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177 Ireneu se torna bispo de Lião
c. 196 Tertuliano começa a escrever
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312 A conversão de Constantino
313 Eusébio de Cesaréia O Historiador
da Igreja
325 O Concilio de Nicéia
367 A carta de Atanásio reconhece o cânon
do Novo Testamento
385 O bispo Ambrosio desafia a imperatriz
387 Conversão de Agostinho
398 João Crisóstomo se torna
bispo de Constantinopla
405 Jerónimo completa a Vulgata
432 Patrício é enviado como missionário
à Irlanda
451 O Concilio de Calcedonia
590 Gregorio I se torna papa
800 Carlos Magno é coroado imperador
863 Cirilo e Metódio evangelizam os eslavos
988 Conversão de Vladimir, príncipe
da Rússia
1054 O cisma entre Oriente e Ocidente
1073 Papa GregórioVII ou Hildebrando
1093 Anselmo é escolhido arcebispo de
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1095 O papa Urbano II lança a primeira
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c. 1150 Fundação das universidades
de Paris e de Oxford
1173 Pedro Valdo funda o movimento valdense
1198 A Supremacia Papal com InocêncioIII
1215 O IV Concilio de Latrão
1273 Tomás de Aquino completa sua Suma
teológica
1378 Catarina de Sena vai a Roma para solucionar
o Grande Cisma
c. 1380 Wycliffe supervisiona a tradução
da Biblia para o inglés
1415 João Hus condenado à fogueira
1478 O estabelecimento da Inquisição
espanhola
1498 Savonarola é executado
1517 Martinho Lutero afixa As noventa e cinco
teses
1523 Zuínglio lidera a Reforma na Suíça
1525 Início do movimento anabatista
1534 O Ato de Supremacia de Henrique VIII
1536 João Calvino publica As instituías
da religião cristã
1540 O papa aprova os jesuítas
1559 John Knox volta à Escócia para
liderar a Reform
1572 O massacre do Dia de São Bartolomeu
1608-1609 John Smyth batiza os primeiros batistas
1611 Publicação da Versão
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1735 Grande despertamento sob a liderança de
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1855 Conversão de Dwieht L. Moodv
1906 O avivamento da rua Azusa dá início
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1919 Publicação do Comentário
da carta aos romanos, de Karl Barth
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1962 Início do Concilio Vaticano II
1963 Martin Luther King Jr. lidera a Marcha até
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A Concepção Pós-moderna de Igreja
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Atanásio
Atanásio, Santo (279-373)
Denominado a “coluna da Igreja” e o “marte-
lo dos arianos”, nasceu em Alexandria, onde re-
cebeu uma formação clássica e teológica. Há
in-
dícios de que na primeira juventude teve conta-
tos com os monges de Tebaida. Em 319 foi orde-
nado diácono pelo bispo Alexandre, a quem mais
tarde serviu como secretário. Foi como secretá-
rio que acompanhou o bispo ao Concílio de Nicéia
(325), no qual se sobressaiu por sua discussão e
dialética com os arianos. Três anos mais tarde
(328), foi nomeado bispo de Alexandria.
A partir de então, a vida de Atanásio como
bispo caracterizou-se pela luta contra os erros dos
arianos, a defesa da verdade sancionada em
Nicéia, oralmente e por escrito, e por seu indo-
mável zelo e constância diante da adversidade. A
Igreja do Oriente denominou-o “padre da orto-
doxia” e a Igreja Romana considera-o entre os
quatro grandes padres do Oriente. Atanásio, o
Grande, foi o alvo da cólera dos arianos até o res-
to de seus dias. Tentaram reduzi-lo ao silêncio,
procurando o favor do poder civil e corrompendo
a autoridade eclesiástica. Por cinco vezes, foi ex-
pulso de sua sede episcopal e passou mais de 17
anos no exílio. Mas nada conseguiu quebrar sua
resistência, pois estava convencido de que lutava
pela verdade. Foi reabilitado na sede de
Alexandria no dia 1º de fevereiro de 366. Viveu
em paz o resto de seus dias e morreu no dia 2 de
maio de 373.
É surpreendente a atividade literária de Santo
Atanásio, apesar de uma vida tão agitada. Certa-
mente a maior parte de suas obras está estreita-mente relacionada
com sua luta em defesa da fé
nicena. “Submete a exame crítico uma e outra vez
a argumentação dialética e exegética de seus
ad-
versários, e refuta as acusações que alguns de seus
inimigos sem escrúpulos lançavam contra ele.”
“Em todos os seus escritos, diz Fócio, o estilo é
claro, livre de redundâncias e simples, porém sé-
rio e profundo, e seus argumentos são extrema-
mente eficazes.”
Sua extensa obra pode classificar-se em:
1) Escritos apologéticos e dogmáticos. Figu-
ram aqui, fundamentalmente, três obras: o Trata-
do contra os pagãos, o Tratado sobre a
encarnação do Verbo e os Discursos contra os
arianos. Estes últimos, esctitos entre 338-339,
constituem a obra dogmática mais importante de
Atanásio. Faz um resumo da doutrina ariana tal
qual foi exposta por Ario na Thalia (*Ario) e de-
fende a definição do Concílio de Nicéia de
que o
Filho é eterno, incriado — agénetos — e imutá-
vel, e de que existe unidade de essência entre o
Pai e o Filho. Entre as obras dogmáticas espúrias
atribuídas a Atanásio está o chamado Símbolo
atanasiano, denominado também Symbolum
Quicumque. Sua atribuição a Atanásio não é
an-
terior ao séc. VII. Alcançou fama mundial e a
partir do século IX foi utilizado no ofício ordiná-
rio dos domingos. É uma exposição clara da Trin-
dade e das duas naturezas na única pessoa de Cris-
to. Provavelmente é de origem galicana e data do
séc. V.
2) Escritos histórico-polêmicos, dos quais Ata-
násio se valeu para defender-se de seus inimigos.
Nesta seção encontramos a Apologia contra os
arianos, de fundamental importância para a his-
tória da controvérsia ariana; Apologia ao im-
perador Constâncio, obra em que colocou seu
maior cuidado, escrita numa linguagem valente e
digna, perfeitamente acabada e na qual brilha a
arte; Apologia pela fuga, que justifica sua fuga
da Igreja, e que se tornou um dos escritos mais
famosos de Atanásio; A história dos arianos ata-
ca o imperador Constâncio como um inimigode Cristo, patrocinador
da heresia e precursor do
Anticristo.
3) Escritos exegéticos e ascéticos. Entre os
primeiros estão os comentários sobre os Salmos,
o Gênesis, o Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos.
Entre os segundos está a Vida de Santo Antão, o
documento mais importante do monaquismo pri-
mitivo, escrito a partir da morte de Santo Antô-
nio (356). Dedicou-o aos monges, a pedido des-
tes que queriam saber “como Antônio praticou o
ascetismo, como viveu anteriormente, como foi
sua morte, e se era verdade tudo quanto dele se
dizia”. Escreveu a Vida de Santo Antão com o
objetivo de apresentar um modelo de vida consa-
grada ao serviço de Deus. “É uma regra de vida
monástica em forma de narração” (São
*Gregório
Nazianzeno). Com a Vida de Santo Antão criou
um novo tipo de biografia, que serviu de modelo
para toda a hagiografia grega e latina posterior.
4) Cartas. Somente sobreviveu uma pequena
parte. Muitas delas são decretos e tratados, mais
do que cartas pessoais e privadas. Elas nos che-
gam nos mesentérios da controvérsia ariana. Em
primeiro lugar estão as chamadas Cartas festivas,
cartas nas quais os bispos de Alexandria anuncia-
vam todos os anos, às sedes sufragâneas, o início
da quaresma e a festa da páscoa. São 17 as cartas
festais, que começam a partir do ano 329. A mais
famosa é a que corresponde ao ano 367. Nela con-
dena-se a tentativa dos hereges de introduzir obras
apócrifas como Escritura divinamente inspirada,
e enumeram-se os livros do Antigo e do Novo
Testamento incluídos no cânon, transmitidos e
aceitos pela Igreja.
Há outras cartas importantes: três cartas
sinodais, carta aos bispos africanos, duas cartas-
encíclicas, cartas dogmático-polêmicas, carta aos
monges, cartas ascéticas etc.
Todos os esforços de Atanásio tendem a esta-
belecer, “desde as origens, a autêntica tradição,
doutrina e fé da Igreja Católica que o Senhor dei-
xou, os apóstolos pregaram e os padres conser-
varam”. Seu maior mérito consiste em ter defen-dido o cristianismo
tradicional do perigo da
helenização, oculto na heresia de Ario e de seus
seguidores. Seus pontos de insistência são: a) A
doutrina sobre a Trindade, “que é Deus no Pai,
no Filho e no Espírito Santo, que não têm associ-
ado nenhum elemento estranho ou externo”. b) O
logos e a redenção: “Ele se fez homem para que
pudéssemos tornar-nos Deus, e manifestou-se
através de um corpo para que tivéssemos uma
idéia do Pai invisível”. c) Cristo: “Assim como
é
o Verbo de Deus, o Verbo se fez carne. E enquan-
to no princípio era o Verbo, na plenitude dos tem-
pos a Virgem Maria concebeu-o em seu seio e o
Senhor se fez homem”. “Sendo realmente Filho
de Deus, fez-se também Filho do homem, e sen-
do Filho Unigênito de Deus, fez-se também
primogênito entre muitos irmãos”. d) O Espírito
Santo é Deus, que procede do Pai. Em nenhuma
parte afirma explicitamente que o Espírito Santo
proceda do Filho. É, no entanto, um corolário de
sua doutrina.
Como o cristão poderia ter certeza dos livros que deveriam constar
do Novo Testamento?
Quando Paulo mencionou as Escrituras a Timóteo ("Toda a Escritura
é inspirada..."; 2Tm 3.16), ele estava se referindo ao AT,
mas, mesmo nas páginas do NT, temos indicações de
que os cristãos começaram a considerar os evangelhos e as
epístolas de Paulo como textos especiais. Ao escrever sobre as
epístolas de Paulo, Pedro disse que elas às vezes continham
"algumas coisas difíceis de entender". Todavia, a sabedoria
de Paulo fora dada por Deus, e Pedro repreendeu "os ignorantes e
instáveis" que distorciam as palavras de Paulo, fazendo o
mesmo com "as demais Escrituras" (2Pe 3.16; grifo do autor).
? óbvio que Pedro começava a perceber que os cristãos
tinham alguns textos edificantes além das obras do AT.
Os judeus decidiram que alguns livros — os que chamamos hoje de
Antigo Testamento — foram claramente inspirados por Deus, ao passo
que outros não o eram. Por enfrentar heresias, os cristãos
também começaram a sentir a necessidade de distinguir entre
escritos verdadeiramente inspirados e os de origem questionável.
Havia dois critérios fundamentais, usados pela igreja para identificar
o cânon (kanon é a palavra grega para "padrão"):
a origem apostólica e o uso dos textos nas igrejas.
Com relação à origem apostólica, a igreja
incluiu Paulo entre os apóstolos. Embora não tenha caminhado
com Cristo, Paulo se encontrou com ele na estrada para Damasco. A abrangência
de sua atividade missionária — relatada no livro de Atos
dos Apóstolos — fez dele o próprio modelo do apóstolo.
Cada evangelho precisava estar relacionado a um apóstolo. Desse
modo, o evangelho de Marcos, associado a Pedro, e o de Lucas, relacionado
a Paulo, receberam um lugar no cânon. Depois da morte dos apóstolos,
os cristãos valorizaram o testemunho dos livros, muito embora não
portassem o nome de um apóstolo como autor.
Com relação ao uso dos textos nas igrejas, a orientação
parecia ser a seguinte: "Se muitas igrejas usam um texto, e se ele
continua a edificá-las, logo esse texto deve ser inspirado".
Embora esse padrão mostre uma abordagem bastante pragmática,
existe uma lógica por trás dele: alguma coisa inspirada
por Deus, sem dúvida, inspirará muitos adoradores. O texto
que não foi inspirado acabaria, mais cedo ou mais tarde, por cair
em desuso.
Infelizmente, esses padrões somente não eram capazes de
estabelecer quais seriam os livros do cânon. Diversos textos flagrantemente
heréticos carregavam o nome de um apóstolo. Além
disso, algumas igrejas utilizavam textos que outras não se preocupavam
em usar.
Por volta do final do século II, os quatro evangelhos, o livro
de Atos e as epístolas de Paulo eram grandemente valorizadas em
quase todos os lugares. Embora não existisse ne nhuma lista "oficial",
as igrejas tinham a tendência crescente de se voltar para esse material
como fonte de autoridade espiritual. Bispos influentes como Inácio,
Clemente de Roma e Policarpo contribuíram para que esses textos
alcançassem ampla aceitação. Contudo, ainda havia
muita disputa com relação a He-breus, Tiago, 2 Pedro, 2
e 3 João, Judas e Apocalipse.
A heresia era uma maneira de fazer com que os cristãos ortodoxos
esclarecessem suas posições. Até onde sabemos, a
primeira tentativa de elaboração do cânon foi feita
por Mar-cião, que incluiu apenas dez das treze epístolas
de Paulo e o evangelho de Lucas bastante modificado. Mais tarde, outros
grupos heréticos defenderiam seus "livros secretos",
normalmente os que tinham o nome de um apóstolo ligado a eles.
Uma lista ortodoxa primitiva, compilada por volta do ano 200, foi o Cânon
muratório, elaborado pela igreja de Roma. Ele incluía a
maioria dos livros presentes hoje no Novo Testamento, mas adicionava o
Apocalipse de Pedro e a Sabedoria de Salomão. Listas posteriores
omitiram alguns livros, e deixaram outros, mas continuavam sendo bastante
similares. Obras como O pastor, de Hermas, o Didaquê e a Epístola
de Barnabé eram muito consideradas, embora as pessoas tivessem
dificuldade em considerá-las escritura inspirada.
Em 367, Atanásio, o bispo de Alexandria, influente e altamente
ortodoxo, escreveu sua famosa carta oriental. Nesse documento, enumerava
os 27 livros que hoje fazem parte do nosso Novo Testamento. Na esperança
de impedir que seu rebanho caminhasse rumo ao erro, Atanásio afirmou
que nenhum outro livro poderia ser considerado escritura cristã,
embora admitisse que alguns, como o Didaquê, pudessem ser úteis
para devoções particulares.
A lista de Atanásio não encerrou esse assunto. Em 397, o
Concilio de Cartago confirmou sua lista, mas as igrejas ocidentais demoraram
muito para estabelecer o cânon. A contenda continuou com relação
aos livros questionáveis, embora todos terminassem aceitando o
Apocalipse.
No final, a lista de Atanásio recebeu aceitação geral
e, desde então, as igrejas por todo o mundo jamais se desviaram
de sua sabedoria.
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