O Grande Cisma
CATARINA DE SENA
Quem poderia adivinhar que uma menina nascida em 1347, a última
de 23 filhos de uma família profundamente religiosa da cidade de
Sena, se tornaria uma orientadora e apoio de papas?
Ainda criança, Catarina mostrava grande devoção e
fez o voto de ser noiva de Cristo. Por três anos, viveu separada
do mundo, mas, na época em que a Peste Negra assolou a Europa,
ela voltou ao mundo normal e ministrou aos que estavam morrendo. Algumas
pessoas acreditavam que ela até mesmo havia curado alguns doentes.
Também visitou prisioneiros, convertendo alguns condenados à
morte.
Enquanto fazia isso, Catarina escrevia muitas cartas, dando conselhos
espirituais a todos — de pessoas comuns até o papa. Essas
epístolas deram a ela a reputação de pacificadora,
pois ela mostrou uma notável habilidade de reconciliar as pessoas
umas com as outras.
Uma das maiores necessidades de reconciliação daquele século
estava relacionada ao papado. Por vários anos, os franceses haviam
dominado o papado, a ponto de o papa até mudar-se para Avignon,
na França. Embora isso agradasse os franceses, ninguém mais
gostava da idéia, e, por diversos anos, os papas consideraram a
idéia de retornar para Roma.
Como muitas pessoas devotas de sua época, Catarina acreditava que
o papa deveria ficar em Roma, onde não enfrentaria a possibilidade
de uma dominação francesa. Quando visitou o papa Gregorio
?? em Avignon, em 1376, ela o encorajou a voltar. Ele se mudou de lá,
mas morreu logo depois disso.
Os cardeais elegeram o novo papa, Urbano vi. Não demorou muito
para os cardeais ficaram descontentes com ele. Assim, elegeram um papa
de origem francesa, Clemente vn, que retornou para Avignon. O Grande Cisma
começara — uma situação que perduraria por
39 anos. Que escândalo, ter dois papas, cada um deles afirmando
ser o vigário de Cristo! Ambos tinham um colégio de cardeais
que, quando o papa de cada um desses colégios morria, o substituía
por um homem que lhes parecesse o melhor para ocupar aquele cargo.
Algumas nações apoiavam um papa, ao passo que outras defendiam
o outro pontífice. Parecia que um impasse fora estabelecido. Catarina
se alinhou ao papa de Roma e escreveu cartas duras aos cardeais da França,
criticando a eleição promovida por eles. Em 1378, foi a
Roma, esperando encerrar a ruptura. Ela reuniu o povo em volta de Urbano,
mas o repreendeu por suas ações insensatas. Em vez de se
sentir ofendido, ele passou a admirar aquela mulher devota e a buscar
seu conselho.
Durante algum tempo, a cidade turbulenta ficou em paz, mas mesmo depois
da morte de Catarina, dois anos após esse acontecimento, o Grande
Cisma ainda não fora resolvido.
Embora a última missão de Catarina tivesse falhado, ela
não falhara. Em uma época em que os papas tornaram-se incrivelmente
ricos e poderosos, ela provou que uma mulher humilde poderia fazer grande
diferença. O fato de ser mulher ou, até mesmo, sua origem
não muito promissora jamais foram impedimentos para ela.
Sua influência se estende por todas as eras. Sua obra intitulada
Diálogo é famosa por sua ênfase na necessidade individual
de cada um responder ao "chamado interior" vindo de Deus.
A combinação de devoção mística e de
serviço cristão ativo, como o de Catarina, é algo
que agrada católicos e protestantes.
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