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ENZIMAS
As enzimas são moléculas de proteínas que têm a capacidade de facilitar
e acelerar as reacções químicas que ocorrem nos tecidos vivos, diminuindo o
nível da energia de activação
própria da reacção.
Entende-se por energia de
activação o valor da energia que é necessário aplicar – em forma de
calor, electricidade ou radiação – para que duas moléculas determinadas
colidam e se produza uma reacção química entre elas. Geralmente, as enzimas nomeiam-se adicionando-lhes a
terminação "ase" – que é a raiz do nome da substância sobre a qual
actuam.
As enzimas não reagem
quimicamente com as substâncias sobre as quais actuam, que se denominam substrato, nem alteram o equilíbrio
das reacções. Apenas aumentam a velocidade com que estas se produzem,
actuando como catalisadores.
A velocidade das reacções enzimáticas depende da concentração da enzima, da concentração do substrato (até um limite), e da
temperatura e PH do meio.
ENZIMAS DIGESTIVAS
As enzimas adoptam uma
estrutura tridimensional que lhes permite reconhecer os materiais específicos
sobre os quais podem actuar substratos.
Cada uma das transformações por que passam os alimentos, no nosso sistema
digestivo, está associada a um tipo específico de enzima. Estas enzimas são
as chamadas enzimas digestivas.
Cada enzima actua
sobre um só tipo de alimento, tal como uma chave encaixa numa fechadura.
Além disso, cada tipo de enzima trabalha em condições muito concretas de
acidez, como se pode ver no seguinte quadro:
Esquema da Actuação das Enzimas na Digestão
Enzima
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Actua Sobre
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Proporciona
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Local onde se Produz
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Condições Para que Actue
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Ptialina
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Amidos
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Mono e
Dissacáridos
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Boca (Glândulas
Salivares)
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Meio
Moderadamente Alcalino
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Amilase
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Amidos e
Açúcares
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Glucose
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Estômago e
Pâncreas
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Meio
Moderadamente Ácido
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Pepsina
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Proteínas
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Péptidos e
Aminoácidos
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Estômago
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Meio Muito Ácido
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Lípase
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Gorduras
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Ácidos gordos
e Glicerina
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Pâncreas
e Intestino
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Meio Alcalino e Prévia.
Acção dos Sais Biliares
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Lactase
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Lactose
do Leite
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Glucose e
Galactose
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Intestino. Diminui
com crescimento
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Meio Ácido
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Se não se dão as condições
necessárias, a enzima não pode actuar, as reacções químicas dos processos
digestivos não se produzem adequadamente e os alimentos ficam parcialmente
digeridos.
O processo normal de digestão dos alimentos, mediante a acção das
enzimas, produz como resultado nutrientes elementares (aminoácidos, glucose,
ácidos gordos, etc.) que assimilamos no intestino e são aproveitados pelo
organismo.
Sem
dúvida, quando as enzimas não podem actuar ou a sua quantidade é
insuficiente, produzem-se processos de fermentação e putrefacção nos
alimentos, a meio de digerir. Neste caso, são os fermentos orgânicos e as
bactérias intestinais que se encarregam de decompor os alimentos. A diferença
é que em lugar de se obterem exclusivamente nutrientes elementares, como no
caso da digestão propiciada pelas enzimas, produz-se também uma grande
variedade de produtos tóxicos – indól, escatól, fenol, etc. -, substâncias
que passam ao sangue e sobrecarregam os sistemas de eliminação de tóxicos do
organismo.
ENZIMAS INTRACELULARES
Outras
enzimas actuam no interior das células, transformando os nutrientes, que lhes
chegam através do sangue, noutras substâncias – como o ácido oxalacético ou o
pirúvico –, que fazem parte do metabolismo celular. As enzimas intracelulares
também são as responsáveis pelos processos de degradação celular. Nestes
processos obtêm-se nutrientes elementares a partir dos materiais estruturais
próprios das células, quando o fornecimento mediante a dieta se interrompe,
ou durante o jejum, ou ainda quando a célula não pode utilizar os nutrientes
do sangue, como no caso da Diabetes.
PARTICULARIDADES DAS ENZIMAS
Há enzimas que necessitam da participação de outros compostos químicos
não proteicos, denominados cofactores,
para poderem actuar realmente como enzimas. Estes compostos podem ser o grupo
prostético, como por exemplo o
grupo hemo da hemoglobina, ou uma coenzima,
como a coenzima A, ou o fosfato de
piridoxal.
À parte proteica sem o cofactor
dá-se o nome de apoenzima, e ao
complexo enzima–cofactor, holoenzima.
Também existem enzimas que se sintetizam na forma de um precursor
inactivo chamado proenzima.
Quando se dão as condições adequadas em que
a enzima deve actuar, segrega-se um segundo composto que activa a enzima. Por
exemplo: o tripsinógeno segregado pelo
pâncreas activa a tripsina no intestino
delgado; o pepsinógeno activa a pepsina no estômago, etc..
As enzimas actuam geralmente sobre um substrato específico, como a urease, ou bem sobre um conjunto de
compostos com um grupo funcional especifico, como a lípase ou as transamínases.
A
parte da enzima que "encaixa" com o substrato para o activar é
denominada centro activo, e é o responsável pela especificidade da enzima.
Em
alguns casos, compostos diferentes actuam sobre o mesmo substrato provocando
uma mesma reacção, pelo que se designam por isoenzimas.
A
tabela seguinte mostra uma relação de enzimas que são libertadas no tracto
gastrointestinal e actuam sobre os vários alimentos que ingerimos. É
impressionante como as enzimas digestivas não atacam nem digerem as paredes
do estômago e dos intestinos. As proteínas que constituem os componentes
estruturais do tracto gastrointestinal estão protegidas por uma capa de muco,
que também serve para o lubrificar. Mas esta não será a única razão. As
enzimas são formadas num local específico. Se elas são formadas dentro das
células, porque motivo não digerem o meio que as formou? Uma explicação que
tem sido dada a este fenómeno fundamenta-se no facto de algumas enzimas não
estarem presentes numa forma activa dentro da célula.
FACTORES QUÍMICOS NA DIGESTÃO
A glândula
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Segrega
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0 Suco Digestivo age sobre
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Produtos
da Digestão
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Salivar
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Amilase salivar (ptialina)
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Amido cozido
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Dissacáridos
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Gástrica
(glândulas das
paredes do
estômago)
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HCI (a) e pepsina (protease)
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Proteína
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Estágios intermediários entre
proteínas e aminoácidos.
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Fígado
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Sais biliares (a)
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Grandes gotas de gordura
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Gordura emulsionada (gordura em
gotículas)
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Pâncreas
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Amilase pancreática
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Amidos intactos ou parcialmente
digeridos
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Dissacáridos
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Tripsina (b) (Protease)
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Proteínas intactas ou parcialmente
digeridas
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Pequenos grupos de aminoácidos
(peptídeos)
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Esteapsina (lipase)
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Gorduras
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Ácidos gordos (c) glicerol (c)
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Intestinal
(glândulas das
paredes do
intestino
delgado)
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Erepsina (peptidase)
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Desdobra os produtos da digestão gástrica
e da pancreática, das proteínas
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Aminoácidos (c)
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Enteroquinase
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(Tripsinogénio, inactivo)
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(Tripsina, activa)
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Diversas enzimas que actuam sobre
carbohidratos
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Dissacáridos
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Monossacáridos (c)
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(a) Estes produtos não são enzimas.
(b) Segregada como tripsinogénio
inactivo, que se converte em tripsina activa sob a acção da enteroquinase.
(c) Estes produtos encontram‑se
em estado passível de absorção.
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Elas só passarão a uma variante
activa após terem sido segregadas no local onde têm que vir a actuar. Deste
modo, a enzima estomacal pepsina é
segregada sob uma forma inactiva, conhecida por pepsinogénio. O pepsinogénio transforma‑se em forma activa
pela acção do ácido clorídrico, que é segregado noutras partes do estômago.
De maneira semelhante, a enzima tripsina,
que provém do pâncreas, é segregada sob a forma inactiva denominada tripsinogénio. 0 tripsinogénio
transforma‑se em tripsina, activa, pela acção de outra enzima segregada
pelas paredes intestinais.
As enzimas
relacionadas na tabela não são segregadas continuamente no trato
gastrointestinal. Elas são libertadas de maneira mais económica, ou seja,
somente quando ali existe alimento, e algumas delas só são libertadas na
presença de alimentos específicos. Se bem que a secreção não seja contínua,
cada pessoa segrega diariamente entre quatro a nove litros (no tracto
gastrointestinal).
CONTROLO DAS SECREÇÕES
DIGESTIVAS
As
enzimas e fluidos digestivos são geralmente segregados em resposta a
alimentos contidos no trato gastrointestinal. Os alimentos exercem a sua
acção das seguintes formas:
· Por estimulação de
terminações nervosas sensitivas que estão envolvidas no controlo reflexo da
secreção;
· Determinando a
libertação de hormonas, as quais, por sua vez, actuam sobre as células
secretoras do trato gastrointestinal;
· Por simples
estimulação mecânica das paredes do trato.
Na
boca, a secreção da saliva encontra‑se primeiramente sob o controlo de
reflexos nervosos; porém, nas porções inferiores do trato, no estômago e
intestinos, a secreção é controlada pelos três mecanismos: reflexo nervoso,
hormonas e estimulação mecânica.
Um
estudo mais aprofundado da digestão no estômago, já no âmbito da fisiologia,
permite ficar com uma ideia acerca do modo como foram descobertos os vários
tipos de mecanismos de controlo. As células do estômago segregam pepsina (que
digere a proteína), ácido clorídrico (que activa a pepsina) e muco.
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