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70 Tito destrói Jerusalém
Perseguições Imperiais
c. 150 Justino Mártir escreve sua Apologia
177 Ireneu se torna bispo de Lião
c. 196 Tertuliano começa a escrever livros cristãos
c. 205 Orígenes começa a escrever
251 Cipriano escreve Unidade da igreja
270 Antão começa sua vida de eremita
312 A conversão de Constantino
313 Eusébio de Cesaréia O Historiador da Igreja
325 O Concilio de Nicéia
367 A carta de Atanásio reconhece o cânon do Novo Testamento
385 O bispo Ambrosio desafia a imperatriz
387 Conversão de Agostinho
398 João Crisóstomo se torna bispo de Constantinopla
405 Jerónimo completa a Vulgata
432 Patrício é enviado como missionário à Irlanda
451 O Concilio de Calcedonia
590 Gregorio I se torna papa
800 Carlos Magno é coroado imperador
863 Cirilo e Metódio evangelizam os eslavos
988 Conversão de Vladimir, príncipe da Rússia
1054 O cisma entre Oriente e Ocidente
1073 Papa GregórioVII ou Hildebrando
1093 Anselmo é escolhido arcebispo de Cantuária
1095 O papa Urbano II lança a primeira Cruzada
c. 1150 Fundação das universidades de Paris e de Oxford
1173 Pedro Valdo funda o movimento valdense
1198 A Supremacia Papal com InocêncioIII
1215 O IV Concilio de Latrão
1273 Tomás de Aquino completa sua Suma teológica
1378 Catarina de Sena vai a Roma para solucionar o Grande Cisma
c. 1380 Wycliffe supervisiona a tradução da Biblia para o inglés
1415 João Hus condenado à fogueira
1478 O estabelecimento da Inquisição espanhola
1498 Savonarola é executado
1517 Martinho Lutero afixa As noventa e cinco teses
1523 Zuínglio lidera a Reforma na Suíça
1525 Início do movimento anabatista
1534 O Ato de Supremacia de Henrique VIII
1536 João Calvino publica As instituías da religião cristã
1540 O papa aprova os jesuítas
1559 John Knox volta à Escócia para liderar a Reform
1572 O massacre do Dia de São Bartolomeu
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1611 Publicação da Versão do Rei Tiago da Bíblia
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1735 Grande despertamento sob a liderança de Jonathan Edwards
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1854 Charles Haddon Spurgeon torna-se pastor em Londres
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O PAPA HILDEBRANDO (1021 - 1085)
Nasceu em Soana, uma cidade situada nos baixos pantanosos de La
Marema. Diz-se que seu pai fora carpinteiro, mas descendia de uma família
nobre, e gozava a proteção, se não da amizade, dos condes de Tusculum. 0
jovem Hildebrando foi educado, contra o seu desejo, no mosteiro de
Calvelo, próximo à sua cidade natal, e depois no mosteiro de S. Marcos, no
monte Avenida, onde a sua aplicação e amor ao estudo chamaram a
atenção de seu tio, o abade do mosteiro. Ligou-se, ainda muito novo, à
ordem os monges beneditinos, mas aos dezesseis anos, desgostoso com a
muita brandura de S. Marcos, passou para o famoso mosteiro de Clugny,
onde se observava uma austeridade muito maior. Aqui, de mais a mais,
havia maior facilidade em adquirir conhecimentos seculares, sempre tão
necessários às maquinações da igreja de Roma. Mesmo neste período da
sua história parece ter já dado prova de uma grande inteligência, que junto
com astúcia e ambição, haviam de fazer dele o déspota espiritual do seu
tempo.
Parecia, à primeira vista, que Hildebrando ganhara uma grande
influência no Vaticano quando ainda não tinha vinte e cinco anos de idade,
por que o encontramos muito ocupado numa intriga com Benedito IV, um
papa destronado em Roma, e combinando com ele a mudança dos seus
direitos para um tal Graciano, pela quantia de 1.500 libras em ouro. Mas
parece que ele não foi a Roma até a eleição de Bruno, bispo de Toul, à Sé
papal, por nomeação de Henrique III da Germânia. O bispo estava em
Clugny na ocasião da sua eleição, e Hildebrando conseguiu persuadi-lo de
que a nominação de pontífice feita por um potentado mundano era uma
vergonha para a igreja.
O poder eclesiástico, dizia ele, não se deve sujeitar ao poder secular; e
aconselhou-o a empreender uma viagem a Roma, com o hábito de
peregrino, e a que recusasse a dignidade de papa até lhe ser conferida pela
vontade do povo e pelo ato dos cardeais. Bruno percebeu a sabedoria e a
sagacidade deste conselho, e propôs a Hildebrando que o acompanhasse na
sua jornada, proposta que o monge imediatamente aceitou. Este plano
excedeu toda a espectativa, e o povo recebeu o peregrino candidato ao
trono papal com aclamações. Hildebrando cobriu-se de honras e fizeram-no
subdiácono de S. Paulo, cardeal, abade, e cônego da "santa" Igreja Romana,
e guarda do altar de S. Pedro. Não se pode calcular a influência que lhe deu
este simples ato. Tornou-se logo o administrador dos negócios papais e
chegou a governar até o próprio papa. Realmente, sua santidade era um
simples brinquedo nas suas mãos, como se provou quando Hildebrando
provocou a sua deposição, empregando para isso o suborno e a intriga.
Depois disto, Hildebrando ficou durante vinte anos trabalhando
ocultamente, depondo e elegendo papas conforme desejava.
Enquanto os papas estavam satisfeitos com as comodidades e gozos
que desfrutavam, Hildebrando, que não apreciava nada disso, andava
ocupado com os seus projetos.
Incitava e originava contendas, usurpações e conquistas por toda
parte, pondo tudo em confusão, para poder realizar os seus projetos
quando tratasse de restabelecer a ordem. Não fez segredo nenhum da sua
força e provou-a pelo seu procedimento para com o Papa Alexandre II, que
o ofendeu por se ter oferecido para suspender o exercício das suas próprias
funções eclesiásticas enquanto não fosse devidamente nomeado pelo poder
temporal. Hildebrando subiu ao trono papal e, com o punho fechado,
atingiu a cara do pontífice, na presença de cardeais, embaixadores e
outros. Em outra ocasião, em pleno concilio de bispos, acusou a todos da
assembléia de serem discípulos de Simão, e depôs um que se atreveu a
repelir a acusação.
Durante todo este tempo seus planos foram amadurecendo, devagar,
é verdade, mas com toda a segurança; e pouco a pouco, com a precaução
que era a metade do seu poder, foi subindo até chegar à cadeira papal, e no
mês de março de 1073 foi unanimemente eleito papa pelo concilio de
cardeais, tomando o nome de Gregório VIII.

AMBIÇÃO DE HILDEBRANDO
Mas até isso era simplesmente um meio para alcançar um fim. A
carreira que Hildebrando estava prosseguindo havia vinte anos não devia
acabar aqui; não era este o fim principal pelo qual ele se tinha esforçado.
Os seus planos eram mais vastos, e, num sentido, menos egoístas; só a
instituição de uma permanente hierarquia, com autoridade ilimitada sobre
todos os povos e reinos na face da terra, poderia satisfazer a sua ambição.
Sim, ele queria organizar um poderoso estado eclesiástico, que governasse
os destinos dos homens, uma poderosa teocracia ou oligarquia espiritual
com o poder de instruir o povo nos seus dogmas infalíveis, para obrigar as
suas consciências e dar forças à sua obediência; um estado cujo
governador fosse supremo sobre todos os governadores do mundo,
elegendo e depondo reis à sua vontade, pondo interdição a províncias e
reinos inteiros, e sem que ninguém ousasse opor-se a isso, em suma, um
vice regente de Deus na terra, que não pudesse errar, de quem se não
pudesse apelar!
Mas era preciso fazer algumas reformas importantes antes de chegar
a realizar estes planos ambiciosos. Devia suprimir-se imediatamente a
venda de benefícios eclesiásticos, ou o pecado de simonia.
Havia por toda parte muitos que imaginavam que o dom de Deus
podia adquirir-se por dinheiro. Mas ainda havia outra coisa que o espírito
de Gregório odiava mais do que a simonia, era o casamento do clero. Ele
bem via que enquanto isso fosse permitido, todos os seus esforços seriam
baldados. 0 casamento era um laço que unia os padres ao povo, e
enquanto não se despedaçasse esse laço, não poderia haver a verdadeira
unidade que desejava. O clero devia ser uma classe completamente
separada, livre dos laços de parentesco, tendo um único fim, a manutenção
e a glória da igreja. Não devia reconhecer parentesco algum senão o
espiritual: fora disto todos os interesses e ambições, sentimentos e desejos
eram traidores e indignos. Estas eram as idéias de Gregório, e neste
sentido deu as suas ordens.
A ordem que Gregório deu a respeito do casamento do clero teve
resultados terríveis. Dissolveu os mais respeitáveis matrimônios, separou
os que Deus tinha unido: maridos, mulheres e crianças; deu lugar às mais
lamentáveis discórdias e espalhou por toda a parte as negras calamidades;
especialmente as esposas eram levadas ao desespero, e expostas a mais
amarga dor e vergonha. Mas quanto mais forte era a oposição, mais alto se
proclamavam as maldições contra qualquer demora na plena execução das
ordens do pontífice. Os desobedientes eram entregues aos magistrados
civis, para serem perseguidos, privados dos seus bens, e sujeitos a
indignidades e sofrimentos de muitas espécies.

CONTENDA ENTRE GREGÓRIO E HENRIQUE IV
Outro decreto de Gregório foi atacar o ato de sagração de bispos pelos
leigos, e isto envolveu-o em questão com Henrique IV da Germânia. Já
desde muito antes do tempo de Carlos Magno, era costume os bispos e
abades serem sagrados pelos reis e imperadores, e Henrique não estava
disposto a perder aquele privilégio tão antigo, pela simples imposição de
um padre de Roma.
Esta recusa irritou o papa, e levou-o a ser conivente na ruína de
Henrique.
E não foi esta a única causa das suas dissensões. Quando
comunicaram a Henrique as ordens de Gregório a respeito do pecado de
simonia, o imperador, embora recebesse bem a idéia do papa, e tivesse
aprovado as reformas propostas, não deu um único passo para pô-las em
prática; e isto ainda mais fez irritar o papa. Ele queria obras e não
palavras: queria que o imperador fizesse executar os seus decretos e não
simplesmente que lhe fizesse cumprimentos evasivos, e por isso tornou-se
mais exigente nas suas ordens. Que se convocasse um concilio na
Germânia, e que se fizessem imediatamente investigações sobre as
repetidas acusações de simonia que pesavam sobre os bispos de Henrique;
mas o imperador não consentiu nisto, e os bispos, muitos dos quais eram
na verdade culpados, apoiaram, é claro, esta resolução. Mas Gregório não
era homem para ser contrariado nos seus propósitos, nem para desanimar
com a oposição. Impossibilitado de conseguir seu fim de uma maneira,
recorreu a outra, e, tendo reunido um concilio em Roma, ali se fizeram as
acusações. Como conseqüência, muitos dos favoritos de Henrique, alguns
dos mais elevados eclesiásticos da terra, foram depostos, e, como se
quisesse acrescentar o insulto à injúria, o próprio imperador recebeu
ordens peremptórias para comparecer a Roma, a fim de responder a iguais
acusações, sendo ao mesmo tempo ameaçado de excomunhão, se recu-
sasse aparecer. Ele recusou, e indignado por tão vil insulto contra a sua
pessoa, reuniu-se em concilio dos seus próprios bispos e depôs o papa.

EXCOMUNHÃO DE HENRIQUE
A luva fora lançada, e Gregório vingou-se logo, publicando a bula de
excomunhão com que o tinha ameaçado. Numa assembléia de bispos cujo
número era de 110, pronunciou a excomunhão do imperador, e declarou ao
mesmo tempo o país confiscado, e os súditos livres do juramento de
fidelidade. A linguagem de Gregório, naquela ocasião foi bastante blasfema:
"Portanto agora, irmãos", disse ele, "é preciso desembainharmos a espada
da vingança: agora devemos ferir o inimigo de Deus e da igreja, agora a
cabeça do imperador que se ergue na sua altivez contra as fundações da fé,
e de todas as igrejas, deve cair por terra, conforme a sentença pronunciada
contra a sua soberba, para ali se rojar pelo chão e comer o pó. 'Não temas,
ó pequeno rebanho [disse o Senhor] porque a vosso Pai agradou dar-vos o
reino'. Há muito tempo que vós o tendes suportado; ele já tem sido
admoestado bastantes vezes; façamos com que a sua consciência
endurecida possa sentir".

EFEITOS DA INTERDIÇÃO DE HENRIQUE
'Gregório sabia o estado de desordem em que estava o império
germânico, e viu que era boa a ocasião para realizar os seus intentos. Os
receios supersticiosos do povo foram despertados pela interdição do papa e
as cópias dessa interdição circulavam por toda a parte. A cobiça dos fidal-
gos saxônios excitou-se pelo fato de se poderem livrar da obediência ao
imperador, e por isso as ameaças que a interdição continha tornaram-se
rapidamente efetivas. Uns por medo, outros por sentimentos pessoais
contra o imperador, e outros ainda pela esperança de recompensa, foram
levados a pegar em armas contra o seu soberano, até que por fim Henrique
viu-se completamente abandonado pelos seus próprios súditos. E à
proporção que ele ia perdendo terreno, ia aumentando a autoridade do
papa. Era uma luta desigual, porque o papa tinha todo o poder do seu la-
do, e Henrique estava quase só. Ele era um príncipe de alto critério e o
maior monarca da Europa, mas a resistência em circunstâncias tão
desiguais era sem esperança. Esmagado por fim resolveu obedecer às
ordens do papa, confessar seus pecados, e alcançar que se levantasse a
excomunhão. Talvez o animasse a dar esse passo uma mensagem que um
dos nobres rebeldes recebeu do papa: "Trate Henrique com brandura",
mandou Gregório dizer, "e mostre-lhe aquela caridade que cobre uma
multidão de pecados". Henrique mais tarde teve ocasião de experimentar a
caridade do papa!

HENRIQUE BUSCANDO PERDÃO
Foi mesmo no meio do inverno que ele partiu. Foi acompanhado da
sua mulher e filho, e de uma pequena comitiva, e tiveram de atravessar
montanhas cobertas de neve. Depois de uma jornada penosa de algumas
semanas, chegaram defronte do castelo de Canosa em Apulia, onde
Gregório se achava com a condessa Matilde. 0 papa fora avisado da vinda
de Henrique, e logo que avistaram o penitente, abriram-se imediatamente
as portas exteriores da fortaleza. As segundas portas também se abriram,
mas quando tentou entrar no castelo viu que as portas interiores estavam
trancadas, não lhe permitindo que entrasse. Esperou; mas esperou em vão.
Era janeiro e tinha caído um nevão muito forte, e ele começou a sentir-se
enfraquecido pelo cansaço e pela fome, mas quando chegou a noite ainda
estava no pátio do castelo, sem obter licença para entrar. Henrique estava
experimentando a caridade do papa! Na manhã seguinte, quando se
apresentou para entrar, repetiu-se a mesma cena; o papa era inexorável e o
aviltado imperador não pôde alcançar a misericórdia pela qual anelava.
Durante três dias horríveis conservou-se assim esperando no frio, até que
todos, exceto o papa de coração de pedra, se enterneceram até as lágrimas.
Afinal os pedidos do Abade Clugny e da condessa Matilde, cujos corações
se comoveram profundamente pelos apelos angustiados do imperador,
veram bom resultado, e Gregório consentiu, ainda que de má vontade, em
receber o imperador.

VINGANÇA DE HENRIQUE
Mas o papa tinha ido longe demais. O príncipe que era inteligente,
fora tão insultado que não podia perdoar nem esquecer as injúrias sofridas,
e o fato de ter de se submeter a muita degradação e ainda mais insultos,
enquanto estivesse em poder do papa, fez com que o desejo de se vingar
fosse maior quando se viu livre. Em nada podia pensar senão em sua
vingança; e logo que terminou aquele ato de aparente reconciliação e a
excomunhão foi levantada, começou ele a formar planos de uma invasão a
Itália. Tinham-se reunido a ele bastantes partidários, de modo que ele não
achou dificuldade alguma em organizar um exército; e quando tudo estava
preparado pôs-se à frente dos soldados e marchou para Roma. O papa
havia profetizado que Henrique morreria ou seria destronado dentro de um
ano, e essa profecia mostrou que ele era igualmente um padre mentiroso,
por isso que ao cabo de três anos o imperador estava vivo e em perfeita
saúde, e o que mortificava mais o papa era que Henrique estava de posse
da cidade papal. Depois, Gregório, que se tinha encerrado no retiro de
Santo Ângelo, colocou o papa eleito, Guilberto, arcebispo de Havena, no
trono papal sob o nome de Clemente III.

TEMPO TRISTE PARA ROMA
Mas a aproximação do guerreiro Normando Roberto Guiscard, que
trazia um grande exército, obrigou o imperador a retirar-se, e Gregório
conseguiu obter a sua liberdade. Contudo, estava reservada uma triste
sorte para a antiga cidade. Os soldados que Gregório convidara eram, a
maior parte, sarracenos, e apenas Roberto recebeu a bênção pontificai
deixou logo a cidade entregue à vontade deste exército meio bárbaro.
Durante três dias foi a cidade de Roma testemunha da pilhagem e
confusão, até que os soldados ficaram inteiramente extenuados em
conseqüência de repetidas rixas, e embrutecidos pelo efeito da bebida.
Então os habitantes da cidade não puderam reprimir a sua indignação por
mais tempo, e precipitaram-se sobre os soldados com a energia do
desespero. Guiscard, vendo que a onda se estava virando contra ele, deu
ordem para lançar v fogo às casas, e este ato desumano fez mais uma vez
com que a balança pesasse mais para o seu lado. Os habitantes na ânsia
de salvarem as suas mulheres e filhos das chamas, esqueceram-se dos
inimigos, e enquanto se ocupavam nisso foram massacrados aos centos
pelos cruéis sarracenos.

MORTE DE GREGÓRIO VIII
No meio deste conflito e confusão, Gregório retirou-se da cidade, e
partiu às pressas para Salerno, onde, como se nada tivesse aprendido pelas
terríveis cenas que acabara de presenciar e de que era autor, continuou a
proclamar novas maldições contra Henrique. Mas pouco depois sentiu-se
agarrado por uma mão de cujo poder não pôde fugir: uma mão a que
nenhum papa pode jamais resistir, a mão da morte.
O decreto solene contra ele fora lavrado, e no dia 25 de maio do ano
1085 foi chamado à presença de Deus. Nessa ocasião se estava
desencadeando uma medonha tempestade, e ele morreu miseravelmente,
com estas palavras nos lábios: "Amei a justiça, e odiei a iniqüidade, mas
morro no exílio".
E é este o homem, leitor, que é elevado às nuvens pelos partidários de
Roma, e cujo nome tem sido escrito no seu catálogo de "santos"! De que
servem estas honras póstumas e inúteis, se o seu nome não está escrito no
Livro da -..Vida?

 

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