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As Cruzadas
As Cruzadas
Outro grande movimento da Idade Média, sob a inspiração
e mandado da igreja, foram as Cruzadas, que se iniciaram no fim do século
onze e prolongaram-se por quase trezentos anos. Desde o quarto século
até aos nossos dias, numerosas perigrinações à
Terra Santa foram organizadas. O número de peregrinos aumentou
de modo considerável, no ano 1000, quando era crença quase
universal que nesse ano se daria o grande evento da segunda vinda de Jesus.
Apesar de tal acontecimento não se haver realizado nessa data,
contudo as peregrinações continuaram.
A princípio as peregrinações eram facilitadas pelos
governantes muçulmanos da Palestina. Porém mais tarde as
peregrinações sofriam pressão, os peregrinos eram
roubados e até mesmo mortos. Ao mesmo tempo, o debilitado Império
Oriental estava ameaçado pelos maometanos. Foi por isso que o imperador
Aleixo solicitou ao papa Urbano II que lhe enviasse guerreiros da Europa
para ajudá-lo. Nesse tempo manifestou-se na Europa o desejo de
libertar a Terra Santa do domínio maometano. Desse impulso surgiram
as Cruzadas.
As principais Cruzadas foram em número de sete, além de
muitas outras expedições de menor importância, às
quais se dá também o nome de cruzadas. A primeira Cruzada
foi anunciada pelo papa Urbano II, no ano 1095, no Concílio de
Clermont, quando então elevado número de cavaleiros receberam
a cruz como insígnia e se alistaram para combater os sarracenos.
Antes que a expedição principal fosse inteiramente organizada,
um monge chamado Pedro, o Eremita, convocou uma multidão de cerca
de 40.000 pessoas sem experiência e sem disciplina e enviou-as ao
Oriente, esperando ajuda milagrosa para aquela multidão. Mas a
desprovida e desorganizada multidão fracassou; muitos de seus membros
foram mortos e outros foram feitos escravos. Entretanto, a primeira e
verdadeira Cruzada foi integrada por 275.000 dos melhores guerreiros de
todos os países da Europa. Era chefiada por Godofredo de Bouillon
e bem assim outros chefes. Depois de sofrerem muitos contratempos, principalmente
por falta de disciplina e por desentendimentos entre os dirigentes, conseguiram
tomar a cidade de Jerusalém e quase toda a Palestina, no ano 1099.
Estabeleceram então um reino sobre princípios feudais. Havendo
Godofredo recusado o título de rei, foi nomeado "barão
e defensor do Santo Sepulcro". Com a morte de Godofredo, seu irmão
Balduíno tomou o título de rei. O reino de Jerusalém
durou até ao ano de 1187, apesar de haver estado constantemente
em condições difíceis, cercado por todos os lados
exceto pelo mar pelo império dos sarracenos, e por estar muito
distante de seus aliados naturais, na Europa.
A Segunda Cruzada foi convocada em virtude das notícias segundo
as quais os sarracenos estavam conquistando as províncias adjacentes
ao reino de Jerusalém, e a própria cidade de Jerusalém
estava ameaçada. Sob a influência da pregação
do piedoso Bernardo de Clairveaux, Luiz VII da França e Conrado
III de Alemanha conduziram um grande exército em socorro dos lugares
santos. Enfrentaram muitas derrotas, mas, finalmente, alcançaram
a cidade. Não conseguiram recuperar o território perdido,
mas conseguiram adiar por uma geração a queda final do reino.
Em 1187 Jerusalém foi retomada pelos sarracenos sob as ordens de
Saladino, e o reino de Jerusalém chegou ao seu fim, apesar de o
título "Rei de Jerusalém" ter sido usado ainda
por muito tempo.
A queda da cidade de Jerusalém despertou a Europa para organizar
a Terceira Cruzada (1188-1192), a qual foi dirigida por três soberanos
proeminentes: Frederico Barbarroxa, da Alemanha, Filipe Augusto, da França
e Ricardo I, "Coração de Leão", da Inglaterra.
Entretanto Frederico, o melhor general e estadista, morreu afogado e os
outros dois desentenderam-se. Filipe Augusto voltou à sua pátria
e toda a coragem de Ricardo não foi suficiente para conduzir seu
exército até Jerusalém. Contudo, fez um acordo com
Saladino, a fim de que os peregrinos cristãos tivessem direito
a visitar o Santo Sepulcro sem serem molestados.
A Quarta Cruzada (1201-1204) foi um completo fracasso, porque causou grandes
prejuízos à igreja cristã. Os cruzados (componentes
das Cruzadas), se afastaram do propósito de conquistar a Terra
Santa e fizeram então guerra a Constantinopla, conquistaram-na,
saquearam-na e impuseram seu próprio governo ao Império
Grego, governo que durou cinquenta anos. Entretanto, não cuidaram
da defesa do império e deixaram-no indefeso, um insignificante
baluarte para enfrentar o crescente poder dos turcos "seljuks",
raça de guerreiros não civilizados, que sucederam aos sarracenos
e maometanos no poder dominante depois do término do período
das Cruzadas.
Na Quinta Cruzada (1228) o imperador Frederico II, apesar de excomungado
pelo papa, conduziu um exército até à Palestina e
conseguiu um tratado no qual as cidades de Jerusalém, Haifa, Belém
e Nazaré, eram cedidas aos cristãos. Sabendo que nenhum
sacerdote o coroaria (pois estava sob a excomunhão papal), Frederico
coroou-se a si mesmo rei de Jerusalém. Por esse motivo o título
"rei de Jerusalém" foi usado por todos os imperadores
germânicos e depois pelos da Áustria, até ao ano 1835.
Por causa da contenda do papa com Frederico II, os resultados da Cruzada
não foram aproveitados. A cidade de Jerusalém foi novamente
tomada pelos maometanos, em 1244, e desde então permaneceu sob
o seu domínio.
A Sexta Cruzada (1248-1254) foi empreendida por Luiz IX, da França,
conhecido como São Luiz. Ele invadiu a Palestina através
do Egito. Apesar de haver alcançado algumas vitórias a princípio,
contudo foi derrotado e aprisionado pelos maometanos. Depois foi resgatado
por elevada soma e permaneceu na Palestina até ao ano 1252, quando
a morte de sua mãe, que ficara em seu lugar como regente, o obrigou
a voltar à França.
A Sétima Cruzada (1270-1272) teve também a direção
de Luiz IX, juntamente com o príncipe Eduardo Plantagenet, da Inglaterra,
que veio a ser Eduardo I. A rota escolhida para a Cruzada foi novamente
a África, porém Luiz IX morreu em Tunísia. Seu filho
propôs a paz e Eduardo voltou à Inglaterra a fim de ocupar
o trono. Esta é, geralmente, considerada a última Cruzada,
cujo fracasso foi total.
Houve ainda cruzadas de menor importância, porém nenhuma
delas merece menção especial. Em verdade, a partir do ano
1270 qualquer guerra realizada em favor da igreja era considerada cruzada,
ainda mesmo que tais guerras fossem contra os "hereges" em países
cristãos.
As Cruzadas fracassaram no propósito de libertar a Terra Santa
do domínio dos maometanos. Um olhar retrospectivo indicará
quais as causas do fracasso. É fácil notar um fato em cada
uma das Cruzadas: reis e príncipes que chefiavam tais Cruzadas
estavam sempre em desacordo. Cada qual estava mais preocupado com os interesses
próprios do que com a causa comum. Invejavam-se uns aos outros
e temiam que o êxito proporcionasse influência e fama ao rival.
Contra o esforço dividido que havia no meio das Cruzadas estava
um povo unido, valente, uma raça valorosa na guerra sob as ordens
absolutas de um comandante, quer se tratasse de um califa, ou de um sultão.
A causa maior e mais profunda do fracasso foi, sem dúvida, a falta
de um estadista entre os chefes das Cruzadas. Nenhum deles possuía
visão ampla e transcendente. O que eles desejavam era obter resultados
imediatos. Não compreendiam que para fundar e manter um reino na
Palestina, a milhares de quilômetros de distância de seus
países, eram necessárias comunicações constantes
com a Europa Ocidental, e bem assim uma base de provisões e reforço
contínuo. A conquista da Palestina era uma intromissão e
não uma libertação. O povo da Terra Santa foi praticamente
escravizado pelos cruzados; como escravos, eram obrigados a construir
castelos, fortalezas e palácios para seus odiados senhores. Acolheram
com satisfação o regresso de seus primitivos governantes
muçulmanos, pois mesmo que o jugo deles fosse pesado, ainda assim
era mais leve do que o dos reis cristãos de Jerusalém.
Contudo, apesar do fracasso em manter um reino cristão na Palestina,
ainda assim a Europa obteve alguns bons resultados das Cruzadas. É
que depois de cessadas as expedições, os peregrinos cristãos
eram protegidos pelo governo turco. Em verdade o país prosperou
e nas cidades de Belém, Nazaré e Jerusalém cresceram
em população e riqueza, por causa das caravanas de peregrinos
que visitavam a Palestina, sob a garantia e segurança dos governantes
turcos.
Depois das Cruzadas, as agressões muçulmanas na Europa foram
reprimidas. A experiência desses séculos de lutas despertou
a Europa para ver o perigo do islamismo. Os espanhóis animaram-se
a fazer guerra aos mouros que dominavam a metade da península.
Comandados por Fernando e Isabel, os espanhóis, em 1492, venceram
o reino mourisco e expulsaram os maometanos do país. Na fronteira
oriental da Europa, a Polónia e a Áustria estavam alertas,
de modo que em 1683 fizeram retroceder a invasão turca, em uma
violenta batalha travada próximo à cidade de Viena. Essa
vitória marcou o início da decadência do poder do
Império Turco.
Outro bom resultado alcançado pelas Cruzadas foi um melhor conhecimento
das nações entre si. Não somente os governantes e
chefes, mas também cavaleiros e soldados dos diferentes países,
começaram a conhecer-se e a reconhecer os interesses comuns. Entre
as nações nasceu um respeito mútuo e fizeram-se alianças.
As Cruzadas contribuíram grandemente para o desenvolvimento da
Europa moderna.
As Cruzadas também deram um grande impulso ao comércio.
A procura de mercadoria de todas as espécies — armas, provisões
e navios — aumentou a indústria e o comércio. Os cruzados
levaram para a Europa o conhecimento das riquezas do Oriente, seus tapetes,
sedas e jóias e o comércio estendeu-se a toda a Europa Ocidental.
Os mercadores enriqueceram; surgiu então uma classe média
entre os senhores e os vassalos. As cidades progrediram e aumentaram seu
poder e os castelos começaram a perder a ascendência que
exerciam sobre elas. Nos séculos seguintes, as cidades transformaram-se
em centros de liberdade e reformas, sacudindo, assim, o domínio
autoritário tanto dos príncipes como dos prelados.
O poder eclesiástico aumentou consideravelmente ao se iniciar o
movimento das Cruzadas. As guerras eram convocadas pela igreja que, dessa
forma, demonstrava seu domínio sobre príncipes e nações.
Além disso a igreja adquiria terras ou adiantava dinheiro aos cruzados
que oferecessem suas terras como garantia. Foi dessa forma que a igreja
aumentou suas possessões em toda a Europa. Na ausência dos
governantes temporais, os bispos e os papas aumentavam seu domínio.
Contudo, ao fim de tudo isso, as grandes riquezas, a arrogância
dos sacerdotes e o uso sem escrúpulo que faziam do poder, despertaram
o descontentamento e ajudaram a preparar o caminho para o levante contra
a igreja católica romana, isto é, a Reforma.
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