Nome de um dos grandes profetas da
antigüidade judaica, depois de Moisés, e o último dos juízes de Israel,
filho de Elcana, levita da família de Coate da casa de Isaar. Elcana era filho
de Sufe, 1 Sm 1: 1; 1 Cr 6: 26, 35, natural de Ramataim-Zofim do monte de Efraim,
porque à sua família havia sido destinada aquela tribo para sua residência,
Js 21: 5; 1 Cr 6: 66, e morava em Ramata, 1 Sm 1: 1, 19; 2: 11. Teve duas
mulheres por nome Ana e outra por nome Penina. E Penina tinha filhos. Ana, porém,
não os tinha, e pedia a Deus que lhe desse um filho, e fez um voto dizendo:
Senhor dos Exércitos, se deres à tua escrava um filho varão, eu te oferecerei
por todos os dias da sua vida e não passará navalha pela sua cabeça, Nm 6:
1-5. Deus atendeu à sua petição; ao filho que lhe nasceu deu o nome de
Samuel, porque o havia pedido ao Senhor. Quando desmamou o menino, levou-o
consigo à casa do Senhor em Silo e o deixou aos cuidados do sacerdote Heli para
ser educado e instruído nas coisas sagradas, 1 Sm 1 e 2: 1-17. O menino
ministrava diante do Senhor, vestido de um éfode de linho, de que usavam os
candidatos ao sacerdócio e até mesmo os leigos, 2: 18. Morava Samuel no templo
do Senhor, onde estava a arca de Deus, e ministrava ao Senhor junto a Heli, 3:
1-3, 15. Ainda jovem, o Senhor se revelou a ele, anunciando-lhe o próximo
castigo que viria sobre a casa de Heli por causa da vida irregular de seus
filhos que ele não soube corrigir, 3: 1-18. Diz Josefo que Samuel tinha nesta
ocasião 12 anos de idade, Antig. 5: 10, 4. Este testemunho é muito próximo da
verdade, ainda que não se saiba em que autoridade se baseia. Quando já havia
atingido à maioridade todo o Israel desde Dã até Berseba, acreditava que era
profeta do Senhor a quem se havia revelado em Silo, 1 Sm 3: 20, 21. Logo depois
começou a cumprir-se o juízo de Deus contra a casa de Heli com a morte dos
dois filhos do pontífice no campo de batalha em que a arca de Deus foi
capturada. Heli morreu ao receber a triste notícia, 4: 1-22. A arca voltou logo
depois à posse dos israelitas, que a transportaram para Quiriate-Jearim e a
puseram em casa de Abinadabe, até que o povo se preparasse para recebê-la.
Samuel é reconhecido profeta e depois da morte de Heli, toda a autoridade
religiosa se concentrou em suas mãos. Consagrou-se à obra da regeneração
popular. Vinte anos depois de ser restituída a arca, notou que as condições
morais do povo haviam melhorado; e convocou uma assembléia em Mispa perto do
lugar onde a arca havia sido tomada, para uma confissão pública de seus
pecados, e jejuar na presença do Senhor, e pedir-lhe misericórdia. Ouvindo os
filisteus que os filhos de Israel se tinham ajuntado em Mispa, os seus príncipes
marcharam contra Israel. Samuel exortou o povo a orar ao Senhor para que os
livrasse. E aconteceu que ao tempo que Samuel oferecia o holocausto, começou o
combate dos filisteus contra Israel. Mas o Senhor trovejou aquele dia com
estrondo espantoso sobre os filisteus e os aterrou de medo, e foram derrotados
no encontro de Israel. E os israelitas saindo de Mispa os foram perseguindo e
ficaram humilhados e não ousaram mais vir sobre as terras de Israel enquanto
Samuel esteve à testa do governo, 1 Sm 7: 3-14. Veja Filisteus.
Esta assinalada vitória indicou
que Deus havia feito Samuel juiz e defensor em Israel.
Semelhante a Débora e a Moisés,
Samuel foi reconhecido profeta e juiz. No desempenho de seus deveres fazia
anualmente um circuito por Betel, Gilgal e Mispa e administrava a justiça nos
sobreditos lugares. Residia em Ramata em companhia de um rancho de Israel, 7:
15-17; 19: 18-2. Aqui erigiu ele um altar ao Senhor, porque havia abandonando a
Silo; a arca continuava abrigada em Gabá, o pacto em vacatura, porque os
israelitas o haviam quebrado com as suas sacrílegas idolatrias. Durante os anos
de sua vigorosa administração o país gozava de liberdade e independência.
Sentido-se avançado em anos, constituiu por juízes em Israel a seus filhos.
Estes seus filhos não seguiam os caminhos do pai, senão que se deixavam
corromper da avareza, e recebiam presentes e pervertiam os juízes. A sua
conduta provocou geral descontentamento. Tendo-se reunido os anciãos de Israel,
vieram ter com Samuel em Ramata a lhe disseram: Bem vês que estás velho e que
teus filhos não seguem os teus caminhos. Constitui-nos um rei como o tem todas
as nações, para que ele nos julgue. Samuel, por ordem de Deus, ungiu em rei a
Saul, que, sendo rejeitando, teve como sucessor a Davi, ungido também por
Samuel conforme Deus havia mandado. Samuel morreu, quando Davi se achava no
deserto de En-Gadi, fugido às perseguições de Saul. Foi sepultado em sua casa
em Ramata e todo o Israel o chorou, 25: 1. Em a noite anterior à batalha de
Gilboa, Saul foi consultar a Samuel, por meio da feiticeira que havia em Endor,
28: 3-35. Hemã, um dos cantores de Davi, era neto de Samuel, 1 Cr 6: 33. O nome
de Samuel figura na lista dos heróis da fé, Hb 11: 32.
NATÃ
= hebr. Presente, dom. |
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Nome
de um distinto profeta que viveu nos reinados de Davi e Salomão. O rei Davi
submeteu à sua aprovação o plano da construção do templo. A princípio foi
ele favorável ao profeta, mas depois, em virtude de uma mensagem do Senhor,
disse que outro, e não Davi, teria a honra de o edificar, 2 Sm 7: 1-17; 1 Cr
17: 1-15. Este profeta teve de apresentar a Davi a denúncia de seu grande crime
contra Urias hebreu, sob a forma de uma parábola, 2 Sm 12: 1-15; cp. Sl 51, título.
Na capacidade oficial de profeta do Senhor, deu o nome de Amável ao Senhor ao
filho de Davi, o jovem Salomão, 2 Sm 12: 25. Juntamente com o profeta Natã,
auxiliado pelo também profeta Gade, ou a instâncias de ambos, Davi organizou o
serviço musical para o santuário, 2 Cr 29: 25. Quando Adonias aspirou ao trono
em lugar de Salomão, não manifestou as suas intenções ao profeta Natã,
prevendo naturalmente que ele seria bastante fiel a Davi, para aceitar aliança
consigo, 1 Rs 1: 8-10. Natã mostrou a Bate-Seba a conveniência de, sem demora,
dar parte a Davi do que se estava passando, a fim de providenciar sobre a sucessão
ao trono. O plano surtiu efeito. Davi ordenou a Sadoque, sacerdote e ao profeta
Natã e a Banaías, capitão de suas guardas, que proclamassem a Salomão, rei
de Israel, 11-45. Natã escreveu um livro descrevendo o reinado de Davi e parte
do de Salomão, 1 Cr 29: 29; 2 Cr 9: 29.
ELIAS =
Jeová é o meu Deus. |
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1. Nome de um dos maiores profetas do
Antigo Testamento; supõe-se ter nascido em Tisbete de Galiléia,
por isso cognominado tesbita, não obstante ser dos habitantes de Galaade,
1 Rs 17:1. Era homem peludo, que andava cingido sobre os rins com uma cinta de
couro, 2 Rs 1:8; 1 Rs 19:13. Quando Acabe, influenciado por sua mulher Jezabel,
natural de Tiro, deu-se à idolatria, adorando a Baal, Elias aparece
repentinamente em cena; apresenta-se diante de Acabe e prediz a grande seca que
ia assolar indefinidamente o seu reino em castigo da sua apostasia. Em conseqüência
da fome, o Senhor o mandou para a banda do oriente a esconder-se ao pé da
torrente de Carite, onde foi sustentado pelos corvos. Quando a torrente secou,
foi ele para Sarepta na costa do mediterrâneo ao norte de Tiro. Uma pobre viúva
repartiu com ele o seu último pão. Em recompensa, o Senhor fez durar até o
fim da fome, a farinha que nunca se esgotou e o azeite da almotolia, que sempre
durou. Ainda mais: quando o filho da pobre viúva morreu, o profeta
restaurou-Ihe a vida, orando a Deus, 1 Rs 17:1-24; Lc 4:24-26. Muito tempo
depois, no terceiro ano, 1 Rs 18:1; Lc 4:25; Tg 5:17. Elias apresentou-se a
Acabe, por ordem do Senhor. Seguiu-se a cena do Monte Carmelo. Os profetas de
Baal tentaram em vão demonstrar a divindade do seu deus. Elias reúne o povo em
torno do altar que havia refeito, tomou doze pedras, simbolizando o número das
tribos como reprovação divina à
divisão do reino, pôs sobre ele a vítima,
para afastar qualquer idéia de fraude, mandou despejar água em volta do
altar. Depois clamou ao Senhor. Caiu fogo do céu que consumiu o sacrifício e
destruiu o altar. Deste modo, Jeová atestou a sua existência e o seu poder. Os
profetas de Baal foram levados à torrente de Cisom e ali mortos, por ordem de
Elias, 1 Rs 18:1-40; comp. Dt 17:2-5; 13:13-16.
0 povo reconheceu a Jeová e obedeceu
ao seu servo Elias. 0 favor divino se manifestou na pequena nuvem que se
levantou do mar, precursora de grande chuva. E a mão do Senhor foi sobre Elias,
tendo-se cingido os rins, corria adiante de Acabe ate chegar a Jezrael,
41-46. Jezabel, enfurecida pela matança dos profetas de Baal, decretou a morte
de Elias, que se escondeu no Monte Horebe. Ali, como Moisés, foi
miraculosamente sustentado por quarenta dias e quarenta noites, 24: 18; 34:28;
Dt 9:9-18; 1 Rs 19:8, sombra de igual incidente da vida de Jesus, Mt 4:2; Lc
4:2. Ali o Senhor o repreendeu pelo seu desânimo e o mandou retroceder para
ungir a Hazael em rei da Síria e a Jeú em rei de Israel, para serem ambos os
instrumentos de sua justiça. Elias lançou a sua capa sobre Eliseu que o
substituiu no ofício de profeta, 1 Rs 19:1-21. Jezabel promoveu judicialmente a
morte de Nabote para se apoderar da sua vinha. Elias foi ao encontro de Acabe,
quando este ia tomar posse da vinha
e disse-lhe "Eis-aqui o que diz o Senhor: no lugar em que os cães lamberam
o sangue de Nabote, lamberão eles também o teu sangue", 21:1-29. A morte
de Acabe na batalha de Ramote de Galaade foi o princípio do juízo que Elias
havia proferido contra a casa do rei, 22:1-40.
Depois da morte de Acabe, Ocozias, seu filho
e sucessor, caiu pelas grades de um quarto alto que tinha em Samaria e
adoeceu gravemente; em conseqüência disto, mandou mensageiros para
consultar a Beelzebu, deus de Acarom se podia convalescer da sua moléstia.
Elias saiu ao encontro dos mensageiros do rei e Ihes perguntou: "Acaso não
há Deus em Israel para vós irdes consultar a Beelzebu, deus de Acarom?" e fê-los voltar do caminho. O rei por duas vezes mandou uma
força de cinqüenta homens para levar preso a Elias, ambas as quais, foram
consumidas por um fogo do céu. O terceiro capitão com cinqüenta homens, foi
poupado, e Elias o acompanhou à
presença do rei, 2 Rs 1:1-16. Finalmente, o profeta alcançou uma honra igual
à que antes foi concedida a Enoque, Gn 5:24, de ser trasladado ao céu sem ver
a morte. Um carro e cavalos de fogo apareceram-lhe quando ia com Eliseu para o
oriente do Jordão e, separando um do outro, tomou a Elias
e o levou para o céu em um redemoinho, 2 Rs 2:1-12. Este fato ocorreu
pouco antes de Jorão, rei de Israel, subir ao trono, 2 Rs 2:1-12; comp. 1:18 e
3:1 e, no reinado de Josafá rei
Judá (3:11). Elias escreveu uma carta a Jorão, quando ainda era co-regente com
Josafá, denunciando o juízo de Deus, não só pelos pecados cometidos durante
a vida de Josafá, mas também pelo assassínio que ele fez depois da morte de
Josafá, 2 Cr 21:12; comp. 13, 14. Se a trasladação de Elias se deu no tempo
indicado, foi durante a sua vida que ele profetizou sobre os atos futuros de Jorão,
justamente como havia feito acerca dos atos de Hazael
e Jeú, 1 Rs 19:15-17. Menos de acordo com a linguagem do cap. 3:11 é a
explicação que se pretende dar, dizendo que trasladação está no lugar em
que deve estar, 2 Rs, simplesmente para completar a narrativa de sua atividade pública,
que Elias ainda vivia quando Eliseu estava com o exército de Josafá na
parte sul de Judá, e quando Jorão
era o único rei. Os últimos dois vv. do Antigo Testamento predizem que Deus
mandará o profeta Elias antes que venha o dia grande
e horrível do Senhor, Ml 4:5, 6. 0 Novo Testamento explica que a referência
é feita a João Batista que, semelhante ao Tesbita, era humilde e
despretensioso, Mt 3:4; Mc 1:6, e fiel à sua missão, segundo o testemunho do
próprio Jesus, Mt 11:11-14; 17:10-12; Mc 9:11-13; Lc 1:17. Há outros que são
de parecer, que, conquanto João Batista se pareça em espírito e em poder ao
profeta Elias, este ainda virá pessoalmente antes da segunda vinda de Cristo.
Elias apareceu no Monte da Transfiguração como representante dos profetas do
Antigo Testamento para prestar honras a Jesus, à sua doutrina e profetizar a
sua ascensão que se havia de cumprir em Jerusalém, Mt 17:4; Mc 9:4; Lc 9:30.
Este fato não tem analogia alguma com a história de João Batista. Os milagres
obrados durante o ministério do profeta Elias pertencem ao segundo período dos
quatro período de milagres da história da redenção, período de vida e
morte, de lutas entre a religião de Jeová e o
culto de Baal, quando o povo do norte de Israel voltou à fé de seus
pais e todas as outras questões de
menor importância foram postas de lado.
Nome de um dos dois grandes profetas
do período mais antigo da história dos israelitas, que exerceram o seu ministério
ao norte do reino.
Era filho de Safate, habitava em
Abel-Meolá do vale do Jordão e pertencia a uma família plebéia. Achava-se
dirigindo um dos arados nas lavouras de seu pai com doze juntas de bois, quando
Elias o encontrou e lançou sobre
ele a sua capa, 1 Rs 19:6, 19.
Eliseu compreendeu bem a significação
deste ato; foi à sua casa despedir-se dos seus,
voltou a seguir o profeta, 19-21. Quando Elias passou além do Jordão
para ser trasladado ao céu, conservou a Eliseu perto de si, e perguntou-lhe:
"Que queres que eu te alcance antes de partir?" E Eliseu respondeu:
"Peço-te que seja dobrado em
mim o teu espírito." Viu o carro de fogo que o separou de seu mestre e
tomando a capa que havia caído dos ombros de Elias, lançou-a sobre as águas
do Jordão, as quais se abriram, dando passagem a Eliseu para a margem ocidental
do rio, 2 Rs 2:1-18. A vida deste profeta foi assinalada por uma série de
milagres que revelavam sabedoria e poder, operados em nome do Senhor. Seus
milagres pertencem ao segundo grupo dos milagres da história da redenção;
ocorreram em um tempo em que a religião de Jeová se achava em luta renhida
contra o culto de Baal. O efeito de tais milagres tinha por fim acreditar o
profeta, provar que Jeová era o
Deus vivo. O poder miraculoso de Eliseu era exercido em larga escala, com o
Cristo, sempre em benefício dos que sofriam. Em nome do Senhor curou os águas
amargas de Jericó, 19-22. Ainda em nome de Jeová amaldiçoou a uns meninos que
o motejavam, dos quais quarenta e dois foram despedaçados por uns ursos saídos
de um bosque, 23-25. Predisse o resultado de uma expedição contra Moabe,
3:11-27; fez multiplicar o azeite na casa de uma viúva, 4:1-7, predisse à
sulamita o nascimento de um filho e por meio de oração, restaurou a vida a
este mesmo menino, ferido pela morte, 8:37.
Por sua intervenção miraculosa,
foi sanado o perigo que ameaçava a vida de muita gente que se ia alimentar com
umas papas venenosas, 38:41.
Com vinte pães de cevada e trigo
novo, alimentou a cem homens, 42:44; mandou que Naamã se banhasse no Jordão
para curar-se da lepra, 5:1-19, doença que se transferiu para Geazi, seu
criado, como castigo à cobiça deste, 20:27; fez flutuar um machado que havia
caído no rio, 6:1-7; revelou ao rei de Israel os movimentos e intenções dos sírios
que ameaçavam a pátria, 8-12. Fazendo oração, o Senhor abriu os olhos de seu
criado para ver os cavalos e carros de fogo que o defendiam contra o inimigo,
13:17. Feriu de cegueira os sírios que haviam sido enviados para o prender,
17:23. Denunciou que um mensageiro, vindo da parte do rei de Israel, estava à
porta para tirar-lhe a vida, 6:32, 33. Profetizou que a fome de Samaria havia de
ser sanada com abundância imediata de provisões a preço diminuto, 7:1-20.
Avisou a Benadabe, rei da Síria, que a sua morte se avizinhava, 8:7-15.
Profetizou o aniquilamento da casa de Acabe e enviou um jovem profeta a ungir
como rei a Jeú para exercer os juízos denunciados contra a casa de Acabe (cap.
9 até cap. 10:28). Predisse as três vitórias contra os sírios, 13:14-19.
Finalmente, depois de morto, um cadáver lançado na sua sepultura, logo que
tocou os ossos do profeta, ressuscitou e se levantou sobre os pés, 20, 21.
Nome
do grande profeta, filho de Helcias, sacerdote de
Anatote, na terra de Benjamim, Jr 1: 1. Foi chamado para o ministério
profético por meio de uma visão. Era ainda jovem e julgava-se sem a experiência
precisa para falar aos homens em nome de Deus. Porém sobre ele estendeu Deus a
sua mão e tocou os seus lábios, pondo neles as suas palavras para que se
dirigisse às gentes e aos reinos, para arrancar e destruir, para arruinar e
dissipar, e para edificar e plantar. Também lhe foi anunciado que ele
encontraria grande oposição da parte dos príncipes dos sacerdotes e do povo,
porém, que não prevaleceriam contra ele, 1: 4-10. Começou a profetizar no ano
décimo terceiro do reinado de Josias, e continuou a sua obra até à tomada de
Jerusalém, no quinto mês do décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, vv.
2, 3. Deste modo, a sua vida pública se estendeu pelos últimos dezoito anos do
reinado de Josias, pelos três meses que Joacaz reinou, pelos onze anos de
reinado de Joaquim, pelos três
meses do outro rei Joaquim e pelos
onze anos e cinco meses do reinado de Zedequias, ao todo quarenta e um anos, sem
interrupções, caps. 42-44. Os seus conterrâneos
de Anatote foram os primeiros a se lhe oporem, ameaçando-o de morte se não
desistisse de suas funções proféticas. Continuou a sua missão a
despeito das perseguições. Sentiu profundamente que o povo escolhido por Deus
se opusesse tão tenazmente à obra de seu Deus, o que o levou a suplicar justiça,
Jr 11: 18-21; 12: 3. As hostilidades que começaram em Anatote generalizaram-se,
e novamente pede o castigo para seus inimigos, 18: 18-23; 20 : 12. Permaneceu
fiel no cumprimento de seus deveres, a despeito da oposição em torno
de si. No quarto ano do reinado de Joaquim, ditou as profecias que havia
proferido durante os vinte anos anteriores e que o escriba Baruque registrou em
um rolo de livro. Sentindo-se impedido, por algum motivo, de ir à casa de Deus, o profeta mandou a Baruque tomar o rolo e que o
levasse para o santuário para ser lido diante do povo
que tinha chegado ao templo por ocasião
de um jejum. Este rolo chegou às mãos do rei, que, depois de ler
algumas colunas cortou-o em pedaços e lançou-os ao fogo, 36: 1-26. Sob a direção
divina o profeta imediatamente preparou novo rolo, semelhante
ao primeiro com alguns aditamentos, vv. 27-32. Um de seus inimigos, Pasur,
sacerdote e prefeito da casa do Senhor, o meteu no cepo sendo solto no dia
seguinte, 20: 1-3. Durante o sítio de Jerusalém, as autoridades judaicas
olhavam as profecias de Jeremias acerca do êxito dos caldeus e do subsequente
cativeiro de Judá sob o ponto de vista político ou militar,
em vez de as considerarem sob o ponto de vista religioso. Diziam que tais
profecias enfraqueciam o ânimo dos
defensores da cidade. Quando os caldeus temporariamente levantaram o cerco para
irem ao encontro dos egípcios, Jeremias aproveitou o momento para ir a Anatote
a negócios particulares. Quando chegou à porta de Benjamim, foi preso sob o
pretexto de querer desertar para os caldeus e por isso foi lançado na prisão,
37: 1-15. Muitos dias depois, o rei Zedequias mandou tirá-lo da prisão,
transferindo para o vestíbulo do cárcere, vv. 16-21. Mas os príncipes
conseguiram que ele fosse novamente metido no cárcere para morrer, 38: 1-6. Um
eunuco etíope, compadeceu-se dele, intercedeu por ele junto ao rei para que
fosse retirado do lago, a que o rei acedeu, mandando que o pusessem
no vestíbulo dos guardas, vv. 7-28. Os caldeus, sabendo que Jeremias
havia sofrido tão graves injustiças por sua causa, por ordem de Nabucodonosor
o soltaram e o entregaram a Gedalias, para que ele habitasse em sua casa e
vivesse entre o povo. Foi-lhe também concedida a faculdade de ir para Babilônia,
ou ficar na Judéia cercado de todos os favores e garantias. Preferiu ficar na
pátria. Nebuzaradã, general dos exércitos,
forneceu-lhe victualhas e deu-lhe presentes e confiou-o à proteção de
Gedalias, que Nabucodonosor havia feito governador de Judá, 39: 11-14; 41: 1-6.
Por ocasião do assassinato de Gedalias, Jeremias aconselhou os judeus a não
fugirem para o Egito, mas foi em vão: não somente
foram para lá como até compeliram o profeta a acompanhá-los na sua
jornada, 41: 1 até cap. 43: 7. Proferiu as
suas últimas predições em
Tafnis no Egito, 43: 8 até cap. 44: 30. Não se sabe como, nem em que tempo
morreu. Além das profecias e das Lamentações que trazem o seu nome, parece
que escreveu alguns dos salmos cujo estilo muito se parece com o seu.
Nome de um dos profetas de Judá, nos
reinados de Ozias, Jotão, Acaz e Ezequias, Is 1: 1; cp. 6: 1; 7: 3; 14: 28; 20:
1, 2 e caps. 36 a 39. Era filho de Amós, nome este que não se deve confundir
com o profeta, pastor de Tecoa. Residia em Jerusalém,
e profetizou sobre Judá e
sobre a sua metrópole. O que ele disse, referente a Samaria, Damasco, Filístia
e outras nações, acha-se subordinado às profecias sobre Jerusalém, em
virtude das estreitas relações entre Sião e o povo de Deus. É fato discutível,
se a visão que ele teve, no ano em que o rei Ozias morreu, cap. 6, assinala a
data de sua chamada para o ofício profético, ou se tem por fim
determinar a época de sua intensidade profética. Outros, além dele,
experimentaram semelhante período de intensificação espiritual. A
vocação inaugural de Ezequiel foi iniciada por uma visão;
posteriormente, quando já era notável no seu ministério, foi confirmado neste
ofício, e semelhante a Isaías, instruído sobre a indiferença com que o povo
recebia as suas mensagens, Ez 33: 21-33. O apóstolo S. Pedro, depois de
alguns anos de trabalho na causa de Cristo teve novas revelações que lhe
apontavam uma esfera de ação mais vasta , At cap. 10.
S. Paulo, muito depois de trabalhar entre
os gentios, foi encarregado por meio de uma visão, para operar
em novo campo - a Europa, At 16: 9, 10. Poderia ser também que o Senhor
Deus tivesse o propósito de confirmar a vida espiritual de Isaías, por meio de
uma visão nova. Pelo ano 734 A. C., este profeta já era casado Is 8: 3, e
tinha um filho chamado, Jasube, que quer dizer, os retos voltarão, 7: 3.
Nasceu-lhe outro filho que se chamou, segundo indicação divina,
Maersalal-has-bas, que quer dizer: Apressa-te a
tirar os despojos. Faze velozmente a presa. Ambos os nomes dos filhos do
profeta, eram nomes de profecias a se cumprir. A esposa de Isaías
também era denominada profetisa, simplesmente por ser mulher
dele, 8: 3.
Isaías falou muito sobre as
relações de Israel, tanto políticas como religiosas com os outros
povos. Com referências às relações, insistia com o rei e com o povo a por a
sua confiança em Deus e a evitar alianças com os outros povos, 8: 12-14.
No ano 734 A. C., quando a Síria e
Israel se coligaram para tomar Jerusalém e
por no trono de Judá um rei de sua confiança, o profeta
declarou em nome de Jeová que tal plano haveria de falhar. Porém, foi
sem resultado que o profeta
tentou convencer o rei Acaz a confiar só em Deus, e a não
descansar no apoio dos príncipes pagãos. Acaz, imprudentemente
rejeitou estes conselhos, e chamou em seu auxílio a Tiglate-Pileser
fazendo-se seu vassalo, 2Rs 16: 7, 8, 10. No reinado de Ezequias, os
conselhos do profeta tiveram melhor
acolhimento. Os assírios invadiram a Judéia no ano 714 A. C., 2Rs 18: 13; Is
36: 1. Logo depois, no mesmo ano, Ezequias
caiu doente; o profeta anunciou-lhe o estabelecimento da saúde, 2Rs 20: 1-11. Seguiu-se a embaixada de Merodaque,
Baladã, 712 A. C., Is cap. 39, a conquista de Azoto pelo exército de Sargom;
711 A. C. cap. 20, e a expedição contra Jerusalém por Senaqueribe, em 701 A.
C., 2Rs 18: 14. Durante estas últimas
crises, as profecias de Isaías animaram o governo a recusar as propostas dos assírios.
A data da morte do profeta e as
circunstâncias em que ela se deu, não se conhecem com certeza. O rei Ezequias
morreu no ano 698 ou 697 A. C. O assassínio de Senaqueribe e a ascensão de
Esar-Hadom ao trono da Assíria, que se deu
no ano 681, ainda são mencionados no cap. 37: 38. Tradições judaicas
de pouco crédito dizem que Isaías foi martirizado por Manassés que o
mandou serrar pelo meio, pensando alguns que a isto se refere o cap. 11: 37 da epístola aos Hebreus. A referida
parece certa, porque o profeta começou
o seu ministério depois do ano 740 A. C. nos reinados dos quatro reis, Ozias,
Jotão, Acaz e Ezequias; sobreviveu a este último rei, cujos atos registrou,
2Cr 32: 32, teve conhecimento do assassínio de Senaqueribe. O seu martírio
deveria dar-se pelo ano dezoito do reinado de Manassés, mais ou menos,
quando o profeta atingia a idade de 80 anos. Seja como for, quando ele escreveu
a história do rei Ozias, 2Cr 26: 22, serviu-se das fontes históricas
autorizadas, referentes à primeira parte do reinado.
O livro do profeta Isaías
divide-se da seguinte forma:
I. Introdução, cap. 1.
II. Profecias contra Jerusalém,
caps. 2-4, em conjunto com outras profecias a ela relacionadas, cap. 5. A
profecia sobre Jerusalém, contida no cap. 4, tem o seu ponto culminante nos
efeitos que se haviam de manifestar, e também na descrição gloriosa dos
tempos messiânicos. Esta profecia deveria ter sido proferida durante os prósperos
tempos dos reinados de Osias e de Jotão.
III. A visão contida no cap. 6, que,
segundo todos pensam, está em íntima relação com o Livro de Emanuel, caps. 7
a 12.
IV. Os dez pesos
sobre as nações, caps. 13 a 22, separados pelo cap. 20, que é de
importância internacional, em duas séries de cinco pesos cada uma e culminando
com o juízo anunciado sobre o mundo inteiro, cap. 24, seguido pela vitória de
Judá, caps. 25 a 27.
V. Um grupo de profecias, referentes
exclusivamente a Judá e a Samaria, caps. 28 a 33, culminando, como antes, com
os juízos sobre todas as nações, e vaticínios sobre as futuras glórias de
Sião, caps. 34 e 35.
VI. Seção histórica, caps. 36 e 39, descrevendo as operações de guerra dos assiro-babilônios
sobre Judá, introdução ao livro das Consolações que serviu de lenitivo às
dolorosas denunciações contra Judá, caps. 40 a 66. Este livro das Consolações
trata da relação da igreja
judaica com Jeová, caps. 40-48, e
com as nações pagãs, caps. 49 a 57, das diferenças que
separavam o espírito nacional e do
futuro glorioso da Igreja, caps. 58 a 66. A personagem saliente nestes capítulos
é o servo do Senhor (Vide Servo de Jeová).
Koppe, em 1797, pôs em dúvida a autenticidade do cap. 50. Logo depois, Döderlein afirmou que
a composição dos vinte e sete capítulos
finais pertenciam ao período
do exílio. Esta opinião que se tornou
extensiva aos capítulos 13
e 14 até ao v. 23; ao capítulo, 21, v. 1-10; aos capítulos 24 a 27, e 34
e 35, teve numerosos advogados. Ainda outras passagens foram adicionadas a estas,
à proporção que apareciam necessidades de ajustamento, tais como o capítulo
11 v. 10, até ao capítulo 12 v. 6. A mesma unanimidade de opiniões não
existia, quanto a por em dúvida a sua autenticidade. Os argumentos em
favor da teoria principal, são em número de três: 1. Antigüidade de
linguagem e peculiaridades de estilo; 2. Alusões à condição dos judeus e dos
gentios, revelando o tempo do exílio; 3. As narrativas acerca das condições
do povo, combinam-se com os fatos
históricos; porém, as que se referem a acontecimentos futuros não tiveram
confirmação.
A estes argumentos tem-se
dado as seguintes respostas; 1. Não existe uma simples palavra de época
remota, nem um simples elemento de origem estrangeira, que não fossem correntes
em Jerusalém, nos tempos de Isaías. Todas as palavras, frases e modos de
dizer, se encontram na literatura
antiga dos hebreus, ou podem ser
explicadas pela história dos tempos. Quanto ao estilo, pode dizer-se que as
suas peculiaridades são
consistentes com ser o livro de Isaías
obra de um só autor. O estilo de
Shakespeare também variou. A sua
atividade literária durou cerca de vinte e
cinco anos. Neste período, contam-se quatro períodos distintos de
suas produções assinaladas pelas diferenças
de estilo. A atividade literária de Isaías
estendeu-se, pelo menos, até quarenta ou sessenta anos. Pode-se
argumentar com as peculiaridades de estilo? Aqueles que negam que Isaías
seja o autor das passagens citadas, devem explicar em que consiste a
semelhança de estilo. Augusti defende-as dizendo que "elas são elaboradas
inteiramente em harmonia com o espírito e com a
forma peculiar de Isaías." Gesenius e De Wette atribuem a semelhança
de estilo ao espírito de imitação
ou a uma autoria estranha que procurou cingir-se à linguagem de Isaías.
Umbreit denomina o autor das passagens em discussão
"Isaías ressuscitado" dentre
os mortos. 2. Aos argumentos sobre as alusões contidas nesses capítulos
ao estado dos judeus e gentios, como sendo referentes ao tempo do exílio,
respondem: a) Os profetas transportam-se freqüentemente ao futuro e descrevem
as suas predições como realizadas
em tempos passados, por exemplo, as tribos de Zebulom e de Naftali haviam sido
devastadas e os seus habitantes conduzidos ao cativeiro. O profeta Isaías,
referindo-se a ela, diz: "Este povo que andava em
trevas viu grande luz" (Is 9: 2). b) São poucas as alusões
feitas a Babilônia, ao exílio e à
restauração.
O profeta Isaías e outros seus
contemporâneos já existiam antes do exílio para Babilônia. Existe apenas um
evento em conexão com o exílio referido pelo autor, mas que era perfeitamente
conhecido aos israelitas nos dias de
Isaías. Os profetas daquela época vaticinaram a destruição de Jerusalém e
do Templo, Am 2: 5; Mq 3: 12; Is 3: 8; 6: 11; a desolação da terra de Judá,
Os 8: 14; Am 9: 11, 14; Is 3: 25, 26; 6: 11, 12; 32: 13; o cativeiro seria em
Babilônia, Is 39: 6, 7; cp. 11: 11; Mq 4: 10; que os cativos haviam de voltar
do exílio, Jl 3: 1; Is 11: 11; que Jerusalém e o Templo seriam reedificados,
Mq 4: 2; não obstante a profecia sobre a destruição da cidade, 3: 12; cp. Jl
3: 16, 17, 20, e que muitas gentes viriam a
Jerusalém para adorar o Senhor, Is 2: 2-4; 11: 10; 18: 7; Mq 4: 1-3. c)
As condições espirituais do povo,
mencionadas nestes capítulos, pertencem ao tempo de Isaías, tais como: a
idolatria debaixo das árvores frondosas, Is 57: 5 e 1: 29; 2Rs 16: 4, e no meio
dos carvalhos, 57: 5, e 1: 29; Os 4: 13 e nos jardins, 65: 3; 66: 17, e 1: 29,
no sacrifício de seus tenros filhos, 57: 5 e 2Cr 28: 3; 33: 6; 2Rs 23: 10,
oferendo sacrifícios nos altos, 57: 7 e 2Cr 28: 4; Os 4: 13; cp. Ez 6: 13; a
hipocrisia, 58: 2-4; 29: 13; a violação do sábado 58: 13; Am 8: 5; Jr 17:
19-27; o derramamento de sangue e a violência, 59: 3, 7 e 1: 15; Mq 7: 2, a
falsidade, a injustiça e a opressão,
59: 4, 6, 7, 9; 5: 7, 23; 10: 1, 2; Mq 2: 1, 2; 7: 3; abandono da casa de Deus,
43: 23, 24; 2Cr 28: 24; 29: 27; 2 Rs 15: 4; 2Cr 27: 2; 2Rs 15: 35; 2Cr 33: 10.
Os sacrifícios sobre ladrilhos, 65: 3, era imitação das práticas do
paganismo no Egito, na Assíria ou em Babilônia, que os israelitas imitavam em
Jerusalém antes do cativeiro, 2Rs 23: 12; Jr 19: 13. Ofereciam
carne de porco e comiam dela, 65: 4, em companhia dos egípcios e dos
babilônios nas festas de Selene e de Dionísio (Heród. 2: 47, 48). 3. Ao
argumento que as afirmações a
respeito da condição do povo se combinam com os fatos históricos, ao passo
que as que se referem a
acontecimentos futuros não tiveram
confirmação, responde-se que tais afirmações se aplicam com igual força
aos escritos de Isaías reconhecidos como tais. Ele prediz a destruição
das cidades, a completa desolação do país e o exílio
de seus habitantes para uma
terra longínqua, 6, 11, 12. Tudo isto se cumpriu ao pé da letra. Porém, ele
também profetizou que à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos
povos, a ela mesma virão fazer-lhe suas rogativas as nações, e será glorioso
o seu sepulcro; anunciou a volta do
povo de Deus de todas as partes do mundo, secando as
correntes que possam impedir a sua marcha, abrindo um caminho largo desde
a Assíria para as relíquias de seu povo, e fazendo que o lobo e o cordeiro
habitem juntos em paz, 11: 6-8, 10, 12, 15, 16; veja também Am 9: 11-15; Mq 5:
4; 7: 12. Estas predições são semelhantes às que na última parte do livro,
são taxadas de expressões extravagantes de um entusiasta, e que ficaram sem
cumprimento. A não ser que estas numerosas passagens
sejam eliminadas, o profeta Isaías, e com ele os seus contemporâneos,
que viveram dois séculos antes da queda de Babilônia, escreveram muitas vezes,
nos mesmos termos precisamente como o autor da última secção já referida. Um
dos pontos em que se apóia a negação da autenticidade dos últimos vinte e
sete capítulos, é a menção do nome de Ciro, 44: 45. 1. Josias também foi
nominalmente profetizado, 1Rs 13: 2. Se é possível a profecia, se ela foi
proferida por homens santos
ensinados pelo Espírito Santo, então o nome do rei
Ciro foi escrito pelo profeta Isaías. De outro modo, as palavras como se
acham no seu livro não foram profetizadas senão duzentos anos depois da vida
do profeta. A Igreja sempre acreditou nas profecias
de Isaías e na sua inspiração.
No original hebraico escreve-se o nome como Yehezqe'l que se julga significar
Deus Fortalece. Na Septuaginta escreve-se Lezekiel, e assim passou para a
Vulgata como Ezequiel. Este nome é totalmente desconhecido nas outras
escrituras, sendo, pois, um nome original.
QUEM ERA?
Era filho de Buzi, dos cativos de
Judá. Ele foi levado para Babilônia no terceiro ano de Joaquim, quando
Nabucodonozor assaltou Jerusalém pela primeira vez. Com ele foram levados sete
mil, entre o que havia de melhor entre os artesãos e artistas de Judá. Daniel
foi nessa primeira leva (II Reis 24: 15 e 16)
A CHAMADA AO MINISTÉRIO PROFÉTICO
"No trigésimo
ano"(1:1), não se sabe o que significa esta data, pois não tem qualquer
ligação com as datas conhecidas. Pensa-se que seja a idade do profeta. O dia e
o mês e o ano são dados com absoluta exatidão, o que identifica perfeitamente
a pessoa e o seu ministério. No quinto dia, do quarto mês, do quinto ano do
cativeiro do rei Joaquim (ver II Reis 24: 18, 19; II Crôn. 36: 9-16, começou
ele o seu ministério, que se estendeu até o primeiro mês do vigésimo sétimo
ano (29:17) tendo durado vinte e dois anos, um ministério aparentemente curto,
mas, para aquele tempo, bastante longo. Era casado e sua esposa morreu no dia em
que começou o cerco de Jerusalém (24: 1, 15, 18). Ele sobreviveu, para ver a
libertação de Joaquim por Evil-Merodaque no ano trigésimo sétimo do
cativeiro (II Crôn. 36: 22, 23). Parece evidente que ele conhecia Daniel e seus
companheiros de deportação (14: 14, 20, 28). Portanto as grandes emoções dos
dias de Joaquim e sua deportação para Babilônia deveriam perdurar por anos em
sua mente. Quantas alterações na história durante estes vinte e dois anos! A
morte do grande rei Nabucodonozor, a subida ao trono do filho deste,
Evil-Merodaque, e tantos outros fatos que se desenrolaram na grande capital, de
que ele não nos dá conta. De uma coisa ele estava certo: que o seu povo um dia
voltaria a Jerusalém, pois a profecia de Jeremias 25: 11 devia ser bem
conhecida. A sua morada parece que ficava junto ao rio Eufrates (24: 16-18). A
sua missão foi revelar o pecado do seu povo, por cuja causa tinha sido levado
em cativeiro, mas o Deus perdoador o devolveria um dia à sua própria terra, a
amada Jerusalém. Israel seria novamente reunido, e todos com um coração novo,
adorariam o Grande e Bondoso Deus. E então a cidade seria chamada Jehová
Chamah, O Senhor está ali. Deus não esqueceria o seu povo e o reuniria outra
vez, e de maneira muito maravilhosa. Não temos notícia de ele haver voltado
com os cativeiro, assim como não voltaram Daniel e outros. Muitos, sabemos,
estavam tão ocupados em seus bons negócios que acharam melhor ficar do que ir
arriscar a vida numa cidade destruída. Todavia, cremos que este não seria o
caso de Ezequiel e Daniel e outros expoentes da vida hebraica.
DANIEL
= Hebr. Deus é meu juiz. |
|
Nome
do célebre profeta judaico da côrte de Babilônia.
Descendia da família real de Judá, Dn 13-7. Ainda jovem foi levado
cativo por Nabucodonosor por ocasião do primeiro cerco de Jerusalém que se deu
no reinado de Joaquim, 605 A. C., Dn 1:1; Jr 25:1. Em Babilônia, ele e mais
outros jovens cativos de alto nascimento e de gentil presença foram separadas
para exercerem funções de estado. Ele e mais três companheiros conseguiram
que o eunuco mor substituísse os alimentos a eles destinados pelo rei, por
outros mais simples e que não contrariavam as leis de Moisés, Dn 1:8. Os
quatro jovens cativos fizeram-se notáveis pelo seu saber, enquanto a graça de
Deus os preparava para enfrentarem a morte na defesa das leis divinas, o período
tutelar terminou no terceiro ano, quando entraram ao serviço da côrte.
Daniel permaneceu assim até ao ano 538 A. C., primeiro ano do reinado de
Ciro, 1:21. No segundo ano de
Nabucodonosor, 603 A.C., comp. 5:18. Daniel interpretou os sonhos do rei
revelando-lhe o que havia visto e qual era o sentido da grande estátua, 2:1-46. Em conseqüência de tão sábia explicação, Daniel foi
elevado à categoria de príncipe dos sábios e governador de todas as províncias
de Babilônia e prefeito dos magistrados, 46-49.
Depois, interpretou a visão que revelava a próxima loucura do rei (cap.
4). Ezequiel citou o nome de Daniel como exemplo de notável retidão e
sabedoria, Ez 14:14; 28:3. No primeiro ano de Baltazar, o próprio Daniel teve
um sonho no qual viu, sob a figura de animais, quatro impérios sucessivos que
chegavam até o tempo quando o Antigo dos Dias se assentará para Juízo e um
semelhante ao Filho do Homem viria sobre as nuvens do céu para estabelecer um
reino espiritual sobre a terra que duraria para sempre, cap. 7. A cena da visão
que ele teve no terceiro ano de Baltazar, foi em Susa, 8:2, capital do Elão e
residência do já celebrado Ciro, rei dos persas, 8:20 . Nesta Vista,
apareceu-lhe um carneiro em luta contra um bode de cuja cabeça saia um corno
insigne entre os seus dois olhos. Este corno foi quebrado, formando-se por baixo
dele quatro outros cornos, de um dos quais brotou um pedaço pequeno que se
elevou contra a terra gloriosa e contra seu santuário; símbolo dos impérios
Medo-Persa e Macedônio, a divisão deste último em quatro reinos e o
aparecimento de um rei feroz que havia de profanar o santuário, cap. 8. Quando
se deu a queda do império de Babilônia, Dario constituiu 120 sátrapas com
intendência sobre todo o reino; e pôs por cima deles os três príncipes, dos
quais um deles era Daniel, cap. 6:1,
2 . A inveja provocada pela sua eminência e saber, deu origem a uma conspiração
que o lançou no cova dos leões, 3-23; 1 Mac 2:60 . No primeiro ano do rei
Dario, Daniel concluiu pela lição dos livros, Jr 25:11, 12; 29:10, que o
cativeiro chegava a seu termo, Dn 9:1, 2; humilhou-se, confessou os pecados do
seu povo e orou em conseqüência de que, foi-lhe revelada a profecia das
setenta semanas, 9:24 . No terceiro ano de Ciro, rei dos persas, teve ele outra
visão do conflito último entre os poderes do mundo e o reino de Deus, caps.
9-12 . Como este profeta exerceu o seu ministério durante a dinastia de
Nabucodonosor e dos reinados de Dario medo e de Ciro persa, 6:28, devia ter
atingido uma idade muito avançada,
nada se sabe de quanto viveu, nem como se deu a sua morte.
Encontram-se referências a este
profeta nos seguintes livros da Bíblia: Ez 14:14; 28:3; Ne 12:11; 1 Mac 2:60;
Mt 24:15; Mc 13:14; Hb 11:33.
Oséias é o nome de um profeta,
filho de Beeri, que vaticinou nos dias de Oséias, de Joatã, de Acaz, de
Ezequias, reis de Judá, e de Jeroboão II, rei de Israel, Os 1: 1. Presumindo
que Oséias profetizou durante doze ou treze anos do reinado de Jeroboão e que
chegou a ver a queda de Samaria, no ano 722 A. C., o seu ministério estendeu-se
por mais de quarenta anos. Este profeta deveria ser do norte do reino, porque
fala do "nosso rei" e da "terra", referindo-se ao norte de
Israel, sem o auxílio de um adjetivo restritivo, 1: 2; 7: 5. Dirigiu-se ao povo
daquele reino. Oséias e Isaque eram contemporâneos; este operava em Judá, Os
1: 1 e Is 1: 1. Começou sua atividade profética no reinado do segundo Jeroboão,
quando contemporâneo de Osias, isto é, antes de 749 A. C., e alguns anos antes
do aparecimento de Isaías, e terminou mais cedo que ele. Oséias também foi
contemporâneo de Amós no reino do Norte, e de Miquéias que profetizou em Judá.
Nome
de um dos filhos de Petuel e autor
do segundo livro dos profetas menores, Jr 1:1, cuja biografia se ignora. O seu
livro abre-se com uma descrição dos estragos causados pelos gafanhotos,
agravados pela praga da lagarta e do brugo, 1:4-12, 17-20; cp Am 7:1, 2, 4. Os
gafanhotos simbolizavam exércitos invasores, Ap 9:3-11. Os antigos intérpretes
das profecias, empregam este nome como símbolo dos inimigos de Israel. Parece,
no entanto, que os gafanhotos mencionados no capítulo já referido, e no capítulo
dois, fazem parte de uma praga tremenda que devastou as terras de Israel,
semelhante a um exército invasor. A Palestina era visitada ocasionalmente por
nuvens de gafanhotos, vindas do nordeste, em direção ao mar, onde pereciam,
2:20. Se o país estava realmente coberto de gafanhotos, isto serviu ao profeta
para simbolizar o terrível dia do Senhor, e ao mesmo tempo oferecia
ocasião para dar corpo à sua mensagem.
AMÓS =
Fardo, Carregador de Fardos. |
|
1. Profeta, natural de Tecoa, cidade
da tribo de Judá, situada a cerca de 10 quilômetros ao sul da vila de Belém,
Am 1: 1. Pertencia à classe humilde do povo, e empregava-se no mister de pastor
de ovelhas. Sendo habitador de Tecoa passava o tempo no deserto que se estendia
para o oriente até ao Mar-Morto, na guarda dos rebanhos. Nesta bravia região,
ele se sustentava com o produto dos sicômoros existentes nas planícies próximas
ao mar.
Nas suas profecias revela ter
conhecimento de lugares distantes e de fatos que só poderia conhecer fazendo
viagens longas, conduzindo ovelhas ou carregando lã para o Egito ou para
Damasco. Sendo cidadão do reino de Judá, foi pelo Senhor comissionado para
exercer missão profética no reino das dez tribos. Apareceu em Betel que era
naquele tempo onde se achava o santuário do rei, onde se achava um dos dois
bezerros de ouro que Jeroboão I mandou fazer para objeto de culto, Am 8: 14; Os
8: 5, 6; 10: 5. Amós falou tão fortemente contra os pecados do rei e do seu
povo, que Amasias, idólatra em Betel, mandou dizer a Jeroboão II, que Amós
conspirava contra o rei no meio da Casa de Israel, Am 7: 10. Não se sabe
quando, nem que circunstâncias se deu a sua morte.
Amós cria em Deus como
onipotente, criador de todas as cousas, governador de suas criaturas, e
governador dos povos, inflexível em sua Justiça, cujo poder se estende até
aos infernos e que sonda o que há de mais íntimo nos homens. Amós era grande
observador dos homens e de seus atos e podia refletir sobre tudo que via, e
generalizar os seus raciocínios nas relações com Deus.
A profecia de Amós oferece belo espécime
do puro estilo hebreu, dicção simples, sem prejuízo da dignidade e do vigor
de seus discursos. É moderado no emprego de imagens, sem enfraquecer o objetivo
de sua missão. Usou de frases que se perpetuaram até nossos dias como: moeda
de bom metal. Vide caps. 3: 3, 6;
4: 11, 12, e 6: 1 de seu livro. Amós não é tão brando, nem tão sentimental
como Oséias, no exercício de seus ministérios. Oséias profetizava aos da sua
própria tribo. Amós mostra um ar de altivez muito natural em um profeta de
outra tribo e de outro reino. Ainda mais, ele pronuncia a Justiça a respeito
dos povos, cujos laços de sangue não eram tão íntimos com o seu povo.
O livro de Obadias é o quarto dos
profetas menores, e contém apenas um capítulo em que prediz a destruição de
Edom, 1-9, dando como causa a mortandade e o agravo feito a seu irmão Jacó,
10, 11. Exorta a Edom a não zombar mais dos filhos de Judá nos dias de sua
perdição, 12-16, e anuncia o livramento e a expansão de Israel, 17-21. A
profecia inteira deriva todo o seu vigor da grande verdade, claramente
discernida pelos outros homens piedosos, de que o dia de Jeová estava perto
sobre todas as gentes, 15, para destruir a todos os inimigos, quer nacionais,
quer estrangeiros, e para firmar sobre a terra o reino de Jeová, 21; cp. Is
2:12, 17, 20, 21;10:12-19; Jl 3:12-21; Am 5: 18; 9: 8-15; Mq 4: 11-13. Existe
muita incerteza quanto à data da profecia.
I. Acredita-se geralmente que pertence ao período caldeu, quando Jerusalém
esteve alternadamente em poder do rei do Egito e do rei de Babilônia, e,
finalmente, tomada por Nabucodonosor em 587 A. C., arrasada, e seus habitantes
levados cativos para Babilônia. Esta opinião baseia-se na descrição que ele
faz do estado calamitoso de Judá, 10: 15, e da acusação feita a Edom pelas
suas simpatias para com Babilônia, Sl 137: 7, e das severas denunciações dos
outros profetas do tempo contra Edom, Jr 49: 7-22; Ez 25: 12-14; cap. 35.
II. A profecia pode ser muito
anterior, porque: (I) Nenhuma alusão faz aos espantosos incidentes da tomada de
Jerusalém, do incêndio do templo, da destruição dos muros da cidade e do
cativeiro de seus habitantes. (II) A relação dos vv. 1-9 com Jeremias 49:
7-22. É geralmente reconhecido que a unidade e o movimento de espírito de
Obadias e a semelhança entre as duas passagens, indicam que Jeremias dependia
de Obadias. (III) A atitude hostil de Edom já vinha de muito longe, Ez 35: 5, e
o modo de sentir que Obadias manifesta contra ele, já o havia manifestado Amós
um século antes da invasão dos caldeus, Am 1: 6, 9, 11, 12;19:12;cp. Jl 3:19.
(IV) As condições históricas e particulares que o profeta pressupõe já
existiam no reinado de Acaz. Jerusalém havia sido saqueada várias vezes;
invadida e devastada pelos árabes e filisteus no reinado de Jorão, 2 Cr 21:
16, 17; cp. Am 1: 6, no reinado de Amazias, que matou a muitos edomitas. O rei
de Israel entrou em Jerusalém, deitou abaixo a parte do muro da cidade que olha
para o norte, saqueou o templo e o palácio do rei e levou reféns, 2 Rs 14: 14,
17; 2 Cr 25: 11, 12, 23, 24. Estes fatos terão servido de motivo para amortecer
o espírito de fraternidade, o que Obadias profligou. Neste caso, a profecia
deve ser do ano 791 A. C., e antedata a Joel, cp. Ob 17 e Jl 2: 32. Ver Joel.
Porém, se assim for, a sua posição depois de Joel é um desvio notável da
ordem cronológica dos profetas menores.
III. O livro todavia pode ter data
aproximada ao tempo de Acaz. No tempo deste rei, grandes calamidades caíram
sobre Judá: o rei de Damasco arrebatou os edomitas das mãos de Acaz; o rei de
Israel levou suas armas até às portas de Jerusalém; os filisteus tomaram as
cidades da planície de Judá; Acaz despojou o templo de seus tesouros para
alcançar auxílio do rei da Assíria, de quem se fez vassalo, os israelitas
também foram levados cativos, Ob 20; Am 1: 6, 9; cp. 1 Cr 5: 26. Depois, os
edomitas fizeram violências a seu irmão Jacó, negaram-lhe
auxílio e fizeram-se como um dos inimigos de Judá, 2 Cr 28: 17; 2 Rs
16: 6; Ob 10, 11. O ano de 731 A. C., ou um pouco antes, no reinado de Acaz,
quando Judá sofreu tão grande humilhação, foi tempo muito apropriado para
Obadias proferir as condenações contra Edom, repreendê-lo por negar apoio a
Judá e por suas hostilidades passadas e presentes, e por se alegrar com as misérias
atuais de seu irmão, porquanto o tempo de seu castigo se avizinhava.
1. Nome de um dos profetas
de Israel, filho de Amitai, natural de Gate. Antes de findar o reinado de
Jeroboão II, profetizou que Israel recobraria os antigos limites desde a
entrada de Hamate até ao mar do deserto, 2 Rs
14:25; Jn 1:1.
O livro de Jonas é o quinto na ordem
dos profetas menores. Na versão dos Setenta ocupa o sexto lugar.
Pode-se dividi-lo em três secções:
I. Desobediência de Jonas, cap. 1.
Deus ordenou-lhe que fosse pregar a Nínive, anunciando-lhe a sua próxima
destruição. Jonas, porém desejava que aquela cidade fosse castigada, abatendo
assim um dos grandes inimigos de Israel. Receava que a sua pregação produzisse
efeitos contrários a seus desejos, que o povo se arrependesse e que Jeová
suspendesse a execução de sua justiça. Por isso, desceu a Jope e encontrando
ali um navio que ia para Társis, embarcou nele. Pavorosa tempestade se
levantou, ameaçando o navio. Os marujos lançaram sortes para descobrir o
causador de tão forte calamidade. A sorte caiu sobre Jonas. Então ele lhes
contou que era servo do Deus do céu, que fez o mar e a terra, e que se o lançassem
às ondas, cessaria a tempestade. Com relutância obedeceram. A tempestade
acalmou-se logo, e o profeta que havia desaparecido no abismo, foi tragado por
um grande peixe que Deus havia preparado.
II. A oração de Jonas, cap. 2. Surpreendido por achar-se vivo no seio das águas,
o profeta deu graças a Deus por haver livrado da morte e manifestou desejo de
salvar-se. Finalmente o peixe o vomitou na praia.
III. A mensagem de Jonas e seus
resultados, caps. 3 e 4. Encarregado pela segunda vez para ir a Nínive,
obedeceu e deu cumprimento à sua missão. Os ninivitas fizeram público
arrependimento e Deus poupou a cidade. Jonas mostrou-se descontente com o
resultado da sua missão, não por causa do arrependimento que os salvou, 3:9;
4:2, mas porque ele sentia que a sorte de sua pátria corria sério perigo. Pela
hera que o Senhor havia feito murchar, ensinou-lhe Jeová uma lição da misericórdia
divina para com os homens. O motivo que levou Jonas a fugir, foi sem dúvida a
noção estreita de seu patriotismo. Receava que Nínive se arrependesse e que
Deus na sua misericórdia salvasse a cidade. Jonas desejava antes a sua destruição,
4:2, 4, 11, por ser um dos grandes inimigos de Israel. Se não fosse destruída,
a sua pátria correria sério perigo.
O objetivo deste livro é mostrar
que a graça de Deus não se limitava a beneficiar os filhos de Abraão e que os
gentios, conquanto ainda fora do alcance da lei, também poderiam participar dos
favores divinos. Além desta grande lição, o livro de Jonas oferece ilustrações
de grande valor espiritual.
1. Nínive arrependeu-se ao ouvir a
pregação de Jonas, enquanto que Israel permanecia surdo à pregação dos
profetas que lhe eram enviados, cp. Mt 12:41. É um tipo de verdade que seria
demonstrado futuramente na pronta conversão dos gentios em contraste com a
incredulidade de Israel. Os gentios submeter-se-iam à lei moral e aceitaram a
revelação divina no seu todo, conforme o método de salvação esboçado por
Oséias e Isaías, Os cap. 14; cp. Is 2:2-5.
2. Jonas na qualidade de israelita
e de servo de Deus, foi enviado a pregar aos gentios, provando deste modo que é
da vontade de Deus que o seu povo seja quem guie os gentios ao seu reino e os
conduza ao arrependimento. Jonas não foi o único dos israelitas em que esta
verdade se exemplificou. Elias foi enviado
a uma viúva de Sarepta, 1 Rs 17. Eliseu curou da lepra a Naamã da Síria, 2 Rs
5. Cristo conversou com a mulher samaritana acerca das cousas de Deus e curou a
filha de uma mulher sirofenícia, Mc 7; Jo 4.
3. Jonas, israelita e servo de
Deus, fugindo ao cumprimento de um dever, é
lançado ao mar. Donde Deus o tirou para obedecer ao mandado divino. Isto
vem ilustrar a doutrina profética, que os filhos de Israel, faltando aos
deveres que lhes foram impostos, seriam expulsos de sua terra. As relíquias,
porém, principalmente as de Judá seriam salvas para executarem a missão de
Israel para o mundo, Is 42:1-4; 49:1-13; cp. 2:1-4; 2:2-4; 11:10.
4. Jonas, servo de Deus, precipitado
no abismo, e tirado de lá vivo, Jn 2:2, 6, ilustra e talvez prediz a morte e
sepultamento do Messias e a sua ressurreição, ele que era o verdadeiro
israelita e perfeito servo de Deus, Mt 12:40. Alguém tem posto em dúvida que o
livro de Jonas tenha sido escrito por ele. O título, 1:1, é semelhante ao de
Os, Jl, Sf, Mq, Ag e Zc cuja autoria não sofre contestações.
Dizem mais que o livro foi escrito
muito tempo depois da morte de Jonas, porque:
1. Na oração a ele atribuída
encontram-se citações de salmos. Por exemplo: O cap. 2:3 contém palavras do
salmo 4:6 o v. 5 do mesmo cap. recorda as palavras do salmo 69:2; o v. 9 do
mesmo capítulo encerra o pensamento do Sl 50:14. Porém os salmos podem
igualmente conter citações de Jonas.
2. A linguagem do livro de Jonas contém
elementos aramaicos e construções gramaticais que se encontram em livros de épocas
posteriores. Mas o profeta Jonas pertencia ao reino do norte, isto é, ao reino
de Israel, e as feições lingüísticas do livro assemelha-se à literatura do
norte, como seja: O canto de Débora, as narrações de Elias e de Eliseu e as
profecias de Oséias. A palavra taam, de significação aramaica, é vocábulo
assírio que significa uma ordem do rei, e é a mesma palavra que se encontra no
livro de Jonas, empregada pelo rei assírio.
3. Falta o nome do rei assírio
que governava Nínive, o que parece indicar que o autor do livro o ignorava. Porém,
a referência é feita meramente ao monarca
como tal, justamente como se lê em Jz 11:12, 13 em que Jefté enviou
mensageiros ao rei dos filhos de Amom, sem dar o nome do rei. O mesmo modo de
dizer se encontra em referência ao rei de Moabe, em 1 Sm 22:3; e assim por
diante, falando do rei de Edom 2 Rs 3:12, do rei da Assíria, 23:29; 2 Cr 33:11,
do rei de Damasco, 2 Cr 24:23, apesar de serem nomes muito conhecidos aos
escritores dos respectivos livros, mas que não julgaram necessário mencioná-los.
Geralmente os hebreus falavam dos reis de Nínive, dizendo: rei da Assíria, e
no livro de Jonas diz-se, rei de Nínive. Do mesmo modo se diz de Seom, rei dos
amorreus, Nm 21:21, 29; Dt 1:4; 3:2; 4:46, também denominado rei de Hesbom, Dt
2:26; Js 2:5; 13:27, lugar de sua residência oficial. A Benadade chamava-o rei
da Síria, 1 Rs 20:1, e também rei de Damasco, 2 Cr 24:23. Acabe era rei de
Israel e também o denominavam rei de Samaria, 1 Rs 21:1. A data da profecia de
Jonas pode ser antes do reinado de Jeroboão II, ou pouco depois dele, 2 Rs
14:25. Cronologicamente talvez pertença à época posterior a Amós, Am 1:1,
antes do reinado de Tiglate-Pileser, rei da Assíria, que começou a governar no
ano 745 A. C.
Alguns consideram o livro de Jonas
como mito, lenda, parábola ou
conto.
Os principais intérpretes são de
opinião que este livro é:
1. Uma alegoria, ou narração parabólica,
opinião muito em voga, removendo a idéia de milagre, ou se não houve milagre
na salvação de Jonas, é extraordinária a natureza do acontecimento. Dizem
que Jonas era o tipo de Israel, fugindo às obrigações que lhe eram impostas
de dar testemunho da vontade de Deus ao mundo. O mar representa freqüentemente
as nações enfurecidas; o sono de Jonas, simbolizava a frouxidão de Israel em
cumprir os seus deveres para com os gentios, e por este motivo entregue ao
cativeiro, porém, conservado vivo; tendo sofrido as lições do cativeiro, porém
ainda preparado para empreender o cumprimento de sua missão, e ainda assim na
estreita compreensão da grande misericórdia de Deus para com as suas
criaturas. Em apoio desta teoria, citam o profeta Jeremias que representa
Nabucodonosor sob a imagem de um dragão engolindo a Israel, mas ao mesmo tempo
vomitando a sua prêsa, 51:34. Citam ainda Oséias que representa o exílio de
Israel durante apenas três dias, Os 6:2. Mas se o livro de Jonas contém
imagens tiradas de Jeremias, o mesmo se pode dizer de Jeremias, haver emprestado
as suas imagens de Jonas. Oséias foi contemporâneo do profeta Jonas no reino
de Israel, e poderia inspirar-se nas lições de Jonas se houvesse dependência
recíproca, entre Os 6:2 e Jn 1:17.
2. Alegoria histórica. O elemento
miraculoso aumenta ou diminui segundo o juízo e o conhecimento individual. A
concepção da narrativa como verdade histórica, tem a seu favor o seguinte:
(I) A forma do livro é histórica e todos que o lêem recebem esta impressão.
(II) Jonas é sem contestação uma personagem histórica. (III) Conquanto se
possa dizer que as palavras de Cristo a respeito de Jonas estar no ventre da
baleia, não quer dizer que o fato seja realmente histórico e que Jesus
acreditasse na sua realidade, é não obstante muito provável que os judeus
pensassem de modo diferente e que Jonas fosse tido como personagem real, Mt
12:39; Lc 11:29, 30. (IV) O conteúdo deste livro foi sempre considerado pelos
judeus como narração histórica, Antig. 9:10, 2. (V) O arrependimento dos
ninivitas é fato digno de fé. Os
ninivitas, como todos os outros povos eram supersticiosos; as misérias do povo
e a condição lastimável do império, dispunham-nos a escutar a voz dos
deuses. O aparecimento de um profeta, vindo de terra estrangeira da qual haviam
sabido cousas maravilhosas, devia ter produzido um efeito extraordinário: o Espírito
de Deus opera quando e onde quer. Contra o caráter histórico do livro, há os
seguintes argumentos: (a) Que a conversão permanente dos ninivitas não se deu.
De certo que não e nem se diz isso em qualquer parte do livro: o que se diz é
que o povo daquela geração se arrependeu sob a ação do rei. Assim aconteceu
com os homens de Judá no reinado de Ezequias e de Josias, que se santificou à
ordem de seus reis. (b) Outro argumento contra o caráter histórico do livro,
é a descrição que ele faz sobre as dimensões da cidade, 3:3; 4:11. Veja Nínive.
(c) Outro argumento põe em dúvida o rápido crescimento da planta que protegeu
a cabeça de Jonas contra o ardor do sol, 4:10. Mas este crescimento foi
miraculoso ou extraordinário? O Targum traduz o v. 10 desta forma; "Que em
uma noite cresceu e em outra murchou." Provavelmente esta
linguagem representa o caráter efêmero da planta, pela própria narrativa dos
vv. 6-8 não se pode concluir que o crescimento fosse miraculoso, cp. Sl 90:6;
Mt 6:30. (d) Diz-se ainda que o livro teve foros de histórico
quando se punha em ordem o cânon hebraico, colocando-o entre os livros
históricos e não entre os proféticos.
Porém os fatos nele contidos são típicos e proféticos, como os que se
encontram em Zc 6:9-15. E o que é mais, o cânon hebraico
não faz distinção entre livros históricos e livros proféticos. Os
escritos em prosa dos profetas oficiais estão agrupados por si mesmos.
Excetuando o livro de Rute, todos os demais livros, desde Josué até ao 2º
livro dos Reis, inclusive, pertencem à classe dos livros proféticos. Está
coleção forma uma história contínua, seguida imediatamente por um segundo
grupo, denominado profético, que compreende todos os demais livros restantes
que têm o nome oficial do profeta. É aqui o lugar a que pertence o livro de
Jonas, e aqui foi ele colocado. Vide cânon.
Nome de um profeta natural de Morasti,
cidade que parece ter pertencido a Judá, não distante de Gate, e que por algum
tempo serviu de dependência dos filisteus. Miquéias profetizou nos reinados de
Jotão, de Acaz e de Ezequias, reis de Judá, Mq 1: 1; Jr 26: 18. Começou,
portanto, a sua carreira, pouco depois do seu contemporâneo Oséias e também
depois de Isaías, cp. 1: 1 com Is 1: 1 e Oséias, 1: 1. Falou sobre os mesmos
grandes temas como Isaías e em termos tão semelhantes, que Calvino o denominou
colega de Isaías.
O estilo de Miquéias é simples e
elegante. Repreende sem rebuço o pecado, 1: 5; 2: 1, 2; 6: 10-12. As transições
de pensamento são às vezes abruptas, que nem sempre se descobre a sua ligação
lógica. Gosta muito de fazer interrogações, 1: 5; 2: 7; 4: 9; 6: 3, 6, 7, 10,
11, é irônico, 2: 11; emprega metáforas, 1: 6; 3: 2, 3, 6, 4: 6-8, 13; 6: 10,
11, 14, 15, compraz-se em paranomasias que ele emprega largamente no primeiro
capítulo, e talvez servindo-se delas para determinar o parágrafo final de seu
livro, em que ele fala em louvor de Jeová, baseado em uma pergunta: "O'
Deus, quem é semelhante a ti"? O profeta encerra a sua predição,
declarando que as suas palavras tem fundamento naquele que não conhece outro
igual a si, repetindo assim o significado de seu nome, Miquéias.
Em suas relações com Israel e em
sua experiência individual, Miquéias baseia a sua confiança e a sua força no
caráter de Deus, revelado nos dez mandamentos 2: 7; 6: 3-5; 7: 15. Deus faz
justiça e ama a misericórdia e quer que o seu povo seja justo e
misericordioso. As promessas de Deus serviam também de baluarte ao profeta e
comunicaram-lhe doce energia; sabia que a segurança de Israel dependia dos propósitos
divinos para salvar o seu povo, segundo as promessas feitas a Abraão, 7: 20, e
centralizadas no filho de Davi, 5: 2-6; cp. Lc 1: 72-75. Os inimigos deste
reino, não podem prevalecer contra ele. O cap. 5 baseia-se na mesma verdade,
expressa no Sl 2, e do mesmo modo, a mensagem de perdão e restauração, 7:
8-20, tem seus fundamentos na palavra de Deus.
NAUM
= hebr. Compassivo. |
|
Profeta natural de Elcese, aldeia da
Palestina. Profetizou para a tribo de Judá, 1: 15, e não para as dez que
estavam no cativeiro.
O lugar que este livro ocupa na
ordem dos profetas menores, depois de Miquéias e antes de Habacuque e Sofonias,
dá a entender que foi escrito entre o princípio do reinado de Ezequias e o
final do reinado de Josias, Mq 1: 1, Sf 1: 1, porque este profeta faz referências
a destruição de Noamom (Tebas, Egito), 3: 8-10, tomada pelos assírios em 664
A. C., e prediz a queda de Nínive, 7, que ocorreu pelo ano 600. Tudo isto marca
os limites do tempo em que o livro foi elaborado, que vem a ser nos cinqüenta e
oito anos decorridos entre os dois acontecimentos citados, quando o povo se
achava consternado pelas persistentes invasões dos assírios e pelo cativeiro
de seu rei. O tema da profeta é o peso de Nínive, 1: 1. Insiste em declarar
que Jeová é Deus zeloso e vingador, que se arma de furor contra seus adversários
e ao mesmo tempo serve de baluarte para os que nele confiam, 2-8; acusa o povo
de se mostrar indiferente para com aqueles que falam a abandonar o seu serviço,
9: 11; declara firme o propósito que Deus tinha de livrar o seu povo, 12-14; e
exorta-o a permanecer fiel ao Senhor e às suas ordenanças, 15. Nestas bases, o
profeta passa a descrever a destruição das nações que estavam em oposição
ao reino de Deus, descreve o sítio da cidade, 2: 1-10, e aproveita a ocasião
para mostrar o seu estado lastimável, semelhante a uma caverna de leões,
11-13. Voltando a descrever o sítio, atribui as desgraças que ela sofre à
multidão de seus crimes, 3: 1-4. Aludindo a eles, o profeta faz uma comparação
entre ela e uma prostituta, castigada com vergonha e opróbrio, 5-7. Chama a
atenção para No-Amom, Tebas, cujos habitantes sofreram o cativeiro, sendo
superior a Nínive, 8-10, e anuncia que esta cidade será igualmente destruída,
11-19. Em Naum 3: 8-10, a versão de Figueiredo traz Alexandria, o que é um
grosseiro anacronismo, onde se lê No-Amom, i, é, Tebas do Egito na V. B. e em
Almeida.
A profecia começa com uma introdução
poética em ordem alfabética, 1: 2-15, sem a feição de um salmo cujos vv.
começam por uma letra como se vê no Sl 119. O autor do livro faz mais:
serve-se dos sons consecutivos das letras para assinalar os tópicos e não os
vv., e para acompanhar cada um dos tópicos simples ou em grupos, no curso de
sua majestosa oração. Educa o ouvido para entender certos sons e ouvi-los com
prazer. Assim, pois: I. O profeta enuncia uma doutrina referente a Jeová, Deus
de Israel (soando o aleph na primeira palavra el, Deus), doutrina que serve de
fundamento à verdade em que assenta a sua profecia, a saber, posto que tardo em
se irar, toma vingança sobre seus adversários, 2, 3; em que o aleph dá começo
às palavras mais importantes. Depois, passa a descrever a majestade e o poder
de Jeová, servindo-se na natureza, dizendo: O Senhor anda entre a tempestade e
o torvelinho, e debaixo de seus pés se levantam nuvens de poeira (a letra beth
soa três vezes nesta parte do v. 3); ameaça o mar, e ele o seca, e muda todos
os rios num deserto. Basã e o Carmelo perderam a força e a flor do Líbano
amorteceu (o v. 4 começa com gimel); os montes foram por ele abalados e os
outeiros ficaram desolados e a terra e o orbe e todos que nela habitavam,
tremeram diante dele, 5; neste v. o gimel aparece quatro vezes em palavras
proeminentes, e quatro vezes também se emprega a conjunção vav; diante da
face da sua indignação, quem é que poderá subsistir? e quem resistirá
contra a ira do seu furor? 6; as palavras de mais forte expressão começam, uma
vez com zayin e duas vezes com hheth, em sua própria ordem. A verdade assim
exposta, compreende, de um lado, a bondade de Deus para com o seu povo e o
conhecimento que ele tem de cada um dos que esperam nele, 7; as palavras começam
com teth e yodh; e de outro lado, a destruição completa do mal, 8; a palavra
principal sendo kalah, retém os dois sons kaph e lamedh, acompanhadas duas
vezes pelo som mem na palavra "lugar." Chega-se ao clímax da
doutrina. II. Abre-se uma nova secção do excelso discurso, em que o profeta
fundamenta as suas predições nas verdades já expostas. Insiste na
improficuidade da oposição a Jeová: primeiro em forma interrogativa, 9; cuja
parte principal começa com outro mem e termina com nun; em seguida faz uma
declaração, repetindo as conclusões da secção doutrinal, em que se repete a
seqüência dos sons kaph, uma vez e lamedh, duas vezes, nas duas palavras que
dominam o pensamento, kalah e lo, seguidas imediatamente pela repetição de mem
três vezes. Em seguida, o profeta prediz a destruição dos inimigos de Deus,
10-13; nestes vv. a letra samekh entra quatro vezes no princípio de quatro
palavras consecutivas, sibilando pelo v. 10, enquanto que ayin, arrasta-se
quatro vezes em palavras consecutivas do v. 11, e outras vezes na segunda metade
do v. 12 e na primeira palavra do v. 13. Segue-se a predição acerca do
livramento do povo de Deus, 14; neste v. a letra tsadhe está no princípio do
v. e goph é a letra inicial das duas palavras finais. Finalmente, em vista das
verdades expostas, o profeta exorta o povo a continuar firme e sem
desfalecimento no seu serviço e nos atos de seu culto, 15. Neste v. as letras
resh, sin e shin, soam repetidamente na primeira metade do v. e a letra tav é a
última do v. e o som final da profecia que começa com aleph. O último v. pelo
sentido como pelo ritmo, forma a transição para o capítulo II.
As letras daleth e pe não se encontram nesta enumeração; mas quando se disser
toda a história dos sons, as encontraremos lá. O ouvido ficará satisfeito,
ouvirá tudo quando deseja ouvir. O discurso exaltado do profeta começa com a
letra aleph no v. 2, ouvindo-se também o beth, enquanto que no fim do v. as
duas letras soam juntas; aleph ouve-se duas vezes no princípio do v. 3, seguida
de gimel e de daleth juntas; depois, beth aparece duas vezes seguida de daleth,
aleph e beth aparecem de novo na palavra característica do encerramento,
seguidas de uma palavra que tem gimel; o v. 4 começa com gimel e deixa ouvir
repetida a letra beth, e o aleph faz-se ouvir no princípio e no fim da última
cláusula. Nestes vv. o aleph aparece dez vezes como letra radical; beth, sete
vezes também como radical, gimel e daleth duas vezes cada uma, Tau não aparece
nos primeiros dois v. e a letra sin não soa até ao v. 3. O grupo de letras,
desde he até yodh é empregado com certa parcimônia. A letra he começa e
termina o v. 5, é repetida nele várias vezes; e a letra vav, vê-se no princípio
ou no fim de quase todas as palavras. O pensamento do v. 6, está incorporado em
uma palavra que começa com zayin repetida duas vezes em sinônimos que começam
com hheth. Teth principia o v. 7, a palavra enfática de introdução à última
cláusula começa com yodh. A primeira parte do poema exibe uma exultante
conclusão, anunciando que a iniquidade será destruída; e a segunda parte
repete esta mesma verdade, como base profética e fundamento para as suas exortações,
8, 9. Entre estas duas partes, e como transição da primeira para a segunda,
existe uma pergunta, mostrando quão louca é a resistência contra Jeová. Em
cada passagem o poeta emprega os sons consecutivos kaph, lamedh e mem; o
essencial do assunto começa por mem e termina por nun. Nos v. 9-11, os sons de
men, nun, samekh, ayin e tsadhe são muito freqüentes e dominantes. A letra pe
também se vê, porém, em completa subordinação, e talvez sem emprego
intencional da parte do profeta; todavia a sua ocorrência agrada ao ouvido. Nos
vv. 13 e 14, as letras goph, resh, shin e tav tem proeminência muito legítima:
tav, shin, e resh, no final das sílabas consecutivas do princípio do v. 13, e
shin, goph, resh e tav no princípio das sílabas das últimas quatro palavras
do v. 14. No v. 15, a letra resh aparece em três palavras consecutivas seguidas
de sin e shin nas mesmas palavras, e terminando com a radical tau.
HABACUQUE =
Abraço ou talvez nome de uma planta de jardim. |
|
Profeta de Judá. Infere-se pela
leitura da sua oração no cap. 3, e pelo conteúdo do v. 19, que pertencia à
tribo de Levi, e que era um dos
cantores do templo.
O livro de Habacuque é o oitavo dos
profetas menores. Contém:
1. Queixas
sobre os trabalhos e iniqüidades dos ímpios
a que Deus não havia prestado atenção, 1: 2-4. Deus responde dizendo: Eis-aí vou eu suscitar os caldeus, essa nação
cruel e veloz, 5-10, que, por sua
vez, também será punida, 11.
2. Uma segunda queixa: O reino de
Deus, na verdade, não perecerá, e os caldeus serão visitados pela justiça
divina, 12, porém subsiste ainda um problema moral: Deus
consente que os caldeus
devastem e destruam os que são mais retos do que eles, 13-17. Deus
responde: Os caldeus são altivos e injustos, mas o justo vive pela fé, Hc 2:
1-4. Bem compreendida esta verdade, resolve o problema. A confiança que temos
em que Deus castigará a iniqüidade dos ímpios, habilita o profeta a
pronunciar os cinco ais contra as
grandes potências do mundo, pelas cinco formas
de suas maldades, 5-20.
3. Oração
de Louvor, 3: 1-19, em que, depois de
uma invocação e de uma petição para que Deus, na sua ira, se lembre de
sua misericórdia, o profeta descreve o aparecimento de Deus
em glória e majestade, enchendo de confusão a seus inimigos, 3-15, e
manifesta a sua inteira confiança
em Deus, 16- 19. O livro não tem data, porém, evidentemente, foi escrito no
período do domínio caldeu. 1. O templo ainda existia, 2: 20, e nele, o exercício
do coro musical, 3: 19.
4. O aparecimento do poder dos
caldeus entre as nações, ocorre
na geração do seu tempo, 1: 5, 6 e o aniquilamento da nação judaica, por
aquele povo, já estava iniciado,
1: 6, 17. O povo caldeu já era conhecido, desde muito, aos hebreus. Chamaram
sobre si a atenção do mundo pela revolta contra o poder dos assírios em 625
A. C. prosseguindo, daí em diante, a sua carreira de conquistas, que lhes deu
lugar saliente entre os povos antigos, com a tomada de Nínive em 607 A. C., e
pelas vitórias alcançadas sobre os egípcios em Carquemis em 605. A maioria
dos críticos, por conseqüências, opinam que o livro devia ser escrito no
princípio do reinado de Joaquim,
quando se deu a batalha de Carquemis. Poderia, contudo, antedatar a queda de Nínive,
porque, não somente os caldeus começavam a mover-se em 625; mas ainda que os
acontecimentos, anteriores à queda de Nínive em 607, indicam a aproximação
da futura grande potência do mundo. A submissão deste povo ao reino de Judá,
havia sido vaticinada pelos profetas hebreus, Mq 4: 10; Is 11: 11; 39: 6, 7. Os
caldeus eram notáveis em todo o mundo pela sua ferocidade, pelo seu caráter
aguerrido, pela sua habitual crueldade, pelas devastações que praticavam e
pelos processos e métodos de guerra, perfeitamente descritos no cap. 1: 4-10.
Se a profecia teve lugar antes da vitória de Carquemis, o profeta, no cap. 1:
2-4, lamenta o carnaval de iniqüidade de que era testemunha em Israel, ou no
mundo em geral.
Nome
de um sacerdote, filho de Maaséia, Jr 21: 1; 37: 3. Certo falso profeta que
habitava em Babilônia, chamado Semaías, enviou cartas a Sofonias para que ele
castigasse ao profeta Jeremias por causa de suas predições desanimadoras, as
quais levou ao conhecimento do profeta, 29: 24-32.
Exercia ele as funções de vigilante do templo e de segundo sacerdote,
sob a chefia de Seraías. Depois da
tomada de Jerusalém pelos babilônios, Sofonias foi morto em Riblata, 2 Rs 25:
18-21; Jr 52:24-27.
AGEU =
hebr. Festividade. |
|
Nome de um profeta, contemporâneo de Zacarias, Ag 1: 1; Zc 1: 1. Profetizou depois da volta do cativeiro de Babilônia. O trabalho da reconstrução do templo estava interrompido havia 15 anos. O profeta foi o grande instrumento que levantou o ânimo do povo para continuar a obra, Ed 5: 1; 6: 14.
O LIVRO DE AGEU
O livro de Ageu contém quatro profecias pronunciadas no espaço de quatro meses, no segundo ano do reinado de Dario Histaspes, 520 A. C.
1. No primeiro dia do sexto mês, o profeta repreende aqueles que haviam deixado o templo em ruínas, ao passo que haviam construído para si, casas forradas de laçaria: mostra-lhes como as benções de Deus haviam decrescido sobre o trabalho de suas mãos. Em vista destas exortações, o povo meteu mãos à obra na reconstrução da casa do Senhor, no dia vinte e quatro do sexto mês.
2. No dia 21 do sétimo mês, ele anima aqueles que lamentavam a inferioridade do templo, comparado com a glória do primeiro; e prediz que a glória do segundo seria maior do que a do primeiro, porque o Senhor moveria as nações e o Desejado de todos os povos encheria de glória a nova casa, 2: 1-9; Hb 12: 16-28.
3. No dia 24 do nono mês, ele faz um aditamento a esta profecia, dizendo: Se um homem
poluto, por ter tocado um corpo morto, tocar qualquer de todas as causas, acaso ficará ela por isso contaminada? Responderam os sacerdotes e disseram: Ficará contaminada. Assim é que este povo, e assim é que esta gente, está diante da minha face, diz o Senhor, e assim está a obra de suas mãos, e todas as cousas que ali ofereceram, serão contaminadas, pelo que não mereceram as bençãos de Deus, 2: 10-19.
4. No mesmo dia ele acrescenta á segunda profecia: "Eu abalarei juntamente o céu e a terra, e farei cair os tronos e quebrarei a fortaleza do reino das gentes, e tomarei a
Zorobabel, filho de Salatiei, debaixo de minha proteção, diz o Senhor", 2: 20: 23
Nome de um profeta, filho de Baraquias, e neto de Ado, Zc 1: 1. Profetizou a princípio, no segundo ano de Dario
Histaspes, 520 a. c., 1: 1; Ed 4: 24; 5: 1. Foi contemporâneo de Zorobabel, governador da Judéia, de Jesus, sumo sacerdote e do profeta Ageu, Zc 3: 1; 4: 6; 6: 11; Ed 5: 1, 2, e uniu-se a este último para exortar os chefes do povo a reassumir a obra do templo do Senhor. É difícil acreditar que tivesse nascido em Babilônia, porque os exilados haviam regressado à Palestina havia apenas dezoito anos e Zacarias começou a profetizar antes de ter 18 anos de idade. É quase certo pertencer à tribo de Levi, e semelhante a Jeremias e a Ezequiel, fosse profeta e sacerdote ao mesmo tempo; porque, segundo
Neemias, Ne 12: 1, 4, 7, Ado era chefe de uma família sacerdotal e um dos que haviam voltado do cativeiro com
Zorobabel. Um dos descendentes de Ado, chamado Zacarias, foi chefe da casa sacerdotal de
Ado, durante o pontificado do sumo sacerdote Joiaquim filho de Jesus, 10, 12, 16. É verdade que a genealogia que se encontra no livro de
Neemias, pode ser inteiramente distinta da genealogia a que pertence o profeta, não obstante se encontrarem nela os mesmos nomes e na mesma ordem, porém a teoria que as identifica não tem a mínima conformação.
1. Quando Ado chegou a ser chefe de uma família sacerdotal, é justo concluir que já fosse avançado em anos, quando regressou do cativeiro no ano 538 a. C., Zacarias, seu descendente, chegou à mesma posição na geração seguinte, o que significa haver atingido à mesma idade, no ano 520 A. C. para que se pudesse chamar moço. O profeta Zacarias é assim chamado ( é verdade que por um anjo) no ano 520 A. C., Zc 2: 4.
2. Admitindo que Baraquias, pai do profeta, fosse filho de Ado, e que morresse antes do ano 520, sem chegar a ser chefe de uma família, então, o profeta Zacarias teria ficado na linha seguinte da sucessão e por isso é que Esdras o chama filho de
Ado, como seu sucessor e descendente. Mesmo que Baraquias fosse vivo, o seu nome podia ser omitido, porque só era necessário mencionar o nome do chefe da família a que pertencia, a fim de dar-lhe lugar entre as tribos de Israel. A suposição de haver morrido
Baraquias, também deve explicar porque é que na geração, posterior à volta do cativeiro, Zacarias aparece como chefe de uma família.
3. A teoria que dá o profeta como sacerdote, explica-se pela familiaridade que ele revela com as idéias e funções sacerdotais, caps. 3 e 4. A outra idéia é defendida por
Kimchi. Segundo ele o termo profeta que se encontra no cap. 1: 1, 7 refere-se a
Ado. Esta teoria é falha de provas, mas nem por isso se deve desprezar, porque, entre o vidente Ado e o profeta Zacarias, decorre um período de quatro séculos.
MALAQUIAS =
hebr. Meu mensageiro, ou mensageiro de Jeová. |
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Nome de um profeta escritor do último livro do Antigo Testamento, Ml 1:1. Nada se conhece a seu respeito além do que se lê no seu livro. De acordo com o significado do nome, 3:1. Alguns supõem que este nome de
Malaquias, não é o próprio nome do escritor, e sim a designação de um profeta, que talvez seja Esdras. Porém com todos os onze profetas menores que o precedem, tenham os seus nomes prefixados à suas traduções, é de supor que assim seja com a profecia de
Malaquias.
Este livro pode dividir-se da seguinte forma: 1. O amor de Deus para com Israel, escolhendo Jacó em lugar de Esaú, 1:2-5, não foi devidamente reconhecido: (a) Os sacerdotes e o povo, 6, 14, desonraram a Deus, oferecendo-lhe pão imundo e hóstias cegas e reses mancas e doentes, 6-14. Ameaças por se haverem apartado das normas por Deus estabelecidas para as funções sacerdotais, 2:1-9. (b) O povo contaminou a santificação do Senhor e se casou com a filha de um deus estranho, 11, desprezando a mulher de sua puberdade, 14, 16, e praticando atos de violência, 2:10-17.
2. Juízo iminente. O anjo de Deus vai preparar o caminho do Senhor, que virá a seu tempo, o mensageiro do Pacto virá para purificar a Levi e visitar os que praticam o mal, 3:1-6;
cp. Êx 23:20-23; Mt 11:10. 3. Chamar ao arrependimento; porque o Senhor virá com bênçãos e juízos, reduzindo aos que não fazem distinção entre o bem e o mal. Os que se voltarem de seus caminhos da maldade para Deus, serão o seu pecúlio; porém, os maus serão feitos como cinza debaixo dos pés, 3:7 até cap. 4:3. Exortações para observarem as leis de Moisés; anúncio sobre a vinda de Elias para preparar o caminho do Senhor, antes da sua vinda, 4:4-6; Mt 17:10-13; Lc 1:17.
No tempo desta profecia, o povo judeu não tinha rei, era regido por um governador, Ml 1:8, talvez um persa, nomeado pelo imperador, Ne 5:14. O templo que Zorobabel havia levantado estava em pé, e também o altar; ofereciam-se sacrifícios como dantes, 1:7-10, concluindo, pois, que Malaquias foi posterior a Ageu e Zacarias. Porém as manifestações de nova vida religiosa, que irrompeu logo depois da volta do cativeiro de Babilônia, de que tinha resultado a reconstrução do templo e das fortificações da cidade, tiveram tempo suficiente para se expandir. Sacerdotes e levitas haviam-se corrompido. A data deste livro, segundo
Vitringa, é 420 e segundo Davidson, 460-450, A. C.
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