans
Bauhaus
Stellar

1999 é feito por Alexandre Matias e Abonico Smith e quem quer que queira estar do lado deles.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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