Biogeometria

 

 

 

 

BIOGEOMETRIA

MISTÉRIO DA FORMA, NÚMERO ÁUREO, “CAOS E FRACTAIS”, ETC.

 

v      O Mistério da Forma

A Vida tende a produzir formas determinadas e em cada uma destas formas existe a tendência para uma específica e surpreendente unidade geométrica. Nos cristais em geral, e de forma muito admirável nos cristais de neve, percebemos (com recurso à microscopia) a existência de um modelo universal, com configuração exagonal, enquanto a estrutura dos organismos vegetais e animais nos revela uma forma pentagonal.

A existência de uma natureza geométrica não passou despercebida aos sábios da Antiguidade, e já Pitágoras se referia a este fenómeno. Leonardo Da Vinci (1452-1519), por sua vez, aplicou princípios matemáticos ao estudo do corpo humano, com a preocupação de estabelecer a divina proporção da forma humana. Note-se que Da Vinci era um homem desperto, e provou-o ao ter legado à humanidade obras em quase todos os ramos do saber: pintura, escultura, arquitectura, anatomia, projectos científicos e inventos (entre estes, complexos cálculos alusivos ao canhão, ao avião, ao submarino e ao helicóptero).

Não deixa de ser surpreendente o crescimento harmonioso que se pode observar na natureza, desde o mineral à planta, ao animal e ao homem, conseguido pela inteligência da natureza, através dos infinitos processos de evolução, com passagem pelos rigorosos critérios da selecção natural.

Sem que se torne necessário determinar se o que observamos é obra de um Grande Arquitecto do Universo, ou muito simplesmente o resultado do equilíbrio fenomenal entre as forças químico–termo–dinâmicas, ou ainda a influência de ambos, pretendemos evidenciar a existência de leis que regem a conservação e a evolução das formas. E será pouco provável que se possa actuar inteligentemente, no sentido da obtenção de uma maior saúde e melhor expansão da nossa personalidade, sem o conhecimento das Leis da Natureza, a que nos temos vindo a referir.

Também não devemos desprezar o poder «mágico» dos números, e não o faremos se nos recordarmos que desde a mais remota antiguidade as matemáticas foram a base dos estudos científicos de sábios como Tales, Euclides, Ptolomeu, Arquimedes, Pitágoras, Platão, Hipócrates, Aristóteles, e outros. E as conclusões a que chegaram permitiram-lhes realizar, nos mais diversos campos – geométrico, astronómico, mecânico, filosófico, artístico e místico –, trabalhos imortais sobre os quais se orientaram mais tarde Leonardo da Vinci, Dürer, Kepler, Kuhlmann, Carnot, Poincaré, Clausius, Berthelot, Curie, Einstein, etc..

v      O Número Áureo

Ao nos debruçarmos sobre o estudo da morfologia ficamos com a impressão de que a natureza vivente aspira à realização de uma proporção “tipo”. Foi certamente essa mesma percepção que levou os pitagóricos a estabelecer numericamente uma proporção áurea – a mesma que Leonardo Da Vinci classificou de divina – e que se define como uma medida ou cânone, até à qual tende toda a forma perfeita, sob pena de degenerar e desaparecer. Esta proporção áurea – ou divina – seria a relação existente entre dois termos consecutivos de uma entidade numérica, estabelecida de tal modo que um dos termos seja ao outro o que é o outro à soma dos dois.

Quando aplicada a uma superfície rectangular, a proporção áurea obtém-se quando o lado mais pequeno é ao maior o que o maior é à soma dos dois. O cálculo que melhor parece ter satisfeito uma proporção tipo ideal foi fixado no valor de 1.618, e assim, o rectângulo susceptível de proporcionar maior satisfação estética seria o que tivesse, em qualquer unidade de medida, a proporção correspondente a 1 de altura por 0,618 de largura.

Com base neste princípio, tal proporção tem sido aplicada em todas as formas de estética, e estendeu-se à pintura, à escultura, à música, e até à ética. Estabeleceu-se também que os actos vitais conducentes ao equilíbrio produtor da medida áurea, ou que dele nos afastam, são a melhor bitola para determinar o que é bem ou mal.

Os antigos templos e catedrais góticas foram edificados de harmonia com a divina proporção, a qual para os gregos representa uma espécie de variante do p (Pi), adaptado às formas diferentes do círculo. Tanto Leonardo Da Vinci como o astrónomo e matemático Johannes Kepler (1571-1630) basearam muitos estudos no conhecimento desta proporção.

Após um período de esquecimento de dois séculos, voltou  de novo a dar-se atenção à lei das proporções por volta de 1850, e foram empreendidos estudos para a verificar nos animais e no corpo humano.

Aplicada ao homem, esta proporção alcançaria o maior grau de perfeição quando tivesse 1,00 da planta dos pés ao umbigo, e 0,618 do umbigo à parte superior do crânio. A longitude da mão mede-se a si mesma com o antebraço, na mesma relação de 1 para 0,618. Enfim, a altura ideal do Ser humano verifica-se quando a estatura total multiplicada por 0,618 dá a medida entre a planta dos pés e o umbigo. Esta medida verificou-se no cânone dos escultores gregos.

Pelas medições efectuadas sobre milhares de corpos humanos, concluiu-se ser este o cânone ideal para expressar uma lei de estatura média para os corpos saudáveis. Foi demonstrada a existência de uma pequena diferença entre o corpo masculino e o feminino, pela verificação de que o primeiro, em termos médios, estava mais próximo da proporção áurea. Pretendeu-se explicar este fenómeno pela existência de menor desenvolvimento muscular na mulher, porque viveria uma vida mais sedentária, e isto era efectivamente verdade na época em que foram realizadas tais observações. Mas a prova de que não há razão para a existência de diferenças encontra-se nas esculturas gregas.

Quanto às crianças recém nascidas, observa-se que o umbigo corta em duas partes iguais a estatura. Normalmente, aos dois anos a criança tem metade da estatura máxima, que se atinge por volta dos vinte e um anos – que é quando se estabelece definitivamente a proporção áurea.

v      Caos e Fractais

§   Caos

Caos e Ordem não são coisas opostas, como geralmente se tem suposto, mas tão apenas a interacção entre o Macrocosmos e o Microcosmos”.

Uma vez que, numa concepção de Caos, “nada é verdadeiro; tudo é permitido”, a “Ordem” resultante é basicamente aleatória, ainda que estruturalmente equilibrada.

Talvez a maior descoberta do século passado tenha ocorrido no Laboratório Nacional de Los Amos, na América do Norte, quando Mitchell Feigenbaum descobriu, num dia de 1975, uma transição particular de ordem para o Caos, que corresponde a uma constante previsível num mundo de Caos. Esta constante ficou conhecida como “número de Feigenbaum“ ou “cascata de duplicação de período”.

O número de Feigenbaum foi verificado como uma constante universal e tem aplicação desde o gotejar de uma torneira até às modificações da população de uma comunidade, passando pelas oscilações dos sistemas que usam o hélio líquido.

Mas o mais espectacular de tudo isto, considerado da perspectiva do observador não especializado, foi a aplicação dada por Mandelbrot, no mesmo ano (1975) a esta constante matemática, originando, para além de um rico corpo doutrinário, as fantásticas imagens designadas por fractais, a que nos referiremos mais adiante.

O que Mandelbrot vem demonstrando e afirmando leva-nos por um caminho capaz de ultrapassar algumas concepções materialistas – da escola das ciências “exactas” –, uma vez que se refere a fenómenos aleatórios, isentos de ordem, lógica ou previsão.

O grande obstáculo da escola materialista foi querer entender o mundo e a vida a partir de aspectos fragmentados dos pensamentos cartesianos e euclidianos. Dizemos “fragmentados” porque enquanto Descartes atribuía tudo a “Deus” (que não será outra coisa do que um Princípio Abstracto ou Energia Organizada do Centro do Caos), e a este Princípio se referia com frequência, os materialistas basearam-se silogisticamente em aspectos menores da sua filosofia para chegarem ao paradoxo de negar a existência desse Princípio ou Energia Abstracta, como se toda a “creação” não fosse mais do que um estúpido fenómeno do acaso, surgido de nenhuma energia, nenhum princípio, nenhuma causa ou nenhuma razão.

Podemos considerar o Caos como o Macrocosmos (o imensamente grande, ao ponto da nossa ignorância nos levar a chamar-lhe “infinito”) enquanto um certo sentido de Ordem está representada no Microcosmos (os seres vivos e a circunstância que lhes é inerente).

A popular afirmação de que “Deus escreve direito por linhas tortas”, poderá não querer dizer, linearmente, que partimos uma perna no dia em que trocámos de carro, para evitar o acidente que ocorreria se tivéssemos conduzido a viatura recém adquirida. Pode ser muito mais séria a verdade que se encerra em tal afirmação, ainda que evidenciada subconscientemente. Não existe, em qualquer parte isolada deste planeta, algum grupo de elementos que determine o resultado final. É tudo “torto”, existindo irregularidade em toda a sua superfície – altos, depressões, reentrâncias, fossas gigantescas, etc. –, para proporcionar, como resultado final, uma esfera!!! Também a ordem e disposição das linhas que formam os fractais é absolutamente aleatória, aparentemente desequilibrada, ilógica e completamente imprevisível (durante o seu desenvolvimento), para revelarem uma estonteante beleza, ordem, funcionalidade estética e lógica matemática depois de apreciadas no conjunto. Num sentido mais grosseiro e imediato, é o exemplo da árvore, ou de uma simples folha, ou até de um humilde rebento, enquanto se desenvolvem.

A Ordem tem sempre origem no Caos, porque este é a causa primária de todas as coisas. Consequentemente, está sempre presente na Ordem a isenção de Leis Absolutas antes da conclusão da obra! Podemos estabelecer Leis para a compreensão da obra criada, mas não para a sua elaboração, a não ser com teorias de probabilidades (as quais, além de pecarem pela ausência de rigor, apenas se podem formular a partir da observação da “mais provável repetição” de anteriores situações, também elas aleatórias enquanto decorreram). Passa-se algo disto nas sondagens pré – eleitorais.

O “rigor”, em termos de “ordem” e de “equilíbrio”, procurado na música, na arquitectura e na maioria das artes, proporciona a satisfação dos sentidos mais objectivos (microcósmicos, físicos, materiais, do “homem – carne – podridão – matéria corruptível”), mas a expressão aleatória de um Dali (cujo efeito final e de conjunto é fabuloso) transporta-nos ao Mundo da Magia, do macrocosmos, do Caos, do “quase” infinito, sem tempo espaço ou ordem, onde a regra é a ausência de regra.

Com L. F. Richardson (1881 – 1953), nasceu o “Paradoxo do Comprimento do Contorno da Costa”, segundo o qual “o comprimento medido da costa é inversamente proporcional ao tamanho da régua usada” (isto é: quanto menor for a régua, maior será o valor obtido), tendo em conta que mais sinuosidades das baías, braços e curvas de mar ela irá medir. A partir do desenvolvimento destes aspectos, com recurso à matemática, entramos no mundo dos fractais.

Mas não se entusiasmem demasiado os “matemáticos puros”, pois Mandelbrot – o cientista que inventou, em 1975, a geometria dos fractais para explicar a Teoria do Caos –, afirmou estar “prosseguindo na tradição dos matemáticos do passado, que tiveram que recorrer às formas gráficas para ter inspiração para resolver problemas complicados demais para serem vistos apenas com equações, lápis e papel”.

Perante uma crítica do matemático Steven Krantz, da Universidade de Washington em St. Louis, que considera que “a geometria fractal ainda não resolveu nenhum problema e só serve para produzir bonitas figuras para ilustrar livros e revistas, além de influenciar as autoridades para a cedência de verbas destinadas a pesquisas”, Mandelbrot respondeu: “Figuras bonitas na cabeça certa podem levar a bonitas questões”.

·      Fractais

São figuras, como já sabemos.

Mas a melodia resultante do “murmúrio das ondas do mar” apresenta também características fractais: sempre aparentemente aleatória mas com um efeito de conjunto agradável, onde qualquer parte é semelhante ao todo, sem nunca saturar, mesmo quando ouvida durante horas, dias ou anos seguidos. Sabemos ao que nos referimos porque já vivemos junto ao mar.

         

A transposição dos fractais para a música, ou para qualquer outro aspecto da arte (exceptuando as imagens) é coisa mais elaborada e merece um trabalho específico, desenvolvido e fundamentado para o efeito, o qual está longe do âmbito desta simples e despretensiosa exposição de ideias.

Então, o que vêm a ser os fractais a que nos queremos referir?

Comecemos pela descrição de Geometria dada por dois sábios de épocas diferentes (Kepler e Mandelbrot), onde se revelam pontos de vista que as pessoas aceitam facilmente, ainda que sejam diametralmente opostos.

Kepler (1610):

“Por que usar palavras? A geometria existia antes de nós. É co–eterna com o espírito do Deus, é o próprio Deus. A geometria com as suas esferas, cones, hexágonos, espirais, deu a Deus um modelo para a criação e foi implantada no homem como imagem e semelhança de Deus”;

Mandelbrot (1983):

“Há alguma razão para a geometria não descrever o formato das nuvens, das montanhas, das árvores ou da sinuosidade dos rios? Nuvens não são esferas, montanhas não são cones, troncos de árvores não são hexágonos e rios não desenham espirais”.

Para a Ciência, os fractais correspondem a uma Evolução Paralela na Pesquisa Científica da Teoria do Caos. Como curiosidade, o termo foi criado por Mandelbrot, quando este, ocasionalmente, folheava o dicionário de latim do seu filho, e se deparou com o termo fractus (fracturar, fragmentar), entendendo que era a expressão mais indicada para aquilo que, até então, não considerava mais do que uma abstracção.

Na Natureza tudo é fractal, e nada do que se refira ao homem pode ser classificado como “exacto”. Ciências Exactas e Vida não combinam: o que é bom num de terminado momento ou circunstância, pode ser mau no momento seguinte, e o Método Científico não pode, de forma alguma, ser aplicado ao homem.

Como o fractal é a representação da Natureza, linhas rectas e superfícies planas só existem na artificialidade que o homem gerou para complicar o funcionamento da sua já limitada mente, e construir a sua própria infelicidade (ao procurar o que não lhe é legítimo nem natural; aquilo que a Natureza não reservou para ele). Sintetizando, poderíamos concluir que o Fractal corresponde à Perfeição, enquanto a geometria euclidiana corresponde ao Erro. Números inteiros são abstracções inventadas pelo homem! Qualquer aspecto da Natureza revela sempre dimensões fraccionárias.

A “Curva de Floco de Neve”, de Kock

O fractal “floco de neve” obtém-se a partir de um triângulo equilátero, adicionando a cada um dos seus lados, sucessivamente, um triângulo com 1/3 do seu tamanho.

O contorno consiste numa linha cuja grandiosidade vai até ao infinito. No entanto, a área resultante é sempre inferior à área do círculo que a envolve, concluindo-se que uma linha infinita é rodeada por uma área finita.

O “Triângulo de Sierpinski”

Este triângulo estabelece-se a partir de um triângulo equilátero, ao qual se unem os pontos médios interiores de cada um dos seus lados, repetindo-se o processo indefinidamente em todos os triângulos obtidos.

Á medida que é ampliado, este triângulo revela sempre a sua definição inicial.

É infinito e tem a área zero.

São sucessivamente retirados à base os pontos cuja distância ao vértice esquerdo é múltipla de L × (1/2) n, sendo L o comprimento dos lados, e n = 1, 2,.... Os pontos cuja distância ao vértice são produtos de L por um número irracional nunca são removidos (porque os números irracionais não são o quociente de dois inteiros). Ficam assim no conjunto um número infinito de pontos da base.

A cada passo, a área reduz-se para 3/4 da área do passo anterior. Se a área inicial for 1, ao fim do primeiro passo é 3/4, ao fim do segundo é 3/4 × 3/4, ao fim do terceiro é 3/4 × 3/4 × 3/4. A área limite é 3/4 × 3/4 × 3/4 × ... = 0.

Existem fórmulas e até programas informáticos para criar e demonstrar a formação dos fractais. Comprovam-no de tal modo que algumas imagens chegam a parecer fotografias de paisagens que conhecemos. Tais figuras foram determinadas apenas com o recurso à matemática e à aceleração do processamento de dados, que só um computador pode permitir. Caso contrário, seriam necessárias várias gerações para resolver algumas dessas fórmulas, e só então uma imagem de “paisagem real” poderia ser observada.

É evidente que “o Caos geometriza”..., mas não necessariamente da maneira como até há pouco tempo se acreditava!

 

DA VIDA, DA ENERGIA UNIVERSAL E DA RADIAÇÃO CÓSMICA

v    Da Vida

Não existem respostas definitivas para as questões “O que é a Vida?” e “O que é a Morte?”, nem tão pouco conhecemos os seus objectivos e finalidades, no amplo contexto Cósmico Universal.

Sem pretender formular novas teorias, a Escola Naturosófica mantém-se equidistante tanto da Escola Materialista como da Espiritualista e da Gnóstica, entendendo que a verdade, numa matéria tão controversa, pertence ao campo das probabilidades e não satisfaz em definitivo nem a mente racional nem o espírito científico. 

Porém, se nos é impossível atingir os objectivos finais, o mesmo não se passa com a mensagem racional que nos transmite a observação, segundo a qual a Vida constitui o “conjunto de actos que mantêm o movimento dos órgãos desde o nascimento até à morte”. E se quisermos interpretar essa observação à luz dos conhecimentos filosóficos Tradicionais da Medicina Naturosófica, podemos estender a definição ao conceito mais alargado de “essência do movimento e de todas as forças que agitam o universo”.

Ao falarmos da Vida, na acepção que lhe dá a nossa medicina, está implícito o conceito de força vital, como sendo a capacidade ou potencialidade, com intensidade variável de indivíduo para indivíduo, que permite o desenvolvimento, a conservação/regeneração e a reprodução. Nesta interpretação objectiva, a vida de um indivíduo corresponde ao conjunto de fenómenos biológicos compreendidos entre o nascimento e a morte.

A duração da vida está condicionada não apenas pela força vital individual, ou potencial de assimilação dos elementos materiais e vitais exteriores, mas também pela quantidade, pela qualidade, e pelo recurso a técnicas especiais de captação da energia vital que existe no alimento, na água, no ar e na luz solar. A esta energia vital, a que fazemos alusão, já se referiam os escritos hindus de há milhares de anos, onde era designada por “prana”.

Parece-nos fácil de compreender que a vida é um fenómeno universal que se manifesta de múltiplas formas, segundo condições químicas e termodinâmicas, determinadas por influências solares, astrais, e outras que ignoramos. O mesmo será dizer que encaramos a Vida como uma essência universal da energia e do movimento.

A Vida que aqui identificamos – a do ciclo do carbono – que se manifesta no nosso planeta, não será mais do que uma das modalidades da vida universal, adaptada a condições termodinâmicas circunstanciais. Nada nem ninguém nos poderá demover de admitirmos a possibilidade de existência de organismos vivos em muitos outros planetas, onde se encontrem condições físico-químicas adequadas a esses mesmos organismos, cujos ciclos elementares fundamentais possam ou não ser diferentes do carbono, e que, consequentemente, não exista necessidade absoluta de dependerem do oxigénio ou da água.

v      Da “Energia” do Universo

O conceito de “Vida” sintetiza essência (do dinamismo universal), energia e movimento, devendo contudo fazer-se distinção entre a Vida Universal e a Vida manifestada nos infinitos organismos vivos. O mundo é animado pela Vida, como essência que em tudo penetra e a tudo dá movimento.

Compreenda-se que não atribuímos à Vida qualquer conotação religiosa, interessando-nos apenas, através dos efeitos visíveis, investigar as Leis Naturais e Cósmicas que regem a organização celular. E para esta demonstração, com recurso à lógica, não nos parece necessário entrar em controvérsias complicadas acerca da existência ou não existência de um Ser «creador» ou ordenador do universo, pois acerca dessa matéria todos temos uma ideia formada, e não a trocamos facilmente por outra que nos queiram impor.

Ocupamo-nos do estudo dos factos observáveis e das leis demonstráveis, recorrendo incidentalmente a alguma metafísica, quando o julgarmos necessário, sem alguma vez nos deixarmos influenciar pelos dogmáticos, tanto materialistas como espiritualistas. Tudo o que nos interessa é investigar os meios que melhor permitam realizar a ideal conservação e expansão da individualidade humana, tendo sempre presente que ninguém pode ser naturósofo se não for, acima de tudo, um espírito livre e insubmisso à maioritária estupidez humana.

Niels Bohr (1885-1962) foi Prémio Nobel da física 1922, por ter aplicado ao átomo a teoria dos quanta e estabelecido a representação electrónica planetária do átomo de Rutherford, de 1913, vindo com ela a permitir a interpretação de muitos fenómenos. Foi novamente Prémio Nobel da Física em 1975, mas desta vez em conjunto com Mottelson e Rainwater.

 

A Vida possui a característica essencial do movimento, e em nenhum outro lado se aplica melhor do que aqui o axioma hermético  “assim como em cima, é em baixo”. Vemos que a gravitação é uma lei dos corpos celestes, da mesma forma que também o é em cada átomo de matéria, que se revela dotado de actividade constante. O conceito de estrutura electrónica da matéria, que inicialmente surgiu como uma hipótese, veio contrariar a antiga teoria do átomo sólido e indivisível. Magnificamente, o modelo de Bohr fez parecerem os átomos como verdadeiros sistemas planetários em miniatura, compostos de protões e neutrões no núcleo, como o Sol no sistema solar, em redor dos quais giram certo número de electrões, em condições semelhantes à dos planetas (cujo número determina a diversidade dos elementos).

Que existe Vida, e que esta se subordina a Leis, são factos que ninguém pode negar, e a concepção de simbiose ou correlação vital entre todas as manifestações da vida universal tem sido já adoptada por Escolas diferentes da nossa.

Parecem-nos óbvias as seguintes conclusões:

§   Qualquer organismo depende do ambiente em que se desenvolve;

§   O ambiente depende da actividade de uma infinidade de outros organismos que nele vivem;

§   O conjunto dos organismos depende da Terra;

§   A Terra depende do Sistema Solar;

§   O sistema solar está condicionado à influência de uma infinidade de outros mundos e constelações;

§   Tudo, no universo, é manifestação da Vida universal, incluindo os planetas e as galáxias – seres vivos eles também – que nascem, evoluem e se desagregam, lentamente, para dar nascimento a outras manifestações da vida....

Uma maior importância tem vindo a ser dada pela Ciência às múltiplas radiações que se descobrem, tendentes a justificar o conceito da unidade de vida, e neste sentido muito contribuíram alguns estudos acerca dos raios cósmicos, ainda há pouco considerados “desprezível metafísica”.

v      Radiação Cósmica

Radiação Cósmica é a radiação formada por partículas elementares de origem extraterrestre – reacções nucleares ocorridas nas nebulosas e supernovas da Via Láctea ou para lá dela – que atinge a Terra por vezes à velocidade da luz, provocando na atmosfera vários fenómenos que a enfraquecem à medida que se aproxima da superfície, até desaparecer nos oceanos a cerca de 1 km de profundidade. Parte da radiação cósmica que viaja pelo espaço é atraída pelo campo magnético da Terra – magnetosfera –, acumulando-se em estratos que originam a chamada cintura de Van Allen. Como a sua disposição obedece às linhas de força da magnetosfera, a radiação cósmica é mais intensa próximo dos pólos do que em redor do equador magnético terrestre. Atribui-se à presença de espessas camadas de partículas cósmicas a ocorrência das auroras boreais e austrais nas zonas polares.

Significativa fracção das partículas atraídas para a magnetosfera atinge as camadas superiores da atmosfera. Esta radiação primária, ao chocar com os núcleos atómicos, desintegra-os, originando a emissão de nucleões (protões e neutrões) e de outras partículas. Por sua vez, estas últimas provocam novas reacções nucleares, de que resulta a emissão da chamada radiação secundária – electrões, raios gama, fotões, positrões, etc. –, que atinge o solo terrestre ao ritmo de uma partícula/cm2/minuto. A radiação secundária é formada por raios duros, capazes de atravessar espessas camadas de chumbo, e por raios moles, que são detidos por uma camada de apenas 10 cm.

Os primeiros passos nos domínios da radiação cósmica pertenceram ao físico francês Henri Becquerel (1852-1908), quando descobriu, em 1896, que o urânio emitia um tipo de raios susceptível de alterar as placas fotográficas. Mais tarde, a cientista francesa de origem polaca Marja Sklodowska Curie, conhecida como Marie Curie (1867-1934) descobriu a mesma radiação noutros minerais (polónio, rádio) e integrou-a no fenómeno atómico que denominou radioactividade. Nos primórdios do século dezanove, estudos relacionados com descargas eléctricas levaram o físico escocês Charles Thomson Rees Wilson (1869-1959) a sugerir que tais descargas podiam dever-se à acção de algum tipo de radiação extraterrestre. Entre 1910 e 1920, diversos cientistas, como o físico austríaco Viktor Hess (1883-1964), demonstraram, mediante ascensões em balões – sondas, que aquela radiação desconhecida se intensificava à medida que se afastava do nível do mar [(o físico alemão Werner Kolhorster (1887-1946) chegou aos 8800m)], e a partir de 1926 ficou definitivamente assente a origem extraterrestre desta radiação, por isso denominada radiação cósmica. A sua intensidade apresenta flutuações irregulares, conhecendo subidas ocasionais aquando, por exemplo, de erupções solares, e para medi-la utilizam-se telescópios de mesões ou pilhas de neutrões.

 

ELEMENTOS DE BIOFÍSICA

Ao tomar consciência do que o rodeia, o homem comprovou a existência de corpos entre os quais o seu próprio. A consequência imediata desta comprovação é a concepção de espaço; logo, a determinação da forma, situação e movimento dos corpos; suas semelhanças, diferenças ou identidade; suas divisões, unidade e pluralidade; o seu número, tamanho e peso; continuidade, movimentos e equilíbrio; tempo ou duração; velocidade, aceleração ou imobilidade aparente.

O homem aprende desde logo a distinguir a existência de forças resultantes do movimento dos corpos e pensa na possibilidade de as utilizar para produzir trabalho e energia, observando depois que estes podem ser conservados para o seu oportuno aproveitamento; aprende também a medir os corpos e a classificar as suas características na forma de equivalências numéricas e geométricas.

Uma observação mais detalhada ensina ao homem que os corpos estão compostos de matéria, divisível em partículas, também susceptíveis de ser observadas com relação à sua massa, densidade, qualidades e energias, determinadas pelo seu movimento, e este, por sua vez, pela quantidade, qualidade, características e movimentos dos elementos de que se compõe.

Ainda que se manifestem com diversa intensidade, pelas causas referidas, demonstrou-se a inseparabilidade dos três princípios: matéria, movimento e energia. Todas as manifestações da matéria – as suas formas, peso, qualidades, energias e movimento, são susceptíveis de ser medidas e o seu estudo, como todos sabemos, constitui a matéria das ciências físicas e químicas. Os estudos modernos de física, biomecânica e bioquímica têm avançado consideravelmente, permitindo a observação e utilização de energias de uma potência assombrosa.

Independentemente dos estudos neste campo se encontrarem longe de estar completos, é possível catalogar provisoriamente as energias utilizadas pelo homem, conforme a seguinte classificação:

·   Energia mecânica, resultante do movimento;

·   Energia térmica (calórica);

·   Energia luminosa;

·   Energias electromagnéticas;

·   Energias radiantes – raios X, radiações hertzianas, raios cósmicos, etc.;

·   Energias químicas, resultantes da afinidade, atracção e repulsão inerentes às propriedades dos átomos de cada substância;

·   Energias internas, que regem a existência individual e tendem a conservar a coesão e opor-se à degradação ou degeneração da forma. Entre estas energias internas distinguem-se ainda:

§     A energia vital ou Força Vital, variável de um indivíduo a outro, segundo a sua constituição, que lhe permite curar feridas e enfermidades e condiciona a duração da vida por um tempo determinado;

§     As energias Potenciais Subconscientes, que modelam por sua vez o ritmo vital dos órgãos e condicionam o desenvolvimento da imaginação;

§     As energias mentais, ou força do pensamento;

§     As energias Sentimentais e Sociais, que empurram os homens para a benevolência e cooperação.

A Ciência estabeleceu dois princípios muito importantes:

·   O princípio da conservação da energia;

·   O princípio da transformação da energia.

Equivale a dizer que a energia, como a matéria, não se cria nem se destrói: somente se transforma. Este é um conceito fundamental em ciência, apesar da afirmação dos energeticistas, que crêem que a matéria não é mais do que uma condensação da energia. Na realidade, energia e matéria são inseparáveis do fenómeno chamado «vida», do que constituem modalidades em eterno movimento e transformação, sem que aumente ou diminua na sua essência.

Entendemos que as especulações metafísicas costumam ter um certo valor filosófico, mas não devemos esquecer que as energias mais subtis só se manifestam através dos (ou nos) corpos, aparelhos ou seres vivos compostos de matéria.

v      Matéria, Forma e Energia

O homem sempre se interrogou acerca do que constitui o mundo, das forças que actuam sobre a matéria, e da durabilidade desta. Será a matéria eterna?

Entende-se por matéria a substância divisível, impenetrável e extensa que admite toda a espécie de formas ou estruturas, incluindo corpos vegetais, corpos minerais ou físicos, e corpos animais (entre estes os humanos).

No século V a.C., Empédocles, e mais tarde Aristóteles (384-322 a.C.) expuseram teses que apontavam para a existência de quatro elementos constituintes da matéria: o ar, a água, o fogo, e a terra, todos eles formados por outros elementos primários. Demócrito, contemporâneo de Empédocles, contrariou esta tese dos quatro elementos e formulou a hipótese de que a essência da matéria se encontrava nos átomos – pequenas partículas indivisíveis – chegando mesmo a admitir a existência do vácuo. Mas só no século XIX os cientistas reuniram os meios de investigação que tornaram possível a comprovação da existência das tais partículas – os átomos – que Demócrito intuíra vinte e quatro séculos antes.

Para aprofundamento do estudo do átomo, o que obrigou ao desenvolvimento de instrumentos apropriados, foi necessário que passasse ainda outro século. E dessa investigação resultou a descoberta de que a hipótese de Demócrito ou estava errada ou este interpretaria de outra forma o que afirmou como indivisibilidade do átomo, porque este se divide em partículas elementares. Soube-se também que a interacção de forças e campos gravíticos liga um átomo a outros e leva à constituição das moléculas.

Os componentes da matéria – partículas elementares, átomos e moléculas – agrupam-se, e assim se conservam, formando grandes estruturas, devido à acção de certas forças de coesão. No núcleo atómico existem forças nucleares, e de outros tipos, que actuam a distâncias muito pequenas. As forças electromagnética e gravitacional actuam tanto nos átomos como nos corpos muito maiores.

Os quatro elementos designados na antiguidade para a formação da matéria têm actualmente outras designações: ao ar, passou a chamar-se gás, o fogo designa a energia, a água refere o componente líquido, e a terra corresponde ao estado sólido.

Quando a matéria se apresenta sob a forma de corpos minerais ou físicos, permite distinguir três espécies de estruturas, nas quais pode sempre ser definida uma lei de composição interna:

·   A macroscópica, que relaciona os elementos do conjunto físico;

·   A molecular, que relaciona os elementos/átomos do conjunto molécula;

·   A Atómica, que relaciona os elementos/partículas elementares do conjunto físico/átomo.

Para cada partícula conhecida existe uma anti – partícula, que lhe corresponde, explicando-se assim o fenómeno da antimatéria.

Como a matéria não é imutável, pode transformar-se em energia (como no caso das explosões atómicas), e a energia pode converter-se em matéria.

As partículas elementares podem ser concebidas como ondas energéticas muito comprimidas (espiral da periferia para o ponto).

No interior dos átomos e moléculas, a energia térmica que aí existe opõe-se às forças de coesão. Nos sólidos, a energia é inferior às forças e assim é criada uma estrutura estável. Se aquecermos o sólido, este dilata-se, e quando os átomos alteram o seu posicionamento ele derrete-se e passa ao estado líquido. Após a obtenção deste estado, se continuarmos o aquecimento chegamos ao estado gasoso.

Além dos estados de agregação atrás referidos, a matéria pode apresentar-se, sob determinadas condições, num quarto estado: o plasma. É exactamente o que se acredita suceder no interior das estrelas, onde a extrema elevação das temperaturas fará com que os átomos se desintegrem e formem o referido plasma, no qual os núcleos atómicos e os electrões se movimentarão separadamente, com inteira liberdade.

Consideramos que a maior característica dessa substância objectiva designada por matéria é a sua forma, a qual nos permite observá-la e medi-la, seja pelo uso directo dos sentidos ou por meio de aparelhos que prolonguem o alcance, e aumentem o rigor, da nossa capacidade natural.

Para a Escola Materialista tudo o existente é matéria, e os que postulam tais conceitos esquecem-se do ridículo a que se sujeitam, ao pretender que a electricidade e o pensamento humano sejam matéria. Por outro lado, a Escola Espiritualista afirma que a matéria é espírito cristalizado e que espírito é matéria subtilizada. Sem nos desviarmos do nosso sentido analítico, verificamos que os modernos estudos científicos vão conquistando terreno às obstinadas teorias materialistas, enquanto se aproximam, até certo ponto, das teorias espiritualistas. Referimo-nos a demonstrações que vão desde a energética de Wilhelm Ostwald (1853-1932 – Prémio Nobel, em 1909, pelos estudos da matéria sob o ponto vista filosófico; com a formulação da Teoria Energética do Mundo.) até à teoria electrónica dos átomos, e que levam à conclusão, entre outras coisas, da possibilidade de uma verdadeira desmaterialização da matéria – o que resultará na conclusão de não ser a matéria mais do que uma condensação de energia.

Todas estas verificações e especulações parecem-nos óptimas como exercícios de raciocínio, e satisfazem o propósito mais elevado dos nossos estudos, ao dar-nos conta de que a matéria não seria nada sem a forma que a caracteriza e a Vida que a anima.

O efeito das influências químico–termo–dinâmicas, e de outras infinitas vibrações, modificam as características da matéria e são o fundamento de todo o corpo material. Portanto, o nosso principal objectivo é conhecer e utilizar as leis que regem estas influências, e assim melhor podermos conservar e expandir a nossa individualidade.

O dinamismo é a característica da Vida, enquanto a morfologia é a característica dos corpos materiais. Podem distinguir-se o mineral do vegetal e do animal pelos seus caracteres morfológicos. As formas características do mineral conferem-lhe, para além da capacidade conservação, um certo poder de reprodução. É o caso do cristal, que ao ser colocado na sua água–mãe, consegue reproduzir uma aresta quebrada, com extrema fidelidade à sua forma primitiva. Ainda que o seu crescimento ocorra por aglutinação e justaposição de elementos químicos afins, este poder de conservação e reprodução do cristal continua a surpreender.

A manifestação específica de uma determinada forma é determinada pelo grau de sublimação vital que alcançou. E assim, a elevação das manifestações vitais faz diferenciar, em maior ou menor grau, as formas, contornos e cores de tudo o que se nos oferece à observação, e bem assim o odor, o gosto, o ruído e outras vibrações – que pessoas mais sensíveis, como os cegos e surdos-mudos muitas vezes conseguem detectar.

Seria impossível esquecermo-nos de nos referir à prodigiosa potencialidade que se encerra numa minúscula semente, e a dota da capacidade de chegar a produzir uma árvore gigantesca, que chega a viver milhares de anos. E que dizer do gérmen dos animais e do homem?

Em conformidade com algumas teorias científicas modernas, a forma de qualquer corpo – mineral, vegetal ou animal – reveste-se de outras potencialidades, como a de transmitir ondas, de longitudes variáveis, as quais dariam a chave das afinidades químicas das formas inanimadas, e, para além destas, da orientação e dos instintos nas formas animadas.

A estranha sensibilidade dos psicometristas (raros indivíduos dotados da faculdade extrasensorial de conseguir obter informações diversas a partir do contacto com um objecto que tenha estado no local onde os factos ocorreram, independentemente da distância no tempo poder ser de séculos) revela-nos ainda que cada corpo conserva sempre uma impressão de todas as vibrações e imagens que se manifestam perto do mesmo.

v      Origem dos Corpos Inorgânicos e da Matéria Orgânica

·   Origem dos Corpos Inorgânicos

O nosso planeta foi primeiro uma nebulosa que, ao desprender-se do Sol se concentrou em si mesmo, em virtude da lei da gravitação, e que com a sua própria energia, a do Sol e a dos demais planetas, adquiriu os movimentos que o animam. O conhecido duplo movimento da Terra ao redor do seu eixo e em volta do Sol contribui, por sua vez, ao movimento que arrasta todo o sistema solar até certo ponto do espaço – aparentemente até à constelação de Hércules.

No seu período inicial de condensação, a superfície da Terra, influenciada pelo Sol, era palco de tempestades colossais, nas quais as matérias gasosas, incandescentes e pastosas eram projectadas a consideráveis alturas. Sucede no Sol fenómenos semelhantes, chamados “protuberâncias”, cuja actividade se intensifica com certa periodicidade, produzindo maiores manchas às que se atribui também uma influência no agravamento dos fenómenos telúricos, sísmicos e até patológicos e sociais. Estas tempestades tiveram a virtude de diminuir a velocidade de rotação da Terra, dissipar a sua energia interna e acentuar a condensação da sua crosta. Com o tempo, tornaram-se permanentes as deformações produzidas, o que explica a conformação actual do nosso planeta, com as suas montanhas, vales, lagos e mares.

Sem dúvida, subsiste ainda a energia interna – a que determina sempre, nas partes mais débeis da crosta terrestre, erupções e outros fenómenos sísmicos. A favor do aludido processo, ao que há a adicionar a influência das tempestades solares e lunares, e todas as acções físicas, mecânicas, térmicas e químicas do meio e da atmosfera, foram-se criando os diversos corpos minerais que podemos observar. Se a estas influências associamos as energias eléctricas e magnéticas, muito mais intensas nos períodos primitivos, compreende-se a dificuldade de criar artificialmente – ou transmutar – minerais, cristais e metais que encontramos na Terra, cuja lenta elaboração é o resultado de incontáveis idades.

As rochas vulcânicas, os gases e os líquidos, e em especial a água, que se haviam condensado e recobriam a Terra, em favor da elevada temperatura e da pressão atmosférica existentes, determinaram a desagregação de diversas substâncias, as quais, reagindo umas com as outras e em combinação com os diversos gases e a água, formaram as capas sedimentares. Estas modificações vão-se produzindo continuamente, ainda que em condições diferentes, determinadas pelas alterações verificadas na velocidade de rotação, atmosfera, temperatura e grau de condensação da crosta terrestre.

A influência do calor interno continua determinando fenómenos modificadores das capas superiores, presidindo à formações de novos metais, petróleo e outros minerais, mas por sua vez exercendo a sua influência modificadora até na superfície, por meio de erupções vulcânicas, erosões e outros fenómenos telúricos.

Depois de esta sintética exposição podemos tirar uma conclusão interessante: a vida universal manifesta-se por duas correntes opostas, provindo uma das forças cósmicas, dos astros, do sol, da luz, da atmosfera e outros elementos que determinam a modificação dos corpos, e, por outro lado, da força de coesão dos átomos e dos próprios corpos, caracterizados pelas suas propriedades químicas, densidade e forma específicas. O choque entre estas duas correntes determina os fenómenos de agregação e desagregação que caracterizam os corpos inorgânicos do reino mineral.

v      Origem da Matéria Orgânica

Numerosos sinais indicam que a vida orgânica se iniciou no mar, numa época em que as águas recobriam totalmente a Terra. As condições especiais criadas pela acção conjunta dos elementos químicos, do calor e da luz, filtrada através das águas, deram lugar à formação de uma substância coloidal chamada «protoplasma», na qual desempenham um papel preponderante o carbono e o azoto.

O carbono, o hidrogénio e o oxigénio encontravam-se combinados com os minerais, mas é sem dúvida a intervenção do azoto, que hoje se encontra no ar, e na época do aparecimento da vida orgânica devia encontrar-se em dissolução na água em maior proporção que agora, por causa da maior pressão atmosférica – a que determinou a faculdade característica do protoplasma de assimilar elementos do mundo exterior. Estas mesmas condições, a certa altura deram origem à célula viva, constituída ao princípio por uma massa informe de substância protoplásmica, chamada «monera», que representa a vida orgânica na sua forma mais rudimentar. Deste organismo elementar diferenciaram-se células com núcleo, parecidas às chamadas «amibas», das que derivaram os organismos unicelulares actuais chamados protozoários, constituídos de uma só célula – vegetal, animal ou não diferenciada.

v      Transmutações Biológicas

A Ciência tem mostrado dificuldade em admitir o que foi comprovado pelo médico francês Louis Kervran (falecido em 1983): um átomo pode deixar de o ser, dividindo-se e sofrendo transformações, em condições absolutamente naturais e sem recurso a qualquer artificialismo ou manipulação!.

Enquanto prestava apoio sanitário a uma equipa de trabalhadores que operavam nas sondagens do petróleo, no Saara, durante a década de 60, Kervran descobriu, caso após caso, na efectivação de análises de detritos biológicos (para detecção oportuna de microorganismos patogénicos), que as fezes de todos os operários apresentavam elevados índices de potássio. Tendo em conta que o regime alimentar dos trabalhadores era controlado pela empresa contratante, que lhes fornecia as refeições, o fenómeno tornava-se incompreensível, pois os alimentos correntemente utilizados – os únicos que eles ingeriam – não possuíam suficiente quantidade deste elemento que justificasse os níveis observados (tal regime era mesmo pobre em potássio). Também não era possível que o potássio encontrado fosse proveniente de reservas orgânicas, pois este ter-se-ia gasto ao fim de poucos dias, e seria inexistente semanas e meses depois; além disso, se tal fosse possível, seria coincidência extrema todos eles trazerem reservas excessivas daquele elemento, ao ponto de não se conseguirem gastar ao fim de tanto tempo, e não se detectando nos testes efectuados qualquer carência metabólica do citado elemento na fisiologia dos operários.

Partindo do princípio lógico de que o potássio não pode surgir do nada, Kervran pensou..., pensou..., pesquisou, e concluiu que era o cloreto de sódio que se transformava em potássio. Isto justificava-se pela ingestão excessiva deste elemento – o sal –, uma vez que era o conservante obrigatório para a preservação dos alimentos animais (contra a tendência à decomposição, causada pelo excessivo calor da região onde se encontravam). 

Esta descoberta permite-nos compreender a realidade de que as plantas e os animais operam as mais complexas transmutações biológicas que se podem imaginar, dividindo, transformando, voltando a juntar, e depois a transformar novamente uns elementos químicos noutros, sem grande consumo de energia e nas simples condições do meio ambiente natural. Uma realidade como esta fará inveja aos mais avançados centros de pesquisa nuclear.

Mas era necessária a comprovação. E também esta foi conclusiva da existência do fenómeno, ainda que se recusasse a compreendê-lo: pesquisas científicas, efectuadas por especialistas, chegaram à seguinte conclusão: o fenómeno é real, mas inexplicável!

A explicação que temos para o fenómeno é a que nos foi dada por Kervran.

Segundo as concepções estabelecidas como “científicas”, o átomo de potássio poderia ligar-se a vários outros átomos, formando moléculas, mas continuando indefinidamente a ser um átomo de potássio.

É certo que actualmente já se diferenciam os elementos em estáveis e radioactivos (ou instáveis), e a utilização dos raios gama (e outros) permite transformar núcleos atómicos, mas o que Kervran descobriu foi que o átomo pode deixar de ser estável em condições naturais.

A tese da estabilidade dos elementos não radioactivos tem continuado a ser um princípio científico. Por este motivo, Kervran denominou o fenómeno a que assistiu por transmutação biológica, e as suas conclusões levaram-no a admitir que tudo pode acontecer desde que haja vida, quer esta seja a de microorganismos, a de algas, a de fungos, a de plantas, ou a de animais. A sua teoria, quando convenientemente compreendida e aceite pode levar a grandes mudanças nos mais variados campos científicos, da medicina à agronomia..., e deixa-nos repensar acerca da possibilidade da Alquimia, que neste caso passa a constituir um privilegiado meio de aquisição de sabedoria acerca da “vida dos metais”... – menos estranha à nossa do que se poderia supor – porque eles integram a estrutura de todos os seres vivos.

Por falar de Alquimia... Porquê o Chumbo em Ouro?

-      Justamente porque os dois elementos estão muito próximos, conforme se pode verificar na tabela periódica!

E o curioso é que os Filósofos Herméticos da Idade Média já sabiam desta proximidade atómica

GRUPO

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*Lanthanoids

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La

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Ce

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Pr

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Pm

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Sm

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Eu

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Gd

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Tb

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Dy

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Ho

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Er

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Tm

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Yb

 

 

**Actinoids

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Ac

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Th

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Pa

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U

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Np

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Pu

95
Am

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Cm

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Bk

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Cf

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Es

100
Fm

101
Md

102
No

 

 

(Ver detalhes de cada elemento em WebElementsTM Periodic table (professional edition)

Aquilo a que chamamos vida tem necessariamente início num nível mais profundo do que o atómico – ou então já poderia ser produzida em laboratórios, a partir dos simples elementos –, e encerra potencialidades que vão muito além da matéria.

Quando existem organismos capazes de transformar manganês em ferro, e o mesmo no contrário, porque não se admitirá a possibilidade de transformar algo em luz, ou em vibração, ou noutros estados cujos meios de percepção ainda não foram desenvolvidos pela Ciência?

 

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