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NATUROPATIA OS
POVOS TRADICIONAIS Os Mais
Tradicionais… Melhor do que nós, os povos primitivos – tradicionais, como agora os designamos
– sabiam o que era necessário para os cuidados com a sua saúde. É certo que o conceito de enfermidade
se revestia de aspectos mágicos, encerrando mistérios que se interligavam às
suas convicções e à sua percepção do mundo, onde quase tudo era mais
espiritual do que físico. Por isso, as funções de médico só deviam ser
desempenhadas por alguém com conhecimentos do mundo espiritual: o Xamã. Como
facilmente podemos compreender, não se adoecia por excessos alimentares, nem
por consumo de substâncias refinadas, transformadas, aditivadas, cozinhadas
em micro–ondas, ou em recipientes de teflon.... Por isso, procuravam as
causas da enfermidade em coisas mais “simples”, como o desrespeito a uma
regra da sociedade, um “bruxedo” ou “mau olhado”, a “possessão” por uma
entidade espiritual, a “perda da alma” por um susto, etc.. No mecanismo da cura, desencadeado pelo Xamã através de
rituais apropriados, entrava em funcionamento a capacidade sugestiva ou força
psíquica do enfermo, pela mobilização de poderosas ideias que faziam parte do
inconsciente colectivo da comunidade. As substâncias medicamentosas coadjuvantes da cura actuavam
não apenas pela sua composição, mas, e principalmente, pelo “prestígio
espiritual” do administrante, a quem se acreditava dominar forças e poderes
ocultos. E mesmo assim, a utilização destas substâncias era precedida e acompanhada
de rituais apropriados, assim como também a sua colheita e preparação. O facto do enfermo acreditar que poderia estar doente por ter
transgredido uma regra social, dota o Xamã de meios eficazes de cura, ainda
que extremamente simples. Passam estes meios pela Confissão, que liberta o
doente de toda a angústia, inerente ao mortificante sentimento de culpa (e também
deste próprio sentimento), e pela Purificação (água, jejum, dieta rigorosa,
vómitos e purgas), que não são outra coisa do que a utilização de alguns dos
meios naturais de cura. Os incas, por exemplo, dedicavam um dia, todos os anos, para
se purificarem nos rios. Este ritual incluía a confissão, à qual não faltava
o próprio imperador. Os actuais povos tradicionais ameríndios purificam-se
pelo vapor da água, tanto em rituais de iniciação, como em rituais de cura, e
os hindus ainda efectuam ritos de purificação nas águas do Ganges. Longe do
primitivismo e superstição com que as “mentes rápidas” classificam as
práticas antigas, são exactamente os conhecimentos antigos que provam o
estado de atraso da ciência moderna. Limitando-nos apenas aos aspectos médicos,
e sem nos alargarmos muito, foram os hindus que descobriram, cerca de 2000
anos antes dos europeus: · a presença de açúcar
na urina dos diabéticos; · a relação entre o
paludismo e os mosquitos; ·
os sinais clínicos externos das fracturas. Guaiaquis, Guaranis, Polinésios, Iberos... No alto do Paraná (Brasil), a sudoeste do
Paraguai, os Guaiaquis são provavelmente um dos povos que conserva costumes
mais primitivos: em vez de edificarem casas, resguardam-se em simples abrigos
constituídos por humo prensado e seco, o qual untam com cera, para deter a
água; não cobrem o corpo; as suas armas de caça são arcos e flechas de
madeira, cujas pontas são constituídas por lascas de pedra. No entanto, com
excepção da morte natural (por velhice), a única causa de morte que se lhes
conhece resulta da mordedura de víboras. Na obra “Medicina Geral”, da autoria do Dr.
Moisés Santiago Bertoli, existem importantes referências acerca do modo de
vida de um outro povo, os Guaranis, que, pelas suas palavras: “...possuem conhecimentos higiénicos e
médicos praticamente tão adiantados como os nossos e comem apenas quando
sentem fome, lentamente e Antes das últimas guerras mundiais, os
polinésios mantinham as suas tradições e viviam em condições parecidas às dos
povos referidos. Eram gente sã, equilibrada e pacífica, antes do contacto com
a nossa civilização; a influência
do contacto com o nosso modo de vida, e as consequentes transformações que
neles operou, tornou necessários os hospícios que agora lá existem. É verdade que prevalecem ainda tribos, em
diferentes locais do mundo, onde as condições de higiene e de alimentação não
são exemplo para ninguém, incluindo-se nela a carne humana. Mas esta
crueldade e estupidez não nos parecem representativas de formas tradicionais
de vida, sendo o mais certo que constituam as últimas heranças, cada vez mais
degeneradas, de antigas e decadentes civilizações sanguinárias. |
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Heródoto (484- Nasceu
em Halicarnasso, na Grécia. A sua fama como historiador fê-lo merecer a
consideração de “pai da História”. Foi
grande viajante, conheceu a Ásia Menor, o Egipto, a Fenícia e a Mesopotâmia.
Estas viagens constituíram a principal fonte da sua obra, repartida por nove
livros, cada um com o nome de uma Musa, em que relata as façanhas médicas, os
costumes, as tradições e os mitos dos povos com quem contactou. |
Pesquisadores mais antigos, como Cervantes, revelam-nos que os
antigos iberos viviam de um modo semelhante aos polinésios. Quando, em nome da Ciência,
são tecidas críticas aos processos tradicionais de curar, como os utilizados
pelos “homens da medicina” índios, que a medicina moderna considera
supersticiosos, seria bom que os tão pretensiosos “sábios civilizados” se
dessem conta de que entre nós o que não falta são superstições, tendo em
atenção a pouca racionalidade – a avaliar pelos efeitos – de muitos processos
científicos modernos, que são evidentemente muito mais perigosos. Quando se fala de
progressos da ciência, tem-se quase sempre em conta um período relativamente
curto e parcial. O mais antigo que se conhece, pelos escritos de Heródoto e
de Plínio, refere-se quase exclusivamente à história do Egipto e da Grécia.
Possuem-se algumas informações da ciência hindu, chinesa e caldeia, mas os
pontos de comparação estabelecem-se geralmente com relação à história
europeia, desde a invasão dos bárbaros. Na
realidade, todas as civilizações passam por processos parecidos de vida
simples, primitiva, natural e sã. Mais tarde, “prosperam” e aglomeram-se em
povoados e cidades, o que equivale a viver em espaços mais fechados e
limitados, e logo, promiscuidade, sedentarismo, ódios, vícios, exploração,
miséria, degeneração, revoluções e guerras. Como natural reacção a estes
males, quando a civilização não perece, produz-se um renascimento ou uma
decadência inevitável e mais ou menos definitiva. |
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CIVILIZAÇÃO ROMANA O caso da civilização romana é típico: os primeiros romanos
eram agricultores pobres, levando uma vida rude, mas sã; a sua alimentação, à
base de cereais e hortaliças, e a sua vida simples, garantiu-lhes um triunfo
fácil, fazendo-os donos de quase todo o mundo então conhecido. Mas isto
levou-os a deixar aos escravos os trabalhos sãos; transformaram-se em soldados de ocupação, em funcionários e
em comerciantes dos países ocupados. A vida mais regalada da comunidade, e a
abundância, debilitou pouco a pouco a virilidade da raça; iniciou-se a
decadência e veio a destruição da sua civilização. Os romanos chegaram a extremos
inconcebíveis: as orgias sucediam-se sem parar; instalaram nas casas um
compartimento especial – o vomitório – onde os convidados dos banquetes
podiam ir despejar os seus estômagos repletos das iguarias mais raras e
complicadas, para poder enchê-lo outra vez. Como consequência,
a grosseria e a crueldade das diversões, culminou nos espectáculos sangrentos
e repugnantes do circo e nos estúpidos e bárbaros excessos dos tiranos:
Calígula, Nero, Vitélio, etc.. Quanto mais decadente a Sociedade, mais prospera a Medicina A medicina floresceu sempre nas civilizações decadentes. Isto é lógico,
porquanto, mais do que da saúde, o médico vive da enfermidade. Assim, a
decadente civilização grega providenciou médicos a Roma. Catão – o Censor Durante muito tempo foi este o mais
desprezado dos ofícios e Catão – o Censor – numa reacção contra o princípio da
decadência romana, expulsou os advogados e os médicos. São originais as
razões que deu: “...enquanto
não houve advogados, as pessoas esforçavam-se por remediar amigavelmente os
seus pleitos, e estes nunca chegaram a ser tão graves e numerosos como desde
que entregaram aos advogados os cuidados dos seus assuntos. Assim,
também enquanto não houve médicos, as pessoas cuidavam mais da sua saúde;
quando as pessoas crêem que o médico pode salvá-las de sofrer a natural
consequência dos seus excessos, esquecem-se da prática da virtude e
multiplicam-se as enfermidades e os médicos, os quais, além disso, se tornam
ricos e poderosos...”. Expulsou os
primeiros por os considerar “inimigos
dos bons costumes e da harmonia entre vizinhos”; no caso dos segundos,
por os considerar “inimigos da saúde”. Cláudio Musa e as Operações Sangrentas Durante quatro
séculos Roma esteve sem médicos; a medicina era exercida por escravos. O mais
célebre foi Cláudio Musa, a quem erigiram uma estátua por ter salvo a vida a
César Augusto, curando-o por meio de uns banhos, de uma enfermidade que
padecia. Mais tarde, foi linchado pelo próprio povo romano quando lhe ocorreu
realizar operações sangrentas. |
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GRÉCIA Hipócrates O médico mais célebre da antiguidade foi Hipócrates, a quem se
atribui a honra de ser “O Pai da Medicina”. Hipócrates (460 - Alguns dos famosos Aforismos de Hipócrates: “...Certos médicos antigos não ignoravam as diversas
categorias de enfermidades e a multiplicidade das suas divisões, mas
observamos que se perderam quando pretenderam fazer uma classificação muito
detalhada. Com efeito o que é importante não é tanto o dar-lhes um nome e
separar cada enfermidade, por pouco que difira das demais, mas representá-las
como continuando sendo essencialmente as mesmas, ainda que levem um nome
diferente...”; “...A natureza das enfermidades é a mesma; se se apresentam
com tanta diversidade é apenas pela causa da diversidade das partes em que o
mal se manifesta. Com efeito a sua essência é uma e a causa que as produz é
igualmente uma...”; “...Mas em que consiste esta causa única? - Quando se produz uma alteração nos nossos
humores, aumenta o calor do corpo, ocorrem em certas partes depósitos destes
humores, excita-se a sensibilidade às dores e produzem-se grandes calores. O
«fogo», aceso em todo o corpo, produz a febre...”; “...Quando os humores viciados são abundantes, e arrastam e
põem em estado enfermiço tudo o que estava são, toda a substância do corpo se
encontra atacada e desorganizada; quando um humor se corrompe, e se estende a
outra parte, leva até lá a enfermidade, a menos que seja purgado dela...”; “...As enfermidades são
crises de purificação humoral, de limpeza orgânica e de eliminação tóxica.
Todas as enfermidades se curam por alguma evacuação, quer pela boca, pelo ânus,
pela bexiga ou por um outro emunctório. O órgão do suor (a pele) é um dos
principais e comum a todos os males...” “...Os sintomas
são defesas naturais. Quantas vezes aparecem sintomas que parecem
enfermidades e não são mais que remédios das mesmas...”;
”...Há duas classes de febres: uma ataca a maior parte dos
homens ao mesmo tempo – são as epidemias. Quando o ar se encontra infestado
de miasmas, que são inimigos da natureza humana, uns homens caem enfermos,
enquanto outros atacam os que cometem erros no regime e na maneira de
viver...”; “...O mau regime consiste em que se dê ao corpo mais alimento
do que pode suportar, seja sólido ou líquido, sem fazer um exercício que
opere a combustão proporcionada pela excessiva abundância de comida, ou bem
porque se usam manjares muito variados e diferentes na mesma refeição, que
produzem a guerra no corpo por estar um digerido enquanto outro não o é
ainda...”; “...Que o teu alimento seja a tua única medicina; que a tua
única medicina seja o teu alimento!...”; “...Há na economia um só fim, um só esforço, no qual participa
todo o corpo. É uma simpatia universal: tudo é subordinado a todo o corpo;
tudo o é também a cada parte. É a Natura Medicatrix, que protege, imuniza e
cura...”; “...No interior do corpo existe um agente desconhecido que
trabalha pelo todo e pelas partes. É ao mesmo tempo uno e múltiplo. É a natureza
a que cura as enfermidades e encontra as vias necessárias sem necessidade de
ser guiada pela nossa inteligência: não se ensina a abrir e a fechar os olhos,
a mover a língua e a maioria dos actos essenciais da vida. Sem o socorro de
nenhum mestre, a natureza é suficiente em tudo, e para tudo...” Não devemos endeusar Hipócrates, é um facto, mas também é verdade
que descendia dos Asclepíades e que estudou na escola de Cós, considerada a
melhor do seu tempo, cujos conhecimentos resumiu. Na prática, Hipócrates empregou um eclectismo terapêutico, por
vezes em contradição com os seus aforismos, especialmente com o famoso: “...Que o teu alimento seja a tua única medicina; que a tua
única medicina seja o teu alimento...”. Pitágoras Pitágoras (582-500a.C.) nasceu Pitágoras não foi propriamente um «médico», mas sim um
verdadeiro instrutor naturista,
dentro do significado integral que damos a esta palavra. Ele considerava a
sabedoria o objecto integral da cultura – o único susceptível de promover a saúde perfeita e a plena
expansão da personalidade humana – sobre a qual assentará sempre o
verdadeiro progresso das sociedades humanas. Os Versos
Áureos de Pitágoras: 1.
Honra
em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei. 2.
A
seguir, reverencia o juramento que fizeste. 3.
Depois
os heróis ilustres, cheios de bondade e luz. 4.
Homenageia,
então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito. 5.
Honra
em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família. 6.
Entre
os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso. 7.
Aproveita
os seus discursos suaves, e aprende com os actos dele que são úteis e
virtuosos. 8.
Mas
não afastes teu amigo por um pequeno erro. 9.
Porque
o poder é limitado pela necessidade. 10.
Leva
bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões. 11.
Primeiro
a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva. 12.
Não
faças junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha. 13.
E,
sobretudo, respeita-te a ti mesmo. 14.
Pratica
a justiça com os teus actos e com as tuas palavras. 15.
E
estabelece o hábito de nunca agir impensadamente. 16.
Mas
lembra-te sempre de um facto, o de que a morte virá a todos. 17.
E
que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser
conquistadas, podem ser perdidas. 18.
Suporta
com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for. 19.
Dos
sofrimentos que o destino, determinado pelos deuses, lança sobre os seres
humanos. 20.
Mas
esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível. 21.
E
lembra-te que o destino não manda muitas desgraças aos bons. 22.
O
que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é
algo mau. 23.
Portanto,
não aceites cegamente o que ouves, nem o rejeites de modo precipitado. 24.
Mas
se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência. 25.
Cumpre
fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora. 26.
Não
deixes que ninguém, com palavras ou actos, 27.
Te
leve a fazer ou a dizer o que não é melhor para ti. 28.
Pensa
e delibera antes de agir, para que não cometas acções tolas. 29.
Porque
é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente. 30.
Mas
faz aquilo que não te traga aflições mais tarde, e que não te cause
arrependimento. 31.
Não
faças nada que sejas incapaz de entender. 32.
Porém,
aprende o que for necessário saber; deste modo, a tua vida será feliz. 33.
Não
esqueças de modo algum a saúde do corpo. 34.
Mas
dá a ele alimentos com moderação, exercício necessário e também repouso à tua
mente. 35.
O
que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.
36.
Acostuma-te
a uma vida decente e pura, sem luxúria. 37.
Evita
todas as coisas que possam causar inveja. 38.
E
não cometas exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente. 39.
Não
ajas movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas
estas coisas. 40.
Faz
apenas as coisas que não te possam ferir, e decide antes de as fazer. 41.
Ao
te deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados, 42.
Enquanto
não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas acções do dia. 43.
Pergunta:
"Em que errei? Em que agi correctamente? Que dever deixei de
cumprir?" 44.
Recrimina-te
pelos teus erros; alegra-te pelos acertos. 45.
Pratica
integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Deves amá-las de
todo o coração. 46.
São
elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina. 47.
Eu
o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado. 48.
Aquela
fonte da natureza cuja evolução é eterna. 49.
Nunca
começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses. 50.
Quando
fizeres de tudo isso um hábito, 51.
Conhecerás
a natureza dos deuses imortais e dos homens, 52.
Verás
até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os
mantém em unidade. 53.
Verás
então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em
todas as coisas. 54.
Deste
modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será
desconhecido de ti. 55.
Perceberás
também que os homens lançam sobre si mesmos as suas próprias desgraças,
voluntariamente e por sua livre escolha. 56.
Como
são infelizes! Não vêem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado. 57.
Poucos
sabem como libertar-se dos seus sofrimentos. 58.
Este
é o peso do destino que cega a humanidade. 59.
Os
seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos
intermináveis 60.
Porque
são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles,
que os lança para cima e para baixo sem que percebam. 61.
Trata,
discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela! 62.
Oh!
Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes. 63.
Mostrando
a cada um o Espírito que é seu guia. 64.
Porém,
não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina. 65.
E
a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles. 66.
Se
ela te comunicar os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas
as coisas que te recomendo. 67.
E
ao curar a tua alma libertá-la-às de todos estes males e sofrimentos. 68.
Mas
evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da
alma. 69.
Avalia
bem todas as coisas, 70.
Buscando
sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar. 71.
Assim, quando abandonares o teu corpo físico e te
elevares no éter. 72.
Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais
morrerás. Empédocles Por autores
acreditados foi já posta em questão a autoria da “Teoria das quatro
faculdades”, correspondentes aos quatro elementos da matéria, a qual, em vez
de ser de Hipócrates, como em geral se supõe, poderá ser de Empédocles. Mas, voltando ao nosso tema chave, nada se prestou tanto ao
ridículo como a medicina. Heraclito Heraclito era também médico, e afirmava que “ninguém é mais louco que os gramáticos, a
não ser os médicos”. Demócrito Demócrito foi um grande químico, a quem se deve a autoria de
teorias sobre transmutação de metais,
e sobre a composição atómica da matéria.
Ele criticou – em sintonia com os empíricos – as teorias médicas oficiais
daquele tempo, declarando que “não se
devia aceitar como regra de conduta mais do que o resultado dos factos
observados”. Heródicus Heródicus foi o inventor da ginástica médica, como meio de
conservar e devolver a saúde. Hicus Hicus era médico e atleta. Permaneceu solteiro, para conservar
as suas forças e ganhar os prémios nos torneios. A sua sobriedade era tão proverbial
que se recomendavam aos barrigudos daquele tempo os Menus de Hicus. Eracístrates Eracístrates dizia: “para
curar os órgãos é necessário conhecê-los” e fundou a anatomia patológica. Hierófiles Hierófiles criou
muitos termos de anatomia, os quais, como bem disse Raspail, “poucos frutos
deram à medicina, já que a necroscopia de então, como hoje, só conseguiu
surpreender pelos efeitos, ficando sempre fora do seu alcance a causa real da
enfermidade, a qual continuaram considerando emanada da fleuma, da bílis, do
frio, do quente, do seco e do húmido”. Eracístrates e
Hierófiles separaram a cirurgia da medicina (isto, dois séculos antes de
Cristo!) e introduziram a farmácia como novo ramo de comércio na arte de
curar. A medicina propriamente dita, de facto, chamava-se dietética – o que
mostra o valor que se dava todavia ao regime. Pródicus Pródicus, afastou-se destas teorias, pela convicção de que “a saúde depende do atletismo e do
estímulo da pele, por meio de fricções e bálsamos”. Catão... a que também já nos referimos, escrevia ao seu filho, em
viagem à Grécia: “...Dir-te-ei
o que deves trazer de Atenas: a sua literatura é digna de ser conhecida, mas
com cautela, pois quando nos tenha inspirado os seus gostos, terá conseguido
corromper-nos; porque razão a Grécia nos manda os seus médicos? Estes hão
jurado matar todos os bárbaros com as suas receitas – e para isso existe um
salário, a fim de que o enfermo perca mais depressa a fé nos tratamentos!
Proíbo-te, pois, os médicos. Estes entraram em Roma, apesar dos romanos os desprezarem,
por ser a medicina uma arte de escravos...”. Plínio Plínio, o grande historiador, dizia: “...o médico
é o único em quem cremos mais nas suas palavras que em seus actos; assim se
crê porque se lhe chama «médico». Sem dúvida, não há arte onde a impostura
tenha mais perigosas consequências. Não temos nenhuma lei eficaz para
castigar a sua ignorância, que mata, que se instrui à conta da nossa saúde,
que experimenta matando. Só há no mundo um nome que pode matar impunemente –
é o médico!...”. E acrescentava: “...nenhuma
profissão há envenenado mais pessoas, caçado mais heranças, levado o
adultério até ao palácio dos Césares. Refiro-me às suas avaras exigências, às
condições que impõe até à agonia, às suas prendas, que pedem contra a morte,
aos seus remédios secretos, que tão caro vendem ao enfermo, a essa dessa
teriaca (teriaca ou triaca - famoso medicamento antigo, que chegou a
incorporar setenta componentes, e se prescrevia como antídoto de
envenenamentos), composta para o luxo –
esse antídoto de Mitrídates, composto de cinquenta e quatro drogas, onde cada
uma entra em proporção diferente. É para vender mais caro que fazem tanta
ostentação de uma ciência prodigiosa, da qual ignoram, com frequência, os
rudimentos mais básicos. Foi por isso que Catão repudiou essa ciência
insidiosa, na qual o médico honrado encobre os charlatães, tratando, pela sua
determinação, combater as alucinações dos espíritos dos enfermos, que pensam
que uma droga é tão mais saudável quanto mais cara custa...”. Na sua “História Natural”- volume 24 – escreveu: “...a natureza não criou
mais do que remédios vulgares, baratos e fáceis de obter, geralmente entre os
nossos próprios alimentos; foram a fraude e o charlatanismo quem inventou
essas «oficinas» onde se promete ao enfermo devolver-lhe a vida a preço de
ouro; é aí que se recomendam misturas misteriosas vindas da Arábia e da
Índia, como se só o mar vermelho pudesse produzir remédios para o mais insignificante
abcesso, enquanto os pobres encontram o seu remédio na sua própria
alimentação...”. E mais: “...a medicina
tornar-se-ia a mais vil das arte se fosse tomado, no próprio jardim, a erva
ou alimento que servisse de específico; a verdade é que a grandeza romana
perdeu a sua severidade; os vencedores foram domados pelos vencidos; o romano
obedece aos bárbaros, e há uma arte que exerce o seu império sobre os
próprios imperadores...”. É evidente que, entre os próprios médicos, houve os que
reagiram contra os vícios da medicina. Asclepíades, o romano, cem anos antes de Cristo, reclamava
contra os purgantes e os vomitivos, recomendando apenas remédios simples,
suaves e naturais. Preconizava passeios a pé ou em carroça, fricções e vinho
de uva, banhos frios contra a enterite, água salgada contra a icterícia,
etc.. Metódicos A seita dos metódicos afirmava: “...Os
remédios simples são melhores do que os remédios Ressurge o Naturismo Como consequência dos fracassos da medicina, e da desconfiança
do povo, o naturismo começou a entrar
em voga. Surgiu a seita dos Eclécticos, que
pretendiam retirar o bom do dogmatismo como do empirismo, sendo o
Eclectismo a tendência filosófica formada de princípios ou teses colhidos
em diversos sistemas, com o fim de sintetizar o que de melhor cada um pode
oferecer. Isto permite formar
métodos, pela conciliação de partes originárias de diversas escolas,
desprezando-se tudo o que não for conciliável com o novo “sistema” assim
criado, e acrescentando-se infinitamente a ele tudo o que satisfaça os
princípios da coerência estabelecidos. A história repete-se, e nem sequer faltaram então os espiritualistas
que, com Gricípe, tentavam unir o positivismo de Hipócrates ao espiritualismo
de Platão. Celso Aulo Cornélio
Celso (século I) viveu no tempo de Augusto e foi
autor do célebre livro De Arte Médica
ou De Re Médica, possivelmente
tradução de textos gregos. Foi seguidor das teorias de Hipócrates e foi
cognominado o Cícero da Medicina, devido à qualidade e pureza
do seu estilo. Classificou as doenças que podem ser tratadas por dietas e
regimes e aquelas que requerem tratamento cirúrgico ou farmacológico. Ele foi
sem dúvida o mais sério dos médicos escritores de Roma. Entre as suas
célebres afirmações, dizia: “...o bom médico não deve abandonar o seu enfermo, mas isso
não o podem fazer os que exercem sem outra razão do que a de ganhar
dinheiro...”. Em sintonia com Hipócrates, afirmava: “..a melhor
medicina é a alimentação dada oportunamente...”. Apesar do desprezo dos romanos e das
acusações que lhes faziam – de matar, mais do que curar – os médicos
multiplicaram-se e fizeram-se ricos e poderosos. Isto foi então, como o é
hoje, uma lógica consequência da ignorância geral da arte de bem viver – a única que evitaria a enfermidade e faria
inútil o médico. Recordamos a este respeito o diálogo de
um príncipe do oriente com um célebre médico árabe que se instalou no seu
país, e que ficou muito surpreendido por os médicos serem raros.
Perguntando-lhe o sábio como vivia o seu povo, o príncipe respondeu: “...levam uma vida muito
modesta, dedicando-se quase todos às tarefas mais simples e rudes do cultivo
da terra; comem o que eles próprios produzem, e só quando têm fome...”.
“... Não têm, por outro lado, vícios...”
- completou o príncipe. “Neste caso – disse o médico: “– não me necessitam, e nada
tenho a fazer aqui”. Galeno No ano 170, Galeno de Pérgamo pretendeu
reabilitar Hipócrates, mas à luz das suas próprias convicções. Mais instruído
que este em anatomia e fisiologia,
retirou ao hipocratismo o seu
significado naturista. Galeno foi o verdadeiro «pai» da medicina alopática
farmacológica. O famoso lema contrarie, contrarie curantur, se fosse apreciado de acordo com o
critério naturista hipocrático, poderia traduzir-se no seguinte conselho: “se queres curar-te, faz o contrário do que existe para adoeceres”. Este conselho referir-se-ia então à
conduta, onde reside indiscutivelmente a causa principal do mal. Mas o galenismo, pelo contrário, traduz o
célebre aforismo, com o lema: “para curar, apliquemos o remédio que
produz efeitos contrários à enfermidade”. |
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IDEALISTAS Vitalismo O vitalismo é a teoria
que atribui uma propriedade específica aos fenómenos da vida, distinguindo-os
radicalmente dos fenómenos físicos e químicos. O vitalismo postula
igualmente a existência de uma força vital imanente aos seres vivos e
irredutível às propriedades da matéria inorgânica. Sob o ponto de vista
epistemológico, o vitalismo recusa-se a explicar os processos biológicos e
psicológicos pelos conceitos e leis da física ou da química; a
autodeterminação dos organismos não seria de natureza causal, devendo antes
ser atribuída a um princípio teleológico supramaterial. A origem filosófica
do vitalismo reside no hilozoísmo e no finalismo da Antiguidade. Em seguida,
a tese vitalista liga-se com a medicina do Renascimento que, sob a influência
dos alquimistas e dos astrólogos, tendia a associar os princípios da harmonia
biológica aos princípios de uma harmonia cosmológica, sendo a síntese entre a
matéria e o pensamento assegurada por um princípio vital de natureza
metafísica. Leibniz atribuía uma
actividade “...dinâmica, agente e contínua...” à matéria; Novalis e Schelling
(Séc. XIX) sustinham que “...a natureza é governada por um princípio vital
acessível apenas à intuição, estética ou mística...”. A evolução destas teses
conduz à concepção dinamista, em resoluta oposição ao mecanicismo de
Descartes. A ideologia
materialista encostou-se ao mecanicismo e fez esquecer o vitalismo. Mas os
actuais conceitos de “consciência celular”, não são mecanicistas, e sim
vitalistas. O vitalismo, como
princípio, foi conservado por muito tempo, até à antiga escola de medicina de
Montpellier, mas como consequência lógica do lema alopático acabou também por
ser desvalorizado. A maior desgraça do
homem é o seu espírito gregário. O homem corrente teme todas as coisas, até
mesmo o uso do seu cérebro, para pensar livremente, e prefere seguir os que
pensam por ele. É este o perigo da Ciência!. Quem não pensa não pode
compreender e só está capacitado para crer, mas não para criar. Só o
pensamento cria e como a vida é uma contínua recriação, só realmente vivem e
se auto–realizam os pensadores e os empreendedores. Nesta condição explica-se
o deslumbramento e a admiração dos povos pelos seus heróis, admiração que
predispõe às multidões a aceitar, sem as discutir, teorias, leis e costumes
que as escravizam, as embrutecem e as anulam. A fama e a moda são
consequência desta falta de individualidade na maioria das pessoas. Por isso
é que as teorias, aceites como dogmas num momento, decaem para voltar mais
tarde, tal como as modas. Isto não quer dizer que os homens famosos não
tenham muitas coisas boas, mas sim que o espírito humano deve estar sempre
alerta e livre, para poder discernir, aceitando ou rechaçando, de forma a não
ser nunca um seguidor cego de teorias nem de homens. Rases e Avicena
A fama de Galeno
passou de Roma à Arábia, onde se traduziram as suas obras. Rases e Avicena,
os mais célebres médicos árabes, inspiraram-se nas teorias hipocráticas, de
acordo com a interpretação galénica, e os professores das faculdades do
ocidente adoptaram durante séculos a medicina árabe. Rases ou Rhazes, ou Al-Razi, cujo nome
completo era Abu Bakr Muhammed ibn Zakariya al-Razi (864-930) nasceu em
Rages, Pérsia, e notabilizou-se como médico, alquimista e filósofo, sendo um
dos melhores da sua época. Utilizava uma grande quantidade de aparelhos e
equipamentos alquímicos, e ensaiou a aplicação da arte hermética na medicina.
O seu trabalho mais importante é o Sirr al-Asrar ou Kitab al-Asrar. AL Razi
ficou conhecido na Europa como Rases ou Rhazes, o que resultou da latinização
do seu nome. Avicena, cujo
nome era Abu Ali al-Husayn ibn Abd Allah
ibn Sina (980-1037), foi médico, filósofo, alquimista, astrólogo,
mestre e cortesão. Viveu muito tempo na Pérsia, onde praticou a alquimia e a
astrologia, devendo-se a ele os primeiros e melhores tratados sobre alquimia conhecidos na Europa em
traduções latinas. Obras: Qanum fit-Tibb (Cânone da
Medicina); An-Najat (A Salvação); Kitab al’isarat wat-tanbihat (Livro dos
Teoremas e dos Avisos); Mantiq almasriquyin (Lógica) e os Risalas, opúsculos
sobre o Corão, a magia, os sonhos e os talismãs. As traduções latinas de suas obras
alquímicas compreendem Anima in Arte Alchimia; Tractatus Alchimiae e
Avicennae de Congelatione et Conglutionatione Lapidum (esta editada em inglês
com notas e crítica de E. J. Holmyard e D. C. Mandeville (P. Gauthner, Paris,
1927). M. Cruz Hernandez seleccionou, comentou e transpôs para o espanhol
textos deste filósofo Avicena foi um dos sábios mais notáveis
do Oriente; deve-se a ele a classificação das ciências, usada posteriormente
nas escolas medievais europeias e seu Qanum fit-Tibb adquiriu celebridade
sendo diversas vezes traduzido para o latim. Como continuador da tradição
aristotélica de seu mestre Alfarabi, na sua doutrina filosófica encontram-se
muitos elementos neoplatónicos. Organicismo e Opoterapia Durante toda a Idade Média a medicina alastrou-se por toda a
Europa em condições inconcebíveis. Ainda que, pelo menos em teoria, sempre tenha
havido um certo eclectismo, o que na prática triunfava era o organicismo. Messier – o antigo –, chamado o
evangelista dos médicos, na sua obra Colecta
Arti Medici recomendava, entre outros medicamentos, os tão delicados como
testículos de raposa ou de carneiro de padreação, secos e misturados com mel
e gema de ovo, como afrodisíacos; aos anémicos recomendava sangue e pó de
carne; miolos e medula contra e epilepsia. Avicena recomendava mamilos de ovelha e
de cabra como galactógenos (o m. q.
galactogogo – agente que aumenta a secreção de leite). Alberto Magno – célebre monge dominicano
que pertenceu à escola de medicina de Paris, em 1250 – recomendava testículos
de porco aos homens “humilhados”, e para que a mulher pudesse conceber, dava-lhe
útero de lebre. Esses sábios tornaram-se precursores de Brown-Séquard. Charles Édouard Brown-Séquard (1817-94) foi o médico e
fisiologista francês que investigou acerca do prolongamento da vida
recorrendo a extractos glandulares. As obras de grandes
médicos e farmacêuticos da Idade
Média são uma sucessão de relatos imundos e extravagantes – todos os bichos
conhecidos, seus tecidos, secreções e dejecções dissecadas, reduzidas a pó ou
em pílulas e bebidos encheram as boticas durante esses tenebrosos séculos. Juan de Rénue, médico de Henrique IV, na sua obra “Animais
e suas Partes, que o farmacêutico deve ter na sua Botica”, dá-nos uma
«saborosa» descrição a este respeito. Depois de descrever as virtudes de toda
a classe de insectos, cantáridas, cochinilhas, vermículos, lagartos,
formigas, víboras, escorpiões, rãs, caranguejos e sanguessugas, atribui
também aos órgãos genitais, ao coração, pulmões, rins e bexiga, dos animais e
do homem, grandes poderes curativos. A gordura do homem e dos mamíferos, o sangue
de cada animal, cada classe de leite, os chifres, as unhas, as conchas das
ostras e até as pérolas do seu interior, reduzidas a pó, tinham cada um as
suas virtudes para determinados males. Diz Rénue: “...apresentam virtudes especiais, e não será demais que o
farmacêutico os tenha na sua botica, particularmente os de cabra, de cão,
cegonha, pavão real, pombo, gato de angora e os pelos de vários animais...”. A grande maioria dos grandes farmacêuticos e médicos do século XVIII, fizeram receituários da
mesma natureza. Entre outras drogas famosas, recordamos o album graecum (designado popularmente por “alva de cão”), que não era mais
que excremento de cão (seco), ao qual atribuía a virtude de secar as
verrugas, fazer desaparecer os tumores, acalmar a desinteria, resolver os
edemas e dar excelentes resultados na tuberculose, pelo oxalato de cal que
contém. Ambroise Paré
(1510-90) era francês e foi um
dos mais famosos cirurgiões da Europa da sua época. O seu sucesso como cirurgião militar
granjeou-lhe o posto de cirurgião real de Henrique II, e dos seus sucessores:
Francisco II, Carlos IX, e Henrique III. O próprio Ambroise Paré tinha
fé nessa classe de remédios, como o demonstra a sua descrição de um bálsamo
chamado Óleo de cachorrinhos,
composto com óleo de lírios e cãozinhos recém nascidos, que se faziam ferver
juntos, juntando-se-lhe lombrigas preparadas com terebintina de Veneza. Este
bálsamo era excelente – dizia – contra feridas de arma de fogo. Não
pretendemos entrar em detalhes, até porque são demasiado repugnantes, mas
remetemos os interessados nesta pesquisa para o tema “opoterapia”. Opoterapia Trata-se de um
método terapêutico com alguns pontos em comum à organoterapia. Utiliza os
sucos e extractos de diferentes órgãos, assim como das suas mais diversas
substâncias, incluindo a próprias estrutura do órgão – mais recentemente
glândulas endócrinas liofilizadas. Na
actualidade, o que já era mau passou a pior: utilizam-se hormonas sintéticas,
que têm a agravante de uma maior toxicidade, pela presença dos princípios
degenerativos inerentes aos produtos que pretendem
“enganar a natureza”, isto é, tudo o que é sintético. Sem dúvida, houve também médicos que conservaram fielmente os grandes princípios
hipocráticos, mais ou menos como uma tradição, e deles nos ocuparemos mais
tarde. REVOLUÇÃO MÉDICA Paracelso Theophrastus Bombast Von Hohenheim (1493-1541). Philippus,
Aureolus e Paracelso, terão sido nomes por ele acrescentados. O nome “Paracelso”,
significa literalmente “para além de Celso”, e
supõe-se ter sido este o auto-juízo que ele fazia de si próprio:
considerava-se superior a todos os médicos, até do famoso médico grego Celso. Paracelso foi
médico, filósofo hermético, rosacruz e alquimista. Estudou na Universidade de
Basileia, após o que viajou durante 20 anos por toda a Europa, Rússia e Ásia.
Estudou hermetismo e foi aluno de alquimistas tão célebres como Basile
Valentin e também dos sábios islâmicos de Constantinopla. Paracelso atacou com violência os
sistemas médicos convencionais e preconizou a experimentação. Mereceu boa
reputação como médico, mas o seu temperamento colérico trouxe-lhe também
muitos inimigos. Ocupou, no século XVI, um lugar de
destaque entre os reformadores da medicina oficial. Este espírito
revolucionário criticou magistralmente as teorias de Galeno, cujo absurdo fez
ressaltar. Mas depois de as ter deitado por terra,
que pôs ele no seu lugar? Em lugar da
Teoria dos Quatro Humores, inventou a Teoria das Cinco Causas. Apesar da pouca clareza destas teorias, Paracelso esteve no auge da boa
fama durante um certo tempo, especialmente na Europa Central. Mas foi,
certamente, mais pelo valor da sua prática do que pela teoria. Fundamentava-se da seguinte forma a
sua «Teoria das Cinco Causas» (Entitus Morborum): “...As cinco
entidades que engendram todas as enfermidades - diremos pois que o nosso corpo é sujeito a
cinco entidades; que uma só entidade contém nela todas as enfermidades, e com
elas um certo poder sobre o nosso corpo, pois há cinco classes de
hidropisias, o mesmo número de icterícias ou enfermidades reais, o mesmo
número de febres e outro tanto de classes de cancros. E isto é também verdade
para todas as demais enfermidades. A influência dos astros é a «entidade dos
astros»; a segunda influência é a «entidade do veneno»; a terceira que
debilita o nosso corpo, o mina por uma má complexão, é a «entidade natural»;
a quarta é a «entidade dos espíritos sobrenaturais», que têm o poder de
violentar o nosso corpo e desgastá-lo; a quinta entidade é «Deus»”. Temos lido em escritos de naturistas a apologia de Paracelso.
Na verdade, ainda que fosse um revolucionário dentro da medicina, não tinha nada
de naturista: foi Paracelso quem pôs em uso os remédios químicos, sobretudo o
mercúrio e o arsénico, com os quais, como disse Raspail: “...obteve
curas que se consideraram maravilhosas, mas não se teve em conta as
recidivas; era vago na explicação da teoria da sua acção, mas atrevido e
preciso na sua aplicação; curava assim rapidamente, ou matava logo, o que fez
que se falasse muito das suas curas e muito pouco dos seus fracassos; o
curado tornava-se seu apóstolo, enquanto ao morto um pouco de terra apagava o
acidente; tudo estava assim pelo melhor, para a reputação do mestre...”. Paracelso foi, por outro lado, bom cirurgião, e os seus
bálsamos e linimentos faziam maravilhas nos feridos, segundo se assegura. Van Helmont Jean Baptiste Van Helmont (Bruxelas, 1577
– Vilvorde, Bélgica, 1644), de origem nobre, foi médico, químico,
fisiologista, filósofo, místico, alquimista e rosacruz. Estudou em Louvain,
experimentou vários ramos da ciência, e
regressou à medicina, doutorando-se em 1599. Viajou pela Suíça,
França, Itália e Inglaterra. Em 1605, durante o período da grande epidemia,
encontrava-se Van Helmont foi outro médico revolucionário, e nas suas
críticas à medicina dizia: “Desde
Hipócrates até nós a medicina não deu um só passo; Galeno implementou-lhe,
inclusivé, um impulso retrógrado, fazendo-a girar num círculo vicioso. Desde
que a medicina se inclinou ao lucro, o médico ficou atado como um escravo ao
cais.” Van Helmont prossegue: “Li duas
vezes os escritos de Galeno com a maior atenção, e convenci-me da sua pobreza
e da sua ignorância, só comparáveis à sua audácia; o único de bom em Galeno é
o que copia a Hipócrates e a Platão.” Van Helmont teve a intuição da importância da auto-sugestão,
até na peste, cujo Archeu dizia: “...está sobretudo na imaginação do enfermo...”. Insinuou também que: “...as enfermidades podem ser determinadas por seres animados
e microscópicos ou parasitas...”. Mesmo sendo místico, não deixou de se interessar pelos avanços
da ciência e conhecia as obras de Harvey, Galileu e Bacon. Não aceitou cargos
reais, vivendo sempre recluso e conquanto professasse o catolicismo, o seu tratado
De Magnetica Vulnerum Curatione trouxe-lhe a suspeita de heresia, sendo preso
em 1634. A Homeopatia Em finais do século XVII apareceu Christian Friedrich Samuel Hahnemann, que
foi sem dúvida um dos maiores adversários da medicina galénica. Partiu da
observação de que a quina, por
exemplo, produzia uma febre parecida à que se curava com ela. Hahnemann estudou muitas outras substâncias
medicamentosas activas e viu que todas elas produziam, no homem são, sintomas parecidos aos que curava
nos enfermos. Também observou que alguns princípios, mais ou menos inertes em
forma global (ponderal), se subdividiam e adquiriam maior actividade uma vez
esmagados no almofariz ou diluídos em atenuações líquidas. Isto é, que a
desagregação molecular de uma substância aumenta a sua potência medicamentosa
em alto grau. Quis-se explicar este poder por um estímulo sobre a força
vital, à que os homeopatas atribuem, como os naturistas, o papel principal na
cura. Por isso dizem que foi Hipócrates o «pai da Homeopatia», cujo lema,
oposto ao da alopatia é o «similia similibus curantur». As descobertas
sobre a radioactividade deram-lhes um argumento para explicar o poder
medicamentoso das drogas em alto grau de diluição, e têm, sem dúvida alguma,
mais razão do que os alopatas, ainda que, segundo a escola naturopática, “a
prática exclusiva da homeopatia sem o suporte de um regime curativo adequado
constitui uma desvirtuação do espírito hipocrático naturista.” Existe certa incompatibilidade entre a escola homeopática e a escola naturopática,
quando se ocupam dos aspectos filosóficos na forma mais pura. E esta
intolerância é mais marcante da parte da escola naturopática. Segundo afirma
esta escola: “...quem se intitula “Homeopata/Naturopata”, e faz uso cabal
de todos os medicamentos que a farmacopeia homeopática lhe disponibiliza, não
compreendeu os preceitos fundamentais mais básicos da medicina natural,
porque a potencialização da energia de uma planta inócua, poderá não
ser de todo condenável, mas fazer a apologia do veneno, ainda que dinamizado
até à indetecção, é coisa mais grave e de difícil concordância”; “...algumas
substâncias homeopáticas, como o acónito, o arsénico, a beladona, o mercúrio,
o ópio, e outros do mesmo estilo, nunca serão recomendadas por um naturopata
puro, havendo uma certa contradição, em termos de lógica, entre a afirmação
do seu extraordinário poder curativo e a sua inocuidade, como tóxicos que
são; por outro lado, vemos também entre os medicamentos homeopáticos produtos
vegetais indubitavelmente inócuos.” O facto é que não faltam argumentos homeopáticos absolutamente
lógicos e também de fácil compreensão. E a verdade é que estes medicamentos dão
desconcertantes e irrefutáveis provas de eficácia, que o observador de boa fé
e o livre pensador testemunharão facilmente, mas que uma mente carregada de
ideias pré concebidas não terá capacidade para compreender. Em suma, tanto a homeopatia como a naturopatia
não carecem de meios eficazes para aliviar dores, atenuar sintomas molestos,
e levar organismos vivos à recuperação do seu equilíbrio biológico. E isto
com a vantagem de utilizarem processos que não apresentam qualquer perigo,
quando aplicados com elementar prudência: hidroterapia,
helioterapia, ginástica, jejum
terapêutico, dietas diversas, e
eventualmente, o uso de algumas plantas simples (fitoterapia), uma ou
outra dinamização (homeopatia), a
sugestão ou influência pessoal e a auto-sugestão consciente (hipnoterapias),
etc.. Todas estas técnicas são úteis, em conjunto ou em separado, desde que
aplicados com a devida competência. Christian Science Citaremos como referência as curas mediúnicas, ou as curas
pela fé, pela Christian Science (Fundada por Mary Baker Eddy), ou nos
Santuários Católicos, as quais, segundo o nosso critério, se relacionam com
as curas por auto-sugestão. São efectivamente “curas”, mas só ocorrem quando
a capacidade de auto-sugestão é suficientemente intensa. Psicanálise A Psicanálise da escola freudiana, de que tanto se tem falado
nestes últimos anos, atribui uma influência patológica considerável aos
complexos psíquicos, especialmente de origem sexual, por desejos contidos,
que são susceptíveis de produzir no subconsciente desequilíbrios causadores
de múltiplos fenómenos patológicos e que se curam quando se descobrem e se os
transmuta inteligentemente. Trataremos isto com maior extensão noutra altura. Electroterapia,
Reflexoterapia, Soroterapia, Cura pelas Ondas, Etc.. As demais múltiplas especialidades como a electroterapia, a reflexoterapia,
a soroterapia, a cura pelas ondas, independentemente da
sua eficácia imediata e dos seus perigos mediatos, são merecedores da crítica
fundamental que o naturismo aplica a todos os sistemas de cura que se
utilizam essencialmente para combater apenas os efeitos, sem fazer
desaparecer as causas profundas dos males. Insistimos em que a medicina extraviou o
seu caminho desde há milhares de anos. Ao não estudar os males nas suas
causas reais, tem sido um instrumento de exploração e de engano, quando
deveria ser um maravilhoso instrumento de reforma e modificação dos costumes.
O médico devia ser o mestre, o higienista, o instrutor e o filósofo. Por não
o entender assim, a medicina tem sido até agora a fomentadora da oposição e
do descrédito aos espíritos discordantes de todas as épocas. Descrédito aliás
bem merecido, pois esta atitude tem sido a causa da perpetuação da ignorância
acerca da verdadeira higiene, através de muitos séculos de inumeráveis
sofrimentos, que se poderiam ter evitado se tivessem sido seguidas as
directivas dos grandes mestres, especialmente de Pitágoras e de Hipócrates,
cujos ensinamentos sintetiza o moderno naturismo. O excesso de todo o mal destrói-se a si mesmo; os excessos de uma falsa orientação
acabaram por restaurar a merecida fama a Pitágoras, a Hipócrates, a Celso, a
Paracelso, a Van Helmont, a Hahnemann,
a Pasteur, etc., mas a enfermidade não foi vencida. A quimioterapia sucedeu à organoterapia;
a microbiologia e a soroterapia tiveram logo o seu auge. Voltou o organicismo
em forma de opoterapia. Mas por fim, tanta medicina anti-natural,
especialmente na forma de injecções, acabou por semear temor e desconfiança
no povo, o qual volta a prestar atenção às antigas teorias naturistas. A história repete-se. Mas agora, graças à universalização da cultura,
é-nos dado esperar o triunfo
definitivo da boa doutrina. Sem dúvida, entendemos que isto será possível
somente na medida em que vá desaparecendo o espírito gregário, a que nos
referimos anteriormente. Dissemos também que a medicina se tornava rica e
poderosa nas épocas de maior decadência; ela seria supérflua num mundo sem
vícios. A medicina segue também as flutuações sociais. Quando chegou a uma
maior abjecção foi na Idade Média, quando a ignorância e o servilismo
chegaram ao seu apogeu. Actualmente é tão abalizada como todos os valores
económicos e sociais. Os médicos trataram de fazer-se poderosos
intervindo na política – fazendo espalhar vacinações e monopólios em favor de
uma doutrina contrária às demais. Vendo que não é possível combater as
doutrinas adversas, como os eclécticos da Grécia, pretendem tomar o bom de
onde está, fazendo especialidades de doutrinas baseadas em princípios
contraditórios. Isto não os salvará! Tal como em sociologia, é necessária uma mudança fundamental no critério
médico. Como já o sentem muitos médicos sinceros e honrados, a missão
superior da medicina é educar o povo, de forma a tornar-se prescindível. Num
corpo em estado de degeneração pouca coisa boa pode já fazer o médico; pode
apenas iludir e confundir o enfermo. O médico deve tornar-se instrutor
naturista; ensinar as leis da vida sã; orientar sãos e enfermos no caminho da
sabedoria e dar-lhes o exemplo. Assim triunfará e será um factor talvez
decisivo na grande revolução dos espíritos, que tanto necessita o mundo.
Entretanto é indispensável que toda a pessoa inteligente conheça o critério
naturista e se capacite para aplicá-lo na prática em si mesmo, assim como nos
seus filhos e em todos os que o procurem para esse fim. As grandes revoluções
vieram sempre de baixo. Mas já muitos médicos demonstram a sua simpatia pelo
naturismo. LEZAETA História e Doutrina segundo Lezaeta Fonte: “ O Naturismo é tão antigo como a Criação, mas só
chegou a tomar belicosidade nos nossos dias, para defender a humanidade da
ofensiva diabólica da Teoria Microbiana, que atribui aos micróbios a causa
das doenças do homem. (Lezaeta). A Medicina
Natural ou Ciência da Saúde nasceu com o homem e foi praticada pelos
sacerdotes egípcios e caldeus. Também a cultivaram os filósofos da
Antiguidade. Hipócrates formulou as regras
da verdadeira arte de curar, cuja chave expressa na sua clássica frase
“natura medicatrix” ou seja: “a Natureza é a que cura”, foi esquecida pelos
profissionais com a sua actuação antinatural que conduz à «medicação» e à mutilação
do corpo. A acção tóxica dos venenos da
botica é precisamente o agente que deprime e anula a força curativa natural
que possui todo o organismo, chegando a paralisá‑la até impedir toda a
reacção salvadora. A mutilação das entranhas também torna impossível
restabelecer a normalidade funcional do organismo, o que equivale a dizer a
Saúde. As forças da Natureza já não
actuam no corpo que está sob a acção medicamentosa, o que explica que com
drogas se suprimam os sintomas, que constituem sempre defesa orgânica. Fazendo frente às
actividades médicas dos filósofos e sacerdotes que actuavam em plena luz, os
feiticeiros criaram uma arte diabólica, misteriosa e à sombra. Em vez dos
agentes naturais de que se serviam os médicos filósofos, os feiticeiros
prescreviam aos seus enfermos substâncias tóxicas, estimulantes ou calmantes
que serviam de base a poções de serpentes e de sapos, excrementos e outras
imundices que preparavam com mestria e de uma forma que dissimulava a sua
repugnante natureza. Estes venenos actuavam acalmando ou excitando os
sintomas do desarranjo orgânico, mas deixando de pé a sua casa, que só mudava
de manifestações. Temos assim explicada a origem das
duas medicinas que, segundo o Dr. Paul Carton (1875-1947), se disputam na atenção dos enfermos: Medicina
Branca ou filosófica e Medicina Negra ou de feiticeiros. Preparados opoterápicos na base de
extractos glandulares, vacinas e soros de culturas de micróbios e humores
corrompidos, nada ficam a dever às imundas medicinas dos feiticeiros. Ultimamente a imprensa deu conta de
experiências realizadas por eminências médicas da Europa destinadas a curar o
cancro com uma poção de serpente. Entre nós, o Dr.
Frederico Puga Borne, Presidente da Soc. Científica do Chile, recomendou
injectar o veneno da aranha Lacrodictus Formidabilis aos leprosos de
Páscoa. Contra esta falsa
medicina tinha que vir uma reacção para salvar a humanidade de falsos
protectores. Essa reacção está em plena actividade hoje em dia, mas ela não
saiu das fileiras dos facultativos, senão do campo dos enfermos. Enfermos foram
Priessnitz, Kneipp, Kuhne, Rikli, Just, Padre Tadeo e também o autor destas
linhas. A comprovação pessoal do
fracasso da medicina que pretende restabelecer a Saúde com tóxicos de
farmácia, agentes de laboratório e com sangrentas intervenções cirúrgicas,
levou estes enfermos rebeldes a procurar o caminho da verdadeira saúde com as
próprias luzes da sua razão, ultrapassando os preconceitos, a rotina e o
fanatismo médico. A informação completa sobre a vida, métodos de cura e ensinamentos destes
mestres encontrará o leitor na nossa obra (de Lezaeta) A saúde pela
natureza. O êxito obtido
pela experiência e à margem do consagrado oficialmente como científico foi,
pois, a razão de ser de uma ciência de verdade que a cada dia se prestigia
mais com os seus êxitos à cabeceira dos enfermos para os quais a ciência
medicamentosa e cirúrgica infrutiferamente tinha esgotado já os seus
recursos. A medicina criada pelos doentes
levanta‑se libertadora frente à medicina inventada pelos profissionais,
sem mais bases do que teorias acomodatícias, tão absurdas como ridículas. É natural o
antagonismo destes sistemas, porque o interesse do médico e o do enfermo vão
por caminhos opostos, já que, de uma maneira geral, o primeiro prospera à custa
do segundo. A medicina universitária é uma
profissão de carácter económico, inadequada para satisfazer as necessidades
do doente que necessita por si mesmo controlar e defender a sua própria
normalidade funcional, que é a saúde integral do seu corpo. Consciente do
inconsistente e ilógico caudal dos seus conhecimentos, e necessitando impor
uma autoridade e prestígio sem base real, a medicina facultativa organizou‑se
em associações ferreamente disciplinadas, não só em cada país mas também no
campo internacional. A força da associação supre, pois, o poder da ciência
que falta. Ante este poder da associação
de interesses, em cumplicidade com a ignorância e fanatismo do público, o
indivíduo encontra‑se sem amparo e impotente para salvaguardar a sua
saúde e a sua vida. Até os governos
se sentem dirigidos e dominados por estes interesses organizados que reclamam
protecção e recursos onerosos em nome da “saúde pública”, à qual jamais
poderão servir empregando agentes de morte como tóxicos, bisturi, raios x ou
radium. DOUTRINA TÉRMICA DE SAÚDE Fonte: “ Este conceito é enunciado pela
primeira vez no campo da Saúde humana e tem a seguinte história: Corria o ano de 1899 quando
entrei para a Escola de Medicina da Universidade do Chile, dirigida então
pelo Dr. Polhamer. Entre outros, recordo os meus mestres David Benavente, de
Anatomia; Dr. Adeodato García Valenzuela, de Química e Dr. Anrique, de
Física. E dos meus companheiros, depois eminentes médicos, doutores Vargas,
Salcedo, Díaz Lira, Guiglioto, etc.. Vítima das chamadas doenças
sociais, vi‑me obrigado a interromper os meus estudos médicos, os que
não reatei quando me dei conta do fracasso da medicina para restabelecer a
Saúde. Durante largos anos fui tratado
por professores e especialistas de Santiago, com cujos dispendiosos
tratamentos só obtive o agravamento das minhas doenças que se foram
complicando de ano para ano. Ante tanto fracasso da chamada
ciência médica, dei‑me por vencido meu empenho de me livrar dos meus
males, que me tornavam intolerável a vida e resignei‑me a morrer a
curto prazo. Fugindo de mim mesmo, cheguei num
Verão a um povoado do Sul do Chile e na véspera do meu regresso à capital, um
monge capuchinho tropeçou comigo à saída do hotel onde estava instalado e,
olhando‑me fixamente interrogou‑me: “Vieste ver-me?”
¾ Não, padre, respondi. ¾ “Anda à minha
consulta, porque estás muito enfermo”, acrescentou ele. Era o Padre Tadeo
que, sem o procurar, a Divina Providência punha no meu caminho para me salvar
a vida. Abatendo o orgulho profissional que aos alunos se inculca na Escola de
Medicina, apresentei‑me à consulta do Padre Tadeo, que observando a
minha garganta me disse: “Dá graças a Deus por estar
aqui, porque estás tão enfermo que, se não seguires o meu tratamento, vais
morrer muito em breve”. Apesar de compreender a grande verdade deste juízo
e, sentindo que cada noite era a última da minha vida, manifestei‑lhe
que tinha em meu poder relatórios de exames médicos dos meus professores que
garantiam a ausência de micróbios da infecção sifilítica no meu corpo e que
agora era só vítima de neurastenia. “Enganas‑te tu e enganam‑se
os médicos, a enfermidade encontra-se no teu sangue”, replicou-me o Padre. Recebi a “receita” que prescrevia
passeios a pé descalço pelo orvalho dos pastos ao nascer do sol, fricções e
jorros de água fria a determinadas horas; envolturas de todo o corpo,
alternando com vapores de caixa, excursões com subida a serros, etc.. Ainda que me parecesse difícil que com
estas originais práticas pudesse recuperar a minha saúde perdida, submeti‑me
a elas com pontualidade e constância. Antes de quinze dias deste tratamento,
abriu‑se‑me para mim um horizonte de felicidade e bem‑estar
desconhecido, mas, ao mesmo tempo apareceu o abundante fluxo uretral que os
médicos me haviam “curado” anos atrás, sufocando a sua expulsão do corpo e
obrigando este a reter essas matérias corrompidas que me causaram inflamação
prostática, estreitamento da uretra e até retenção da urina. Também se me
incharam os gânglios das virilhas, axilas e pescoço, aparecendo além disso
erupções e chagas em todo o meu corpo. Com estas novidades
volvi à consulta e disse‑lhe: “estou podre, Padre, veja o que me
aconteceu”... “Estás salvo, agora vais expulsar a enfermidade que os médicos te
deitaram no sangue”, foi a sua resposta. Mais de um ano esteve o meu corpo eliminando pus pela uretra, chagas e
abcessos, sem notar alguma complicação e sentindo cada dia a felicidade de
viver nunca antes conhecida e a que graças a Deus conservo até à data, com 77
anos de idade. Ante a eloquência destes factos, dei-me
conta de que as drogas eram incapazes de devolver a saúde perdida e que esta
só podia manter‑se e recuperar‑se mediante a acção dos agentes
vitais que oferece a Natureza com o ar, a luz, o sol, a água fria, a terra,
as frutas e vegetais crus. Tomei então a resolução de dedicar a minha vida
inteira ao estudo, prática e difusão da verdade no que à saúde diz respeito,
a que providencialmente havia chegado a conhecer à margem da medicina
facultativa. Durante nove anos segui a seu lado os sábios ensinamentos e práticas
do Padre Tadeo de Wisent. Tendo este sábio capuchinho alemão abandonado o
Chile para ir curar os leprosos da Colômbia, dediquei‑me a estudar as
obras dos seus mestres, especialmente do célebre cura de Woerishoffen,
monsenhor Sebastián Kneipp. (Manuel Lezaeta
Acharan) |
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COMO SE ORGANIZA O ESTUDO DA MEDICINA
TRADICIONAL (O Elenco Mínimo de Matérias que Teria Um
Possível Curso) Estes estudos
deverão ser efectuados no âmbito de uma especialização, para quem já possua suficientes
conhecimentos acerca do Corpo Humano. Caso contrário, haveria a necessidade
de estudos prévios de Anatomia, Fisiología e Bioquímica. Naturopatia
Medicina Tradicional Chinesa
Homeopatia
Hidroterapia
Fitoterapia
Nutrição e Dietética
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