ALGAS
A Classificação das Algas
As algas pertencem ao Reino Vegetal e estão classificadas nos seguintes
quatro grupos principais:
·
As Clorofíceas ou algas
verdes;
·
As Feofíceas ou algas
pardas;
·
As Rodofíceas ou algas
vermelhas;
·
As Cianofíceas ou algas
azuis (costumam caracterizar-se por serem algas unicelulares).
Esta classificação teve por base o tipo de pigmento que as caracteriza.
Descrição Geral, Reconhecimento e Habitat
Constituem a parte
do Reino Vegetal que se desenvolve e tem como habitat o mar e suas
imediações. São as chamadas “verduras do mar”, e algumas assemelham-se de tal
modo com os vegetais da terra, que por vezes as designamos impropriamente com
idêntico nome (é o caso da alface–do–mar, etc.). É frequente encontrá-las
nas praias, ancoradouros, cascos das embarcações, escarpas de falésias, ao
longo de toda a costa, na superfície das águas do mar e, obviamente, nos
fundos e locais submersos.
As algas são
organismos primitivos que constituem um elo importante na cadeia alimentar
dos animais aquáticos, e a sua utilização generalizada na alimentação humana
poderá vir a ser, com o tempo, um importante recurso.
Virtudes Gerais Reconhecidas
Até há cerca de
quatro décadas, o mundo ocidental desconhecia praticamente tudo acerca das
algas. As raras pessoas que as utilizavam faziam-no com um certo receio, e
mesmo assim quase sempre as procuravam pelo exotismo de tal atitude. Já se ia
dizendo que eram boas para tratar a celulite, mas até os que afirmavam isto
eram olhados com desconfiança.
Na actualidade,
vive-se uma situação mundial que já foi designada por “Mudança de Paradigma”
– antes Cartesiano (sem que Descartes tivesse culpa, porque quem o estudou de
mente aberta sabe que os seus postulados foram mal interpretados) –, e agora
Holístico. Como tal, já há pouca gente a deixar-se levar pelo pseudo –
conhecimento oriundo de escolas totalitárias, monopolistas, fatalistas e
derrotistas. O mundo mudou: muitas pessoas querem conhecer a «verdade»; e
a «verdade» significa «tudo»: sem rodeios, fantasias, preconceitos, nem
dogmas.
Já ninguém precisa
ruborizar-se ao afirmar que, para além da celulite, as algas tratam as
afecções cutâneas e retardam o envelhecimento da pele; tonificam os tecidos;
estimulam a circulação; e – principalmente –, são excelentes coadjuvantes dos
regimes de emagrecimento. Outra interessante característica das algas é a sua
grande capacidade de assimilação pelos organismos animais, tanto por osmose
como pelo processo digestivo.
As algas são ricas em
proteínas, mucilagens, oligoelementos, vitaminas e Princípios Activos de
importância vital, tais como Iodo, Fósforo, Potássio, Cloro, Enxofre, e
outros. Os oligoelementos que possuem, tanto em diversidade como em
frequência, não são tão comuns nos outros alimentos. Por isso, até em
quantidade diminuta, as algas revestem-se sempre de grande interesse.
Antigas filosofias,
ainda há muito pouco tempo desconhecidas no Ocidente, vieram enriquecer o
património moral e psicológico dos que se encontravam preparados para as
compreender, além de trazerem informações com aproveitamento para outros
ramos da ciência. Entre estas informações incluíam-se as virtudes e
utilizações das algas, que há milénios são um dos pratos mais apreciados
pelos povos do Oriente.
A indústria
alimentar recorre já a algumas das propriedades das algas, inserindo-as cada
vez com maior frequência na composição de diversos alimentos processados. Mas
o seu consumo directo, como prato, promete ser de introdução muito lenta nos
hábitos alimentares do Ocidente, e está longe de se generalizar.
Algas na Alimentação
Por surpreendente
que possa parecer a alguns, o mais certo é todos já as termos consumido, como
ingrediente de um pudim ou gelado, porventura agradável, ou numa compota ou
marmelada, ou no creme de uma sopa instantânea, ou ainda no recobrimento de
um enchido, etc..
Na nossa actual
sociedade, onde cada dia o consumo de fibra é menor e são mais frequentes os
problemas de prisão de ventre e má nutrição, as algas constituem um alimento
ideal, uma vez que, para além do ligeiro efeito laxante que possuem,
fornecerem nutrientes essenciais para a saúde.
O seu consumo
directo – não incorporado noutros alimentos –, está dia a dia mais acessível
(ainda que o interesse do consumidor não vá ao encontro de tal facilidade), e
podemos encontrar à venda embalagens com diversas espécies de algas, sendo as
mais frequentes as Kombu, Nori e Wakame (que são alimentos habituais nos
países Orientais).
As Algas são as
verduras do mar, e quando se consomem frescas (colhidas no momento), precisam
de uma lavagem prévia e de demolhagem por algum tempo, para atenuar a
salinidade que lhes é própria. As que são apresentadas em embalagens
comerciais foram previamente lavadas e secas, mas mesmo assim devem deixar-se
algum tempo de molho, para que se voltem a hidratar e a adquirir a sua
consistência natural.
Devido à grande
proporção de fibra que possuem, as algas constituem um complemento ideal nas
dietas de emagrecimento. Para além de satisfazerem o prazer de comer,
proporcionam a sensação de estômago cheio e saciado (pela dilatação da
fibra). Isto é da maior importância para que o enfermo se mantenha firme na
árdua tarefa de seguir a dieta e emagrecer... sem o mínimo esforço.
Acompanhar com algas
as comidas gordas e fortes, permitirá efectuar uma mais fácil digestão, pois
as mucilagens das algas recobrem as paredes do estômago e protegem a mucosa
gástrica do excesso de acidez. Por outro lado, facilitam o trânsito dos
alimentos através do intestino.
Algas na Cosmética, Farmácia,
Microbiologia e Agricultura
Em cosmética, os
cremes elaboradas com as algas ou os seus extractos, permitem uma
re–hidratação da pele, graças à agua acumulada nas suas mucilagens.
Apresentam também uma grande capacidade tonificante e de activação biológica.
Os melhores resultados de bioactivação verificam-se nas peles secas, enquanto
nas peles gordas se observa mais o efeito tonificante.
Os banhos de algas
aliviam o stress, o reumatismo, e os problemas circulatórios, sendo também
muito recomendáveis contra a celulite (efeito adelgaçante). Comer algas,
ajuda a conseguir um bonito, são e duradouro bronzeado, ao mesmo tempo que se
protege a pele contra o envelhecimento prematuro provocado pela radiação
solar.
Os alginatos,
combinados com alguns minerais (alginato sódico, por exemplo) empregam-se por
vezes para recobrir comprimidos ou pílulas e protegê-los da acção do sugo
gástrico. O verniz que se forma, resiste à acção dos sucos gástricos,
atravessa o estômago e dissolve-se ao nível intestinal, melhorando desta
forma a absorção do comprimido ou pílula e a estabilidade dos princípios
activos que os compõem.
O manitol, produto
relativamente frequente – e abundante na composição das algas –, utiliza-se
como edulcorante de baixo aporte energético em numerosos alimentos e produtos
farmacêuticos.
Em microbiologia
emprega-se o Agar-agar para a preparação de meios de cultivo para as
bactérias, por apresentar numerosas vantagens, comparado com a gelatina.
Em agricultura, as
algas constituem um excelente adubo para os campos de cultivo, por possuir
maiores quantidades de nitrogénio e potássio (elemento básico para as
plantas) do que o tradicional estrume.
Principais Algas
Agar-Agar
Não se trata
propriamente de um alga, mas de um subproduto obtido principalmente das espécies:
Gelidium corneum, Gelidium
sesquipedale e Pterocladia
capillacea, que por isso também se denominam por algas agaríferas. O Agar-agar é uma mistura de
polissacáridos complexos, basicamente
agarosos (polímero de galactose sem enxofre) e agaropectina (formada
por galactose e ácido urónico esterificados com ácido sulfúrico).
Caracteriza-se por
não ser deteriorável pelos ácidos gástricos nem absorvível, factores que a
fazem ideal como complemento para correcção da prisão de ventre, protecção da
mucosa gástrica e regulação do trânsito intestinal.
O Agar-agar é muito
utilizado na fabricação de geleias, produtos de confeitaria, gelados,
xaropes, maioneses e queijos, sendo o produto responsável pela consistência
mole, mas suficientemente firme, que apresentam.
A melhor forma de
aproveitar as qualidades nutritivas das algas consistiria em tomá-las cruas,
com prévio demolho (de meia hora aproximadamente) e incorporá-las às saladas.
Também se poderá realizar uma óptima sobremesa, tendo por líquido de base os
sumos naturais, ao quais são cozidos com o Agar-agar (já demolhado o tempo
suficiente para quase se ter dissolvido na água) até que este e o sumo
constituam uma só massa. Por fim, despeja-se este produto final sobre frutas
cortadas em pedaços, e deixa-se arrefecer. Obter-se-á assim uma boa
sobremesa, com elevado valor nutritivo.
Chlorella
A Chlorella é uma
micro–alga verde (Clorofíceas) que contém aproximadamente uns 65 % de
proteínas. É uma fonte excelente de vitaminas B12, A, e niacina, além de
clorofila e de minerais (cobre, selénio e zinco). Cultiva-se da forma
habitual, obtendo-se altos rendimentos.
Além do seu
interesse nutritivo, a Chlorella apresenta, segundo alguns autores, um factor
que estimula o crescimento, pelo que é empregue para favorecer o desenvolvimento
do adolescente.
Fucus
Sob o nome de Fucus,
agrupam-se numerosas espécies, entre as que se destacam: Fucus vesiculosus,
Fucus spiralis, Fucus serratus, Fucus ceranoides, e Ascophillum nodosum.
Trata-se de uma alga
parda do grupo das Feofíceas, que deve a sua cor característica à
fucoxantina.
Destacam-se na sua
composição a algina (ácido algínico e os seus sais), manitol, iodo em
quantidades notáveis, assim como vitaminas A, B, C, e E, e fucoidina
(polissacárido mucilaginoso com uns 30 a 70 % de L-Fucosa).
Integra
frequentemente complementos de dietas de emagrecimento, devido à sua riqueza
em iodo e à importância que este tem sobre o metabolismo humano.
Hiziki
Corresponde à Hizikia fusiforme, alga do grupo das Feofíceas
que se apresenta em tiras cilíndricas de cor quase preta. É considerada como
uma das fontes mais ricas em sais minerais, especialmente em cálcio: mais de
1.400 mg. em 100 g.
de cálcio, enquanto que a mesma quantidade de leite só contém 100 mg.
O seu teor em
minerais e oligoelementos, equilibra o nível de sangue no organismo e dá
elasticidade e brilho ao cabelo.
No momento de
cozinhar, há que ter em conta que aumentam 5 vezes o seu volume, ao deixá-las
de molho meia hora.
Combinam muito bem
com a cebola, pelo que a melhor forma de as preparar é, uma vez demolhadas e
escorridas, refogá-las numa sertã com uma cebola picada e um pouco de azeite.
Quando a cebola estiver dourada, adiciona-se a água do demolho, tapa-se e
deixa-se em fogo lento até que se suma toda a água. Logo, pode juntar-se
molho de tomate (que entretanto se preparou em separado), para finalmente
temperar pratos de espaguetes ou macarrões, ou um arroz com verduras, etc.,
dando aos pratos um delicioso sabor marinho.
Kelp
O complexo Kelp, conhecido pela sua alta concentração em minerais,
constitui um grupo de diversas espécies dos géneros Laminaria e Ascophyllum.
É composto basicamente de alga Kombu. Entre os seus elementos, destacam-se o
iodo e as vitamina (até treze) – em particular a vitamina B12. O seu consumo
constitui uma excelente forma de ministrar nutrientes importantes para a
saúde.
Kelp favorece a
absorção equilibrada dos nutrientes no corpo e por isso é tão útil às pessoas
que queiram perder peso como às que queiram aumentá-lo. A sua riqueza em
vitaminas e minerais levou a que se produzissem complementos dietéticos dela
derivados, para compensar a pobreza de vitaminas e minerais da dieta moderna.
O consumo directo
deste conjunto de algas é muito importante, dada a quantidade e qualidade de
nutrientes que apresenta.
De facto, nada
substituí a natureza, e qualquer "pseudo–medicamento", natural ou
de síntese, é incapaz de se sobrepor às vantagens de uma alimentação
equilibrada.
Kombu
Trata-se de uma das
espécies do género Laminaria (Laminaria Digitata, Laminaria Japónica,
etc.) que cresce espontaneamente nos mares do norte e que apresenta uma
cor verde pardacento. É uma das algas mais ricas em iodo.
O seu teor em ácido algínico
faz com que actue como um higienizador natural e eliminador de toxinas dos
intestinos (muito útil contra a colite). Contém açúcares simples como a
fucosa e o manitol, que a tornam apropriada para os diabéticos, uma vez que
não aumenta o nível de açúcar no sangue. Actua como um suave estimulador do
sistema linfático e é muito benéfica no combate à hipertensão. A sua riqueza
em iodo tornam-na indicada como complemento nas dietas de emagrecimento.
Graças ao ácido
glutâmico que contém, a alga Kombu tem a propriedade de amolecer as fibras de
outros alimentos. Por isso, na cozinha Oriental adiciona-se uma folha de
Kombu aos cozidos de grão, lentilhas, favas, soja, e outras leguminosas
secas, com o que se poupam minutos de cocção e os alimentos ficam mais tenros
e gostosos. Depois, corta-se a alga em bocadinhos e adiciona-se ao prato.
Laminaria
Existem diversas espécies: Laminaria sacharina, Laminaria hyperborea,
Laminaria ochroleuca, e Laminaria rodriguezii.
É uma alga parda (Feofícea) que contém algina (ácido algínico e seus
sais), oligoelementos, iodo, vitaminas A, B, C, D, E, e manitol. Empregam-se
os estirpes cortados em pedaços e os frondes.
Os alginatos obtidos
destas espécies, são empregues como estabilizadores de maioneses, goma de
mascar e cremes gelados. Os alginatos são digeríveis pelo organismo, ao
contrário do Agar-agar, que é quase inatacável pelo suco gástrico e
intestinal.
Musgo de Irlanda ou Carragahen
Estas algas
vermelhas (Rodofíceas) englobam espécies do género Clondrus cripus
e Gigartia, pertencendo à família das Gigartináceas, nas quais se
destaca a presença de sais minerais, proteínas e ácidos gordos. O seu
principal componente é o carragahen, produto que lhe dá também o seu
nome, basicamente formado por carragenatos (sais sódico, potássico e cálcico
do ácido carragénico) e carrageninas.
É eficaz contra as diarreias, os transtornos urinários e as infecciones
crónicas do peito. Possui um efeito béquico – anti–tosse – e além disso é a
base de preparados protectores da mucosa gástrica. Emprega-se com frequência
em pessoas com úlceras e nas que apresentam intolerância a certos
medicamentos.
Utiliza-se como
agente gelificante e de espessamento na indústria alimentar, da mesma forma
que o Agar-agar. Com o leite dá um gel líquido pela formação de um complexo
com a caseína – propriedade que se aproveita na preparação de flans
instantâneos e outros pudins. Pode-se usar como espessante de sopas, cozidos
e molhos.
Nori
Constitui os géneros Enteromorpha e Porphyra, sendo uma
alga marinha rica em proteínas, contendo também grandes quantidades de
vitamina A (tanta como as cenouras), C e B1. Costuma vender-se em folhas
dobradas de 20 cm.
Facilita a digestão, ajuda a eliminar os acúmulos de gordura e é de
grande ajuda para controlar o colesterol. O seu consumo recomenda-se
especialmente às pessoas com problemas de visão.
Pode usar-se em
diferentes formas de preparação, mas a forma mais simples de consumi-las é
tostando-as ligeiramente numa sertã seca, até que fiquem com uma cor verde
brilhante, e logo "esfarelar" directamente sobre saladas, pratos de
arroz, massas ou sopas.
Spirulina
Trata-se de uma alga unicelular (micro–alga) da qual se empregam
principalmente duas variedades: Spirulina platensis, originária do
Chad e Spirulina máxima, originária do México.
A Spirulina é uma das fontes naturais mais ricas em proteínas
descobertas actualmente. O seu teor proteico é superior ao da carne, do peixe
e dos ovos. Além disso, as proteínas da Spirulina, têm uma composição de
aminoácidos em proporções adequadas.
Também é uma fonte notável de vitaminas, sobretudo do grupo B, de
β-caroteno e de minerais, entre os quais se encontra o ferro, em
quantidades significativas.
Ajuda a adelgaçar e
a manter depois um peso adequado, sem submissão a regimes especiais. Segundo alguns
autores, a fenilalanina – aminoácido abundante nesta alga –, actua
directamente sobre a zona do cérebro que controla o apetite. Também se usa
como complemento alimentar em grávidas ou em pessoas que seguem dietas
deficientes.
Wakame
Trata-se da Undaria pinnatifida, uma alga do grupo das Feofíceas
de uns 40 a
50cm. de comprimento, e frondes (assim se denominam as folhas das algas)
amplas e largas. É rica em
vitamina C e niacina, contendo muito cálcio.
A sua grande riqueza em vitaminas do grupo B fazem-na muito útil nos
casos em que há que aumentar o consumo destas vitaminas, como no nervosismo,
stress, depressões, ciática, lumbago, etc. Constituem um alimento protector
do aparelho digestivo e regulador do trânsito intestinal.
Em cru combina muito bem com saladas temperadas;
cozida, com todo o tipo de verduras. Para aproveitar melhor as suas
qualidades, é preferível tomá-la crua nas saladas, após prévio demolhar de
meia hora aproximadamente. Pode-se usar como a alga Kombu, para tornar mais
tenras e acelerar a cocção das leguminosas secas.
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