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LÉXICO ANATÓMICO BÁSICO NOMENCLATURA
BÁSICA PARA O ESTUDO DA ANATOMIA
Etimologicamente,
o termo anatomia (ana-temno) sugere o sentido de dividir
sucessivamente. Apesar da Naturologia ser adversa à particularização e
dissecção das estruturas biológicas, uma vez que todas as medicinas naturais
são holísticas, integrais e estruturalmente unitárias, não se justificaria
criar novos nomes para designar disciplinas com conteúdos coincidentes. E além disso, é sempre desejável
conhecer o que foi descoberto, independentemente de concordarmos ou não com o
método, com as conclusões do momento científico – lembrando a
conhecida expressão do sábio francês Poincaré, já referida numa destas
páginas – ou com a utilidade da descoberta. Por outro lado, esta nossa
abordagem fará algumas referências a assuntos que integram ciências autónomas
como a citologia, a histologia, a genética, a embriologia,
etc., as quais consistem na extensão destas próprias matérias – ainda que
foquem aspectos particulares das mesmas –, porque todas concorrem para um
mesmo conhecimento: o da fenomenologia biológica, ou seja, da vida. A
Anatomia ocupa-se do estudo dos aspectos morfológicos e constitucionais do
corpo; a Fisiologia completa-a, ao estudar o funcionamento dos órgãos e dos
sistemas. Um estudo exaustivo destas ciências – que não é nosso propósito – englobaria o acompanhamento da evolução de um
organismo desde o zigoto até à decrepitude – ontogenia. Se o estudo se
referisse a organismos vegetais, designar-se-ia em todas as suas fases por filogenia.
Nem sempre é possível definir com precisão os limites de
cada uma destas ciências, que vemos interligar-se em muitas áreas médicas
como a Urologia, a Cardiologia, etc., onde são estudados de forma relacional
todos os elementos integrantes dos sistemas orgânicos a que se referem. Na
prática, a Naturologia também assim procede, referindo-se, neste caso, ao
corpo como um todo indissociável. Alguns aspectos do critério naturológico têm sido
compreendidos e seguidos por eminentes cientistas, entre eles o médico e
cirurgião francês Alexis Carrel – prémio Nobel da Medicina –,
considerado mais tarde «um cirurgião visionário», devendo-se isto
(dizemos nós) talvez ao facto de se ter interessado por assuntos estranhos ao
conhecimento oficial, tais como os fenómenos inexplicáveis de cura
instantânea, observáveis nalguns locais. Também
Letamendi
(sábio espanhol do século dezanove, catedrático de medicina, autor de várias
obras e fundador do semanário “ Divisão
básica do estudo anatómico macroscópico
v
Anatomia Descritiva ou Sistemática - Estuda os vários sistemas separadamente; v
Anatomia Topográfica ou Cirúrgica) - Estuda todas as estruturas de uma região e
as relações entre si. Eixos imaginários que facilitam a identificação topológica do
corpo
v Eixo Antero-Posterior - Linha imaginária de profundidade que
percorre do ventre ao dorso; v Eixo Transversal, Homopolar - Linha transversal que estabelece a ligação
entre o lado direito e o lado esquerdo; v Eixo Vertical, Heteropolar - Linha
vertical central e longitudinal, que percorre da cabeça aos pés; Planos imaginários que se utilizam em conjugação com os
eixos
Estabelecem-se
a partir da projecção de um eixo sobre o outro: v Plano Coronal ou Frontal - Divide o corpo em
porções anterior e posterior (também designadas por ventral e dorsal), e é
formado pelo deslocamento do eixo homopolar (da largura) ao longo do eixo
longitudinal (heteropolar). Uma sucessão de planos paralelos a este divide o
corpo em porções designadas por paquímeros. v Plano Horizontal ou Transversal - É formado pela
deslocação do eixo homopolar sobre o eixo antero-posterior. Designam-se da
mesma forma todos os planos paralelos a este, que dividam o corpo em porções
superior e inferior. Perante uma série sucessiva de planos transversais, o
corpo é dividido em segmentos a que se chama metameros; v Plano Sagital Mediano - Plano estabelecido pelo deslocamento do eixo
antero-posterior ao longo do eixo longitudinal, separando verticalmente o
corpo em partes direita e esquerda, com simetria aparente, designadas na
relação entre si por antímeros; v Plano Sagital - Designação genérica para qualquer plano paralelo ao
sagital mediano, que se desloque (perpendicularmente ao coronal) para qualquer
dos lados do corpo; (Esquema baseado na «Figura 1-3» da «Anatomia e
Fisiologia Humana». 5.ª Edição. Jacob, Francone, e Lossow. Editora Guanabara.
Rio de Janeiro. 1990) Terminologia Relacional em Anatomia
Considerando
um indivíduo em posição erecta, olhando para a frente, com os braços pendidos
ao longo do corpo e palmas das mãos viradas para a frente (tal como na imagem
anterior), utilizam-se os seguintes termos de relação anatómica: v Caudal ou Inferior - Mais próximo dos
pés; mais abaixo do que... (o tornozelo é caudal, relativamente ao joelho); v Contra-Lateral - Do lado oposto do corpo; v Cranial ou Superior - Mais próximo da
cabeça; superior à cavidade abdominal; a parte localizada acima de. (Ex. o ombro
é superior ao externo: é “cranial”, relativamente àquele); v Distal - Mais afastado do ponto referencial de inserção (ou de origem).
(Ex. o tornozelo é distal ao joelho); v Dorsal ou Posterior - Mais próximo do
dorso; situado atrás de. (Ex. o intestino é posterior ao umbigo); v Esqueletópico - Relação com esqueleto (esqueletopia). Ex.: coração atrás do
esterno e da terceira, quarta e quintacostelas; v Holotópico - Localização geral de um órgão no organismo (holotopia). Ex.: o
fígado está localizado no abdómen; v Idiotópico - Relação entre as partes de um mesmo órgão (idiotopia). Ex.:
ventrículo esquerdo, adiante e abaixo do átrio esquerdo; v Ipsilateral ou Homolateral - Do mesmo lado do
corpo; v Lateral - Mais afastado da linha mediana ou plano sagital e, consequentemente,
mais próximo ao lado do corpo (faltando apenas especificar se a lateralidade
é direita ou esquerda); v Medial - Mais próximo da linha mediana ou plano sagital mediano; v Profundo - Com maior interioridade; maior afastamento da pele; v Proximal - Mais aproximado ao ponto de origem ou inserção. (Ex. o joelho
é proximal ao tornozelo); v Sintópico - Relação de vizinhança (sintopia). Ex.: o estômago está abaixo
do diafragma, à direita do baço e à esquerda do fígado; v Superficial - Maior proximidade ao exterior; mais próximo da pele; v Ventral ou Anterior - Localizado mais à
frente; mais próximo do ventre. (Ex. a mama é anterior, relativamente à
parede torácica); Classificação dos órgãos, entre espécies diferentes, quanto à
origem embriológica
v Análogos - Quando
dois órgãos têm funções semelhantes, mas diferentes origens embriológicas,
como ocorre com os pulmões humanos e as guelras dos peixes. v Homólogos - Designação
relativa de dois órgãos que possuam a mesma origem embriológica mas
diferentes funções, como, por exemplo, os membros superiores do homem e as
asas dos pássaros; Conceito de assimetria na relação entre órgãos pares
Os
órgãos considerados pares podem apresentar dois tipos de assimetria: v Quanto à Forma - É o caso, por exemplo, do pulmão direito, que possui 3
lobos; enquanto o esquerdo apenas tem 2; v Quanto à Posição - Acontece em vários casos, como por exemplo entre os
rins, sendo o direito mais baixo do
que o esquerdo. Anormalidades embriológicas nos órgãos ímpares
Do
ponto de vista embriológico, consideram-se anormais os órgãos ímpares quando
estes apresentam: v Distúrbios de crescimento, os quais dispensam, mais comentários; v Distúrbios de deslocamento (distopias) - Podem ocorrer por
transposição ou inversão e tentaremos melhor explicá-las com os seguintes
exemplos: a)
Perante as hipotéticas posições «A», «B», «C» e «D», se
um órgão, ao se deslocar de B para D, parar em C, temos uma transposição.
Exemplo: criptorquidia (descida incompleta do testículo); b) Se um órgão, ao se
deslocar de B para D, for para A, temos uma inversão, uma situs inversus
totalis. Variações anatómicas (normais) a ter em consideração
v Idade - No feto, os testículos localizam-se na cavidade abdominal,
migrando gradualmente para a bolsa escrotal e nela se mantendo durante a vida
adulta; v Morfologia Constitucional - Algumas características morfológicas
coincidem com diferenças constitucionais, sendo os seguintes os principais
tipos humanos: a)
Longilíneo - - Pessoas altas e
magras, com pescoço, tórax e membros longos. O estômago destas pessoas é
geralmente mais alongado e as vísceras estão dispostas de forma mais
vertical; b)
Brevilíneo - - Pessoas baixas,
com pescoço, tórax e membros curtos. Costumam ter as vísceras dispostas mais
na horizontal; c)
Mediolíneo - Indivíduos com
características intermédias. A
identificação do tipo morfológico é importante, tendo em conta a necessidade
do emprego de diferentes técnicas de abordagem semiológica, avaliação das
variações da normalidade e relação com maior ou menor incidência de doenças.
A hipertensão, por exemplo, é mais comum em brevilíneos. v Raça - Na raça branca, o términos da medula espinal ocorre entre a
primeira e a segunda vértebra lombar, enquanto que os negros a têm até um
pouco mais abaixo, terminando entre a segunda e a terceira vértebra lombar; v Sexo - A gordura subcutânea do homem deposita-se em especial na
região tricipital; na mulher o depósito ocorre preferencialmente na região
abdominal. Denominações Científicas dos Principais
Sistemas a Estudar
v Angiologia - Sistema vascular. v Artrologia - Sistema articular; v Esplancnologia - Sistema visceral; v Estesiologia - Sistema sensorial; v Miologia - Sistema muscular; v
Neuroanatomia - Sistema nervoso; v
Osteologia - Sistema ósseo; Métodos
de estudo e avaliação do estado anatómico–fisiológico
v
Auscultação
- Audição do som resultante do funcionamento de determinados
órgãos (Ex.: coração, pulmão, intestino); v
Inspecção
- Análise visual, tanto ectoscópica (órgãos externos),
como endoscópica (órgãos internos); v
Mensuração
- Avaliação da simetria corporal e de eventuais megálias; v
Palpação - Análise táctil
(pulsação e verificação de saliências ou depressões de alguns tendões
músculos e ossos, entre outras coisas); v
Percussão - Análise através de
batimentos digitais na superfície corporal, permissíveis da produção de sons
audíveis, que podem ajudar a determinar o estado, ou composição, de órgãos e
diversas estruturas, assim como a presença, conveniente ou inadequada, de
gases, líquidos ou sólidos; Outros métodos como
a Dissecção, os Raios X, a Ecografia, a Ressonância Magnética e a Tomografia
Computadorizada, não fazem parte do estudo naturológico da anatomia, nem do
diagnóstico. Contudo, deve o naturoterapeuta saber interpretar uma
radiografia (assim como uma análise humoral e outros exames médicos comuns),
porque os doentes muitas vezes se fazem acompanhar deste tipo de exames
quando se apresentam a uma consulta de medicina natural, e a sua avaliação
não deixa de ser útil. Esclarece-se
que não se trata de desvalorizar esta ou aquela técnica de estudo ou de
diagnóstico, mas apenas o fazer uso de um critério diferente: interessa-nos
mais a avaliação holística do potencial vital de um indivíduo, do que a mera
identificação local de um processo mórbido. E mesmo esta avaliação local,
quando considerada conveniente, pode conseguir-se por processos de
diagnóstico naturológicos como a Iridologia, a leitura energética de Voll, e
a sensibilidade dos pontos de Weile, entre outros (sem referir os métodos de
diagnóstico das medicinas tradicionais do oriente, cujo valor prático é
inquestionável, independentemente do facto da nossa mente ocidental
«dessacralizada» não estar capacitada para compreender a profundidade da
filosofia onde se apoiam). |