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HELIOTERAPIA
Ainda se “protegem”
exageradamente as crianças do meio que lhes é próprio, mantendo-as em
ambientes fechados, calafetando as frestas das portas e das janelas, e ainda
assim acendendo aquecedores e carregando-lhes sobre a pele complicadas
vestimentas. Chega a parecer uma estratégia de defesa, contra um inimigo
cruel e implacável! Sem dúvida que as
nossas concepções da saúde e da Vida, são no mínimo, ridículas, comparadas
com o que Rikli demonstrou saber destes assuntos, comprovando-o na prática,
com o extraordinário êxito das curas que orientou. Nesta matéria, como
em tantas outras, coube à Naturopatia (designação geral para todas as
ciências médicas tradicionais do ocidente) o mérito de desfazer preconceitos
e dar a conhecer as vantagens que o organismo pode retirar do ar luminoso, quando a ele se expõe o
corpo semi-descoberto(1). As práticas iniciais foram empíricas, mas as
sucessivas experiências, observações, controlos e metodologias permitiram
elevá-las a Ciência Médica. |
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Nota: (1) Tanto a Naturopatia como a escola filosófica que a apoia –
a Escola Naturista – não concordam com a prática do nudismo, considerando-o inútil e desnecessário, visto não contribuir
directamente para os objectivos que delineiam os seus postulados.
Infelizmente, algumas associações nudistas apoderaram-se do termo “naturismo”
e estão a usá-lo ilegitimamente, chamando “naturismo” àquilo que deveriam
designar por “primitivismo”. |
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ALEXIS
CARREL Este Entusiasta do Naturismo Desconhecia a Influência
dos Raios Solares? Quando Alexis Carrel
(Prémio Nobel da Medicina) afirmou, na sua obra “O homem, Esse
Desconhecido”, que “...não se sabe
nada ou quase nada sobre a influência dos raios solares...”, não pudemos deixar de ficar entre a
surpresa e a indignação: surpresos pelo seu desconhecimento de que nessa
época e antes dela – desde há muitos séculos –, já se efectuavam com êxito
tratamentos através da exposição aos raios solares; indignados, se admitirmos
a possibilidade de que ele o sabia. Como podia não saber?, se esses
tratamentos nunca deixaram de ser aplicados? E logo ele, que era um médico muito
pouco convencional (apesar do dogmatismo da sua escola alopática),
mostrando em certas circunstâncias da sua vida que até o milagre era
digno de atenção e investigação, chegando a deslocar-se a locais onde
fenómenos inexplicáveis ocorriam e mesmo a observá-los! |
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Continuarão a
permanecer um sombrio enigma as razões que o levaram a escrever tal
afirmação, pois mesmo em termos de investigação científica, já por volta do
ano 1750 haviam sido encetados trabalhos, por Spallanzani (1729–1799), sobre
a acção bacteriológica do sol; em finais do século XVIII, Loreti chegou a
resultados conclusivos do efeito do sol na tuberculose; Faure, em 1774, e Le
Peyre e Comte, em 1776, publicaram trabalhos resultantes da investigação da
“acção luminosa e térmica solar sobre as úlceras”; em 1793, na Alemanha, Christoph
Wilhem Hufeland (1762–1836) – catedrático da Universidade de Berlim, director
da Academia Militar de Medicina e Cirurgia e médico da câmara do rei da
Prússia – dedicou, nas suas obras, a atenção que este assunto merece, tendo
influenciado a Faculdade de Gottinga a oferecer um prémio, em 1796, ao melhor
trabalho sobre “a acção da luz solar no organismo humano”; em 1800, o médico
francês Bertrand escreveu uma obra intitulada “A influência da luz nos seres
orgânicos, na atmosfera e nalguns corpos químicos”; e assim por diante, em
1815 Canvin, em 1818 Girard, em 1819 Doebereiner, em 1820 Lachaine, em 1828
Hauterive, em 1845 Bonnet, em 1852 Tenck, em 1855 Rikli, em 1877 Downes e
Blut, em 1878 Thaeu e Barcty, todos apresentaram as suas teses, pontos de vista,
tratamentos, e resultados de investigações sobre o efeito dos raios solares,
acerca dos quais Carrel afirma que “...não
se sabe nada ou quase nada...”. Pela nossa parte, este conhecimento é um
dos que evidenciamos pelo elevado grau de certeza que apresenta. CUIDADOS Os Cuidados Observados e os Efeitos Obtidos Por todo o mundo,
existem sanatórios onde se realizam, com relativo êxito, as mais diversas
curas, entre elas as dos «tuberculosos cirúrgicos», assim designados para se
distinguirem dos que enfermaram por tuberculose pulmonar: coxalgia, mal de
Pott, peritonite tuberculosa, etc. Luis Ponce de León foi pioneiro nestes
tratamentos. Por tentativas e
observações, foi sendo alargado o leque de afecções que passaram a tratar-se
pelo sol e o ar, e incluíram-se nele os transtornos nutritivos e digestivos,
os ferimentos das mais diversas origens e muitos dos problemas antes
considerados do âmbito de algumas das complicadas especialidades da medicina. A atenta observação
dos pacientes submetidos ao efeito conjunto do ar e da luminosidade Solar,
parece demonstrar que a maravilhosa melhoria do estado geral, e
consequentemente também local, é paralela à ligeira e harmoniosa pigmentação
da pele. Não tem a ver com os bronzeados bruscos e forçados resultantes da perigosa
exposição directa e prolongada ao Sol, porque estes doentes, na maior parte
dos casos, não se expõem ao Sol. É interessante verificar que até os
músculos, cuja redução pareceria lógica, pela suspensão de qualquer esforço
durante os períodos dos tratamentos (por vezes longos), se revelam, pelo
contrário, com uma maior performance. Se estes resultados
se podem observar em enfermos (e entre nós, quem é que não é já enfermo?),
com maior razão ainda devem as pessoas que se julgam sãs procurar conservar o
seu vigor e robustecer as suas energias mediante o contacto frequente com o
Sol e o ar, em ambientes não poluídos, o mais afastados possível das cidades,
evitando sempre as desnecessárias e contraproducentes exposições prolongadas
ao Sol. ESCLARECIMENTOS Considerações Acerca da Exposição ao Sol Foi a Naturopatia
que fez com que se esclarecesse o verdadeiro papel desempenhado pela pele (órgão glandular e nervoso mais
determinante que o fígado, e possuidor de múltiplas funções, das quais dez
são já conhecidas). E isto, quando a pele era considerada um simples revestimento de protecção. Foi
possível dar-se conta de que este órgão, em parte atrofiado pelo uso do
vestuário, é susceptível de regeneração,
por sinal bastante rápida, sob a
influência do ar e da luz. Quando se fala de insolação – acidente devido ao mau
emprego do sol – é absolutamente necessário evocar que, só por falta de uma
utilização racional deste medicamento
da natureza pode ocorrer um tão desagradável fenómeno, de graves –
verdade se diga, muito graves – consequências. Pela incapacidade científica em estabelecer esta distinção capital,
escreveram-se contra o sol uma infinidade de artigos tendenciosos,
disparatados e absurdos. Não existem no nosso
tempo mais razões para discutir os benefícios que se podem obter, na regeneração do organismo e no seu
reequilibro psicofísico, através do ar e da luz (esta com as suas
diversas e moderadas radiações). Todos juntos, associados à benéfica
ionização atmosférica, influenciam os pigmentos e activam os capilares e
filamentos nervosos. Estes efeitos estimulantes são nulos no contacto com a
lã ou o algodão, já para não falarmos nas fibras e outras matérias sintéticas
(produzidas pelas desumanas indústrias do lucro fácil). Os resultados são
completamente demonstrativos, bastando que se observem os prodígios ocorridos
nos sanatórios helioterápicos, como o que Rollier fundou em Leysin, ou
Bernhardt Como podemos
compreender, a moderada exposição ao sol merece considerações que vão além da
simples higiene, o que já não seria pouco, e tanto quanto nos é dado saber,
ocorrem afortunadas e indiscutíveis transformações físicas e psíquicas,
garantes de um muito satisfatório equilíbrio. |