Iniciativa de Genebra (*)

L�deres dos dois povos mostram que a

PAZ entre Israel e Palestina � poss�vel AGORA

 

 

 

Apóie a Iniciativa de Genebra:  envie um e-mail para [email protected]

              Escreva na linha de assunto: "Apoio Genebra", e informe seu

               nome completo, profissão/título acadêmico e cidade/estado

 
  Apresenta��o          

Repercuss�es
 

PAZ AGORA/BR ESPECIAL:

UM ANO DA INICIATIVA DE GENEBRA :

�  EXISTEM PARCEIROS PARA A PAZ ! �

 Em comemora��o ao 1� Anivers�rio da Iniciativa de Genebra, reunimos uma colet�nea de artigos sobre suas repercuss�es, a maior parte dos quais in�ditos em portugu�s.

As vis�es de seus promotores e de outras personalidades, mostram as perspectivas, por ela abertas, para a conquista de uma PAZ justa e duradoura entre israelenses e palestinos, AGORA.

Leia aqui os coment�rios sobre a Iniciativa de Genebra e as novas chances que proporciona a PAZ AGORA, por personalidades como

A. B. Yeoshua, Am�s Oz, Ana Maria Stuart, Avraham Burg, Bill Clinton, Dov Weisglass, Fernando Henrique Cardoso, Igor Ivanov , Koffi Annan, Menahem Klein, Nazmi al-Jubeh, Qaddura Fares, Shaul Arieli, Tony Blair, Yael Dayan, Yasser Abed Rabbo, Yossi Beilin, entre outros

 S�o Paulo, 18/12/2004

Amigos Brasileiros do PAZ AGORA

A �NTEGRA DAS MAT�RIAS PODE SER LIDA CLICANDO EM CADA T�TULO.

Os artigos tamb�m podem ser lidos no site

 www.pazagora.org

> informa��o > artigos  > veja mais > [buscar "Genebra"]

 

Esta colet�nea � uma homenagem dos 

AMIGOS BRASILEIROS DO PAZ AGORA

 a todos os israelenses e palestinos que resistem � viol�ncia, dialogando na busca da paz.

UM ANO DA INICIATIVA DE GENEBRA 

" EXISTEM PARCEIROS PARA A PAZ ! "

�NDICE

1� ANIVERS�RIO DA INICIATIVA:

 X � TEMOS PARCEIROS: Clique e ou�a mensagens dos l�deres da Iniciativa

 13/12/04 � Sauda��o de YOSSI BEILIN ao PAZ AGORA/BR

 06/12/04 � MOIS�S STORCH: Genebra: Uma Pequena Luz Cresce e se Multiplica

 30/11/04 � PMC:  Promotores Reclamam Negocia��es Imediatas

PESQUISA:

 24/11/04 - ICG: Maioria de Israelenses e Palestinos Ap�ia Genebra

APOIO INTERNACIONAL:

      01/12/03 - Bill Clinton -  Colin Powell - Igor S. Ivanov - Koffi Annan - Tony Blair

      01/12/03 - Declara��o de Apoio aos Israelenses e Palestinos de mais de 50 L�deres Mundiais

INICIATIVA DE GENEBRA / ISRAEL:  www.heskem.org.il

SIM PARA O ACORDO

 15/08/04 - GADI BALTIANSKY: De Gaza a Genebra        

 29/10/04 - LILI GALILI: Eles N�o Distinguem Esquerda de Direita

 03/09/04 - SHAUL ARIELI: Voltando � Estrada                           

INICIATIVA DE GENEBRA / PALESTINA:

PPC - COALIZ�O PALESTINA DA PAZ www.ppc.org.ps

 01/12/04 -  A Iniciativa de Genebra - Um Ano Depois

 22/11/04 -  Genebra Encontra-se com o Novo Governo Palestino

MOVIMENTO PAZ AGORA:

 14/12/04 � GALIA GOLAN: SHALOM ACHSHAV e GENEBRA

� O SHALOM ACHSHAV (PAZ AGORA) recebeu calorosamente a Iniciativa de Genebra quando foi apresentada h� um ano. Esta iniciativa servir�, sem d�vida alguma, como modelo para um acordo final que termine o conflito israelense-palestino. �

� N�s, assim como os promotores desta iniciativa, estamos dedicados � luta para trazer, o quanto antes, um fim para a ocupa��o e alcan�ar a paz entre Israel e Palestina�

15/05//04 - Grande Manifesta��o em Tel Aviv da COALIZ�O DA  MAIORIA

 15/05//04 - 250.000 nas Ruas de Tel Aviv Querem PAZ AGORA

  01/04/04 -  EVACUAR ASSENTAMENTOS = ESCOLHER A VIDA

AMIGOS BRASILEIROS DO PAZ AGORA  �  PAZ AGORA/BR:

 10/06/04 - ADES�O AO COLETIVO PACIFISTA � DOIS POVOS, DOIS ESTADOS

A sua voz � muito importante. Conhe�a e Ap�ie Conosco!

Apelamos a todos que ap�iam este texto a se unirem a milhares de pessoas e dezenas de institui��es no mundo todo ao "COLETIVO DOIS POVOS DOIS ESTADOS� [www.pazagora.org/2P2E/sign], em solidariedade aos patriotas israelenses e palestinos que, atrav�s do di�logo construtivo, perseveram na luta por uma Paz justa e duradoura...�

 03/07/04 - Mensagem de YAEL DAYAN ao PAZ AGORA/BR

Aos AMIGOS BRASILEIROS DO PAZ AGORA

Shalom a todos voc�s e apenas boas lembran�as e grandes esperan�as.

Podemos e devemos fazer muito mais, pois as pessoas est�o atentas, e com seus b�sicos sensos de justi�a, sabem que estamos certos. Os sens�veis e s�bios ir�o se juntar a n�s.

Agrade�o a todos voc�s pelo duro trabalho que tiveram para tornar minha viagem t�o bem sucedida e confort�vel, e estou certa de que poderemos fazer mais e melhor na pr�xima vez, inclusive em outras cidades. Acho que fiz muitos amigos no Brasil, portanto mantenham o contato comigo para planos futuros.

"OBRIGADA"!

Yael Dayan

Tel Aviv, 03/07/2004

 10/06/04 -  Yael Dayan Traz Genebra ao TUCA

  + artigos de Yael Dayan

  21/06/04 � MOIS�S STORCH: Como Podemos Contribuir para a PAZ, AGORA


A. B. YEOSHUA:

  21/11/04 - Arafat � O Retrato da Adolesc�ncia Palestina

  10/03/04 - Uma Medida Unilateral de Israel

AKIVA ELDAR:

  25/10/04 - S� a Esquerda � Capaz                                   

AM�S OZ:

 03/10/04 - Palestinos e Israelenses Est�o Dispostos a Criar Dois Estados

  19/09/04 - Bush e Europa S�o Dois Lados da Mesma Moeda

ANA MARIA STUART:

  30/03/04 - O PT e o Oriente M�dio

 AVRAHAM BURG:

 29/02/04 - Esperan�a e Gl�ria

 17/09/03 - Carta aos Meus Amigos Palestinos

DOV WEISLASS:

  06/10/04 - Plano de Sharon � Congelamento do Processo de Paz

GERSHOM GORENBERG:

 17/11/03 - A Paz ou o Monte do Templo

MENACHEM KLEIN 

  16/10/04 - Li��es de Paz da Irlanda

  07/05/04 - Plano de Sharon ou Acordo de Genebra?

NAZMI AL-JUBEH:

 10/02/04 - Apenas Mais Um Plano de Paz ?

QADDOURA FARES:

  25/10/04 - Como Perder Outra Chance

  28/09/04 - Chamado Palestino para Reativar a Parceria

YAEL DAYAN:

<I><FONT size=2>O embaixador da Autoridade Nacional Palestina,<BR>
Musa Odeh, ao lado de Yael Dayan, no Tuca</I></FONT>

 

  03/07/04 - Pacifista Israelense Faz Palestra na PUC-SP

 

 Embaixador da Autoridade Palestina

ao lado de Yael Dayan no TUCA    

 03/07/04 - Sharon Fracassa no Di�logo

 18/06/04 - Israel N�o Est� em Perigo. Nossa Imagem e Nossa Democracia, Sim

 16/06/04 - � Preciso Buscar Formas de Encerrar o Conflito

YASSER ABED RABBO:

             29/10/04 - Genebra AGORA

 19/09/04 - Plano de Sharon Dividiu Palestinos

 07/08/04 -  O Pior Inimigo � a Perda de Confian�a

YOSSI BEILIN:              

 29/11/04 - Hoje Te Salvamos, Sharon 

 17/11/04 - Transi��o Palestina e Conversa��es de Paz

28/07/04 - Entrevista mundial via Internet em 28/07/2004

Leia a resposta a estas e outras quest�es: 

�         O plano de retirada de Sharon ir� transformar Gaza numa grande pris�o para os palestinos?

�         O senhor se acha pessoalmente respons�vel pelos milhares de mortos e feridos israelenses, v�timas de sua fracassada pol�tica de Oslo?

�         Israel est� preparado para devolver as colinas de Golan?

�         O senhor. tamb�m riscou Arafat de sua agenda?

�         O muro de separa��o se provou eficaz para conter atentados terroristas. O senhor v� alguma real alternativa ao muro?

  02/04/04 - O Melhor para Israel � um Acordo com os Palestinos

 02/04/04 - Resposta ao Acordo de Genebra � Positiva

  24/03/04 - Como Lutar Contra o Hamas

Conhe�a - em portugu�s - e Ap�ie o

ACORDO DE GENEBRA

e o 

COLETIVO DOIS POVOS DOIS ESTADOS

 www.pazagora.org 

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GENEBRA

 EXISTEM PARCEIROS PARA A PAZ !

 Uma nova campanha de m�dia lan�ada em Israel e nos Territ�rios Ocupados mostra � popula��o palestina depoimentos de l�deres israelenses do campo da paz, e aos israelenses mensagens de paz de l�deres palestinos.

X

Clique nas fotos para ver e ouvir algumas das mensagens veiculadas pelos ativistas de Genebra em cinemas e TVs israelenses e palestinas

סאיב עריקאת
SAEB ERAKAT

 

 

PAZ AGORA/BR + GENEBRA

 

 

 

SAUDA��O DE  YOSSI BEILIN AOS

AMIGOS BRASILEIROS DO PAZ AGORA

 

 

 

 

Prezados amigos,

 

Gostaria de lhes agradecer por sua intensa atividade desde a cerim�nia de lan�amento da Iniciativa de Genebra em 1� de dezembro de 2003. Seu apoio � importante para n�s, e contribui para fazer desta Iniciativa um ponto de refer�ncia que n�o pode ser ignorado no contexto de tudo o que se refere a um acordo final de paz.

 

Houve muitas mudan�as no primeiro ano de Iniciativa de Genebra. A Iniciativa reverberou por todo o mundo, ganhou o apoio de 40% nos lados israelense e palestino e, conforme o pr�prio primeiro-ministro, foi um fator-chave na decis�o de Sharon para se retirar de Gaza unilateralmente, de forma a evitar pagar o pre�o envolvido num plano como o de Genebra.

 

A morte de Arafat iniciou um novo cap�tulo na lideran�a palestina e trouxe Abu-Mazen, o principal l�der palestino a se opor � Intifada armada, de volta � arena. A nova lideran�a acompanhou as conversa��es de Genebra, aplaudiu a Iniciativa, e possivelmente refor�ar� o apoio palestino a ela, enquanto enfatiza em todas as  oportunidades seu desejo de retornar a negocia��es sobre um acordo definitivo.

 

Em seu segundo mandato, o presidente Bush est� pessoalmente comprometido com Abu-Mazen, com o Road Map, com a democratiza��o do Oriente M�dio, e com a luta contra o terror, e a nova lideran�a palestina dever� convergir com sua vis�o. Os Estados Unidos devem aumentar significativamente seu envolvimento, com o objetivo de resolver o conflito.

 

O papel do campo da paz � assegurar que a retirada de Gaza n�o marque o fim do caminho, mas seu come�o. Assim como Sharon iniciou a retirada de Gaza para evitar o modelo de iniciativa conjunta que propagamos em Genebra, tamb�m devemos assegurar que a retirada de Gaza se constitua num come�o que rapidamente nos leve a um acordo definitivo.

 

Apoiaremos a atual a��o de Sharon, demandando total coordena��o com a Autoridade Palestina sob sua nova lideran�a, e insistindo que os lados transformem em a��o seus compromissos com o Road Map, de maneira que possamos finalmente alcan�ar um entendimento definitivo. Para este fim, continuaremos a promover nossa campanha de informa��o em Israel e no exterior, apresentando a Iniciativa de Genebra como modelo para uma solu��o duradoura, mantendo discuss�es sobre os v�rios elementos que comp�em a Iniciativa, e prosseguindo em nossos esfor�os para expandi-la e detalh�-la.

 

Sua bem-vinda atividade complementa nossos esfor�os aqui em Israel, e n�s lhes agradecemos por isto, do fundo de nossos cora��es.

 

Yossi Beilin

 

Tel Aviv - Israel, 13 de dezembro de 2004.

 

 ד''ר יוסי ביילין

Yossi Beilin � presidente do Partido Yahad, ex-Ministro da Justi�a  e o principal promotor da Iniciativa de Genebra no lado israelense.

 

אברהם בורג
AVRAHAM BURG

 

יאסר עבד-רבו
YASSER ABED RABBO

 

ג'יבריל רג'וב
JIBRIL RAJOUB

 

ח''כ עמרם מצנע
AMRAM MITZNA

 

כדורא פארס
QADDOURA FARES

 

ח''כ פרופ' יולי תמיר
IULI TAMIR

 

זהירה כמאל
ZAHIRA KAMAL

 

תא''ל (מיל.) גיורא ענבר
GUIORA INBAR

 

עבדל קאדר חוסייני
ABDEL KADER HUSSEINI

 

אל''מ (מיל.) שאול אריאלי
SHAUL ARIELI

 

יעל דיין

YAEL DAYAN

 

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GENEBRA �  UM ANO DEPOIS

UMA PEQUENA LUZ CRESCE E SE MULTIPLICA

[ Mois�s Storch (*) � S.Paulo,  06/12/2004 ]

Nesta semana comemoramos o primeiro anivers�rio do lan�amento da Iniciativa de Genebra. Festejamos, sim, o primeiro ano do nascimento de uma nova esperan�a, que trouxe luzes para a solu��o de um conflito sangrento que continua matando gente h� mais de meio s�culo.

Ao contr�rio do que dizem os eternos c�ticos e os arautos da viol�ncia, Genebra n�o morreu, assim como o Roadmap n�o morreu, o processo de Oslo n�o morreu, e a esperan�a de uma vida decente para israelenses e palestinos, coexistindo lado-a-lado com liberdade e soberania, est� mais viva do que nunca.

A iniciativa de um importante conjunto de personalidades dos meios pol�ticos, acad�micos, culturais e militares de ambos os povos, lan�ada oficialmente no primeiro dia de dezembro de 2003 na Su��a, j� est� inscrita na Hist�ria, por ter revertido uma tend�ncia progressiva � desesperan�a e ao pessimismo que impedia israelenses e palestinos de se enxergar e de vislumbrar um horizonte de paz.

Mas a Iniciativa de Genebra n�o ficou apenas na elabora��o da mais importante e detalhada proposta de um acordo de paz elaborada por lideran�as das pr�prias partes, ao apontar solu��es de compromisso para os temas mais controversos do conflito, como a defini��o de fronteiras, a situa��o de Jerusal�m, o problema dos refugiados e o acesso aos locais sagrados.  A Iniciativa estruturou-se num corpo vivo e din�mico, gerando a��es pelos dois lados, em Israel e nos territ�rios palestinos, no sentido de disseminar a consci�ncia da possibilidade efetiva de se chegar a uma solu��o pac�fica.

Os parceiros israelenses e palestinos da Iniciativa, v�m efetuando um incans�vel trabalho de confer�ncias, palestras e atividades em escolas, sindicatos, kibutzim, campos de refugiados, conselhos municipais, acampamentos, aldeias e cidades, dialogando sobre os termos do Acordo de Genebra, e promovendo a cultura de paz.

No mundo todo, l�deres pol�ticos, governantes e intelectuais v�m apoiando a Iniciativa. No Brasil, onde o pr�prio presidente Luiz In�cio Lula da Silva, assim como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manifestaram seu entusiasmo, os Amigos Brasileiros do PAZ AGORA, desde a primeira hora, respaldam entusiasticamente a Iniciativa, tendo divulgado seu texto em portugu�s.

Participamos da COALIZ�O 2 POVOS 2 ESTADOS, ao lado de mais de 60 institui��es e ONGs do mundo inteiro, que oferece respaldo internacional aos campos pacifistas palestino e israelense, defendendo uma paz negociada baseada numa solu��o de Dois Estados, como a proposta pela Iniciativa de Genebra e  A Voz dos Povos.

Promovemos a vinda de uma de suas ilustres ativistas israelenses, a vice-prefeita de Tel-Aviv e ativista do Movimento PAZ AGORA, Yael Dayan, que aqui dialogou com dirigentes de v�rios partidos pol�ticos, e com p�blicos em S.Paulo e Rio de Janeiro como ASA, Bnai Brith, Col�gio Bialik, Comunidade Judaica do Brasil, Congrega��o Israelita Paulista, Hashomer Hatzair, e a Pontif�cia Universidade Cat�lica de S.Paulo.

A crian�a nascida em Genebra cresce, com sa�de e vigor.  Uma nova campanha conjunta de m�dia �N�s Temos Parceiro Para Um Acordo". em �rabe e hebraico, divulgar� clips de v�deo, na TV e em cinemas, assim como mensagem pos r�dio, imprensa e cartazes, exibindo personalidades famosas, palestinas e israelenses, dirigindo ao outro lado mensagens de paz.

H� um ano Genebra acendeu uma t�nue luz em meio � escurid�o da desesperan�a. Mas, tal como no milagre de Hanuk�, esta pequena luz, que muitos diziam que n�o duraria, est� se multiplicando. E ajudar� a trazer a t�o ansiada paz para israelenses, palestinos, e para o mundo. 

PAZ, VAMOS BUSC�-LA, AGORA !

(*)   Mois�s Storch � coordenador dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA

                          

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org .

Su��a, 01 de dezembro de 2003

Yossi Beilin e Yasser Abed Rabbo apertam as m�os no lan�amento do Acordo de Genebra


1� ANIVERS�RIO DA INICIATIVA DE GENEBRA

 PROMOTORES RECLAMAM NEGOCIA��ES IMEDIATAS

[ Palestine Media Center- PMC - 30/11/2004 www.palestine-pmc.com ]

traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

 Beilin e Rabbo anunciam campanha conjunta de m�dia em �rabe e hebraico, chamada  "N�s temos parceiros para um acordo".

Um ano ap�s o lan�amento da Iniciativa de Genebra, os autores da minuta de paz pedem que o moribundo processo de paz seja ressuscitado pela imediata retomada de negocia��es e a coordena��o da retirada israelense da Faixa de Gaza.

Falando numa confer�ncia de imprensa conjunta israelense-palestina, em Jerusal�m, Yasser Abed Rabbo, ex-ministro do gabinete palestino, que foi co-autor da Iniciativa de Genebra, disse que "ap�s um ano de sangue" existe uma disposi��o de ambas as partes para conversar e negociar.

Entretanto, ele advertiu que essa disposi��o n�o seria suficiente se n�o for discutidos temas para um status final. Temas como o status de Jerusal�m, refugiados e fronteiras, s�o as �reas cr�ticas que t�m impedido um acordo entre palestinos e israelenses.

Abed Rabbo, membro do Comit� Executivo, � mais alto �rg�o de tomada de decis�es da OLP, sublinhou que embora solu��es unilaterais n�o possam levar a uma virada, o plano israelense de desligamento da Faixa de Gaza deve ser usado para estimular negocia��es para um acordo final. Al�m disso, disse ele, conversa��es "poderiam ser estimuladas pela comunidade, o Quarteto e especialmente pelo governo americano". O "Quarteto" � uma equipe de mediadores diplom�ticos da R�ssia, EU, Uni�o Europ�ia e ONU.

Yossi Beilin, contraparte israelense da Abed Rabbo na reda��o da minuta lan�ada em 1� de dezembro de 2003 na Su��a, afirmou que a Iniciativa de Genebra ï¿½ o �nico acordo detalhado jamais feito entre israelenses e palestinos. A proposta de paz vai al�m da proposta pelo Quarteto, o road map, ao propor solu��es detalhadas para temas cr�ticos num acordo definitivo.

Beilin, presidente do Partido Yahad e antigo ministro da Justi�a, tamb�m enfatizou que o falecido presidente Yasser Arafat era o melhor pretexto para que o primeiro ministro Ariel Sharon se negasse a ter conversa��es com palestinos. "Agora ele perdeu sua desculpa", ressaltou Beilin, dizendo que o tempo � ideal para conversar que poderiam levar a um acordo entre os dois lados no conflito.

Aproveitando a oportunidade para marcar o 1� anivers�rio da Iniciativa, Abed Rabbo e Beilin anunciaram o lan�amento de uma campanha conjunta de m�dia em �rabe e hebraico, chamada "N�s temos parceiro para um acordo".

Clips de v�deo, exibindo autoridades de alto n�vel, palestinos e israelenses, dirigindo ao outro lado mensagens de paz, ser�o transmitidas nos pr�ximos dois meses em TVs locais palestinas e em sites israelenses na Internet, assim como em cinemas e jornais.

As mensagens a ser transmitidas  mostrar�o pol�ticos palestinos famosos como o ministro palestino para negocia��es, Saeb Erekat, o Assessor de Seguran�a Nacional Jibril Al-Rajoub, e a ministra palestina para assuntos da mulher, Zahira Kamal. Do lado israelense, al�m de Yossi Beilin, as personalidades incluir�o o ex-presidente do partido trabalhista, Amram Mitzna, e Yuli Tamir, deputada trabalhista no Knesset [e ativista do PAZ AGORA] .

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org (vers�o em portugu�s). - Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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PESQUISA:

MAIORIA DE ISRAELENSES E PALESTINOS AP�IA ACORDO DE GENEBRA

[ The Associated Press - 24/11/04 - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

 

Mais da metade dos israelenses e palestinos ap�ia a proposta n�o-oficial de paz que inclui concess�es sem precedentes pelos dois lados, conforme pesquisa publicada ontem.

A minuta de acordo de paz, conhecida como Acordo de Genebra e redigida por antigos negociadores israelenses e palestinos,  prop�e a forma��o de um Estado Palestino na Cisjord�nia e Faixa de Gaza, o retorno de refugiados palestinos para aquele Estado - mas n�o para Israel - e a divis�o de Jerusal�m entre os dois Estados.

Os pesquisadores leram um resumo do acordo para israelenses e palestinos, e descobriram que 53% dos israelenses e quase 56% dos palestinos o ap�iam. Quase 44% dos israelenses e 39% dos palestinos disseram que se oporiam a tal tratado.

O resumo n�o inclu�a especificamente o fato de que os locais altamente disputados na Cidade Velha de Jerusal�m - onde o complexo da mesquita de Al-Aqsa se assenta acima das ru�nas dos templos judaicos b�blicos - ficaria sob soberania palestina. Em vez disso, dizia: "Cada lado governar� seus lugares santos".

H� consider�vel oposi��o em Israel a ceder este local, o mais sagrado para o juda�smo, num tratado de paz.

A pesquisa cobriu 610 cidad�os israelenses por telefone, e 631 palestinos entrevistados pessoalmente, com uma margem de erro de 4%. 

"Esta pesquisa � um lembrete oportuno do fato de que as maiorias dos dois lados est�o dispostas a abra�ar um acordo que atenda seus principais interesses e aspira��es", disse Edward Djerejian, antigo embaixador americano em Israel e na S�ria, e diretor do Baker Institute for Public Policy, no Texas, que realizou a pesquisa em conjunto com o International Crisis Group de Washington, voltado para preven��o e solu��o de conflitos.

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INICIATIVA de GENEBRA

APOIO DA COMUNIDADE INTERNACIONAL

- 1� de dezembro de 2003 -

� Estou muito encorajado por proeminentes palestinos e israelenses terem sido capazes de alcan�ar t�o importante acordo sobre quest�es dif�ceis para um est�gio final de negocia��es de paz ... Na atual fase de escalada do conflito pelo Oriente M�dio, qualquer iniciativa que aproxime mais as partes � muito bem-vinda ".

 Kofi A. Annan - Secret�rio-Geral das Na��es Unidas 

 

 

� Gostaria de felicitar esta iniciativa e o debate que ela estimulou entre israelenses e palestinos, e mais amplamente na comunidade internacional...

Num momento de desespero, ambos os povos precisam de esperan�a. A iniciativa que voc�s est�o lan�ando hoje lhes d� uma oportunidade de enxergar al�m das atuais dificuldades, para o que pode ser alcan�ado pela boa-vontade dos dois lados...

 ï¿½ natural e saud�vel, que haja discuss�es sobre os detalhes do proposto acordo. O debate estimulado por esta iniciativa � importante. Um melhor entendimento da natureza de um poss�vel acordo pode ajudar a recordar as pessoas de que os dif�ceis passos descritos no roadmap devem ser bem trabalhados. Espero que esta iniciativa tamb�m mostre que os israelenses e palestinos continuam capazes de encontrar parceiros para paz e trabalhar juntos, e estimule um retorno � mesa de negocia��o ".

Tony Blair - Primeiro-Ministro da Gr�-Bretanha

 

 

  ï¿½ Os EU continuam comprometidos com a vis�o do presidente, de dois Estados e com o roadmap, mas tamb�m acreditamos que projetos como o de voc�s s�o importantes por ajudar a sustentar uma atmosfera de esperan�a na qual israelenses e palestinos podem discutir solu��es mutuamente aceit�veis para as quest�es dif�ceis que enfrentam.

Isto � cr�tico porque, no final, s�o os povos palestino e israelense que ir�o formar o consenso necess�rio para alcan�ar uma solu��o de dois Estados " 

Colin L. Powell - Secret�rio de Estado dos Estados Unidos

 

 

 ï¿½ Sou muito grato por seus esfor�os ... para concretizar os detalhes de uma solu��o de dois Estados que quase realizamos h� tr�s anos. Toda a viol�ncia e retrocesso desde ent�o prova que maior demora em tratar as quest�es fundamentais apenas ajuda aos inimigos da paz na regi�o, e os defensores do terror pelo mundo�

 H� pouco mais de uma d�cada, os l�deres palestinos e israelenses fizeram um compromisso ara partilhar o futuro - a terra, a responsabilidade de combater o terror, a procura da paz e prosperidade. Ap�s tr�s anos de viol�ncia e sofrimento, um esfor�o de cidad�os pela paz, com a clara evid�ncia de que acordos espec�ficos sobre as quest�es mais dif�ceis s�o poss�veis, deve encorajar as autoridades de ambos os lados a seguirem-nos...

 As crian�as do Oriente M�dio n�o merecem menos que isso. "

 William Jefferson Clinton - 42� presidente dos Estados Unidos

 

 

 ï¿½ A tentativa que voc�s fizeram na situa��o dram�tica atual do Oriente M�dio, para definir par�metros de um acordo final atrav�s de um di�logo entre pol�ticos israelenses e palestinos merece apoio.

Percebemos seus esfor�os como uma valiosa contribui��o para superar o confronto de for�as e trazer a situa��o de volta para a via pol�tica ...

Espero que suas atividades em benef�cio dos povos israelense e palestino a pela paz no Oriente M�dio tenham bons frutos, n�o importa qu�o dif�cil possa ser o caminho na dire��o dos nobres objetivos que voc�s colocaram".

 Igor S. Ivanov - Ministro das Rela��es Exteriores da Federa��o Russa.

 

  

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CARTA DE APOIO DE MAIS DE 50 L�DERES MUNDIAIS

 Uma Declara��o de Apoio aos Israelenses e Palestinos

[ International Herald Tribune - www.iht.com - 01/12/2003 ]

 ï¿½ traduzido pelo PAZ AGORA/BR �

Por ocasi�o da assinatura, hoje, da Iniciativa de Genebra, uma proposta para paz negociada por equipes de israelenses e palestinos lideradas por Yossi Beilin, antigo ministro da justi�a israelense, e Yasser Abed Rabbo, antigo ministro da informa��o palestino - expressamos nosso forte apoio tanto a esta iniciativa quanto � peti��o "A Voz dos Povos" promovida por Ami Ayalon, antigo chefe dos servi�os de seguran�a de Israel e Sari Nusseibeh, presidente da Universidade de Al Quds em Jerusal�m.

O conflito israelense-palestino j� teve um custo muito alto. Ambos os povos pagaram caro com vidas e condi��es de vida numa guerra que ambos est�o perdendo. Cada dia que passa mina as perspectivas para uma solu��o pac�fica de dois Estados. Enquanto o conflito durar, ser� uma fonte de instabilidade e viol�ncia para a regi�o e a comunidade internacional como um todo.

Acreditamos que a melhor maneira para avan�ar � dirigir ao cen�rio final, n�o ao fim de um processo incremental, todos os princ�pios b�sicos de uma solu��o justa e duradoura. Postergar o resultado final torna qualquer processo ref�m de extremistas de ambos os lados. Deve ser encontrado um processo para dar express�o pr�tica e pol�tica para o ardente desejo de claras maiorias em ambos os lados de terminar este conflito de uma vez por todas.

As Iniciativas de Genebra e A Voz dos Povos, ambas, refletem essa opini�o p�blica e podem ajudar num novo impulso. Do lado israelense, podem ajudar a desfazer os mitos que foram criados desde o colapso do processo de paz e in�cio da viol�ncia: de que o povo palestino n�o est� preparado para aceitar uma solu��o de dois Estados e o direito de Israel a existir como um Estado judeu.

No lado palestino, podem oferecer uma alternativa ao atual modo de pensar que v� na viol�ncia o �nico meio poss�vel de terminar a ocupa��o. Elas mandam um potente sinal de que existe uma alternativa � situa��o atual. Elas t�m o potencial de transformar a din�mica pol�tica interna nos dois lados.

O apoio internacional ser� crucial para traduzir esses esfor�os num mecanismo concreto que traga uma paz duradoura. Os jogadores internacionais mais relevantes para isto - o "quarteto" composto por EU, a Uni�o Europ�ia, a R�ssia  e a ONU, e os membros da Liga �rabe,  devem apoiar fervorosamente essas iniciativas. Eles devem instar tanto o governo israelense quanto a Autoridade Palestina a serem guiados pelo que a maioria de seus povos deseja. E devem deixar clara sua pr�pria disposi��o de emprestar todo apoio pol�tico, econ�mico e militar necess�rio para ajudar a implementar um acordo abrangente de paz.

Os povos israelense e palestino, deixando claras suas cren�as nas  Iniciativas de Genebra e A Voz dos Povos, podem ajudar a transformar os princ�pios neles incorporados, em realidade. Voc�s podem contar com nosso apoio neste esfor�o.

Martti Ahtisaari, ex-presidente, Finl�ndia; Ali Alatas, ex-ministro do exterior, Indon�sia; George Alleyne, ex-diretor, Organiza��o Pan-Americana da Sa�de; Oscar Arias Sבnchez, ex-presidente, Costa Rica; Lloyd Axworthy, ex-ministro do exterior, Canad�; Alexander Bessmertnykh, ex-ministro do exterior, U.R.S.S.; Carl Bildt, ex-primeiro ministro, Su�cia; Boutros Boutros-Ghali, ex-Secret�rio-Geral. ONU; Lakhdar Brahimi, ex-ministro do exterior, Arg�lia; Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente, Brasil; Ingvar Carlsson, ex-primeiro ministro, Su�cia; Lord Carrington, ex-secret�rio do exterior, G.B., ex-Secret�rio-Geral, OTAN; Jorge Castaסeda, ex-ministro do exterior, M�xico; Claude Cheysson, ex-ministro do exterior, Fran�a; Jacques Delors, ex-presidente, CE; Jiri Dienstbier, ex-ministro do exterior, Tchecoslov�quia; Ruth Dreifuss, ex-presidente, Sui�a; Uffe Ellemann-Jensen, ex-ministro do exterior, Dinamarca; Gareth Evans, ex-ministro do exterior, Austr�lia; Mark Eyskens, ex-ministro do exterior, B�lgica; Jos� Maria Figueres, ex-presidente, Costa Rica; Malcolm Fraser, ex-primeiro ministro, Austr�lia; Hans-Dietrich Genscher, ex-ministro do exterior, Alemanha; Bronislaw Geremek, ex-ministro do exterior, Pol�nia; Mikhail Gorbachev, ex-presidente, U.R.S.S.; I. K. Gujral, ex-primeiro ministro, India; Bob Hawke, ex-primeiro ministro, Austr�lia; Bill Hayden, ex-governador-geral, ex-ministro do exterior, Austr�lia; Raffi K. Hovannisian, ex-ministro do exterior, Arm�nia; F. W. de Klerk, ex-presidente, �frica do Sul; Wim Kok, ex-primeiro ministro, Holanda; Masahiko Komura, ex-ministro do exterior, Jap�o; Budimir Loncar, ex-ministro do exterior, Iugosl�via; Barbara McDougall, ex-secret�ria do estado para rela��es exteriores, Canad�; Gianni de Michelis, ex-ministro do exterior, It�lia; Boyko Noev, ex-ministro da defesa, Bulg�ria; Sadako Ogata, ex-Alto Comiss�rio para Refugiados da ONU; Lord David Owen, ex-secret�rio do exterior, GB; Surin Pitsuwan, ex-ministro do exterior, Tail�ndia; Augusto Ramםrez Ocampo, ex-ministro do exterior, Col�mbia; Fidel Ramos, ex-presidente, Filipinas; J. J. Rawlings, ex-presidente, Ghana; Mary Robinson, ex-presidente, Irlanda; Michel Rocard, ex-primeiro ministro, Fran�a; Nafis Sadik, fex-diretor executivo, Fundo Populacional, ONU;  Salim Ahmed Salim, ex-secret�rio geral, OUA; Cornelio Sommaruga, ex-presidente, Comit� Internacional da Cruz Vermelha; Kalevi Sorsa, ex-primeiro ministro, Finl�ndia; Eduardo Stein, ex-ministro do exterior, Guatemala; Pהr Stenbהck, ex-ministro do exterior, Finl�ndia; Max van der Stoel, ex-ministro do exterior, Holanda; Thorvald Stoltenberg, ex-ministro do exterior, Noruega; Hanna Suchocka, ex-primeiro ministro, Pol�nia; Alex Sceberras Trigona, ex-ministro do exterior, Malta; George Vassiliou, ex-presidente, Chipre; Hubert Vיdrine, ex-ministro do exterior, Fran�a; Franz Vranitzky, ex-chanceler federal, �ustria; Ernesto Zedillo, ex-presidente, M�xico.

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DE GAZA A GENEBRA

[ Gadi Baltiansky (*) - 15/08/04 ]

- traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

A afirma��o em voga de que "n�o h� ningu�m com quem falar" est� atualmente rendendo os frutos desejados por todos os que recha�am o di�logo. Pode-se visualizar uma anarquia no cerne da Autoridade Palestina (AP), e estes brotos podem amadurecer e transformar-se num caos total. A profecia de Ariel Sharon est� se cumprindo: "Se n�o conversarmos com eles, se passarmos por cima deles, se os ferirmos, desaparecer�o". O s�cio potencial para um acordo est� se tornando mais e mais d�bil.

Este � o momento de demonstrar que a profecia contr�ria tamb�m pode se autocumprir. Devemos conversar com o outro lado antes que se feche a oportunidade da solu��o de dois Estados.

Como estamos no umbral da retirada de Gaza, devemos nos fazer duas perguntas chave:

Esta saindo, mas quem ficar� fortalecido ? Estamos saindo, mas em que situa��o nos estamos metendo?

Israel poderia se dar conta de que, ainda que tenha se retirado de Gaza, permanecer� na mesma situa��o dif�cil, dolorosa e perigosa. A ocupa��o continuar�, o conflito piorar�, e a desesperan�a  haver� de crescer.

Mas h� outra maneira: declarar que a retirada de Gaza � o primeiro passo no caminho para um acordo permanente. Lideran�a n�o consiste apenas na elei��o entre caminhos existentes. Ami�de requer forjar novos. Nossa lideran�a faria bem em pavimentar o caminho desde a retirada parcial e unilateral at� um acordo permanente.

De Gaza a Genebra podemos e devemos sair de Gaza, mas para produzir as mudan�as desejadas em nossa sociedade, na economia e na educa��o, e tamb�m devemos construir nosso caminho para superar o conflito.

Para resolver nossos problemas existenciais,  o governo necessita mudar seu modo de pensar, ainda que seja mais dif�cil do que fazer malabarismos com os peda�os que constituem a coaliz�o de governo. At� aqui, o m�todo estava claro. Primeiro destruir a AP para logo depois protestar por sua  incapacidade para lidar com os transgressores da lei. Primeiro passar por cima dos primeiros-ministros Abu-Mazen (Mahmoud Abbas) e Abu-Ala (Ahmed Qurei), para logo depois se queixar de que n�o h� com quem falar.

Se quisermos escolher a maneira correta de sair de Gaza, tamb�m deveremos considerar o outro lado da moeda. Se negocia��es forem realizadas com o governo palestino, talvez melhore sua capacidade de enfrentar os militantes  radicais. Em vez de coordenar a retirada com Estados Unidos e Egito, talvez efetu�-la com Muhammad Dahlan e al-Rujub Jibril ajude a construir uma verdadeira coopera��o para futuras negocia��es.

Al�m de come�ar um di�logo com as personalidades pragm�ticas entre os palestinos, o governo deve anunciar que a retirada de Gaza � uma etapa nas negocia��es sobre um arranjo permanente baseado no roadmap.  

N�o destruiremos os lugares dos colonos, mas os entregaremos como parte da futura compensa��o que, de qualquer maneira, teremos que outorgar aos refugiados. N�s n�o perpetuaremos a ocupa��o por outros meios, mas ajudaremos a construir a infra-estrutura do futuro Estado palestino. N�o aguardaremos as reformas que est�o sendo demandadas da AP, mas fortaleceremos os reformistas potenciais de forma que sejam capazes de realiz�-las. N�o exigiremos como condi��o pr�via o fim do terrorismo, mas trabalharemos o sentido de um cessar-fogo abrangente. N�o aguardaremos por um plano internacional - e seguramente um ser� proposto ap�s as elei��es americanas - mas apresentaremos nossa pr�pria iniciativa delineando as negocia��es em todas suas quest�es principais.

A retirada de Gaza --- correta e bem-vinda --- � como a aspirina: alivia uma dor localizada num lugar determinado. N�o devemos opor resist�ncia ao analg�sico, mas tampouco devemos nos enganar, crendo que seja uma cura para a enfermidade. N�s, israelenses e palestinos, estamos preparados n�o s� para tomar o comprimido, mas tamb�m para nos submetermos a uma cirurgia.

Sabemos exatamente qual deve ser o resultado.  Foi delineado por Bill Clinton, nas conversa��es de Camp David e Taba, nos consensos de Nusseibeh-Ayalon e no Acordo de Genebra. A lideran�a que seja suficientemente valente  para nos retirar de Gaza deve ter a coragem necess�ria para admitir que s� isto n�o � suficiente.

Se Israel se retirar de Gaza e, ao mesmo tempo, acentuar pela for�a seu controle na Cisjord�nia, aprofundando a disputa interna e alimentando as chamas do conflito, isto n�o ser� recordado como um epis�dio positivo. Se, por outro lado, a retirada seja vista como um trecho do caminho para um acordo permanente, a decis�o da retirada representar� um ato hist�rico de grande significado.

(*)  Gadi Baltiansky  � escritor e diretor-geral da ala israelense da Iniciativa de Genebra. Foi Secret�rio de Imprensa do ex-primeiro-ministro Ehud Barak.

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ELES N�O DISTINGUEM ESQUERDA DE DIREITA

[ por Lili Galili � Haaretz - 29/10/04 ]

No ultimo s�bado, Dror Sternschuss, da Iniciativa de Genebra se dirigiu a um grupo de 20 israelenses de fala russa num hotel perto de Jerusal�m, e perguntou-lhes algumas quest�es bem diretas: �O que voc� faria se estivesse dirigindo a campanha da Iniciativa de Genebra? � poss�vel levar nossa mensagem � comunidade russa, ou os imigrantes russos s�o t�o direitistas que � uma causa perdida?�

A audi�ncia, a maioria membros do partido Avod� e do Uma Na��o, ativo em organiza��es de imigrantes, aceitou esportivamente o desafio. "Se voc� explicar que esta � a �nica maneira de conseguir uma vida normal, e tra�ar uma liga��o entre a proposta de Genebra e a melhoria das escolas e da economia, poder� chegar a algum lugar�, disseram alguns deles. �N�o martele no tema demogr�fico�, aconselhou Alexander, de Yokne'am: �ele soa muito como discrimina��o racial. Se voc� jogar bem suas cartas, poder� trazer os imigrantes russos para o lado de Genebra. Mas n�o me tente convencer.� Mais tarde Alexander se descreveu como um homem de extrema-direita, �praticamente  Kahane," e apoiador de Avigdor Lieberman. Mas tamb�m ap�ia a retirada de Gaza.

Confuso? Com boa raz�o. Agora que o plano de Sharon foi empurrado no Knesset e que o pa�s est� encarando um referendo nacional, elei��es antecipadas ou uma cont�nua batalha pela opini�o p�blica, o sistema pol�tico, parlamentar ou n�o, todos est�o olhando para o milh�o de imigrantes russos . Se as opini�es sobre o desligamento cortam a sociedade israelense de uma maneira que n�o se enquadra nos padr�es pol�ticos de direita e esquerda, a situa��o na comunidade russa � ainda mais confusa.

Mais de 60% dos judeus russos de Israel ap�iam o desligamento (conforme pesquisa do Dr. Eliezer Feldman  do Instituto Mutagim), mas muitos deles n�o entendem realmente os temas envolvidos. Feldman, especialista em pesquisas de opini�o de russos, que imigrou ele mesmo h� poucos anos para Israel, diz que a raz�o mais surpreendente que ouviu para apoiar a iniciativa � que ap�s o desligamento �n�o haver� tantos �rabes em Israel�.

Operando na divisa entre um apoio num�rico maci�o e a falta de entendimento, v�rios partidos movimentos est�o trabalhando para mobilizar o apoio dos russos para uma agenda pol�tica futura. Desta vez a batalha est� mais complicada. Alguns dos l�deres da comunidade de imigrantes, como Avigdor Lieberman, Natan Sharansky, Yuri Stern (Uni�o Nacional) Yuli Edelstein (Likud), s�o ferrenhos opositores do plano de desligamento.

Ao mesmo tempo, cinco outros representantes parlamentares da comunidade, Roman Bronfman, Marina Solodkin (Likud), Victor Brailovsky e Yigal Yasinov (Shinui), al�m de Michael Nudelman (Uni�o Nacional), o ap�iam.

As mudan�as que ocorrem nessa comunidade, por�m, n�o est�o limitadas ao equil�brio de poder  no parlamento. Hoje, 15 anos ap�s o dil�vio imigrat�rio da R�ssia, este imenso setor populacional atingiu uma certa maturidade pol�tica e uma maior consci�ncia das complexidades. Algumas vezes os imigrantes tem os mesmos anseios que a popula��o em geral, e em outras vezes, suas preocupa��es s�o especificamente russas.

Dispostos a ouvir

Seu posicionamento sobre a Iniciativa de Genebra ilustra claramente a diferen�a. Os israelenses tamb�m perguntam se �pessoas que n�o representam ningu�m� t�m o direito de levar adiante uma iniciativa de t�o longo alcance. Para os russos, este � um tema cr�tico, que tem menos a ver com a legitimidade da iniciativa do que com a pecha de ser conduzido por gente �n�o oficial�. A quest�o surgiu no encontro com Sternschuss, e foi levantado em outro encontro com israelenses de l�ngua russa organizado h� alguns meses pelos ativistas da Iniciativa de Genebra.

A preocupa��o dos russos com a material � claramente cultural. Na sociedade israelense, as pessoas constroem novas carreiras baseados em terem sido �algu�m�. Num pa�s onde generais aposentados s�o procurados por partidos pol�ticos pelo resto de suas vidas, esse status de �ex� � um patrim�nio. Na sociedade sovi�tica, o status de �ex� era virtualmente inexistente. Aqueles bem colocados ficavam no topo at� a morte. Apenas tornavam-se �ex� quando algum novo regime viesse e os colocasse para fora, privando-os de qualquer influ�ncia.

Di�logos e semin�rios do tipo patrocinado pela Funda��o Adenauer em Shoresh s�o parte dos preparativos que est�o sendo feitos pela Iniciativa de Genebra antes de lan�ar uma campanha para a comunidade de imigrantes russos. Eles tamb�m encomendaram uma pesquisa abrangente ao Dr. Avinoam Brug do Market Watch.

N�o pode-se dizer que os russos em Israel est�o agora abra�ando calorosamente a Iniciativa. Mas h� uma certa disposi��o para ouvir.  De fato, a disposi��o sempre esteve ali, mas a esquerda nunca a capitalizou. Mortalmente feridos por n�o ter tido o apoio dos formadores de opini�o russos, o Avod� e o Yahad praticamente pararam de falar a esse segmento (exceto Bronfman).Mesmo hoje, n�o s�o esses partidos que est�o chegado, mas um �rg�o extra-parlamentar como a  Iniciativa de Genebra, que est� mirando o grupo jovem, de 16 a 45 anos, considerado mais receptivo.

Brug diz ter encontrado uma grande ignor�ncia entre esses jovens russos da periferia. "Eles n�o entendem sempre as diferen�as entre direita e esquerda�, diz ele. �Eles se auto-classificam como de ultra-direita, mas mostram opini�es que mais se enquadram na esquerda. Dizem coisas como �Existe direita e esquerda, mas isso � tudo que sei�, ou �Trabalhistas? N�o me agradam. Acho que s�o direitistas�.

A melhor nova na campanha da Iniciativa de Genebra � que os participantes mais informados desses encontros, especialmente na regi�o de Tel Aviv, concordam que o desligamento (que ap�iam) � uma solu��o tempor�ria. Perten�am � esquerda ou � direita, reconhecem o fato de que, no longo prazo, Israel deve chegar a um acordo com os palestinos pelo di�logo. Ouve-se com freq��ncia declara��es como �O desligamento � muito bom para a seguran�a, mas para o longo prazo outros passos devem  ser tomados�.

Tais dados s�o apoiados por uma pesquisa feita na semana passada. Ao responder � quest�o: "O que deve fazer Israel hoje para terminar o conflito israelense-palestino?�, 1/3 dos respondentes disse que Israel deve agir unilateralmente e � que Israel deve negociar com os palestinos com o objetivo de assinar um acordo permanente.

Mas quando essas pessoas foram perguntadas se uma retirada unilateral de Gaza aumentaria ou diminuiria a possibilidade de chegar a um acordo, 38% disse que aumentaria e 41% que diminuiria a possibilidade.

Tamb�m surpreendente foi o grau de apoio a um Estado Palestino. Este apoio foi baseado n�o tanto no reconhecimento de que os palestinos  t�m direito a seu pr�prio Estado, mas no desejo de viver separado deles.  Houve uma grande empatia pelo sofrimento dos palestinos, que foi percebido por muitos como um motivo para o terror. Claramente, � mais f�cil ter este tipo de simpatia quando tamb�m se t�m dificuldades financeiras. Por outro lado, a quest�o econ�mica foi muitas vezes citada como raz�o para apoiar o desligamento e um futuro acordo com os palestinos, de forma a liberar verbas para educa��o e bem-estar.

A quest�o econ�mica tamb�m surgiu nos encontros para imigrantes russos organizados recentemente pelo pessoal de Avigdor Lieberman (extrema-direita) para discutir o que deveria ser feito ap�s a vota��o do desligamento. Liebermann, ciente do amplo apoio ao desligamento, est� tentando tomar o tema por outro �ngulo. Nesses f�runs, os imigrantes ouviam sobre os altos custos econ�micos do desligamento. Esta explica��o, dizem seus organizadores, n�o � menos eficaz em mudar suas cabe�as do que a id�ia de que os colonos est�o fazendo um sacrif�cio que os russos, como rec�m-chegados, n�o t�m condi��es de fazer. � claro que esses dois argumentos . ir�o se tornar parte da campanha  de Lieberman nos pr�ximos dias.

Os ativistas de Genebra ir�o claramente aproveitar o reconhecimento pelos imigrantes russos de que � necess�rio um acordo permanente, e tentar�o promover sua agenda. "Se a Iniciativa de Genebra foi a pedra de toque para o plano de desligamento de Sharon, agora � o momento do pr�ximo passo . N�s combinaremos o  plano de desligamento com a Iniciativa de Genebra  e avan�aremos para um acordo�, diz Gadi Baltiansky, diretor-geral da ala israelense da Iniciativa. "Para cortejar os russos, temos uma vantagem. N�o somos um partido e n�o queremos nada deles, exceto um entendimento ideol�gico. Se a id�ia � organizar uma massa cr�tica em favor da Iniciativa de Genebra, os russos podem fazer toda a diferen�a. Membros da gera��o mais jovem est�o pr�ximos do pensamento do Acordo de Genebra, mesmo que n�o o admitam politicamente�.

O obst�culo que espera adiante, por�m, pode ter menos a ver com ideologia do que com as pessoas associadas a ela. Quando os israelenses de fala russa foram pesquisados sobre os princ�pios da Iniciativa de Genebra, 37 % disse apoiar esses princ�pios, e 9% estavam indecisos. Mas no momento que os nomes de Yossi Beilin e Yasser Abed Rabbo eram trazidos, a apoio caiu a 17%.  Na verdade, a pr�pria pesquisa foi problem�tica pelo fato de que muitos dos entrevistados se recusaram a responder.

Ent�o, 15 anos atrasada, a esquerda n�o partid�ria decidiu se dirigir aos imigrantes russos. A campanha da Iniciativa de Genebra, que j� tem uma mulher russa na dire��o, ir� levar sua agenda a sites em russo na Internet e organizar semin�rios para jovens. Brug, que pessoalmente dirigiu encontros de di�logo, est� impressionado com a forma em que os russos elaboram seus argumentos e tra�ou uma conex�o com coisas que eles j� sabem: "Eles s�o mais coerentes, e t�m um universo mais rico de associa��es liter�rias e hist�ricas do que certos grupos de israelenses que encontrei�, disse.

Num pa�s onde n�o existe uma narrativa de consenso, a esquerda permitiu que a direita apresentasse os fatos que os imigrantes russos usaram para construir um retrato do passado � e a partir dos quais eles agora est�o construindo uma imagem do futuro. Agora que o Knesset votou em favor do desligamento, a esquerda est� se virando para desfazer o erro.

Um ano e meio ap�s demonstrar sua for�a eleitoral nas pesquisas, o milh�o de israelenses de fala russa se tornou novamente um ator de primeira grandeza no que dever� acontecer no Israel p�s-desligamento.

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SHAUL ARIELI: VOLTANDO � ESTRADA

Do Desligamento a Genebra -

 ï¿½ No futuro, no fim da estrada, ap�s a finaliza��o de todos os desligamentos, eles voltar�o para Genebra, e o princ�pio de um acordo futuro ser� similar."

[ Aviv Lavie - Haaretz 03/09/04 -  traduzido pelo PAZ AGORA/BR (*) ]

אל''מ (מיל.) שאול אריאלי Xclique na foto e ou�a SHAUL ARIELI

O �nibus saindo de um estacionamento de Tel Aviv numa tarde quente est� lotado. � dif�cil acreditar, mas h� apenas uma d�cada ou duas atr�s, esta gente idosa e amig�vel, sentada em cada uma das poltronas, pertencia aos altos escal�es do  establishment de seguran�a israelense. Equipados com bengalas, aparelhos de escuta e uma grande dose de curiosidade, os veteranos do Conselho para Paz e Seguran�a est�o indo conhecer em primeira m�o um tema que est� preocupando seus sucessores, assim como a Suprema Corte de Justi�a: a rota da cerca de separa��o.

Shaul Arieli , major-general da pol�cia aposentado e diretor-geral do Conselho toma o microfone na frente do �nibus. Ap�s vencer a est�tica, explica o desenvolvimento da luta legal sobre a rota da cerca. Arieli, um homem simp�tico e forte, cujo hebraico seria um patrim�nio para os generais de hoje, �s vezes tem dificuldade de recordar o nome de algum juiz da Corte Suprema, e quando algu�m o ajuda lembrando "Cheshin",  ele come�a a contar uma piada sobre um encontro entre velhos amigos. "H� tr�s sinais de que voc� est� velho, diz um velho para o outro: todo mundo lhe diz que voc� est� com boa apar�ncia, as garotas n�o se irritam quando voc� as cumprimenta, e a terceira .... me esqueci !"  Os passageiros riem, se identificando.

No final, Arieli quer agradecer aos anfitri�es, os arquitetos da Iniciativa de Genebra. "As doa��es que recebemos este ano ca�ram de 2 milh�es para meio milh�o", diz ele, "mas para Genebra a situa��o � melhor, porque eles s�o muito mais atraentes. N�s decidimos pedir-lhes para pagarem o �nibus. Ent�o, obrigado � Conven��o de Genebra "!. "A Iniciativa de Genebra" correram para corrigi-lo. "A Iniciativa !".

Afora a organiza��o e o �nibus, a presen�a de Genebra na viagem � expressa muito pela figura do guia, Shaul Arieli. Arieli � a concretiza��o do sonho da esquerda, que est� procurando uma nova lideran�a. Coronel da reserva, ex-comandante da Brigada de Gaza, articulado (com uma pequena tend�ncia de pronunciar errado nomes estrangeiros), especialista no assunto at� os pequenos detalhes, ele se parece com um l�der escoteiro, muito distante dos �culos redondos de Yossi Beilin, estere�tipo do esquerdista. Arieli esteve com o ex-primeiro ministro Ehud Barak em Camp David, e � uma das significativas figuras por tr�s de Genebra, o homem respons�vel pelo desenho dos mapas.

Durante as 7 horas de viagem pelas colinas de Jerusal�m, que terminam tarde na noite, Arieli apresenta a rota da cerca de acordo com os princ�pios da Genebra, temperando suas palavras com informa��o hist�rica, teol�gica e demogr�fica. Repete este exaustivo ritual duas e �s vezes tr�s vezes por semana. Em uma viagem os ouvintes s�o membros do Jovem Guarda do partido Trabalhista. Na pr�xima, os empregados de uma empresa privada que pediram para ver a cerca com seus pr�prios olhos, e em outras ocasi�es, a excurs�o � aberta ao p�blico em geral. E o �nibus est� sempre cheio.

O ponto alto da excurs�o se d� � sombra do enorme monstro de concreto de nove metros de altura que corta o bairro de Jerusal�m Oriental, Abu Dis, pelo meio da estrada. Os aposentados olham impressionados, e um observa: "Mesmo ap�s tudo que voc� sabe pela m�dia, nada se compara ao sentimento de estar de p� diante desta coisa". O muro est� coberto de pixa��es, entre as quais se podem ver os adesivos azuis e brancos da Iniciativa de Genebra. "Sim para a Iniciativa". Yaniv, que organizou a excurs�o, tira outro de sua sacola e a cola no muro. Ele repete este ritual a cada excurs�o. H� mais de 40 adesivos no muro.

Parecendo desaparecer

Nada irrita mais o pessoal do Genebra do que a pergunta de para onde eles sumiram.  Em dezembro, pouco depois do lan�amento da iniciativa, e no auge do debate p�blico, num tempo em que a Iniciativa de Genebra estrelava em programas de s�tiras na TV, e at� motivava um direitista a preencher uma queixa na pol�cia contra Beilin e seus amigos por "ajudar o inimigo em tempo de guerra", Gadi Baltiansky, diretor do quartel-general do grupo de Genebra, comenta que "se eles n�o te atacam � porque voc� n�o existe". Nesta semana, os arquitetos da iniciativa tiveram um momento de satisfa��o. Num artigo penetrante no Haaretz, Ze'ev Schiff mencionou que o documento de entendimentos assinado em Genebra deixa em branco uma s�rie de acordos em v�rios itens, que deveriam ser inclu�dos no ap�ndice da iniciativa. Nove meses depois, o ap�ndice ainda n�o existe. Schiff se perguntava onde ele estaria.

No quartel-general da Iniciativa de Genebra em Tel Aviv h� v�rios consultores de m�dia, que sabem que o jeito certo de lidar com cr�ticas � aceit�-las. Rapidamente enviaram uma resposta aos editores, expressando total concord�ncia com Schiff. � verdade, chegou a hora de completar o acordo. Prometemos trabalhar nisso.

"Este artigo ilustra a natureza concreta da Iniciativa de Genebra e suas chances de se tornar uma realidade", diz Baltiansky com satisfa��o. Mas essa querela com Schiff � um pouco distorcida. Enquanto os dirigentes de Genebra procuram retratar o atraso como um assunto t�cnico que ser� resolvido por um trabalho duro, Schiff disse que os ap�ndices est�o atrasados porque a pessoa respons�vel do lado palestino, o presidente da Autoridade Palestina Yasser Arafat, se op�e a um acordo que n�o inclua uma men��o espec�fica ao direito de retorno. Em outras palavras, contrariamente ao escopo que forma a base da Iniciativa de Genebra, Israel n�o teria parceiro para um acordo razo�vel.

Os dirigentes de Genebra n�o t�m pressa para abordar esta parte do argumento de Schiff. "Os arquitetos palestinos de Genebra leram o artigo, e est�o trabalhando em sua pr�pria resposta", diz Baltiansky. "Mas n�s realmente precisamos estar atentos ao fato de que o tema de um parceiro � uma profecia autocumprida. Numa situa��o de assassinatos e checkpoints, � um tanto dif�cil para os palestinos se organizarem e aparecerem como perseguidores da paz. Quando Sharon prefere devolver prisioneiros ao [l�der do Hezbollah] Sheikh Nasralah, e ignora [o ex-primeiro-ministro palestino] Abu Mazen, cria-se um pre�o a pagar. `N�o h� parceiro' � um desses slogans vazios, e eu o conhe�o bem, porque estava l� quando ele foi inventado".  Baltiansky foi assessor de m�dia de  [ex-primeiro-ministro] Ehud Barak durante a c�pula de Camp David.

Disc�rdia ante o plano de Sharon

A Iniciativa de Genebra percorreu um longo caminho desde seu brilhante lan�amento em 01 de dezembro de 2003 at� as excurs�es empoeiradas ao longo do tra�ado da cerca de separa��o. Mesmo os grandes opositores da iniciativa achariam dif�cil divergir da afirma��o de que a assinatura do acordo foi acompanhada de uma tremenda explos�o de m�dia, e teve um efeito imediato sobre a popula��o e o discurso pol�tico. Genebra aterrissou na agenda israelense num momento em que o pa�s estava acossado por ataques terroristas e vazio de id�ias pol�ticas, e dentro de pouco tempo criou uma s�rie de novas iniciativas - dos programas do partido Shinui e do vice-primeiro-ministro Ehud Olmert, ao pr�prio plano de desligamento. �s v�speras do referendo sobre o plano de desligamento entre os eleitores do Likud, Ariel Sharon tentou convencer os votantes dizendo: "� o meu desligamento ou a Iniciativa de Genebra deles�.

Sharon sofreu um golpe no referendo, mas ao anunciar o plano de desligamento, e com sua determina��o de lev�-lo adiante (at� agora), ele deu uma bofetada direta nos arquitetos de Genebra. Sharon e seu plano os colocou, e toda a esquerda, diante de uma escolha entre duas op��es ruins: apoiar o processo, que em sua ess�ncia est� em contradi��o com os princ�pios de Genebra, que s�o baseados na aproxima��o e num tratado acordado, ou se opor a evacuar assentamentos e reduzir o escopo da ocupa��o. A equipe de Genebra reagiu a este desafio da maneira comum na esquerda israelense: com confus�o e desacordos internos.

"Durante este primeiro per�odo, o processo ficou paralisado", diz um dos arquitetos da iniciativa, "porque havia grandes diverg�ncias entre os membros do comit� dirigente, tanto em quest�es de subst�ncia quanto de t�tica". O comit� � um corpo de cerca de 20 membros, incluindo os pol�ticos Amnon Shahak, Yuli Tamir, Amram Mitzna, Avraham Burg e, claro, Yossi Beilin, antigos participantes do estabishment de seguran�a como  Shaul Arieli, Gideon Sheffer e Giora Inbar, e o professor Menahem Klein.

"Pode-se encontrar todo o espectro de opini�es sobre o desligamento ali", comenta a mesma pessoa. �Desde Beilin, que se op�e com veem�ncia, at� Shahak, que o ap�ia. Todos concordam que a solu��o definitiva ser� alcan�ada atrav�s da aproxima��o e pelo acordo, mas at� l� h� grandes diferen�as. Alguns acham que temos que adotar uma posi��o clara contra o desligamento, e dizer � popula��o que ele � uma miragem, uma droga alucin�gena�.

"Mas", continua, "eles tamb�m tiveram um dilema que costuma caracterizar um partido concorrendo a elei��es, mais do que um movimento extraparlamentar: Se voc� diz agora algo que ningu�m quer ouvir sobre os perigos de um passo unilateral e a� tem que esperar at� que todos acordem e digam:  "Como o pessoal de Genebra estava certo!", voc� est� arriscando n�o sobreviver porque estar� parecendo um lun�tico. Em tal caso, o levantamento de fundos tamb�m pode sofrer muito. Antes de tudo, um dos motivos do sucesso de Genebra foi ter criado coopera��o entre um amplo leque de pessoas, e ningu�m quer que personalidades como Am�s Oz ou David Grossman retirem seu apoio a n�s por causa de nossa oposi��o ao desligamento".

Neste debate, pode-se dizer que fui o lado afiado e barulhento", diz Daniel Levy, assistente e bra�o direito de Beilin, que mais de uma vez foi chamado de "o homem por tr�s do acordo". "Pensava que n�s definitivamente n�o dev�amos ser um fraco eco de Sharon, que t�nhamos de vir a p�blico e dizer que era necess�rio um parceiro forte, n�o um fraco. Mas talvez eu esteja enganado, e o que propus n�o teria sido eficaz."

A disc�rdia veio a superf�cie em discuss�es de bastidores com jornalistas tamb�m. Num encontro com a equipe de um canal de TV, Yossi Beilin e Amnon Shahak apareceram, e em quase cada frase de Shahak havia um "diferentemente do que Yossi disse." O problema, diz um jornalista que estava presente no encontro, era que o pessoal de Genebra teria se tornado irrelevante. "N�s lhes dissemos, apresentem uma alternativa ao desligamento de Gaza, fa�am um de Genebra a Gaza", diz ele. "Se voc�s tivessem apresentado um plano alternativo a Dahlan, as pessoas teriam visto que existe uma outra coisa". Seu problema, diz, � que n�o h� uma id�ia, o combust�vel ideol�gico acabou, o �nico jogo que est� sendo jogado � o desligamento."

Como muitos outros esquerdistas de Israel antes deles, os arquitetos de Genebra se encontraram manobrando com dificuldade entre a necessidade de manter alguma proximidade com o consenso israelense, e as conversa��es continuadas com os palestinos. Num encontro realizado v�rias semanas atr�s no lado jordaniano do Mar Morto, os israelenses ouviram coisas duras de seus colegas membros do quartel-general palestino de Genebra . Hisham Abed Al Razq, ministro para assuntos de prisioneiros da Autoridade Palestina, disse que muitos dos l�deres moderados palestinos, incluindo o pessoal de Genebra, temem por suas vidas, e que se Israel deixar a Faixa de Gaza unilateralmente, Gaza ir� ser controlada por gangs e simpatizantes do Hamas.

"Sentimentos muito duros foram ali expressados pelos palestinos", diz a deputada Yuli Tamir. "Eles disseram que n�o entendemos o lado deles. Que os estamos abandonando. O problema � que n�s voltamos aos tempos em que at� mesmo ter os dois lados se encontrando e ouvindo um ao outro se constitui numa conquista. S�o tempos nos quais a a��o unilateral se tornou uma mantra sagrada".

Dror Sternschuss, o rela��es p�blicas que est� conduzindo a campanha de Genebra, ilustra as diferen�as: "Os palestinos na verdade deixaram claro para n�s que, para que o desligamento funcione, n�s temos que pressionar o governo de Israel a permitir que Arafat venha a Gaza." Mesmo aqueles entre os israelenses que aceitam esta posi��o, sabem que nada podem fazer sobre isso. Um apelo do pessoal de Genebra para trazer Arafat a Gaza n�o aumentar� suas chances de se mudar da Muqata, mas ir� minar severamente a imagem da iniciativa entre a popula��o israelense.

Para fazer algum progresso, foi decidido agir. Ap�s o encontro na Jord�nia, os arquitetos de Genebra anunciaram o estabelecimento de uma equipe especial chamada "De Genebra a Gaza", com Avraham Burg liderando o lado israelense. "N�s n�o pod�amos decidir se ir�amos com um pequeno 'sim' para o desligamento e um grande 'mas', ou um grande 'sim' e um pequeno 'mas'", diz uma das pessoas da equipe.

E o que foi decidido?

"O vento est� soprando na dire��o de um 'sim' m�dio e um 'mas' m�dio".

No quartel-general de Genebra acredita-se que os dias de introspec��o pertencem ao passado. "Realmente houve confus�o no in�cio", diz Gadi Baltiansky, "e precisamos de um per�odo de ajustes. Primeiro enfrentamos um v�cuo, agora estamos enfrentando uma a��o unilateral. Mas agora a confus�o desapareceu, e nossa abordagem � muito clara. Temos que transformar o plano de desligamento numa alavanca para um acordo definitivo. Conforme esta decis�o, estamos trabalhando com os palestinos em estudos, e preparando uma lista do que deve ser feito para que o desligamento possa conduzir depois a um acordo, e o que definitivamente n�o deve ser feito, porque levaria a uma piora do conflito. Esse � um desafio muito claro".

Daniel Levy: "No momento, a coisa mais importante para trabalhar � no 'como' de Gaza. Existem caminhos para implementar o desligamento de Gaza de maneira que conduzam � anarquia e causem tremendo preju�zo � possibilidade de algum dia chegar a uma solu��o, e existem caminhos de faz�-lo de forma que leve a um futuro acordo. Existe bastante gente no establishment israelense que entende que se fizermos algo est�pido, poderemos ser envolvidos numa enrascada muito maior do que a atual. Um de nossos problemas � que n�o � f�cil para n�s fazermos os palestinos falarem sobre isso, porque eles dizem 'Na medida em que voc�s o fazem unilateralmente, muito obrigado, n�o faremos nada, e n�o nos pe�a'".

Dror Sternschuss, como homem de rela��es p�blicas, gosta de falar por met�foras. "O maior teste � se teremos sucesso, no momento certo, em transformar o desligamento de Gaza num completo acordo final. Nossa atitude em rela��o ao desligamento � como jud� - explorar o impulso de seu opositor quando ele vem te golpear, para derrub�-lo. Sharon golpeia o conceito de acordo com o desligamento unilateral? N�s iremos abra��-lo, e tentaremos no momento certo transform�-lo num acordo. O desligamento ser� ou uma grande conquista ou um erro desanimador, e acredito que faremos as coisas certas para assegurar uma conquista".

Esses s�o bonitos slogans. Voc� pode explicar como isso � realmente feito? No presente parece que voc�s est�o fora do jogo.

"A iniciativa original tamb�m emergiu ap�s um longo per�odo de sil�ncio e de trabalho importante.  N�o s�o slogans; n�s estamos trabalhando com os palestinos sobre o "como" numa maneira muito concreta. Como o desligamento n�o vai acontecer amanh�, eu n�o tenho que fornecer respostas no momento, e � poss�vel que se eu o fizer, nossos planos sejam torpedeados."

Saindo a campo

Afora estar envolvido em grandes dilemas, o pessoal de Genebra passou os �ltimos meses principalmente em atividades de campo, que numa maneira t�pica da iniciativa, eles se asseguraram de empacotar com atraentes slogans: "Genebra no Campo", e at� "Genebra Profunda". A atividade est� dividida em 3 tipos diferentes - viagens de campo estreladas por Shaul Arieli; encontros em comunidades da periferia, com v�rios negociadores de Genebra participando de reuni�es com moradores locais, e encontros em casas de pessoas. O pessoal de Genebra exibe um crescente n�mero de lugares que j� visitou. J� estiveram em Pardes Hana, Kfar Shalem, Reut, Kibutz Evron, Be'er Sheva, Rehovot, Nir David, Yokneam, Holon, e at� no assentamento de Efrat.

A lista de lugares para os quais foram convidados inclui v�rias surpresas, como, por exemplo, a yeshiv� [escola rab�nica] de Aish Hator�, localizada no Quarteir�o Judeu da Cidade Velha de Jerusal�m. Mais surpreendente, foi a identidade do palestrante de Genebra enviado para l�: Elias Zananiri, jornalista palestino que � um porta-voz do quartel-general palestino de Genebra. Ele resume a experi�ncia: "Quero aparecer diante de qualquer tipo de audi�ncia. Eu achava que iria encontrar um grupo de estudantes de yeshiv�. Mas de fato eram estudantes judeus americanos de todos tipos de movimentos pol�ticos. Eles me acolheram com grande respeito, disseram que t�nham prazer de encontrar um tipo diferente de palestino, que lhes permitia ver algu�m diferente da imagem com a qual est�o familiarizados.  Foi muito interessante para mim, tamb�m, porque foi uma oportunidade de ver o que outros pensam de voc�. � como uma b�ssola que te permite achar seu caminho".

O pessoal de Genebra n�o foi bem recebido em todos os lugares. Em Mitzp� Ramon, Yossi Beilin e Amram Mitzna foram atacados por cerca de 60 manifestantes, aparentemente estudantes numa hesder yeshiva (que combina estudos da Tor� com servi�o militar). Eles golpearam os vidros do carro, jogaram areia e mesmo tentaram socar Beilin. Depois, os manifestantes irromper�o no sal�o e impediram o encontro de se realizar. Em Arad, tamb�m, revoltosos conseguiram torpedear um evento planejado, que s� foi realizado no dia seguinte.

Gadi Baltiansky orgulhosamente acena com v�rios clippings e artigos de jornal. Por exemplo, aquele de Ari Shavit, que escreveu no Haaretz no fim do ano passado, no alto da gl�ria da iniciativa, que "o que determinar� o status moral da Iniciativa de Genebra n�o � seu conte�do, mas a forma como for divulgada. Se ela for dirigida para dentro dos lares israelenses, ser� n�o s� leg�tima, mas mesmo bem recebida". E ap�s a cerim�nia de lan�amento: "Eles foram a Genebra apesar de tudo. Depois de tudo que disseram nos �ltimos anos sobre a necessidade de convencer [as cidades em desenvolvimento] Sderot e Ofakim, eles n�o puderam resistir � tenta��o".

"Nos mudamos de Genebra para Be'er Sheva," diz Baltiansky, "e � muito menos glamuroso e muito mais mon�tono. Mas a mesma m�dia que nos repreendeu por n�o ir � periferia, est� agora perguntando para onde sumimos".

Com todo respeito ao trabalho de campo, quando se somam os n�meros de participantes em todas as excurs�es, noites em centros comunit�rios e visitas a casas, o total mal alcan�a 10.000 pessoas. Menos que o audit�rio do Knesset.

"Certo, mas acredito que isso tem um efeito al�m do pr�prio evento. Quando chegamos em uma comunidade como Mitzp� Ramon, e 80 pessoas vem ouvir, quantos eventos eles tem l�? O secret�rio do conselho de trabalhadores, o rabino da comunidade e o chefe do conselho local vem, aqueles que s�o conhecidos como l�deres da comunidade, e se eles s�o convencidos, espero que depois ir�o se tornar agentes de mudan�a. Se nos sentamos com estudantes et�opes na Universidade de Tel Aviv, espero que cada um deles ir� depois levar as novas para suas vizinhan�a. Se isto n�o acontece, n�s falhamos."

A Voz dos Povos?

Disputas de ego sempre foram uma parte insepar�vel da vida da esquerda n�o-parlamentar. Ao observador de fora,  parece haver uma grande aceita��o m�tua entre as duas principais iniciativas dos �ltimos anos - "A Voz dos Povos" de Ami Ayalon e Sari Nusseibeh, e a Iniciativa de Genebra. Quando se arranha a superf�cie, os tons mudam. Recentemente, a hostilidade pode ser percebida mesmo a olho nu: "O sionismo do qual eu venho n�o � o sionismo aonde pol�ticos almofadinhas v�o se encontrar em Kushta, Londres ou Genebra para assinar acordos", diz Ami Ayalon numa entrevista da �ltima edi��o da revista semanal do jornal Maariv.

No quartel-general do grupo de Genebra, eles preferem manter um rosto de pocker ("O que � bom para eles � bom para n�s"), mas quando Shaul Arieli � perguntado no �nibus pelos aposentados do establishment de seguran�a da sua opini�o sobre o "A Voz dos Povos", ele responde sem cerim�nia. "At� aqui eles coletaram 200 mil assinaturas israelenses e 150.000 palestinas, e eles v�em que j� usaram seu eleitorado. Mais ainda, logo Ami ir� anunciar que est� entrando num partido pol�tico, e todo neg�cio vai aparecer".

Orni Petrushka do "A Voz dos Povos" diz em resposta que "estamos energicamente continuando a obter assinaturas, e n�o estamos escondendo nada. No que diz respeito a Ami, n�o sei de suas inten��es de se envolver em pol�tica". Ayalon, incidentalmente, n�o se preocupou em negar na entrevista ao Maariv que est� tentando decidir se entra na pol�tica partid�ria, mas explicou que n�o tinha tomado ainda uma decis�o.

"Eles constru�ram um sistema extenso que n�o sabem exatamente como usar", disse um ativista de outro movimento pacifista com rela��o a Genebra. "Eles se transformaram numa outra ONG, como muitas organiza��es, um supermercado de pequenos projetos. Eles t�m a vantagem da marca, a capacidade de coletar muitos nomes de v�rios campos. Mas agora eles est�o realizando atividades como projetos Pessoa-Pessoa, que o campo da paz j� tem feito h� anos."

"Eles est�o preocupados com coisas esot�ricas em vez do principal", diz um ativista de outra organiza��o. "Eles recorreram a ag�ncias de propaganda de forma que palestinos criativos poderiam aprender dos israelenses como fazer uma campanha melhor. � nisto que eles est�o ocupados? Genebra terminou com uma sess�o de fotos? A diferen�a entre Genebra e "A Voz dos Povos" � que Ami Ayalon falou em Abu Dis no fim-de-semana e coleta assinaturas no campo, e Beilin publicou um livro e vai se encontrar com Richard Gere."

Gadi Baltiansky n�o fica nervoso com a cr�tica. "N�o acho que ningu�m pode dizer que n�o estamos no campo, e eu certamente n�o estou envergonhado pelo fato de conduzir atividades de educa��o para paz, mesmo que haja outras organiza��es fazendo isso".

Existe quem diga que voc�s existem gra�as ao poder da in�rcia, das doa��es que voc�s levantaram nos dias do "big bang.". H� dinheiro para os sal�rios, ent�o n�o h� raz�o para desmantelar a organiza��o.

"Posso lhe contar que os sal�rios s�o um item muito pequeno no or�amento da Iniciativa de Genebra. H� 11 trabalhadores assalariados, muitos menos que em outras organiza��es. O B'Tselem [a ONG de direitos humanos ativa nos territ�rios ocupados] tem mais de 30. A verdade � o contr�rio. Estamos levantando verbas para projetos que estamos realizando. Se n�o tiv�ssemos atividades para mostrar a doadores, n�o receber�amos nada."

Quanto Genebra levantou at� agora? "Pouco mais de 1 milh�o. E � tamb�m o que gastou."

N�o faltam cr�ticas no sistema pol�tico tamb�m, como poderia ser esperado. A deputada trabalhista Dalia Itzik diz que est� muito preocupada com o preju�zo que Genebra pode causar ao Partido Avod� nas pr�ximas elei��es. Suas palavras devem ser vistas � luz da sua bem conhecida rivalidade pessoal com Yossi Beilin. Itzik: �� poss�vel haver um rombo nas costas do Partido Avod�. Digamos que haja elei��es amanh�, n�s seremos imediatamente acusados de apoiar Genebra. O que vou poder dizer: que eles n�o s�o n�s? Mitzna est� l�, [Avraham] Burg, Yuli Tamir. Um bando que est� ocupado gritando. � como antes das elei��es, quando [o deputado Haim] Ramon e eu pedimos para Mitzna dizer algo sobre Arafat, mas ele se recusou�.

"Acho que a iniciativa � infantil, pretensiosa, megaloman�aca. Estou furiosa com eles. Existem pesquisas que indicam a atitude da popula��o em rela��o a Genebra. Com quem temos um acordo? Com Abed Rabbo? � uma pessoa agrad�vel, mas n�o � nem mesmo membro do gabinete palestino. Se eu ocasionalmente encontro grupos iraquianos que estiveram no governo, vou fazer um acordo com eles? � extremamente infantil. N�o vejo como o Likud n�o usar isto contra n�s nas pr�ximas elei��es", diz ela.

Prontos para uma campanha

Entre o pessoal do Genebra, h� alguns que pensam que o mapa pol�tico sofrer� uma substancial mudan�a nas pr�ximas elei��es, quando ocorrerem, que as preocupa��es de Itzik n�o ser�o relevantes. Avraham Burg, por exemplo, acha que "Genebra deu nova forma �  pol�tica israelense. Est�vamos num mapa muito polarizado, sim ou n�o para os territ�rios. Agora nos tornamos tripolares: os que querem continuar nos territ�rios, como [os ex-ministros da Uni�o Nacional Avigdor] Lieberman e Benny Elon; aqueles que perderam a esperan�a, que n�o querem ou n�o acreditam em coopera��o, e caminham para movimentos unilaterais, como Haim Ramon e Ariel Sharon; e os bilaterais: o pessoal de Genebra. Esta divis�o atravessa as linhas dos partidos. Pol�tica requer paci�ncia, porque vemos o que acontece aos que n�o tem paci�ncia, como o PAZ AGORA. � o mais longo 'agora' na hist�ria da Humanidade".

Um dos mais surpreendentes participantes na campanha de lan�amento de Iniciativa de Genebra � Itzik Suderi, que j� foi porta-voz do [partido religioso] Shas, e � agora um empres�rio, Suderi ainda est� registrado como membro do Conselho de Genebra, que tem mais de 250 membros. "Soa bem ser membro de um conselho", diz ele, "mas a verdade � que eu fui � conven��o de funda��o, e n�o me encontrei realmente l�. N�o sou um f� de todos artigos do acordo, mas a base � correta, e eu n�o me apressaria a descart�-lo. No futuro, no fim da estrada, ap�s a finaliza��o de todos os desligamentos, eles voltar�o para Genebra, e o princ�pio de um acordo futuro ser� similar. Talvez eles ser�o chamados por nomes diferentes, porque Shimon Peres � al�rgico a qualquer coisa que tenha um cheiro de Genebra, mas esta ser� a base".

Nos pr�ximos meses, ao lado da tentativa de canalizar o desligamento para uma rota t�o bi-lateral quanto poss�vel, o pessoal de Genebra pretende levantar a aten��o da popula��o israelense e palestina novamente. Dror Sternschuss diz que "nossa principal falha foi que n�o tivemos sucesso em convencer as duas comunidades de que existe um parceiro do outro lado, e se todos os grupos no mapa pol�tico de Israel tem algo em comum, � que eles desejam muito parcerias".

Sternschuss e seu pessoal, e seus parceiros palestinos no quartel-general em Ramalah, est�o trabalhando numa campanha sim�trica, na qual pessoas comuns das duas na��es ir�o � popula��o do outro lado e se apresentar�o como parceiros para um futuro acordo de paz, de acordo com os princ�pios de Genebra. Sternschuss: "Tentaremos levar a campanha � TV e ao r�dio, mas tememos que isto ser� rejeitado, porque ela ostensivamente levanta controv�rsia, e teremos que ir � Suprema Corte de Justi�a com ela. De qualquer forma, n�s daremos publicidade dela em cinemas, nas ruas e na imprensa. Os palestinos n�o t�m tal problema, elas v�o pass�-la na TV palestina, o que me faz duvidar sobre onde realmente h� democracia e liberdade de express�o".

� tarde, h� atividade no quartel-general do Genebra. Os trabalhadores s�o reunidos na frente de uma tela de TV, cruzando seus dedos para o velejador com a bandeira azul e branca.  Enquanto o wind-surfista Gal Fridman celebra sua hist�rica medalha de ouro ol�mpica com uma gota das �guas do Mar Egeu, Yossi Beilin est� alto no c�u, viajando para Riga, Latvia, onde oito ministros do exterior da Escandin�via e dos pa�ses b�lticos que recentemente entraram na Uni�o Europ�ia, est�o esperando por ele. Ele apresentar� a eles a Iniciativa de Genebra, e continuar� por alguns dias em f�rias particulares. Ap�s, voltar� correndo para Israel. Ontem, ele j� estava agendado para estar num encontro em Kfar Mordechai. Na agenda de atividades no quartel-general do Genebra em Tel-Aviv, est� anotado que fica pr�ximo a Gderot.

(*) Os Amigos Brasileiros do PAZ AGORA ap�iam igualmente a �Iniciativa de Genebra' e 'A Voz dos Povos, conforme nossa "ades�o ao coletivo pacifista � Dois Povos, Dois Estados (Leia e Ap�ie Conosco).

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org (vers�o em portugu�s). - Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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A Iniciativa de  Genebra . . .

 . . . Um Ano Depois

 [ Editorial da Newsletter da PPC - Coaliz�o Palestina da Paz � 01/12/2004 ]

www.ppc.org.ps

 - traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

Todo um ano de atividade na promo��o da paz e divulgando a mensagem de que �existe um parceiro� parece muito pequeno quando se leva em considera��o o  tamanho dos desafios que as duas partes do Acordo de Genebra enfrentaram e ainda est�o enfrentando.

� verdade que sempre houve uma tend�ncia de que pessoas, n�o apenas no Oriente M�dio, mas tamb�m em outras partes do mundo, prefiram fazer um esfor�o m�nimo, para alcan�ar o resultado m�ximo, e tudo isso num tempo quase nulo. Claro que isso � imposs�vel, mesmo quando o melhor ambiente est� dispon�vel.

Assim, um ano desde a assinatura do Acordo de Genebra, pode-se entender o quanto tem sido dif�cil para os parceiros palestinos e israelenses na Iniciativa de Genebra conseguir os resultados ou alcan�ar os objetivos aos quais se propuseram.

Entretanto, houve uma grande mudan�a. Com respeito aos parceiros da Iniciativa de Genebra, o debate foi estimulado dentro de Israel e  da Palestina com respeito � potencialidade da se chegar a um acordo pac�fico e o fim do conflito, atrav�s da ado��o de uma solu��o de dois Estados baseada nas fronteiras de 1967, como modifica��es acordadas.

Ap�s tr�s anos  de conflito incessante e quanto as vozes da raz�o quase desapareciam, dando lugar a gritos de extremismo, o objetivo principal para a Iniciativa de Genebra tornou-se o de mudar a cabe�a das pessoas para que elas acreditassem que a paz ainda � poss�vel e que um acordo negociado ainda � vi�vel. Tudo o que as duas partes precisavam era de uma decis�o corajosa de reiniciar as negocia��es para chegar a uma solu��o conforme o modelo apresentado pelo Acordo de Genebra.

Ap�s cerca de tr�s anos de impasse pol�tico sem sinais de uma sa�da, a Iniciativa de Genebra veio para pressionar, e o fez, as partes do conflito para tomas algumas atitudes. O primeiro a reagir foi o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, que percebeu que sua in�rcia diplom�tica, encoberta pela sua mantra predileta, de que �n�o existe parceiro para negociar, e portanto n�o h� necessidade de agir politicamente�, iria lev�-lo a uma situa��o onde o Acordo de Genebra se tornaria a �nica op��o existente. Tal mudan�a, na vis�o de Sharon, poderia conduzir a comunidade internacional a pressionar Israel a aceitar o Acordo de Genebra como a �nica f�rmula para resolver o conflito.

O antigo chefe de gabinete e assessor pol�tico de Sharon, Dov Weisglass, deixou claro que o plano de desligamento unilateral veio como conseq��ncia de uma situa��o onde o Acordo de Genebra come�ava a acumular apoio internacional e p�blico.

N�o obstante a forte oposi��o dos palestinos ao plano de desligamento unilateral de Sharon, o plano em si envolve elementos significativos, os principais sendo a disposi��o de retirar tropas israelenses dos territ�rios ocupados por Israel e de desmantelar col�nias israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjord�nia.

Nossa preocupa��o, por�m, nasce do que parece ser o objetivo de Sharon, que estaria tentando trocar sua sa�da da Faixa de Gaza pela perpetua��o da ocupa��o israelense da Cisjord�nia. � por esta raz�o que insistimos na necessidade de transformar o plano de retirada de Gaza num passo que leve a um processo pol�tico, e n�o um que conduza a uma maior ocupa��o da outras partes da terra palestina. Em outras palavras, nossa maior preocupa��o � evitar um cen�rio onde �Gaza Primeiro� se torne �Gaza por �ltimo�.

Opor-se ao plano Sharon, sem apresentar um mecanismo que o substitua, � infrut�fero. O papel dos parceiros palestinos e israelenses o Acordo de Genebra � procurar caminhos que conduzam da implementa��o do plano unilateral de Sharon diretamente para o Roadmap do Quarteto, e avan�ar para a retomada das negocia��es pol�ticas no mais alto n�vel, entre os governo de Israel e Palestina, para chegar a um acordo definitivo baseado na solu��o de dois Estados ao longo das fronteiras de 1967. Qualquer outra coisa ir� apenas proporcionar uma nova receita para mais conflito e devasta��o.

Ningu�m quer que tal devasta��o continue.

Ningu�m quer mais mortes em qualquer dos lados.

Ningu�m quer que o conflito continue sem fim.

O Acordo de Genebra, sendo totalmente compat�vel com o Roadmap, aborda em detalhe a terceira fase, que fala da cria��o de um Estado palestino independente ao lado de Israel.

Uma condi��o b�sica que deve ser mantida para se criar um ambiente apropriado para um grande avan�o no Oriente M�dio � o compromisso com o Roadmap como apresentado pelo Quarteto. Qualquer outra tentativa de alterar os termos de refer�ncia ou as regras do jogo, n�o levar� a nada, principalmente enquanto Sharon insistir numa abordagem unilateral.

Outra condi��o necess�ria � parceria. N�o importam quais sejam os componentes de um acordo negociado, ele sempre ter� maiores chances de viabilidade do que os de um que seja unilateral e que n�o comprometa nenhum dos lados.

Certamente, uma solu��o baseada em parceria servir� igualmente aos interesses dos povos palestino e israelense. � vi�vel e tem melhores chances de sobreviv�ncia.

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org (vers�o em portugu�s). - Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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Coaliz�o Palestina da Paz / Iniciativa de Genebra

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 INICIATIVA DE GENEBRA ENCONTRA COM NOVO GOVERNO PALESTINO

 P R E S S     R E L E A S E

[ Elias Zananiri - Diretor Executivo - Ramalah, 22/11/2004 ]

- traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

Uma delega��o de alto escal�o da central israelense da Iniciativa de Genebra, incluindo o co-promotor do Acordo de Genebra, Yossi Beilin, presidente do partido Yahad. dever� visitar Ramalah amanh� 23/11 para encontrar o presidente da OLP, Mahmoud Abbas (Abu Mazen) �s 11:30 em seu escrit�rio em Al Bireh, e �s 12:30 visitar� o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina Ahmad Qurei (Abu Al�).

Al�m de Beilin, a delega��o inclui o ex-presidente do partido Trabalhista, Amram Mitzna, a deputada trabalhista Yuli Tamir, o deputado do Yahad/(Meretz) Haim Oron, e o Brigadeiro-General de reserva Shlomo Brom.

Tamb�m estar� presente Gadi Blatiansky, diretor-executivo da central israelense da Iniciativa de Genebra e antigo porta-voz do ex-primeiro-ministro Ehud Barak, com Dror Sternschuss e Meital Raveh, da equipe de rela��es p�blicas da Iniciativa.

A visita tem especial import�ncia, por se dar ap�s mais de dois anos durante os quais as autoridades israelenses impediram pol�ticos e personalidades israelenses de se encontrar com seus parceiros palestinos. Desta vez, por�m, a permiss�o foi acordada com a delega��o israelense por instru��es  diretas do mais alto escal�o pol�tico do minist�rio da Defesa.

C�rculos palestinos e israelenses expressaram sua esperan�a de que tal encontro abrir� novas oportunidades para posteriores sess�es de discuss�o e di�logo entre as duas parte, de forma a provar que existem parceiros para a paz, nos dois lados, e que chegou a hora de p�r um fim aos quatro anos de viol�ncia entre palestinos e israelenses.

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15/5 - S�BADO �s 19:30 na PRA�A RABIN - TEL-AVIV

GRANDE MANIFESTA��O do PAZ AGORA COALIZ�O DA MAIORIA  

SAIR DE GAZA !  RETOMAR NEGOCIA��ES !

Uma pequena minoria de colonos se apossou do governo e do pa�s.

Est� na hora da maioria dizer BASTA !

[ fonte: Maariv e Haaretz - 13-14/05/04 - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

A COALIZ�O DA MAIORIA  (Mat� Harov) organizadora do ato, inclui grupos de esquerda e centro-esquerda como os partidos Avod� (Trabalhista), Yahad/Meretz (Social-Democrata) e Uma Na��o, o PAZ AGORA , os Movimentos Kibutzianos, a Iniciativa de Genebra, movimentos juvenis como HaNoar HaOved e o Hashomer Hatzair, e o F�rum de Pais Enlutados.

Est�o previstos pronuncimentos amanh� � noite do dirigente do PAZ AGORA Tzaly Reshef, Shimon Peres (presidente do Avod�), Yossi Beilin (presidente do Yahad), Amir Peretz (presidente do Uma Na��o e dirigente da Central Sindical Histadrut),   Yochi Brandes (Iniciativa de Genebra) e o ex-chefe do servi�o secreto Ami Ayalon (promotor israelense do plano de paz "A Voz dos Povos" - www.hamifkad.org.il/eng - junto ao l�der palestino Sari Nusseibeh).

Falar�o tamb�m o escritor Am�s Oz, e um colono da regi�o ao sul de Hebron que ap�ia a evacua��o de Israel. A banda de rock "The Antiques" tocar� acompanhando os cantores populares Yael LevyDanny Sanderson.

Os organizadores esperam mais de 100.000 manifestantes na Pra�a Rabin e dizem que houve um despertar da popula��o em seguida aos fatos na Faixa de Gaza desta semana, que tiraram as vidas de 11 soldados israelenses e pelo menos 29 palestinos.

Houve press�es de deputados e ministros da direita, assim como por membros do Conselho de Colonos de Yesha (Cisjord�nia), para adiar a demonstra��o, dizendo que esta desrespeitava a mem�ria dos mortos. Em resposta, o porta-voz do PAZ AGORA Yariv Oppenheimer disse que a "manifesta��o tem a inten��o de salvar vidas e portanto deve ser feita no hor�rio programado".

O deputado Ran Cohen (Yahad/Meretz) chamou os argumentos pelo cancelamento de "hipocrisia e covardia - tendo frustrado as esperan�as de toda uma na��o, o Conselho de Yesha est� tentando obstruir a popula��o de expressar sua opini�o". O presidente do Partido Trabalhista, Shimon Peres, rejeitou o chamado do Conselho de Yesha para cancelar a manifesta��o e disse que o prop�sito do evento � o de salvar outras vidas. "A c�nica tentativa de direita de for�ar sua posi��o sobre a maioria da na��o � vergonhosa", disse Peres.

Os organizadores anunciaram que devido � morte dos soldados, o car�ter da manifesta��o ser� mudado. Dever� ser uma express�o de luto e protesto, iniciando-se com um minuto de sil�ncio em mem�ria dos soldados ca�dos.

Uma vig�lia de mem�ria e protesto, realizada pelas fam�lias enlutadas de v�timas do terror come�ou ontem na Pra�a Rabin, e continuar� at� a manifesta��o de massas na noite de s�bado. O "F�rum das Fam�lias", um projeto das "Fam�lias Enlutadas Apoiando a Paz, Reconcilia��o e Toler�ncia", declarou que eles pagaram o mais alto pre�o e n�o podem se manter silenciosos quando mais 11 fam�lias se uniram a suas fileiras.

Ruby Damlin, m�e do soldado David Damlin, que foi morto num bloqueio de estrada perto de Ofra em mar�o de 2002, ontem iniciou a vig�lia de protesto na pra�a: "Estou aqui para dizer BASTA. Onze fam�lias se juntaram ao grupo dos enlutados, mas depois de amanh� ningu�m lembrar� deles. Esta loucura tem que acabar. Se os pol�ticos n�o o fazem, talvez as fam�lias enlutadas possam fazer."

Mas a Pra�a Rabin n�o � o �nico espa�o na campanha pela retirada de Gaza. Ontem o website do escrit�rio do primeiro-ministro teve uma pane devido ao peso de milhares de e-mails de mulheres pedindo a Sharon para sair de Gaza. A iniciativa partiu de um novo movimento feminino chamado "Shuvi [Voltem]" .

PAZ AGORA

DOIS ESTADOS   UM FUTURO PARA DOIS POVOS

 

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15/05/2004

MANIFESTA��O GIGANTESCA EM TEL AVIV

 REACENDE ESPERAN�A DA MAIORIA PELA PAZ AGORA

[ Moises Storch � com fontes: PAZ AGORA, Haaretz, Maariv, Gush Shalom, Reshet Bet ]

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Mais de 250 mil israelenses, segundo a COALIZ�O DA MAIORIA (Mat� HaRov), organizadora da gigantesca demonstra��o, (Israel tem, ao todo, 6,5 milh�es de habitantes) exigiram ontem na Pra�a Rabin em Tel-Aviv, a retirada do ex�rcito da Faixa de Gaza, na principal manifesta��o pela paz em Israel desde a �poca do assassinato do saudoso Itzhak Rabin, ocorrido naquela mesma pra�a. A r�dio militar Galei Tsahal e o jornal de direita Maariv avaliaram a presen�a de 200.000 manifestantes.

Pesquisas publicadas nesta semana indicam que mais de 70% dos israelenses s�o favor�veis a uma retirada da Faixa de Gaza.

Estiveram como oradores Tsali Reshef (PAZ AGORA), Shimon Peres (partido Avod�), Yossi Belin (partido Yahad), Amir Peretz (presidente da central sindical Histadrut, do partido "Uma Na��o - Am Ehad" e um dos fundadores do PAZ AGORA), Ami Ayalon (ex-chefe do servi�o secreto e articulador da iniciativa de paz "A Voz do Povo"), Yochi Brandes (Iniciativa de Genebra e PAZ AGORA), Yom Tov Samia (ex-comandante da regi�o Sul do ex�rcito), assim como dois deputados do partido laico Shinui (membro da coaliz�o do governo), e o pai enlutado Yinon Ashkenazi. Entre os discursos de pol�ticos tamb�m falou uma estudante �rabe-israelense, um jovem prestes a ser convocado pelo ex�rcito e um jovem morador de Sderot. Uma delega��o de 50 palestinos signat�rios do  Acordo de Genebra tamb�m compareceu ao ato.

Sob o lema "A MAIORIA DECIDE - SAIR DE GAZA - INICIAR O DI�LOGO", a multid�o lotou a Pra�a e boa parte das ruas vizinhas, dando uma inequ�voca prova do consenso da popula��o. As amea�as de atentados terroristas n�o conseguiram tirar o campo pacifista da pra�a. As recentes mortes de soldados em Gaza, combinadas com a sensa��o da popula��o de estar sendo insultada ao ser mantida como ref�m pelos eleitores do Likud, trouxeram as massas para a rua.

Embora os fatos recentes tenham motivado a vinda da multid�o, o esp�rito do memor�vel com�cio dos 400.000 ap�s o massacre de Sabra e Chatila, h� 22 anos, pairava no ar. As massas, ent�o bradavam chamando o ent�o ministro da defesa Ariel Sharon de assassino. Por um breve tempo, ao lado de cartazes do PAZ AGORA, da Iniciativa de Genebra, do Avod� e outros, foi exibido um cartaz dizendo "Arik, a na��o est� com voc�".

No decorrer desses 22 anos, uma nova gera��o cresceu, mas a composi��o das pessoas da pra�a n�o parecia ter mudado. "Eu sou a maioria silenciosa que tem vindo a cada demonstra��o em todos esses anos", dizia Moshe Atzmon, aposentado de Tel Aviv. Para Yoram Gur, 38, do Kibutz Givat Haim, esta foi a primeira manifesta��o de sua vida. Ele veio para dizer que uma minoria n�o pode impor sua vontade � maioria. Com ele estava sua filha de nove anos Roni.

Freq�entemente interrompido por aplausos, Shimon Peres disse � multid�o que 80% dos israelenses desejam a paz e que apenas 1% a bloqueiam."N�s n�o os deixaremos faz�-lo" - disse Peres - "N�o iremos sustentar um governo  fantoche que se submete aos ideais ilus�rios da direita...Esta n�o � uma congrega��o das esquerdas, mas sim da maioria deste pa�s...."Aqui nesta pra�a temos quatro vezes mais gente do que todos os eleitores da direita radical.�, proclamou, exigindo uma retirada de toda a Faixa de Gaza, incluindo a zona fronteiri�a com o Egito, em Rafah�.

O advogado de Direitos Humanos e fundador do PAZ AGORA,Tsali Reshef, disse: "N�o temos a m�nima confian�a em Sharon. N�s sabemos que ele quer se retirar de Gaza para ficar com a Cisjord�nia. Mas da mesma forma que ele foi for�ado a renunciar a Gaza n�s o for�aremos a desistir da Cisjord�nia. Ofra e Beth-El [perto de Ramalah] e Kedumim [perto de Nablus] ser�o evacuadas.

Para Amir Peretz, l�der da Central Sindical Histadrut, as quest�es diplom�ticas n�o podem ser separadas das sociais. "Como morador de Sderot (cidade pr�xima � Faixa de Gaza), posso lhes dizer que n�o tememos o desligamento nem o di�logo, nem o processo de paz"."N�s n�o acreditamos meramente num desligamento, mas desejamos adicionar os valores de igualdade e justi�a social", completou.

Yossi Beilin, presidente do novo partido social-democrata Yahad, e mentor israelense da  Iniciativa de Genebra,  recebeu os mais longos aplausos da noite quando disse que ap�s tr�s anos o campo da paz est� enfim despertando de um estado de coma. "Existem parceiros no lado palestino, e temos de dar-lhes for�a... Aqueles que recusam a paz j� tentaram de tudo, assassinatos seletivos que �s vezes n�o s�o t�o seletivos, reinvas�o da Cisjord�nia e Gaza, destrui��o de planta��es e de casas - 1.800 casas destru�das ! , procurando impor a derrota na consci�ncia do outro lado e repetindo isso indefinidamente. A �nica coisa que eles n�o tentaram foi fazer a paz. Aqueles que dizem que n�o existe parceiro s�o aqueles que n�o querem conversar !" 

E ent�o, um discurso surpresa: "Meu nome � Eliezer Bidu. Vivo no assentamento de Omarim, ao Sul de Hebron. Fui para l� h� 14 anos atr�s de uma prometida "qualidade de vida"para minha fam�lia. Que qualidade de vida! H� poucos meses, nosso carro foi baleado. Uma bala passou perto da cabe�a de meu pequeno filho. N�o consigo dormir de noite, eu quero sair de l�. N�o quero viver guardado por soldados dia e noite, numa terra disputada entre vizinhos que me odeiam. Eu quero viver no Israel de verdade, e n�o sou o �nico.

Al�m das entidades representadas no palco, estava no evento todo espectro de grupos moderados e radicais, incluindo Coaliz�o de Mulheres pela Paz, Juventude Comunista, Juventude Trabalhista, Juventude do Yahad, Ta'ayush, Gush Shalom, Liga de Trabalhadores Socialistas, Machsom Watch, Juventude Estudante e Trabalhadora,  Partido Hadash (Comunista), Anarquistas, o rec�m nascido movimento feminino "Shuvi" (Volte), coletando assinaturas em sua peti��o para evacuar Gaza (que j� conseguiram congestionar o endere�o de e-mail do primeiro-ministro). A iniciativa "Daber" (Fale) promove a coleta de testemunhos de soldados que serviram nos territ�rios ocupados, enquanto a "Todos pela Paz" est� lan�ando uma r�dio pacifista via Internet.

Cantaram Danny Sanderson e Dana Berger, com a banda Nikmat Hatraktor. A escritora Yael Dayan, filha do lend�rio general Moshe Dayan, veterana ativista do PAZ AGORA e atual vice-prefeita de Tel Aviv, logo ao fim da manifesta��o, nos escreveu: "O ato foi o m�ximo. Este dia nos remeteu a todos para uma nova dimens�o de esperan�a." A Sra. Dayan vir� ao Brasil em breve, a convite dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA.

Os ecos da Pra�a Rabin chegaram tamb�m a S�o Paulo. No clube "A Hebraica", o cantor israelense David Broza, terminava um show para uma plat�ia que lotava o enorme gin�sio Itzhak Rabin. Voltando para o bis, contou sobre o evento hist�rico que tinha acabado de acontecer em Tel Aviv  com a presen�a de mais de 200.000 pacifistas, e come�ou os primeiros acordes de seu grande sucesso que comp�s no dia em que o saudoso presidente eg�pcio Anwar el-Sadat tomou a iniciativa de visitar o Parlamento Israelense, iniciando o processo que culminaria no tratado de paz entre o Egito e Israel que perdura h� mais de vinte anos. A plat�ia em peso, de p�, muitos tirando e agitando para o alto camisetas do  PAZ AGORA cantou em massa,  junto com Broza sua can��o "Ihi� Tov" (Vai Melhorar).

A maioria aqui tamb�m acredita:   Vai melhorar, claro que vai !

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EM CAMPANHA PELA RETIRADA DE GAZA

[Lily Galili - HaAretz - 01/04/04 - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

O PAZ AGORA  lan�ar� amanh�  uma campanha p�blica sob o slogan

"EVACUAR ASSENTAMENTOS = ESCOLHER A VIDA".

 O slogan pretende superar dois obst�culos que tem levado a esquerda supra-partid�ria a uma paralisia prolongada: os numerosos atentados terroristas e a ader�ncia � Iniciativa de Genebra como agenda �nica da esquerda.

O slogan procura costurar a divis�o do campo da paz entre aqueles favor�veis a uma negocia��o com os palestinos dentro do escopo da Iniciativa de Genebra e aqueles que tamb�m ap�iam a��es unilaterais, acreditando que a retomada de negocia��es neste est�gio � imposs�vel. Os l�deres do PAZ AGORA acreditam que o apelo emocional  "ESCOLHER A VIDA" ajudar� a superar a passividade da popula��o face aos recorrentes ataques suicidas que minam o campo da paz.

"Esta campanha pode unir o campo pacifista, porque se refere apenas ao que ser� feito (evacuar assentamentos) e n�o a como faz�-lo, unilateralmente ou por acordo"., diz Yariv Oppenheimer, secret�rio-geral e porta-voz do PAZ AGORA. "� claro que um acordo � prefer�vel, mas mesmo sem ele, uma evacua��o unilateral � melhor do que continuar na atual situa��o".

A lideran�a do PAZ AGORA  est� atenta a que a campanha possa ser vista como um apoio ao plano de desengajamento do primeiro-ministro Ariel Sharon, mas explica que seu apoio ser� restrito � evacua��o de assentamentos, e n�o se estendera a outras partes de seu plano.

A op��o do PAZ AGORA  por focalizar os assentamentos � baseada na premissa de que a evacua��o � hoje o cora��o do discurso p�blico e que a campanha tamb�m pretende ser uma alternativa � campanha deflagrada pela direita baseada na frase de que "a evacua��o � um pr�mio para o terror".

Ao apresentar os assentamentos como a raiz do problema pol�tico e econ�mico e um dos catalisadores do terror, o PAZ AGORA  tentar� convencer a popula��o do espectro dos partidos Avod�, Meretz e Shinui, a se mudar de um apoio passivo � evacua��o a uma press�o ativa sobre o primeiro-ministro para implement�-la".

"N�o diremos � popula��o que o terror � apenas produto dos assentamentos, mas certamente mostraremos a conex�o entre os telhados vermelhos em Psagot ou Beit El [assentamentos nos territ�rios ocupados] e o fato de terroristas suicidas se explodirem no cora��o de Israel, e mostraremos que os suicidas ganham legitimidade entre sua gente, em cujas terras os assentamentos est�o incrustados", disse um ativista do PAZ AGORA.

A campanha dever� culminar numa manifesta��o de massas.

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AMIGOS BRASILEIROS DO PAZ AGORA � PAZ AGORA/BR

 ADES�O AO COLETIVO PACIFISTA

 

Uma esperan�a renasce hoje no Oriente-M�dio. Do seio das sociedades israelenses e palestinas, as vozes dos cidad�os se levantam com coragem e lucidez. Elas proclamam que apesar da viol�ncia e do fanatismo acumulados ap�s quase um s�culo, um acordo entre os dois povos � ainda poss�vel.

Trazidos por patriotas israelenses e palestinos, a  Iniciativa de Genebra (*) , lan�ada por Yossi Beilin e Yasser Abbed Rabbo e  A Voz dos Povos  (**) , de Ami Ayalon e Sari Nusseibeh levam em conta a dignidade, as cren�as e as aspira��es mais profundas de cada um dos dois povos.

Elas indicam em pre�mbulo o princ�pio fundamental que as anima: "Dois Povos, Dois Estados". O Estado de Israel como o Estado do povo judeu, o Estado da Palestina como Estado do povo palestino, ambos decorrentes de um movimento leg�timo de liberta��o nacional.

Um e outro prev�em em particular: um desmantelamento da maior parte dos assentamentos judeus na Cisjord�nia e Gaza, trocas de territ�rios aceitas pelas duas partes com base nas fronteiras de 1967, uma solu��o digna e realista da quest�o dos refugiados palestinos, condicionada ao respeito da soberania israelense, a cessa��o das viol�ncias e uma partilha de Jerusal�m como capital dos dois Estados.

Estas iniciativas se originam de uma vis�o: a de que israelenses e palestinos podem um dia viver em paz, lado-a-lado, no seio de dois Estados soberanos e democr�ticos.

N�s compartilhamos desta vis�o.

 

S�o Paulo, 10 de junho de 2004

Amigos Brasileiros do PAZ AGORA

 

PAZ AGORA/BR

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YAEL DAYAN TRAZ GENEBRA AO TUCA

[ Mois�s Storch (*)  - S�o Paulo 10/06/04 ]

Lan�amento da Campanha de Ades�o ao Coletivo 2  Povos 2 Estados

Ontem, numa noite memor�vel para S�o Paulo, o TUCA, Teatro da Universidade Cat�lica, abriu suas portas para um marco no avan�o das iniciativas de paz no Oriente M�dio.

Em palestra sob o tema "Dois Estados para Dois Povos", Yael Dayan, ativista do PAZ AGORA e uma das principais negociadoras do Acordo de Genebra, tendo ao seu lado o Embaixador da Palestina no Brasil, Musa Odeh reafirmou suas convic��es de que o �nico caminho vi�vel para a paz � a coexist�ncia do Estado judeu com um Estado palestino cont�guo e vi�vel, e que negocia��es oficiais neste sentido precisam ser realizadas urgentemente, independentemente do fim da ocupa��o e do fim do terrorismo, que devem ser buscados pelos campos da paz dos dois lados, sem concess�es.

O evento contou com o honroso acolhimento da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo, representada pela Profa. Ren�e Zicman, assessora da reitoria e do Prof. Edison Nunes, diretor dos cursos de Ci�ncias Humanas da PUC/SP, que moderou com especial serenidade o di�logo.

Entre as v�rias personalidades representadas, destacamos (Alberto Kleiman (Secretaria de Rela��es Internacionais da PMSP/PT), Alberto Libermann (Diretor de Direitos Humanos da Bnai Brith), Dina Lida Kinoshita (Secretaria de Rela��es Internacionais do PPS), Eva Blay (ex-senadora pelo PSDB), Frances Rose Feder, (REDEPAZ - Rede Global de Educa��o para Paz), Gaetano Luigi (Associa��o Comercial de S.Paulo, representando o presidente Guilherme Afif Domingos), Geraldo Tardelli (Comiss�o Justi�a e Paz), Guilherme de Almeida (N�cleo de Estudos da Viol�ncia-USP), Kurt Lenhard (patrono dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA, militando conosco h� mais de 20 anos), Marina Sendacz (Instituto Cultural Israelita-Brasileiro), Vera Novaes (Portas Abertas) entre muitas outras personalidades n�o menos importantes.

Os Amigos Brasileiros do PAZ AGORA lan�aram no evento um apelo de solidariedade aos pacifistas palestinos e israelenses, que j� conta com o apoio de institui��es como a Associa��o Palas Athena e a REDEPAZ, e que promover� a ades�o de brasileiros ao "COLETIVO DOIS POVOS DOIS ESTADOS", que tem o apoio internacional de mais de 80 institui��es e 5.000 pessoas

O di�logo de Yael Dayan com o p�blico brasileiro foi documentado pela TV-PUC.

(*) MOIS�S STORCH � coordenador dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA.

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YAEL DAYAN + PAZ AGORA/BR

COMO PODEMOS CONTRIBUIR PARA A PAZ, AGORA

[ Mois�s Storch (*)  - Rio de Janeiro, 21/06/04 ]

A Sra. Dayan, em sua r�pida, mas intensa, visita ao Brasil na semana passada, participou, na qualidade de vice-prefeita de Tel Aviv/Jaffa  na URBIS 2004, do painel "Pol�ticas Metropolitanas: Desenvolvimento Local na Gera��o de Emprego e Renda"; tendo sido recebida em audi�ncia especial pela Prefeita de S�o Paulo, Marta Suplicy.

Como fundadora do Partido Social-Democrata de Israel - Yahad - reuniu-se com as Secretarias de Rela��es Internacionais do Partido dos Trabalhadores e do Partido Popular Socialista, al�m de in�meras personalidades pol�ticas e acad�micas.

Yael falou a um amplo p�blico reunido no Teatro da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S.Paulo (TUCA), que teve a oportunidade de participar de um respeitoso di�logo entre ela e o representante oficial da Autoridade Palestina no Brasil, Sr. Musa Odeh, que foi convidado a se sentar a seu lado..

Apesar do boicote de organismos que pretendem representar a pluralidade dos segmentos da comunidade judaica, v�rias institui��es comunit�rias abriram suas portas para receber calorosamente a mensagem da pacifista israelense.

Em S�o Paulo, um audit�rio repleto no Col�gio Bialik reuniu alunos, pais e educadores. A Bnai Brith de S.Paulo (veja mat�ria abaixo) organizou um encontro em que o espa�o reservado foi insuficiente para que todos se sentassem. A CIP - Congrega��o Israelita Paulista lotou seu sal�o nobre com mais de 300 pessoas numa noite memor�vel.

No Rio de Janeiro, ontem, o evento conjunto entre os Amigos Brasileiros do PAZ AGORA, a ASA - Associa��o Scholem Aleichem, a CJB - Congrega��o Judaica do Brasil e o Hashomer Hatzair lotou um audit�rio de cerca de 400 pessoas.

Respondendo � �ltima pergunta do di�logo de ontem, no Rio de Janeiro, onde Yael era questionada sobre como um judeu brasileiro pode contribuir para a paz em Israel, ela respondeu:  explicitando em p�blico seu desagrado com atitudes que n�o contribuem para a paz, n�o s� por parte de palestinos, como tamb�m do governo israelense.  Desta forma,  sua voz poder� ser ouvida pelos governantes do Brasil, que tamb�m poder�o contribuir para a paz. Tamb�m chegar�o aos governantes de Israel, somando-se �s da grande maioria dos israelenses que deseja a paz.

Podemos sim, como brasileiros dar nossa contribui��o para a paz no Oriente M�dio. E esta n�o ser� feita atrav�s do sil�ncio que alguns nos querem impor. Com a prestigiosa presen�a de mais de mil pessoas nos diversos encontros que promovemos com Yael Dayan, temos certeza que a voz dos que apostam que a PAZ � POSS�VEL AGORA se multiplicar� aqui no Brasil, e contribuir� para fim do ciclo insano de sangue e terror entre israelenses e palestinos.

PAZ, Vamos Busc�-la AGORA!

 (*) Mois�s Storch � coordenador dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA

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A Marcha de Yasser Arafat

- O RETRATO DA ADOLESC�NCIA PALESTINA �

 por AVRAHAM B. YEOSHUA (*)

[ Iton Gadol - 21/11/04 - www.itongadol.com.ar - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

Como costumo ser precavido, ap�s escrever o t�tulo e a primeira linha deste texto, quis salv�-lo em minha pasta de artigos, e ent�o o computador advertiu-me de que j� havia um arquivo com o t�tulo 'Arafat'. Fiquei surpreso, pois n�o lembrava de ter publicado nenhum artigo com o mero nome, algo que n�o � habitual em mim, j� que geralmente n�o atribuo as raz�es dos acontecimentos hist�ricos e sociais ao modo de ser deste ou daquele dirigente, mas busco sempre aquilo, subjacente no povo, que permite a um ou outro dirigente atuar de determinada maneira. Mas meu computador � mais r�pido do que eu, e logo me pus a procurar esse artigo chamado 'Arafat'.

E assim foi que me deparei com dois rascunhos desse artigo que havia escrito nos �ltimos tr�s anos e que acabou n�o se publicando. Mais al�m das an�lises sociol�gicas, naquela ocasi�o havia dado mais import�ncia � peculiar personalidade de Arafat do que � de qualquer outro dirigente no tocante � situa��o no Oriente M�dio. Li de novo o artigo e creio que h� uma id�ia acertada que se pode adicionar a todo o mar de an�lises e explica��es que foram escritas e continuar�o se escrevendo em torno da morte do l�der palestino.

A primeira vez que vi a imagem de Arafat na TV foi no inverno de 1968, uns meses depois da Guerra dos Seis Dias. Estava na Jord�nia, dentro de uma cova escura, sentado com o fuzil na m�o, com muita seguran�a e falando com seu ingl�s macarr�nico com o rep�rter estrangeiro que o entrevistava.

Ainda que meses atr�s Israel tivesse derrotado os ex�rcitos de tr�s pa�ses �rabes, ele se mostrava convencido n�o s� da capacidade dos palestinos para acabar finalmente com o Estado de Israel, mas tamb�m para conseguir que todo o mundo �rabe os apoiasse. Mesmo que j� fa�a 36 anos desde ent�o, essa confian�a infantil se manteve at� o dia de hoje.

Durante anos e anos o temos visto em m�ltiplas ocasi�es e em situa��es distintas: passando revista ante militares, abra�ando os l�deres do mundo, falando ante as Na��es Unidas, estreitando a m�o e beijando presidentes dos Estados Unidos e Israel e, obviamente, tamb�m o vimos rodeado de seu povo exultante. Mas o fato de aparecer com sua estranha indument�ria militar e sua kefia, com a imagem da grande mesquita de Jerusal�m ao fundo determinam um componente b�sico que permaneceu fixo nesse homem e que fez que, consciente ou inconscientemente, se tenha mantido fiel a um princ�pio de que nunca conseguiu se libertar.

Muitas biografias foram escritas sobre Arafat, tanto por seus seguidores e detratores como por jornalistas estrangeiros que trataram de definir sua figura de forma objetiva. N�o pretendo criticar essas biografias que sem d�vida se baseiam em dados hist�ricos e extra�dos de seu entorno familiar. S� quero transmitir aos leitores minha impress�o sobre um homem que nunca conheci pessoalmente, se bem que, como qualquer pessoa que vive no Oriente M�dio, n�o tenha deixado de tentar chegar a compreend�-lo.

Para al�m da ideologia, da pol�tica e de tudo aquilo que um l�der transmite a seu povo e ao mundo inteiro, minha impress�o fundamental sobre Arafat se poderia resumir com esta frase: Arafat sempre irradiava uma esp�cie de infantilismo ou imaturidade adolescente que talvez tenha cativado e atra�do seu povo. Esse infantilismo expressava algo essencial que existe nos pr�prios palestinos e talvez agora tenha chegado o momento de se libertarem dele,

Esse car�ter infantil se manifestava n�o s� em seu aspecto: baixa estatura, e forma de vestir diferente, mas tamb�m no modo com que se expressava. Talvez tenha visto um exemplo claro desse infantilismo h� pouco, numa ocasi�o em que um jornalista fez a ele uma pergunta bastante inc�moda. Arafat ent�o o repreendeu, dizendo: "Tenha cuidado, o senhor est� falando com o general Arafat. Sou na realidade um general". O fato de que o l�der de um povo - algo muito mais importante do que ser general -, estando ainda mais rodeado de v�rios generais palestinos (aut�nticos ou n�o), reclame para si num momento de raiva n�o o qualificativo de l�der ou revolucion�rio ou lutador pela liberdade de seu povo, mas precisamente o de general, quando se acha isolado e totalmente fracassado do ponto de vista militar, serve, junto com outras declara��es parecidas, para ilustrar o car�ter infantil de Arafat. Seu empenho em ter o grau de general, com condecora��es rid�culas em sua jaqueta, � uma fantasia infantil. Esse infantilismo era tamb�m a express�o de algo profundo n�o s� na sua personalidade, mas em todo o povo palestino. E por isso Arafat p�de atuar como um atraente s�mbolo durante tantos anos, apesar de n�o contar na realidade com instrumentos governamentais que lhe serviram para estabelecer e manter sua lideran�a.

Mas de onde vem esse infantilismo? A que se deve? Para responder � necess�rio aludir ao processo hist�rico da consolida��o do povo palestino.

O imp�rio turco dominou durante quatro s�culos o mundo �rabe.E as diferen�as nacionais em toda aquela zona (s�rios, iraquianos, jordanianos, libaneses, sauditas, etc..) estavam bastante difusas, algo parecido ao que ocorreu no imp�rio dos Habsburgos. No s�culo XX, com o fim da Primeira Guerra Mundial, come�ou o despertar nacionalista dos distintos grupos nacionais inspirados pelo esp�rito independentista de outros povos na Europa de meados do s�culo XIX.

E assim, ap�s uma etapa relativamente curta de coloniza��o brit�nica e francesa, come�aram a se consolidar  no Oriente M�dio com rapidez e efic�cia os distintos pa�ses �rabes, cada um com seu territ�rio, suas fronteiras e institui��es pr�prias: Egito, S�ria, Iraque, Jord�nia, L�bano, Kuwait, Sud�o e ap�s estes os pa�ses �rabes do norte da �frica (Tun�sia, Arg�lia, Marrocos e L�bia). Mas o amadurecimento dos palestinos neste contexto natural se truncou devido � entrada imprevista dos judeus em seu territ�rio nacional e o in�cio da consolida��o do Estado judeu em meio ao seu tecido vital.

No princ�pio, os palestinos estavam seguros de que seus irm�os adultos, os grandes e ricos pa�ses �rabes, os iriam ajudar a expulsar o d�bil judeu errante que havia come�ado a se estabelecer na regi�o. O certo � que havia um desequil�brio de for�as entre judeus e �rabes a favor do mundo �rabe, que prometeu acudir em ajuda a seu irm�o menor, que se encontrava com um problema excepcionalmente grave.

Por isso, em vez de reunir todas suas for�as para lutar contra os judeus, que come�avam a se assentar cada vez mais em seu territ�rio, os palestinos confiaram em seus irm�os maiores e em suas promessas de defender seus direitos nacionais. Mas, apesar da veemente ret�rica dos pa�ses �rabes e de suas promessas, n�o se dispuseram no final das contas a esgotar suas for�as numa luta contra o pequeno Estado sionista dos judeus sobreviventes do Holocausto que, com o mar �s suas costas, haviam lutado com firmeza e �xito e que ainda contavam com o apoio moral de grande parte do mundo ocidental, e inclusive do comunista.

Mas o jovem irm�o palestino, decepcionado, exigiu ent�o uma solu��o radical que supunha a expuls�o total dos judeus da Palestina. O processo de amadurecimento truncado, o infantilismo, as fantasias, a constante raiva pelos decepcionantes irm�os maiores, o desejo de alcan�ar a independ�ncia sem ter a capacidade de atuar de forma respons�vel e fazer certas concess�es, tudo isso materializou-se perfeitamente na figura de Yasser Arafat, o eterno refugiado (mesmo que ele pr�prio tivesse nascido fora da Palestina), que, levado por uma frustra��o cada vez maior, come�ou a amea�ar os regimes �rabes com suas provoca��es, e movido por seus sonhos irrealiz�veis passou a atuar como um guerreiro revolucion�rio.

Pouco a pouco, como um adolescente abandonado e decepcionado que n�o conhece seus verdadeiros limites, se negou a aceitar a dura realidade que o rodeava e come�ou a empregar o terrorismo suicida como parte de sua estrat�gia pelo povo palestino, pesem todos os horrores que tal terrorismo carreava sobre os demais, e especialmente sobre seu pr�prio povo.

Ap�s estalar a cruenta intifada promovida por Arafat a raiz do fracasso das negocia��es de Camp David, encontramo-nos no posto de controle de A-Ram, entre Ramalah e Jerusal�m, um grupo de representantes da esquerda israelense e velhos intelectuais a favor da paz, com importantes intelectuais palestinos. Apesar de que n�s, israelenses, criticamos duramente a pol�tica de nosso governo, nenhum dos palestinos (entre eles catedr�ticos e escritores) se atreveu a dizer uma �nica palavra contra Arafat e sua pol�tica destrutiva. Ent�o lhes disse com certo tom de desafio:  "Gostaria de me esconder em plena noite nos vossos quartos e escutar o que realmente pensam sobre a forma de proceder de vosso l�der. N�o pode ser que n�o tenham nenhuma cr�tica a ele". Meus interlocutores palestinos se surpreenderam ante a id�ia de que um israelense quisesse esconder-se em seus quartos para escutar e conhecer seus aut�nticos pensamentos, e me despacharam com um meio sorriso.

Naquele tempo eu estava escrevendo meu romance "A noiva libertada", e nele introduzi uma situa��o assim, na qual o protagonista, o professor e orientalista Rivlin, dorme numa cama de �rabes-israelenses de uma aldeia da Galil�ia e, atrav�s desse sono, aprende aspectos fundamentais dos �rabes que n�o teria podido conhecer com suas pesquisas.

Agora tenho a esperan�a de que, ap�s a morte de Arafat e uma vez que termine o per�odo de luto, a sociedade palestina possa considerar com maturidade e bom senso os atos e fracassos de Arafat. Fazer uma cr�tica profunda e p�blica, a um l�der problem�tico e infantil que tantas desgra�as trouxe a seu povo em fun��o de sua pol�tica, � uma condi��o importante para que se abra o caminho para uma lideran�a madura que, em vez de culpar o mundo todo o tempo, analise com realismo a realidade e saiba a qual sonho conv�m renunciar para conseguir verdadeiras vit�rias que reduzam o sofrimento dos palestinos, que merecem afinal um per�odo de paz e tranq�ilidade.

(*) A. B. YEOSHUA, escritor israelense, � veterano ativista do Movimento PAZ AGORA, tendo participado na reda��o da Declara��o Conjunta Israelense-Palestina em 2001, e dos Acordos de Genebra no final de 2003.

 

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UMA MEDIDA UNILATERAL DE ISRAEL

[ por Avraham B. Yeoshua (*) - publicado no Iton Gadol em 10/03/04 ]

[ www.itongadol.com.ar - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

 

A unilateralidade � o novo conceito que se est� impondo agora no �mbito pol�tico do conflito palestino-israelense � luz da constru��o do muro de seguran�a e dos planos do primeiro-ministro de se separar parcialmente dos palestinos. Desde a guerra dos Seis Dias, e durante muitos anos, a id�ia de levar a cabo uma a��o unilateral sem haver chegado a um acordo carecia de sentido, tanto entre o bloco da direita como entre a maioria dos setores pacifistas.

Antes de tudo, um pequeno lembrete: ap�s o fim da guerra dos Seis Dias em 1967, o Conselho de Seguran�a da ONU aprovou unanimemente (inclu�do o bloco comunista) a resolu��o 242, a qual constitui o fundamento de qualquer acordo poss�vel no Oriente M�dio. Em s�ntese,  essa resolu��o diz o seguinte: a guerra que em junho de 1967 empreendeu Israel contra Egito, Jord�nia e S�ria e que acarretou a ocupa��o de territ�rios desses pa�ses foi em ess�ncia uma guerra justa, fruto do direito leg�timo a se defender ante as amea�as de ataque e a concentra��o de for�as militares contra Israel. Portanto, o Conselho de Seguran�a n�o exige de Israel que se retire incondicionalmente dos territ�rios que ocupou, mas que o fa�a em paralelo com a assinatura de acordos de paz com esses pa�ses �rabes que garantam a seguran�a nas fronteiras de Israel, o que implica fundamentalmente que os territ�rios ocupados se desarmem de armamento pesado e de longo alcance e se reduza o n�mero permitido de unidades militares na zona.

Os pa�ses �rabes recha�aram de plano dita resolu��o do Conselho de Seguran�a e exigiram a retirada incondicional dos territ�rios e se negaram a entrar em negocia��es diretas com Israel para alcan�ar novos acordos relativos � seguran�a. A negativa �rabe firmou a base para anos de �dio at� que estalou a guerra de Yom Kippur, a partir da qual se deram os primeiros passos para chegar a acordos parciais com S�ria e Egito, at� se firmar finalmente o acordo de paz com o  Egito, o qual segue o modelo estabelecido pela resolu��o 242 do Conselho de Seguran�a.

Desde a guerra dos Seis Dias se assumiu em todos os setores pol�ticos israelenses a id�ia de que n�o haveria retirada parcial ou total dos territ�rios sem antes negociar diretamente com os �rabes para alcan�ar acordos de paz que garantissem a seguran�a. Uma retirada sem nada em troca suporia n�o s� que a guerra dos Seis Dias n�o havia sido justa, quando havia sido uma guerra defensiva, o que tamb�m estimularia novas a��es violentas parecidas no futuro. E como, em um acordo de paz, Israel teria que devolver territ�rios, enquanto os �rabes t�o somente deveriam firmar uma declara��o de inten��es; pareceria que o princ�pio de se retirar em troca de um acordo de paz n�o s� era de vital import�ncia, como tamb�m justo do ponto de vista �tico.

A maioria do bloco pacifista (eu entre eles) aceitou esse princ�pio, com a exce��o de alguns que n�o acreditavam que os �rabes (especialmente os palestinos) fossem capazes de chegar a um aut�ntico acordo com Israel e reconhecer seu direito a existir, e por isso j� nos anos 70 apoiaram uma retirada unilateral e o final de uma ocupa��o que podia envenenar Israel,  social e moralmente.

Por outro lado, o setor da direita, ou nacionalista, como gosta de se definir, se op�s a qualquer a��o unilateral a respeito. N�o s� porque afinal de contas n�o acreditava na vontade e capacidade dos �rabes de chegar a um acordo de paz total, mas tamb�m porque tinha interesse em manter a maioria dos territ�rios supondo que a vantagem estrat�gica que essa ocupa��o oferecia a Israel levaria a uma paz de fato na zona, que seria melhor do que qualquer acordo. Mas, dado que n�o se podia justificar uma postura pol�tica em que se negasse por completo a negociar, tamb�m a direita se prop�s a dialogar, mas exigindo condi��es dur�ssimas, como a cessa��o dos atos terroristas e o reconhecimento �rabe da legitimidade da exist�ncia do Estado de Israel, e tudo isso sob a premissa de que, mesmo que a outra parte cumprisse tais condi��es, o alcance das concess�es israelenses seria bastante reduzido.

Entretanto,  durante os �ltimos anos,  esse principio t�o sagrado foi perdendo for�a, n�o s� entre os pacifistas, mas inclusive no bloco nacionalista. A primeira retirada unilateral sem acordo pr�vio se produziu no sul do L�bano no ano 2000, uma retirada que trouxe relativa calma � zona. E agora se come�a a falar de uma separa��o unilateral dentro da pr�pria Israel. Quer dizer, retirar-se dos territ�rios ocupados no ano de 1967 sem se chegar antes a um acordo com o outro lado e sem receber nada em troca - nem sequer verbalmente� dos palestinos.

Por acaso assim se acaba com um dos princ�pios morais fundamentais durante tantos anos na pol�tica israelense? Ter�o raz�o aqueles - sobretudo na direita, embora tamb�m alguns entre a esquerda, como Yossi Beilin � que dizem que, atuando unilateralmente, Israel est� na realidade rendendo-se ao terrorismo palestino e estimulando a que no futuro se volte a empregar a viol�ncia contra o pa�s? \tem sentido a previs�o de que mesmo que haja agora certa calma, esta ser� tempor�ria e n�o conduzir� a nenhuma solu��o a longo prazo?

Primeiro resumirei minha postura em rela��o a estas quest�es e depois a tentarei justificar.

Se o Estado de Israel n�o tivesse erguido assentamentos nos territ�rios ocupados mas simplesmente tivesse mantido ali for�as militares, eu continuaria sendo fiel a esse princ�pio de que falava acima, ou seja, o de apenas se retirar em troca de um firme acordo de paz e do compromisso dos palestinos de viver em boa vizinhan�a com os israelenses.

Mas o estabelecimento unilateral de assentamentos nos territ�rios mudou por completo a concep��o da situa��o em que se baseava a resolu��o 242 e, portanto, est� justificado moralmente que agora uma medida unilateral anule aquela outra medida unilateral. Pois, na realidade, o que se est� querendo dizer com os assentamentos? Se est� querendo dizer aos �rabes que, mesmo que reconhe�am o Estado de Israel e se comprometam a viver em paz com os israelenses, h� parte dos territ�rios que nunca mais lhes ser�o devolvidos.

Estabelecer for�as militares no futuro Estado palestino � leg�timo desde que seja para garantir que realmente se est� levando a cabo o desarmamento da regi�o e n�o se esteja criando uma nova infra-estrutura terrorista. Uma base militar estrangeira ocupa um lugar limitado, tem algumas miss�es concretas e, uma vez alcan�ada a paz na �rea, se desmantela. Isto foi o que ocorreu com as bases militares que tanto os Estados Unidos como a antiga Uni�o Sovi�tica estabeleceram em diferentes pa�ses. Mas um assentamento de civis � algo totalmente distinto, porque, primeiro: n�o se pode justificar como medida defensiva; segundo: n�o evita o terrorismo, muito pelo contr�rio, o provoca e com isso faz que se tenha que instalar for�as militares para defender os colonos, e terceiro: n�o � algo tempor�rio, isto �, os civis n�o se instalam num lugar para abandon�-lo quando se alcance a paz, pelo que, definitivamente, se est� dando a entender aos palestinos que, mesmo que cheguem a paz e a concilia��o � regi�o, as continuar�o pagando com parte de sua terra.

A cria��o dos assentamentos foi uma medida unilateral � qual todo mundo, inclu�dos os melhores aliados de Israel, se op�s,  e que elimina o fundamento moral em que se baseava o principio sagrado durante tanto tempo de �territ�rios em troca de paz�, o qual servia de base para a resolu��o 242 da ONU e  que era aceito pelo bloco pacifista israelense.

Portanto, moralmente falando, Israel deve levar a cabo uma a��o unilateral parcial que implique o desmantelamento de muitos assentamentos, e tudo isso sem receber absolutamente nada em troca por parte dos palestinos. Mas no momento em que se complete a retirada e se estabele�a uma nova fronteira, inclusive se n�o for a definitiva nem a acordada com os palestinos, Israel recuperar� a legitimidade moral para se defender com firmeza de qualquer ato terrorista ou hostil.

Todos aqueles � tanto na direita como na esquerda israelense - que consideram que fazer concess�es unilaterais nestes momentos significa �premiar o terrorismo� devem saber que o que �manchou moralmente� Israel n�o foi a ocupa��o militar, mas sim a cria��o dos assentamentos de colonos.

E tamb�m os palestinos que agora n�o estejam dispostos a chegar a nenhum acordo por empenhar-se no direito de retorno ou em outras concess�es, devem saber que o desmantelamento dos assentamentos em Gaza e a retirada do ex�rcito dali criam para eles uma nova situa��o..E se pretenderem continuar enfrentando Israel tamb�m ap�s a retirada, a rea��o israelense ent�o se reger� por regras totalmente distintas, muito mais duras, pelo que ser� melhor que sejam prudentes a respeito. N�o obstante, segundo as primeiras e promissoras rea��es da rua palestina, inclusive entre os extremistas, parece que os palestinos s�o conscientes do novo equil�brio moral que haver� agora entre eles e os israelenses.

Assim � que, definitivamente, creio que ap�s o desmantelamento dos assentamentos n�o nos espera um aumento do terrorismo, mas sim precisamente um per�odo de relativa calma, tal como ocorre agora no L�bano.


(*) AVRAHAM B. YEOSHUA, consagrado escritor israelense, � apoiador do Movimento PAZ AGORA desde seus prim�rdios, e signat�rio da Declara��o Conjunta Israelense-Palestina e do Acordo de Genebra.

 

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S� A ESQUERDA � CAPAZ

[ Akiva Eldar - 25/10/04 � Haaretz - www.haaretz.com ]

- traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

Nunca saberemos se a Iniciativa de Genebra, e a recusa de reservistas a servir nos territ�rios, foram realmente a raz�o para o plano de desligamento de Sharon, ou se aquele acordo virtual e as recusas lhe deram desculpas para escapar do road map para o velho esquema de Bantust�es. Mas para os deputados do Avod� e do Yahad, assim como para a maior parte do Shinui, cujas ra�zes est�o no campo da paz,  as pessoas cujos votos ir�o aprovar amanh� o plano de desligamento, n�o � importante de onde Sharon vem. O que importa � para onde est� indo o Likud. Uma revis�o dos �ltimos 11 anos mostra que a corrente central da sociedade israelense, incluindo a maior parte dos eleitores do Likud, est�o descendo a trilha que Yitzhak Rabin pavimentou.

Num artigo emocionado sobre "sionismo baseado na f�" publicado recentemente no "Nekud�", Israel Harel, morador do assentamento de Ofra, observou que o Acordo de Oslo removeu 42% da Terra de Israel (�reas A e B) do Estado de Israel: "� verdade que, de um ponto de vista declarativo, n�s n�o concedemos nem uma polegada", escreveu, "mas qualquer pessoa inteligente sabe e  entende que enquanto a lei internacional na sua forma atual se aplicar no mundo, esses territ�rios, que foram entregues aos �rabes por um contrato assinado pelo governo de Israel, n�o mais pertencem ao povo judeu. Mas n�s n�o falamos mais disso... n�s reprimimos isso, n�s o aceitamos".

Ele est� certo. Mesmo que governos de direita argumentem que os palestinos est�o violando o Acordo de Oslo com sua viol�ncia, metade da Cisjord�nia ainda est� sob controle civil da Autoridade Palestina. E mesmo que o ex�rcito israelense entre e saia, � vontade,  da Faixa de Gaza, do ponto de vista legal a maior parte deste territ�rio continua sob controle civil e de seguran�a palestino. Os dois governos Sharon nem se preocuparam em revogar a decis�o de Barak em dezembro de 2000 de adotar a proposta Clinton, sob a qual os palestinos receberiam de 94 a 96$ da Cisjord�nia.

H� dez anos nesta semana, quando Rabin assinou o acordo de paz com a Jord�nia, o campo da paz, com apenas uma penada, liquidou a vis�o do Betar de ter as duas margens do Jord�o pertencendo a Israel, assim como a id�ia de Sharon de que a Jord�nia � o pa�s dos palestinos. Na �poca de sua primeira visita a Am�, Sharon, ent�o ministro da infra-estrutura, foi compelido a prometer ao Rei Hussein que essa express�o n�o mais seria pronunciada por ele.

A paz com a Jord�nia, um fruto raro do Acordo de Oslo, � outra garantia de que nenhum governo israelense s�o ir� algum dia adotar o plano in�quo de transferir os palestinos para leste.  Al�m disso, o interesse de Israel em preservar rela��es com a Jord�nia, assim como com o Egito, demanda que cada governo considere o impacto de suas a��es nos territ�rios sobre seus vizinhos  do leste e do sul.

A cerca de separa��o, outra concep��o de um governo trabalhista que foi adotada por Sharon, traz de volta a Linha Verde para a consci�ncia israelense e internacional, e remove a vis�o de que "Yesha [Cisjord�nia e Gaza] est� aqui", em Kfar Saba e Mevasseret. "N�o � claro que existe um perigo real de que tudo que n�o seja inclu�do na cerca n�o ficar� no futuro sob soberania israelense" ? pergunta Harel, comentando sobre o "absurdo" que levou a direita a se enraivecer quando a Suprema Corte de Justi�a se pronunciou contra a cerca.

O fato de as decis�es da Suprema Corte estarem consistentemente empurrando a cerca para o Oeste, para a Linha Verde, tamb�m se deve a organiza��es pacifistas e ativistas individuais que expuseram o golpe de explorar a amea�a do terrorismo para efetivar uma apropria��o de terras.

O precedente de uma retirada "sob fogo", sem aguardar um acordo com o inimigo, foi colocado h� quatro anos pelo governo Barak. A tranq�ilidade que a sa�da do L�bano trouxe para a fronteira setentrional deve ser creditada em boa medida ao apoio a esse passo recebido da ONU, E.U. e Europa, assim como � press�o da comunidade internacional para a S�ria controlar o Hezbolah.

Se o plano para uma retirada de Gaza e norte da Cisjord�nia for de fato executado, o ser� gra�as aos votos dos deputados Yuli Tamir, Amram Mitzna, Haim Oron e Eti Livni, todos membros do grupo da Iniciativa de Genebra. Os campos da paz israelense e palestino, a administra��o americana e o Quarteto devem assegurar que Sharon continue a puxar o vag�o para a esquerda, na dire��o de dois Estados vi�veis, em vez de correr para a direita em dire��o a um Bantust�o e � perpetua��o do sangrento conflito.

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org (vers�o em portugu�s). Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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 ï¿½ PALESTINOS E ISRAELENSES EST�O DISPOSTOS A CRIAR DOIS ESTADOS.

 OCORRE QUE SHARON E ARAFAT S�O UNS COVARDES ... �

 Excertos de entrevista de AMOS OZ  -

[ Elena Pita - El Mundo/Iton Gadol -  03/10/04 - traduzida pelo PAZ AGORA/BR ] 

Israel tem que abandonar os territ�rios ocupados, e os �rabes t�m que reconhecer a exist�ncia de Israel e conviver em paz. Creio em uma solu��o de dois Estados, Israel e a vizinha Palestina. � algo muito simples que estou convencido de que acontecer�; n�o sei quando, � s� quest�o de tempo, porque nem os palestinos nem os judeus temos outro pa�s para onde ir. Temos que dividir a casa em dois apartamentos e aprender a viver como vizinhos civilizados.

SIONISMO

Parece-me que seu livro tamb�m se prop�e a desmontar o estere�tipo do sionismo como movimento invasor. Diz que o povo judeu n�o foi � Palestina com ï¿½nimo de invadir, mas porque n�o tinha outro lugar para onde ir. Mas, por que Palestina?

AO - Porque � o �nico pa�s onde historicamente os judeus como povo, como na��o, nos sentimos em casa. Esta pergunta est� errada e te explico porque. Durante os anos 20, os judeus europeus buscavam um pa�s onde pudessem ir; meu av� solicitou quatro nacionalidades diferentes antes de vir aqui, mas o recusavam: judeus demais. Europa no primeiro ter�o do s�culo era como o Titanic: meus pais foram aqueles passageiros jogados do conv�s ao oceano antes do naufr�gio, enquanto que o resto dan�ava dentro do navio. E a trag�dia � que eles foram precisamente os arquitetos da Europa tit�nica contribu�ram para sua cultura porque a amavam, eram os �nicos europeus junto aos patriotas espanh�is, b�lgaros, noruegueses. Gente cosmopolita,   o que ent�o era um mero pejorativo, como intelectual ou parasita, palavras que encontramos nos vocabul�rios nazista e comunista.


Ent�o, � melhor esquecer?

AO -N�o se pode esquecer, � necess�rio falar disso para curar a ferida. Eu ainda tenho a ferida dentro de mim. Quando meus pais eram jovens, os muros de qualquer cidade europ�ia tinham pixa��es que diziam: �Judeus, v�o para a Palestina�. Hoje, esses mesmos muros gritam: �Judeus, saiam da Palestina�.

Ainda se sentem inc�modos no mundo?

AO -Sempre nos sentimos como uma na��o h�spede, mas em Israel n�o. Aqui estamos em nosso pa�s.

Ainda temem um novo Holocausto?

AO -De certo modo sim, o temor de uma cat�strofe persiste porque somos o �nico pa�s do mundo com inimigos dispostos a elimin�-lo. Tal � a pol�tica oficial do Ir�, por exemplo. Ningu�m se prop�s a eliminar os espanh�is pela pol�tica de Franco. Entende a diferen�a? Nisto reside nossa inseguran�a.

KIBUTZ

Os kibutzim ainda t�m sentido?

AO -Para mim, sim. O kibutz � um experimento muito interessante sobre o socialismo volunt�rio, que nada tem a ver com a pol�tica e os governos socialistas, e que prevalecer� sobre o materialismo e a apar�ncia que hoje constituem a vis�o da maioria.

DOIS ESTADOS

J� foi dito que �Conquistar a terra alheia, onde outro povo vive, � sangrento e terr�vel�. N�o � isso que Israel pratica nos territ�rios ocupados?

AO -Israel tem que abandonar os territ�rios ocupados, e os �rabes t�m que reconhecer a exist�ncia de Israel e conviver em paz. Creio em uma solu��o de dois Estados, Israel e a vizinha Palestina. � algo muito simples que estou convencido de que acontecer�, n�o sei quando, � s� quest�o de tempo, porque nem os palestinos nem os judeus temos outro pa�s para onde ir. Temos que dividir a casa em dois apartamentos e aprender a viver como vizinhos civilizados.

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Na sua opini�o, palestinos e israelenses est�o preparados para isso. Quem, ent�o, tem tanto interesse em manter a luta?

 AO -Temos uns l�deres muito pobres. Costumo dizer que o paciente, ou seja, palestinos e israelenses, est� disposto para a opera��o, a criar dois Estados; n�o lhes alegra a solu��o, mas a aceitam. O que ocorre � que os m�dicos, Sharon e Arafat, s�o uns covardes.

Qual � seu partido?

AO - Sou membro do PAZ AGORA, uma coaliz�o de socialistas, liberais e inclusive alguns ortodoxos; um amplo espectro que vai da esquerda ao centro, e que atualmente est� respaldado pela maioria dos israelenses e tamb�m por muitos palestinos que est�o a favor da conviv�ncia dos dois Estados.

FANATISMO

Em certa ocasi�o o senhor comparou a ultradireita judia com as fac��es do Hizbol� e Hamas, e foi duramente atacado por seus compatriotas.  Sente-se seguro em seu pa�s?

AO -Comparei os fan�ticos judeus e isl�micos. Todos os fan�ticos s�o similares. Israel � o meu lugar, ainda que n�o seja um jardim de rosas. Meu compromisso � lutar pela opini�o p�blica, tratar de mudar a mentalidade e o cora��o de muitos israelenses, porque este � meu pa�s. Ainda que meu partido n�o esteja no governo, este n�o � o fim do mundo.

A literatura � um ant�doto contra o fanatismo. Por isso escreve?

AO - Escrevo porque tenho que faz�-lo, sinto assim, do mesmo jeito que preciso respirar. Escrever te obriga a imaginar os sentimentos dos outros e isto, sim, � um bom ant�doto contra o fanatismo.

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"BUSH E EUROPA S�O OS DOIS LADOS DA MESMA MOEDA"

 [Entrevista de AM�S OZ por Tulio Demicheli  -  La Naci�n - Madri, 19/09/04]

- traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

"� uma pena que Israel continue sendo um pa�s desconhecido entre voc�s - afirma Amos Oz - porque a cultura judaica tem muitos genes espanh�is e a cultura espanhola conta com muitos genes judeus. Me parece tr�gico que o conhecimento se estabele�a atrav�s das manchetes dos peri�dicos sem que haja contato cultural nem di�logo entre nossas sociedades civis. Meu livro n�o � um estudo sobre o Estado de Israel, tampouco um tratado de sociologia, mas uma saga familiar que percorre muitas gera��es e que conta a experi�ncia de um menino que chega a ser escritor. Espero que os leitores encontrem algumas chaves universais para compreender melhor quem somos os judeus, por que estamos em Israel e o que nos levou at� l�."

Amos Oz acaba de apresentar seu �ltimo livro e � uma das vozes mais escutadas no Ocidente quando se trata de analisar o drama do M�dio Oriente.

�       Antes da persegui��o nazista e do Holocausto, havia judeus na Palestina? Que direito t�m sobre a terra?

AO : Em Jerusal�m existia uma maioria judaica j� faz 200 anos. Muita gente desconhece que a metade dos judeus de Israel foi expulsa dos pa�ses de religi�o isl�mica e que a outra metade, como minha fam�lia, foi expulsa da Europa. Quando meu pai era jovem, havia pixa��es nas ruas europ�ias que diziam: "Judeus, saiam para a Palestina!", e agora, quase 60 anos depois, nas mesmas paredes se l�em outras (as mesmas) pixa��es que dizem "Judeus, saiam para a Palestina!". Se n�o tivesse sido uma trag�dia, diria ser engra�ado.

�       Outro aspecto desconhecido da sociedade israelense � sua grande diversidade. H� um juda�smo reformado e outro sem reformar. O reformado tem ultra-ortodoxos e o outro tamb�m; inclusive alguns nem sequer reconhecem o Estado porque n�o � messi�nico. Tamb�m h� liberais e n�o praticantes...

AO : Na cultura judaica h� algo muito �bvio: dois judeus nunca est�o de acordo. Nem mesmo um judeu consegue estar de acordo consigo mesmo, porque temos a mente dividida e vivemos uma ambival�ncia extrema. Jamais tivemos um papa como o dos crist�os porque, se algu�m se proclamasse sumo pont�fice, o resto lhe diria: "Tu n�o me conheces e eu n�o te conhe�o, mas meu av� e o seu faziam neg�cios h� muitos anos. Portanto, cala e me escuta, porque vou te contar o que Deus quer de n�s". ï¿½ uma civiliza��o argumentativa. Eu diria inclusive que um semin�rio de rua, Eu quis plasmar em "Uma hist�ria de amor e escurid�o" esta grande diversidade e vivacidade da cultura judaica.

�       Cr� que os intelectuais europeus continuam difundindo os velhos t�picos da Guerra Fria, a propaganda anti-norteamericana, e n�o querem escutar as vozes que se levantam em Israel em favor da paz?

AO : Eu diria aos intelectuais europeus que deixassem de ver o mundo em preto ou branco, porque se continuarem nos vendo assim, n�o haver� nenhuma diferen�a entre eles e George Bush, exceto serem o outro lado da mesma moeda. N�o h� anjos nem dem�nios. Estamos em Israel porque n�o h� nenhum pa�s no mundo ao qual os judeus, como na��o, possam chamar de P�tria. E os palestinos est�o na Palestina pela mesma raz�o e n�o tem pa�s, o que tamb�m me parece una trag�dia. Isto n�o � um filme do Oeste com bons e maus. O fato de n�o escutar os partid�rios da paz de Israel e tamb�m da Palestina - porque ali tamb�m existe um importante movimento em favor da paz, responde a que os europeus muitas vezes preferem as manchetes mais sensacionalistas. O derramamento de sangue, os tanques na rua, carros bombas que explodem, d�o fotos mais interessantes que um congresso pela paz.

Por isso, quase ningu�m se d� conta dos esfor�os que judeus e palestinos fazemos em Israel pela paz. Mas, hoje as pesquisas demonstram todas as semanas que a maioria dos israelenses e dos palestinos apoiamos uma solu��o intermedi�ria. Esta maioria existe. Mas, bem agora, tanto os palestinos como os israelenses temos dirigentes que s�o um desastre. Mas as pessoas est�o dispostas, mesmo assim, a chegar a uma solu��o.

�       Qual ser�a?

AO : Dividir esta pequena casinha na qual nos cabe  viver em dois apartamentos, um palestino e outro israelense, para coexistir como vizinhos civilizados.

�       O senhor viveu ainda crian�a, conta em seu livro, a funda��o de Israel. O mandato da ONU era criar um Estado judeu e outro palestino, mas foram os �rabes, e n�o os judeus, os que declararam a guerra, algo que na Europa ou n�o se sabe ou se esquece.

AO : Cinco pa�ses �rabes invadiram o Estado de Israel apenas dez minutos depois de ter sido proclamado. S� dez minutos depois da meia-noite do 15 de maio de 1948. Mas n�o vale a pena discutir quem � o agressor. O que sim importa � que os intelectuais israelenses e os palestinos nos ponhamos agora mesmo o avental branco do m�dico. O importante �, primeiro estancar a hemorragia, e logo depois curar as feridas.

Meu livro tem uma importante veia meta-pol�tica porque trata desta trag�dia familiar mas n�o p�e a culpa em ningu�m. Eu perten�o a uma tradi��o diferente da dos intelectuais europeus de que voc� fala. Eles se erigem num alto tribunal que busca os supostos culpados, os julga e dita a senten�a. Ao deitarem, est�o satisfeitos por apoiar os anjos em sua luta contra o dem�nio. Eu s� busco solu��es para a crise com um esp�rito de compaix�o e com certa compreens�o de ambas posi��es, tentando alcan�ar um compromisso fact�vel. N�o uma solu��o paradis�aca que fa�a todo mundo feliz, porque n�o existe. Um compromisso, porque ou h� compromisso ou derramamento de sangue. E eu conhe�o compromissos: estou a 45 anos casado com a mesma mulher, portanto sei do que estou falando. Os fan�ticos, tanto da direita como da esquerda, me parecem pontos de exclama��o ambulantes. Os que nos situamos no campo da paz levamos sempre a pior parte, porque explodir uma esta��o de trens em Madri � mais not�cia na TV do que realizar um grande e trabalhoso congresso pela paz.

�       N�o � uma dificuldade adicional que a sociedade palestina n�o seja democr�tica, como � a israelense por mais defeitos que tenha?

AO : Se fosse f�cil, ter�amos celebrado nossa lua de mel faz tempo. A sociedade palestina n�o tem uma tradi��o democr�tica, mas tem sim um n�cleo de sociedade civil e tem um movimento cada vez mais forte em favor da paz. O movimento israelense pela paz tenta colaborar com seu equivalente palestino, porque se ficarmos de bra�os cruzados esperando que o mundo �rabe se fa�a democr�tico ou que Bush imponha a democracia com pistolas na psique �rabe teremos que esperar demasiado tempo. Primeiro temos que chegar a um modus vivendi com a Palestina e logo mais a sociedade palestina se desenvolver� mais rapidamente para uma democracia. Como nas urg�ncias hospitalares, primeiro se estanca a hemorragia para depois se curarem as feridas. � uma quest�o de prioridades.

�       Muitos protagonistas da Guerra dos Seis Dias militam nas linhas da paz, inclusive altos oficiais do ex�rcito israelense. � verdade?

AO : Nunca lutei na guerra por prazer, mas se algu�m tentasse matar a mim ou a minha fam�lia, voltaria a lutar. A maioria dos fundadores do movimento pela paz foram soldados, inclusive generais. E o mesmo ocorre entre os palestinos. Muitos foram antes guerrilheiros. N�o h� solu��es paradis�acas, todos procuramos uma sa�da pragm�tica.

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org (vers�o em portugu�s). Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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O PT E O ORIENTE M�DIO

Resumo da palestra de Ana Maria Stuart (*)

[ 30/03/04 - F�rum de Direitos Humanos - B�nai B�rith - S.Paulo ]

- compilado por Lia Bergmann e Mois�s Storch -

A coordenadora da Assessoria de Rela��es Internacionais do Partido dos Trabalhadores, Ana Maria Stuart destacou o compromisso que o PT mant�m, em termos internacionais,  desde os anos '80 com a solidariedade, a defesa dos Direitos Humanos, e a busca da paz e justi�a social em todo o mundo. Ao final daquela d�cada, o Partido adquire maior visibilidade internacional, aprofundando seus la�os com partidos pol�ticos de outros pa�ses, incluindo o Mapam/Meretz em Israel, e movimentos como o PAZ AGORA.

Nos anos '90 partido come�ou a ter uma presen�a mais ativa, com contatos com governos, partidos e ONGS de v�rios cantos do mundo. Em julho de 1993, o ent�o presidente do PT e seu assessor Marco Aur�lio Garcia estiveram em Israel, tendo sido recebido pelo ent�o Primeiro-Ministro Itzhak Rabin e seu Ministro de Rela��es Exteriores Shimon Peres, al�m de diversos parlamentares e lideran�as da sociedade.

Desde sempre, o PT sempre condenou a��es terroristas e a viol�ncia fundamentalista, tendo pronunciado j� em 1994 o rep�dio ao atentado contra a sede da AMIA em Buenos Aires.

Na defesa de uma paz justa entre israelenses e palestinos, Lula apoiou o processo de paz de Oslo. Quando da assinatura dos Acordos de Oslo, o PT, presidido por Lula se manifestou dizendo: �esperamos que antes do pr�ximo mil�nio possamos ter dois estados vizinhos�. Contatos com representantes israelenses, palestinos e dos pa�ses �rabes estabeleceram as bases da pol�tica que o PT mant�m at� hoje: a defesa do caminho das negocia��es de paz.

'Eleito presidente, Lula est� honrando o seu compromisso com a paz, inclusive condenando a��es do terrorismo isl�mico ou dos fundamentalismos de todo o tipo`, destacou. Indagada sobre o porque do PT se manifesta quando h� ataques aos civis palestinos, mas n�o aos israelenses, disse: �Nem sempre a imprensa d� o mesmo destaque �s manifesta��es de rep�dio divulgadas pelo PT em rela��o aos ataques de um lado e de outro. O partido parte da id�ia de que nada justifica a perda da vida de civis�.

Afirmou ainda que `o PT acompanha com muita simpatia os esfor�os de civis israelenses e palestinos � como o do Acordo de Genebra � o qual considera realista. `Os grupos extremistas palestinos e os radicais israelenses n�o concordam com essa proposta, mas, considero que o Brasil deveria divulgar e apoiar tal iniciativa`.

Foi levantada tamb�m a quest�o de porque o PT n�o se manifesta sobre as crian�as bomba e aquelas que como mostrado em recente reportagem no Fant�stico, dizem: `n�s estamos treinados para matar judeus e destruir o Estado de Israel. Ana Maria respondeu que a posi��o das m�es destas crian�as que est�o se organizando para n�o compactuar com o uso de seus filhos para o terror � corajosa. `N�s, cidad�os do mundo, temos que nos unir a estas m�es, assim como repudiar o uso de mulheres e homens bomba`.

Foram muitas as perguntas sobre o porqu� do Brasil n�o denunciar � ONU a limpeza �tnica que vem sendo efetuada pelos mu�ulmanos em rela��o aos negros do Sud�o, ou n�o ter denunciado onde foi parar todo o dinheiro que a Europa e at� o Brasil enviaram para a Autoridade Palestina e o caos que reina hoje na regi�o que levou a popula��o palestina ao completo desespero pela falta de alimentos e pelo dom�nio de gangues de marginais, ou ainda porque a AP n�o aceitou o acordo proposto pelo ex-presidente de Israel, Ehud Barak, que inclusive dividiria a cidade Santa de Jerusal�m entre os dois Estados. E ainda que a democracia e a liberdade de express�o s�o fundamentais ao Estado de Israel, enquanto a AP neste tempo todo teve apenas uma elei��o e os outros paises do Oriente M�dio n�o realizam elei��es livres.

H� uma conjun��o de fatores, e entre eles certamente a falta de democracia que favorece o conflito e que alimenta setores da popula��o que se aproveitam do conflito para manter seus privil�gios, considerou ela, analisando que a constru��o da democracia no mundo � ainda uma quest�o em aberto. Mas deixou claro que � imposs�vel transformar um pa�s e construir uma democracia de fora para dentro. Estas sociedades t�m que come�ar a defender os valores democr�ticos e devemos apoiar esses movimentos, temos que denunciar as viola��es aos Direitos Humanos. � preciso construir uma massa cr�tica, aumentando a for�a da opini�o p�blica internacional para que haja resson�ncias internas e se fa�a chegar a todos os rinc�es o cen�rio de liberdade e de respeito aos Direitos Humanos. Eu tenho este compromisso pessoal e o PT tamb�m.

Sobre os organismos internacionais que, segundo o governo e o PT, devem ser reorganizados para incorporar pa�ses como o Brasil, a �frica do Sul, a �ndia, que cresceram muito, mas, n�o t�m representa��o suficiente para fazer valer a sua opini�o, destacou a posi��o brasileira que considera importante, por exemplo, terminar com o veto de alguns pa�ses como existe hoje na ONU.

E concluiu: �Acredito que, encontrando solu��es negociadas, poderemos evitar a prolifera��o desses grupos terroristas e, o que � muito importante, tomar medidas para o controle desses pa�ses que financiam atividades terroristas. E hoje j� � poss�vel controlar esses capitais. Na luta contra o terrorismo, a comunidade internacional tem que tomar medidas que realmente coloquem a sociedade internacional unida e alinhada contra esta amea�a que se expressa em todos os cantos.

Para Ana Maria Stuart  ï¿½ï¿½ da maior import�ncia, na medida em que a gente possa dialogar, expor opini�es com liberdade, num esp�rito de fraternidade e de companheirismo � eu senti isso � acho que reproduzir situa��es como esta, sem d�vida marca o caminho que devemos trilhar, ou seja a busca do di�logo, da compreens�o, do entendimento do diferente, da troca de opini�es. Nessa experi�ncia � que se encontra o caminho para uma sociedade nova, e para um mundo novo. Ana Maria disse que aprendeu muito e que levar� as quest�es abordadas no encontro a outros companheiros, inclusive aos que devem acompanhar o presidente Lula em uma pr�xima visita a Israel.

(*) Ana Maria Stuart - coordenadora da Assessoria de Rela��es Internacionais do Partido dos Trabalhadores. Licenciada em Ci�ncias Pol�ticas e Diplom�ticas, pela Universidade Nacional de Ros�rio, Argentina, mestre em Ci�ncia Pol�tica e doutora em Sociologia, pela USP, com concentra��o na �rea de Rela��es Internacionais. Membro titular do CACINT - Grupo de An�lise da Conjuntura Internacional e pesquisadora do CEDEC � USP e do Centro de Estudos da Cultura Contempor�nea. 

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ESPERAN�A E GL�RIA � GENEBRA

[ Avraham Burg (*) - Dar Al-Hayat (**) http://english.daralhayat.com - 29/02/04 ]

- traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

אברהם בורג Xclique na foto e ou�a AVRAHAM BURG

Muitas tentativas de atingir a paz em nossa regi�o fracassaram. A paz com os eg�pcios nunca se tornou completa, mas gera alguns frutos � n�o h� guerra e a fronteira deixou de ser palco de sangue. Com a Jord�nia tamb�m, a linha internacional � respeitada com firmeza e os acordos de cessar-fogo ao longo da fronteira com a S�ria existem h� mais de 25 anos. Somente com os palestinos, os nossos vizinhos mais pr�ximos em termos geogr�ficos e pol�ticos, n�o temos tido �xito.

As raz�es para tal fato s�o muitas e variadas e embora os respons�veis por este fracasso sejam conhecidos, estes, de ambos os lados, escaparam da desaprova��o p�blica por muito tempo. Neste artigo, eu gostaria de apresentar, resumidamente, o principal motivo para o colapso da iniciativa de paz de Oslo e as condi��es necess�rias para o resgate e sucesso da pr�xima tentativa � a de Genebra.

Um lembrete: ap�s 20 anos (1967-1987) de um per�odo de associa��o entre dominados e conquistadores,   entre palestinos e israelenses, os palestinos nos informaram que enxergaram a luz na "iluminada" ocupa��o e que n�o estavam mais interessados nesse tipo de conex�o. Eles deram um nome a esse an�ncio, nome que era at� ent�o desconhecido no vocabul�rio do Oriente M�dio: "Intifada". A primeira Intifada surpreendeu Israel e o mundo todo.

Na verdade, sua exist�ncia exp�s a intensidade da viol�ncia e do desespero, que foram postos em movimento. Desta mesma Intifada, nasceu o Acordo de Oslo. Secretamente, seus idealizadores conjuraram a Declara��o de Princ�pios, surpreendendo a n�s e ao mundo. Oslo se tornou um fato pol�tico efetivo. Imediatamente, sem dar aten��o aos detalhes e repercuss�es, as duas sociedades, israelense e palestina, adotaram a op��o da esperan�a. 80% dos israelenses e o mesmo n�mero de palestinos disse "sim" ao acordo na �poca, um "sim" com muito valor, que pavimentou o caminho e assinalou a dire��o para uma separa��o acordada e digna entre os dois povos ligados.

Mas como sempre acontece aqui, ningu�m se prepara para o dia seguinte. Investimos sangue e almas, v�timas e dinheiro, para discutir sobre o passado, mas n�o estamos preparados a dispor da m�nima aten��o ao que possa trazer o dia seguinte. Estamos atados �s marcas da morte de todas as gera��es passadas, mas n�o estamos preparados para criar marcas de confian�a para o bem das futuras gera��es. Deste modo, negligenciamos a preocupa��o com o dia seguinte ap�s Oslo. Nos regozijamos com o surpreendente momento do acordo, mas falhamos em criar acordos para um futuro promissor.

Ambos, Israel e Palestina, negligenciamos o que era mais sens�vel e doloroso ao outro lado.

Israel n�o compreendeu como os assentamentos eram sentidos pelos palestinos como um arame farpado que feria letalmente o corpo e o esp�rito do renascimento palestino. Todos os palestinos que concordaram com a paz de Oslo disseram a si mesmos: " Eu aceito que a paz � um compromisso". Um compromisso incompleto e imperfeito, mas um compromisso honrado � melhor que uma paix�o nunca concretizada. N�s estamos fazendo a paz e esperamos que, no outro lado, a mensagem seja recebida e que os assentamentos � s�mbolo mais doloroso e evidente da ocupa��o discriminat�ria � sejam interrompidos e removidos da paisagem do futuro palestino. Israel n�o estava ouvindo. De Oslo at� os dias atuais, os assentamentos se multiplicaram em n�mero, pre�o e dor, sob Rabin, Peres, Netanyahu, Barak, e, � claro, sob Sharon.

Por outro lado, os palestinos n�o compreenderam o que a incita��o � viol�ncia nos causa. Todos os dias ouv�amos as vozes emanadas das mesquitas e escolas e trem�amos. Se � assim o som da nova consci�ncia palestina,  significa que eles n�o est�o criando uma nova gera��o para ap�s os postos de controle e o conflito. N�o est�o investindo para purificar e limpar a alma do �dio e da psicologia da vingan�a. Outra gera��o est� saindo �s ruas, cheia do sentimento de vingan�a, �dio e hostilidade. A vida n�o era assim: a Oslo pol�tica das manchetes dos jornais e os assentamentos versus o incitamento nas cidades. As almas dos dois povos n�o internalizaram a chance que lhes foi dada. A colis�o foi s� uma quest�o de tempo e o colapso j� se desenhava.

E quando o conflito veio,  tal qual um acidente terr�vel de trem, duas pessoas estavam ausentes para impedi-lo. Yitzhak Rabin, sacrificado no altar de Oslo e Yasser Arafat, que desistiu no momento decisivo � preferindo continuar a disputa com Israel no di�logo de sangue e terror e abandonando a mesa de negocia��es pol�ticas.

Desde ent�o, por 3 longos e amaldi�oados anos uma influ�ncia maligna se instalou no Oriente M�dio. "N�o h� ningu�m para conversar e nenhum assunto a ser discutido". Na aus�ncia de um parceiro e de um acordo, espadas foram levantadas e a morte recebeu uma licen�a oficial para se disseminar pelas ruas. Ap�s 3 anos de sangue e incont�veis l�grimas de luto, as duas partes se deram conta de que o impasse n�o pode ser  solucionado atrav�s da viol�ncia. Indiv�duos podem querer se vingar, continuar sedentos por sangue, mas n�o povos. E l�deres simplesmente n�o podem destruir seus povos com pol�ticas c�clicas de vingan�a, retalia��o e vingan�a. As lideran�as dos povos os tra�ram. Eles n�o nos deram seguran�a e nem nos aproximaram da paz.

De repente, o momento � chegado de as duas na��es, as duas sociedades civis sobre o qual foi constru�do o sistema pol�tico, sentirem a "fadiga do desespero". Elas se cansaram de estarem desesperadas, quando ï¿½ �bvio para elas qual � a solu��o e que frutos ela pode trazer.

Felizmente, neste momento, Genebra est� esperando por n�s. Duas pessoas, meu amigo, colega e parceiro Yossi Beilin e Yasser Abed Rabbo, n�o desistiram � nem quando Barak errou e nem quando Arafat errou. Eles disseram a si mesmos: se n�s, t�o pr�ximos da vis�o da paz, n�o formos capazes de construir uma ponte, ningu�m ser� capaz de faz�-lo. Paulatinamente, atrav�s de um �rduo trabalho, com paci�ncia, o campo de paz foi reerguido. Ap�s 3 anos, obtivemos �xito no acordo.

Pela primeira vez, colocamos perante as duas comunidades uma imagem do final. Atrav�s dos anos e durante todos os acordos, a imagem do final do processo era somente algo vago e com pouco conte�do: "pre�os dolorosos", "compromisso hist�rico" e "decis�es angustiantes". Estas palavras vazias permitiram que as lideran�as se furtassem a suas responsabilidades hist�ricas com seus povos. Os Acordos de Genebra s�o um retrato real. � assim que o nosso relacionamento ser� no dia em que os governos ascenderem ao n�vel de responsabilidade dos idealizadores dos Acordos de Genebra..

As proposi��es de Genebra s�o simples e diretas. N�o desejo uma vit�ria para um lado ao pre�o de insulto e humilha��o do meu ex-inimigo e futuro parceiro. Quero um acordo com dignidade para tudo que � necess�rio e precioso para o outro. E espero ser tratado da mesma forma. Genebra � um acordo de respeito m�tuo, e n�o de afrontas rec�procas. � imposs�vel escapar da verdade neste acordo. Cada uma das partes possui id�ias maravilhosas, sonhos de um grande lar, direitos hist�ricos, e dimens�es religiosas antigas. Mas um acordo pol�tico n�o � um espa�o para a concretiza��o de sonhos. Muito pelo contr�rio, um acordo � uma oportunidade para os sonhadores se encontrarem para determinar a si pr�prios, pelo pacto, os limites das possibilidades de seus sonhos.

Como judeu, nunca desistirei do meu sonho de aguardar pelo retorno de Deus ao seu santu�rio no 3� Templo. Por�m, at� que Ele retorne, n�o preciso exercer a minha soberania neste local. Eu rezo para um local que j� foi persa, �rabe, romano, mameluco, cruzado, turco, brit�nico e jordaniano. N�o ser� dif�cil para mim me referir e apelar ao meu "Deus de todas as na��es", mesmo sob a soberania palestina no santu�rio � meu sonho espiritual e a soberania pol�tica do outro, cuja f� eu respeito e que tamb�m respeita a minha f�.

De minha parte,  sei como � doloroso o sofrimento do cora��o palestino ao almejar voltar a suas cidades e vilas de onde foram exilados no decorrer da guerra e da Hist�ria. O sonho de retorno sempre foi o eixo que alimenta as esperan�as de ressurrei��o dos palestinos. A chance chegou, est� aqui, e voc�s n�o podem perd�-la. Genebra � a oportunidade de independ�ncia.

Chegou o momento de separar o sonho e construir as possibilidades. Espero que cada colega palestino saiba que as ora��es s�o uma coisa e a implementa��o � outra. Ningu�m pode tirar os anseios de um indiv�duo de obter o direito de retorno. Este � um direito que est�o em seu cora��o. Mas a realiza��o efetiva n�o acontecer�, do mesmo modo que o meu templo continuar� no reino dos sonhos at� que outra Hist�ria chegue. Genebra afirma �s duas partes: s� algu�m que sabe abandonar seus sonhos no campo dos sonhos ser� capaz de criar uma vis�o melhor e um futuro mais promissor aos seus filhos. E algu�m que insistir em viver fora dos sonhos acabar� vivendo um pesadelo infinito.

Mesmo a mais orgulhosa m�e de um m�rtir � uma m�e de carne e osso, e eu quero lhe oferecer a vida de seus filhos neste mundo, o sorriso e alegria de netos nos pr�ximos anos, em vez de sofrimento e funerais, luto e m�goa sem fim por uma crian�a que se suicidou e assassinou tantos homens, mulheres e crian�as inocentes no altar da estupidez e vingan�a.

Genebra substituiu a esperan�a na equa��o do desespero do Oriente M�dio. De repente, todos acordaram. H� 40% de apoio em Israel e na Palestina. Uma oposi��o obstinada de extremistas dos dois campos persiste, pois eles sabem que a esperan�a de Genebra � uma alternativa ao extremismo religioso, que tira vidas em nome da vida na eternidade. Portanto, a comunidade internacional acordou e nos est� abra�ando ï¿½na vis�o de que Genebra seja a esperan�a da regi�o e do mundo inteiro por uma estabilidade pol�tica e pelo futuro de um processo de paz m�tua e respeito.

Os pr�ximos passos s�o absolutamente claros para mim. Genebra deve se tornar  parte integral da f�rmula internacional � como [as Resolu��es da ONU] 242 e 338. Genebra deve ser uma declara��o pol�tica que a massa de cidad�os de ambos os lados exige de suas lideran�as. N�o uma cortina de ilus�es, n�o o terrorismo de assassinos e tresloucados sem cora��o, n�o uma separa��o unilateral e n�o palavras vazias de uma velha lideran�a que n�o tem mais futuro aqui.

Genebra � contra toda essa terr�vel desesperan�a. Genebra ï¿½ pela grande esperan�a. N�s iremos novamente dizer "sim" ao acordo e, desta vez, faremos tudo que pudermos para ter sucesso.

(*) Avraham Burg foi presidente do Parlamento de Israel (Knesset) de 1999 a 2003 e antigo vice-presidente da Ag�ncia Judaica. Atualmente � deputado pelo Partido Trabalhista. Foi um dos negociadores israelenses do Acordo de Genebra, assim como da Declara��o Conjunta Israelense-Palestina em 2001.

(**) O Dar al Hayat � um jornal �rabe de grande circula��o publicado em Londres. Este artigo � parte de uma s�rie sobre a Iniciativa de Genebra que vem sendo publicada em parceria com o servi�o de not�cias Common Ground (CGNews).

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CARTA AOS MEUS AMIGOS PALESTINOS

[Avraham Burg (*) - 17/09/2003 - jornal "Al-Quds" ]

 - traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

Meu curr�culo n�o � nenhum segredo. Minha m�e nasceu em Hebron em 1921, uma judia de s�tima gera��o em Hebron. Eu sou a 8� gera��o. A profunda liga��o de minha fam�lia com a Cidade dos Patriarcas foi cruelmente decepada no ver�o de 1929, quando uma turba gritando "Matem os judeus" assassinou metade de minha fam�lia. A outra metade, meu av�, tios, tias e minha m�e, foram salvos pelo propriet�rio �rabe de suas terras. Desde ent�o, minha fam�lia se dividiu pelo meio: uma metade jamais confiar� novamente num palestino. A outra metade jamais deixar� de buscar vizinhos que desejam a paz.

Eu tenho o direito de retornar � cidade na qual minha m�e nasceu e da qual n�s fomos expulsos. Eu nunca irei renunciar a esse direito, mas n�o tenho nenhuma inten��o de exerc�-lo, porque al�m dos meus direitos de propriedade eu tenho uma obriga��o de criar uma vida livre de conflitos e mortes sem fim. O direito � vida de meus filhos e dos filhos de Hebron prevalece sobre o direito de um assassinar o outro sobre o altar da terra e da fam�lia.

No m�s passado publiquei um doloroso artigo no jornal de maior circula��o em Israel. Ele terminava com o pensamento: "O que se faz necess�rio n�o � uma substitui��o pol�tica do governo Sharon, mas uma vis�o de esperan�a, uma alternativa � destrui��o do sionismo e de seus valores pelos surdos, cegos e mudos."

Desde ent�o, tenho sido muito questionado. O que voc� est� dizendo para seus amigos �rabes? E por sermos a imagem refletida de outro, quando eu ataco minha realidade nacional, estou obrigado a lhe dizer o que penso do que acontece entre voc�s.

Tenho raiva. Estou louco de raiva. Vejo meus sonhos e os sonhos de meus amigos judeus e �rabes consumidos na chama do extremismo. � uma chama que eternamente sopra para n�s aqui no Oriente M�dio, uma chama que eu pensava que as brisas da paz levariam embora, mas que vi crescerem para consumirem tudo: casas, corpos, sonhos. Estou com raiva de voc�s, e com os terr�veis significados que voc�s permitem a muitos de seus guias religiosos atribuir � palavra sagrada de Deus. Mas eu fiz um juramento: Eu n�o permitirei que o �dio seja meu conselheiro. Eu n�o farei da vingan�a uma pol�tica. Eu n�o me transformarei em algu�m que odeia. Portanto eu continuarei a acreditar. N�o ingenuamente. N�o, eu acreditarei, eu irei orar e eu manterei minha guarda.

E aqui est� minha f�. Qualquer futuro acordo ser� baseado nos princ�pios de um compromisso territorial. Qual � este compromisso? O compromisso territorial n�o � apenas um neg�cio imobili�rio. � uma decis�o espiritual assumida por povos que tenham decidido aceitar um ao outro apesar de anos de hostilidade e profundas cicatrizes de �dio e vingan�a. Tal compromisso � antes de tudo entre cada na��o consigo mesma.

Eu acredito com toda minha f� que toda a Terra de Israel me pertence. Isto est� escrito na B�blia, como minha m�e de Hebron me ensinou e aos seus netos. E eu sei que o sonho da Grande Palestina passa de av�s para netos em cada lar palestino. Assim, o primeiro compromisso � entre eu e o meu sonho. Eu renuncio ao meu sonho de retornar a Hebron para que eu possa viver livre num novo Israel. E meu irm�o palestino deve renunciar a seu sonho de retornar a Jaffa para viver uma vida honrada e digna em Nablus. Apenas aqueles capazes de renunciar a seus sonhos podem sentar-se juntos para forjar um compromisso entre suas na��es.

At� agora voc�s t�m servido como a eterna desculpa para todos os defeitos dos regimes �rabes. Os refugiados est�o abandonados no L�bano ou S�ria - e n�o � por nossa causa. Durante os �ltimos 50 anos, Israel absorveu hordas de refugiados de todo o mundo sem esperar por ningu�m. A maior parte dos pa�ses �rabes n�o levantou um dedo pelos refugiados palestinos. Muitos acharam �til preservar sua raiva e humilha��o. Eles sabem que no momento em que a independ�ncia palestina for declarada, a face dos mundos �rabe e mu�ulmano se modificar�  de forma irreconhec�vel.

Um importante pesquisador palestino me disse uma vez que enquanto os palestinos se op�em fortemente a Israel em quase todos os n�veis, existe uma �rea na qual os palestinos querem imitar os israelenses: a nossa democracia. Eu sei que 35 anos de ocupa��o foi uma carga pesada para voc�s, e tamb�m para n�s. Mas esses anos terr�veis deixaram uma coisa boa: a possibilidade real de uma primeira democracia �rabe.

As for�as da democracia, tanto israelenses quanto palestinas, enfrentam uma execr�vel alian�a de autocratas corruptos e teocratas fundamentalistas que far�o de tudo para evitar que a luz da democracia espalhe seus raios de esperan�a. As democracias s�o mais ricas, mais livres e, mais importante, constru�das na esperan�a e n�o no medo. E o que eles mais temem � uma sociedade palestina sem medo.

Esta � a verdadeira decis�o que voc�s tem pela frente. At� agora voc�s foram explorados por todos: pa�ses �rabes, extremistas isl�micos, Israel e seus pr�prios l�deres corruptos. Agora voc�s t�m a oportunidade de tomar o destino palestino em suas pr�prias m�os. A transi��o da opress�o para a liberdade nacional n�o � f�cil.

Porque o mundo n�o ser� seguro para mim at� que seja seguro para voc�s, eu quero partilhar com voc�s a experi�ncia hist�rica de meu povo. Por milhares de anos de ex�lio, fomos fracos, e vivemos pelas regras dos fracos. E o mundo, especialmente o mundo crist�o, gostava de nossa fraqueza. Nossa fraqueza simbolizava a for�a deles, nossa derrota era a vit�ria deles. Mas num certo momento hist�rico, surgiu o movimento sionista, o movimento do renascimento nacional judaico, a tomou o destino de nosso povo em suas pr�prias m�os. Uma corajosa e honesta lideran�a trouxe um povo oprimido a realiza��es quase inimagin�veis. Em um momento hist�rico decidimos deixar de ser fracos, e a natureza de nosso di�logo com a fam�lia de na��es foi definitivamente modificado.

At� agora voc�s t�m santificado sua imagem de fraqueza, ainda que pudessem ter sido poderosos. Este caminho n�o os levar� a nada. Imaginem que tudo tenha sido feito: Israel deixou os territ�rios, n�o haveria mais assentamentos e um estado palestino internacionalmente reconhecido surgiu com Jerusal�m Oriental como sua capital. Como voc�s se comportariam? Qual seria o car�ter do estado? Qual seria a parte que voc�s tocariam na sinfonia das na��es?

Do jeito que as coisas se parecem agora, voc�s est�o se conduzindo para uma grande derrota: um estado palestino que ser� o mais novo estado do mundo, mas retr�grado em seus valores e incapaz de preencher a grande miss�o de seu povo.

Eu ou�o os gritos de regozijo quando um terrorista suicida Eu vejo a alegria, parte encoberta, parte expl�cita, que irrompe entre os desesperados quando um shahid (m�rtir) procura entregar seu corpo despeda�ado ao para�so e deixar atr�s de si uma trilha de �rf�os e vi�vas israelenses.

Eu conhe�o seu argumento de que voc�s n�o t�m helic�pteros nem jatos de combate e portanto os ataques suicidas s�o seu armamento estrat�gico. Esta � a sua verdade. Bem, eis a minha verdade. O terrorista suicida oferece a si mesmo e a mim como sacrif�cios para um falso deus. O verdadeiro Deus odeia o mortic�nio. Terroristas suicidas n�o deixam atr�s de si nada al�m de feridas e cicatrizes. Ningu�m al�m no mundo, nem mesmo os maiores apoiadores da causa palestina, aceitam esta arma do suic�dio. � uma arma de monstros, n�o de lutadores pela liberdade. E at� que voc�s se livrem dela e de seus facilitadores de seu meio, voc�s n�o ter�o parceiros no meu lado, nem eu, nem ningu�m outro.

E o que vem depois? O que acontece quando tivermos ido e todos os grandes debates sobre o car�ter de seu estado - religioso ou moderno, isl�mico ou secular? Como ser�o esses debates resolvidos? Quero apostar j�, agora. Haver� terroristas suicidas. O Hamas tentar� ditar estas decis�es nacionais pelas ferramentas que conhece.

O que � bom para Israel � renunciar ao sonho da Grande Terra de Israel, desmantelar os assentamentos, deixar os territ�rios e viver em paz ao lado de um estado palestino, combater a corrup��o e dirigir todas suas energias para dentro da sociedade israelense.

E o que � bom para voc�s? A mesma coisa. Renunciar � fantasia de nos varrer para longe daqui e retornar a aldeias que na maior parte n�o mais existem. Lutar contra a corrup��o que os est� destruindo por dentro e dirigir todos seus talentos e recursos para construir uma sociedade �rabe exemplar - um modelo palestino que revolucionar� o mundo �rabe, trazendo a democracia mu�ulmana para a regi�o e transformando seu povo numa ponte viva entre Oriente e Ocidente.

Existe uma hist�ria antiga sobre o s�bio que conseguia responder a todas quest�es. Um de seus disc�pulos decidiu test�-lo. O disc�pulo ca�ou uma borboleta e a segurou dentro da m�o. Chegou ao s�bio e perguntou: "O que tenho na m�o - uma borboleta viva ou uma morta?". Ele estava pensando, se ele achar que � viva, eu a amasso e mato, e se ele disse que � viva, abro minha m�o e a borboleta mostrar� ao mundo o erro do s�bio. Mas o s�bio olhou para ele no olho e disse: "Est� tudo em suas m�os."

Um futuro de vida ou de morte, crian�as com esperan�a ou desespero, uma na��o palestina que seja repeitada ou desprezada - est� tudo em suas m�os.

(*) Avraham Burg foi presidente do Knesset (Parlamento de Israel) entre 1999 e 2003, e presidente da Ag�ncia Judaica. Atualmente � deputado pelo partido trabalhista. Foi um dos membros da equipe de negociadores israelenses no Acordo de Genebra.

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DOV WEISGLASS :

"PLANO DE DESLIGAMENTO � CONGELAMENTO DO PROCESSO DE PAZ"

[ fontes: Haaretz e Maariv - 06/10/04 �edi��o e tradu��o do PAZ AGORA/BR ]

O chefe de gabinete, e mais pr�ximo assessor do primeiro-ministro Ariel Sharon, Dov Weisglass, admitiu explicitamente ontem que o plano de desligamento objetivou o congelamento de negocia��es com a Autoridade Palestina.

"O significado do plano de desligamento � o congelamento do processo de paz", disse Dov Weisglass,  assessor graduado do primeiro-ministro, sobre o plano de Ariel Sharon numa entrevista a ser publicada na Magazine de 6� feira do Haaretz.

"E ao congelar aquele processo", adicionou Weisglass, "voc� evitar o estabelecimento de um Estado Palestino, a discuss�o sobre refugiados,  fronteiras e Jerusal�m.

"Na pr�tica, todo o pacote chamado de Estado Palestino, com tudo que abrange, foi removido indefinidamente de nossa agenda. E tudo isto com autoridade e permiss�o. Tudo com as b�n��os do presidente (americano) e a ratifica��o de ambas as casas do Congresso".

"O desligamento � de fato uma cortina formal", disse. "Ele fornece a cortina desnecess�ria para que n�o haja um processo pol�tico com os palestinos."

Em seguida � publica��o dessas declara��es, Sharon declarou que continua apoiando o road map como �nico plano para um acordo definitivo.

Rea��es em Israel

O presidente do Partido Trabalhista, Shimon Peres, disse que Sharon nunca lhe havia dito que o plano de desligamento visava congelar o processo de paz, comentando "Aquele que procura meia-paz ir� trazer meia-guerra".

Yossi Beilin,  deputado e l�der do Partido Yahad, e um dos mentores da Iniciativa de Genebra, disse que os "coment�rios assustadores" de Weisglass foram feitos num raro momento de verdade, e exibem a inten��es reais e perigosas de Sharon. Disse que essas observa��es "revelam o fato de que � Sharon quem n�o � um parceiro para paz, e o campo da paz precisa trabalhar para que ele seja substitu�do".

O deputado Mohammed Barakeh, do Partido Hadash considerou as declara��es graves, e sublinhou a relev�ncia da Iniciativa de Genebra. Zvi Hendel, deputado do Partido Uni�o Nacional disse que os coment�rios de Weisglass foram feitas com a inten��o pol�tica de apaziguar a direita no curto prazo.

Perguntado por que raz�o o plano havia sido feito, Weisglass disse: "Porque no outono de 2003 entendemos que tudo estava travado... O tempo n�o estava do nosso lado. Havia eros�o internacional, eros�o interna. Domesticamente, tudo estava ruindo. A economia estagnada, e a Iniciativa de Genebra ganhava um amplo apoio...E ent�o, fomos atingidos pelas cartas dos oficiais, e cartas dos pilotos e cartas de comandos [recusando-se a servir nos territ�rios]... N�o eram garotos com brincos nos narizes e forte cheio de maconha, Eram nossos melhores jovens"

Weisglass n�o nega que a principal conquista do plano de Gaza � o congelamento do processo de paz de uma "maneira leg�tima". "Isto � exatamente o que aconteceu", diz. "Voc� sabe, a express�o 'processo de paz' � uma por��o de conceitos e compromissos. O processo de paz � o estabelecimento de um Estado Palestino, com todos os riscos e conseq��ncias de seguran�a. O processo de paz � a evacua��o de assentamentos, � o retorno de refugiados, � a partilha de Jerusal�m. E tudo isso agora foi congelado... o que eu realmente acordei com os americanos foi que parte dos assentamentos n�o seriam negociados de maneira alguma, e o resto n�o ser� negociado at� que os palestinos se transformem em finlandeses. Este � o significado do que fizemos ...e Sharon pode tamb�m afirmar honestamente que estamos falando de um plano no qual, de 240.000 colonos, 190.000 ficariam no mesmo lugar.

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PREFERIR A PAZ AO MONTE DO TEMPLO

 [Gershom Gorenberg � 17/11/2003 � Jerusalem Report ]

- traduzido para o PAZ-AGORA/BR  por S�rgio Goldbaum.-

Pode-se pensar que o Acordo de Genebra � a f�rmula de uma droga psicod�lica, e n�o um modelo para a paz Israelense-Palestina: Ela produz rea��es alucin�genas em seus oponentes. O Primeiro Ministro Ariel Sharon denominou o acordo n�o-oficial, produto de longas negocia��es entre pacifistas israelenses e palestinos moderados, de �uma tentativa (...) de derrubar o governo por meios n�o leg�timos� � como se Yossi Beilin, o principal negociador israelense, tivesse cercado a Knesset com tanques. Ehud Barak chamou-o de �ilus�rio�, e disse que o acordo �claramente prejudica os interesses do Estado de Israel�.A verdadeira ilus�o � a de Barak, que reprimiu seu pr�prio fracasso como negociador proclamando que os palestinos s�o incapazes de fazer a paz. O acordo claramente prejudica os interesses de Barak em fazer com que o p�blico veja outros obtendo um acordo no qual os palestinos desistam do direito de retorno.

Mas a rea��o mais bizarra veio de Natan Sharansky, um membro do gabinete de Sharon, que afirmou em um artigo opinativo do Haaretz que aquela n�o era a �paz pela qual o Povo Judeu rezou por milhares de anos. O Povo Judeu rezou por Jerusal�m�. Deus meu... Acho que eu estava usando o livro de rezas de alguma outra religi�o nesta manh� no shul [sinagoga], quando li as palavras �Traga paz... para o Seu Povo Israel�.

O que provocou a f�ria de Sharansky � a se��o do acordo proposto de paz que colocaria o Monte do Templo sob soberania palestina. Embora Sharansky n�o mencione, a mesma se��o reconhece �o significado religioso e cultural �nico do s�tio para o Povo Judeu� e limita a soberania palestina atrav�s do banimento de qualquer constru��o ou escava��o no Monte sem a aprova��o israelense.

Sharansky � sem d�vida um her�i da hist�ria judaica. Ironicamente, seu artigo mostra que seu pr�prio conhecimento da hist�ria judaica � fraco. Mas pode-se lhe agradecer por ter desviado de argumentos de seguran�a que tantas vezes encobrem posi��es ideol�gicas, e ido direto ao ponto: o que importa mais para Israel � a por��o de terra que est� sob seu controle ou a forma como vivemos (ou morremos) nela?

Uma vez que Sharansky mencionou as preces, vamos come�ar por este ponto: a liturgia judaica cont�m apelos constantes tanto pela paz quanto pelo retorno a Sion. A quest�o � a rela��o entre elas, e a melhor indica��o � a linha, recitada diariamente, cuja tradu��o literal �: �Traga-nos a paz a partir dos quatro cantos do mundo...�. A meta � a paz, o retorno � o meio. O ponto n�o � alguma santidade intr�nseca da terra. Como o fil�sofo Yeshayahu Leibowitz indignadamente nos lembra, tratar a terra como inerentemente sagrada � idolatria.

Em qualquer caso, as preces n�o trouxeram os judeus de volta a sua terra, quem o fez foi o movimento pol�tico do Sionismo. Aquele movimento nasceu da necessidade dos judeus por um ref�gio f�sico e cultural em face do moderno anti-semitismo e da assimila��o. Sharansky observa, corretamente, que os primeiros sionistas rejeitaram a cria��o de um ref�gio fora da Terra de Israel. Mas, ap�s isso, desenvolveu-se uma divis�o entre aqueles que n�o queriam aceitar nada menos do que toda a Terra de Israel � a qual sempre descreveram na inflamada linguagem er�tica do nacionalismo rom�ntico � e pragm�ticos, prontos a criar um estado com uma maioria judaica em parte daquela Terra.

Em 1937, David Ben-Gurion apelou, sem sucesso, ao movimento sionista que aceitasse o plano da Comiss�o Peel por um estado judaico em uma pequena fatia da Palestina mandat�ria, sem Jerusal�m. A insatisfa��o judaica n�o foi a �nica raz�o para o fracasso do plano; os �rabes tamb�m a rejeitaram. Golda Meir, que se op�s ao compromisso, posteriormente admitiu que �quando o holocausto veio, pude viver comigo mesma apenas porque sabia que em 1937 n�o fui eu quem, no final, decidiu se haveria ou n�o um estado judaico independente�. Um estado truncado poderia ter salvado incont�veis judeus europeus. Uma d�cada depois, Ben-Gurion obteve a aceita��o da parti��o. Tivesse a ONU for�ado a decis�o de parti��o, evitando a Guerra da Independ�ncia, ter�amos um estado menor � e evitado a morte de milhares de judeus em batalhas. Ao final daquela guerra, Ben-Gurion rejeitou um plano para conquistar toda a Cisjord�nia. Posteriormente, ele explicou ao poeta Haim Gouri que se agisse daquela maneira "ter-nos-ia for�ado a uma escolha imposs�vel�: colocar em perigo a maioria judaica do estado, ou usar os m�todos de Deir Yassin � uma refer�ncia ao massacre perpetrado por direitistas � para expulsar os �rabes.

A inesperada conquista de 1967 novamente transformou a parti��o em uma escolha, mais do que um fato. Se Barak tivesse conseguido, h� tr�s anos, obter um acordo ao longo das linhas do Acordo de Genebra, mais de 800 israelenses e 2000 palestinos mortos em conflito estariam vivos. Se o governo Sharon alcan�asse aquele acordo hoje, evitaria as pr�ximas v�timas. Tamb�m reduziria a preocupa��o com a defesa a uma entre muitas outras preocupa��es, e as aten��es seriam dedicadas ao debate essencial, sempre postergado, sobre o que significa criar uma sociedade judaica soberana.

Sharansky conseguiu levantar um argumento aparentemente convincente, mas obsoleto. A nega��o palestina da conex�o entre os judeus e o Monte implicou, de fato, a nega��o de nossas ra�zes hist�ricas na Terra de Israel; sugeriu que os judeus eram colonizadores. Mas o Acordo de Genebra explicitamente faz do �reconhecimento do direito do Povo Judeu a um Estado� a base da paz entre Israel e Palestina; assegura e preserva as liga��es judaicas com o Monte do Templo e torna todas as mudan�as no s�tio sujeitas a um acordo Israelense-Palestino. A declara��o simb�lica que faz � a correta: esta � a nossa terra, mas n�s aceitamos menos do que tudo para que possamos viver em paz.

Religiosamente, quem, de carne e osso, vai administrar o Monte � menos do que irrelevante para sua santidade. Um midrash composto h� 1800 anos, registrado em Bereshit Rabbah, enfatiza o ponto: afirma que Caim e Abel concordaram em dividir o mundo entre eles. Ent�o eles come�aram a discutir quem iria ficar com o lugar em que o Templo seria constru�do, e �Caim se levantou contra seu irm�o e o matou�. O fratric�dio come�ou com a ilus�o de que algu�m poderia possuir o sagrado. Acrescento que n�o foi o secular Yossi Beilin quem assim concluiu.

Sharansky est� certo quando afirma que a escolha entre paz e o Monte nos for�a a decidir que valores s�o os mais b�sicos para o nosso estado. Ele est� errado na escolha que dever�amos fazer.

 

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LI��ES DE PAZ DA IRLANDA

[Northern Ireland on Internet www.4ni.co.uk/ Ulster, 16/10/04]

- traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

L�deres de algumas das "comunidades cindidas" que se reunir�o na Hungria ir�o ouvir um especialista da Universidade de Ulster sobre a segrega��o no norte da Irlanda, e formas pelas quais ativistas comunit�rios est�o tentando atenuar suas repercuss�es divisionistas.

Um autoridade destacada em segrega��o na Irlanda do Norte, o Dr Peter Shirlow, por suas investiga��es intensas sobre o assunto foi convidado para a confer�ncia "Cidades Divididas em Zonas de Conflito", a se realizar no Centro de Estudos de M�dia e Comunica��es da Universidade Centro-Europ�ia em Budapeste.

"A realidade �bvia � que a nossa situa��o pol�tica � menos vol�til que a da Palesiina/Israel. Entretanto, os delegados palestinos e israelenses procuram conhecimento sobre como outras estrat�gias de paz sobrevivem apesar das dificuldades �bvias", disse o Dr.Shirlow, professor senior de geografia humana no campus de Colerain da Universidade de Ulster.

"� claro que, a despeito de alguma instabilidade remanescente na Irlanda do Norte, nosso processo de paz � visto como tendo alcan�ado algum grau de sucesso e sustentabilidade. Similarmente, cidades como Mostar est�o tratando de uma situa��o como a de Belfast nos anos '70, que foi afetada por r�pidos processos de corros�o social e segrega��o".

Entre os conferencistas estar�o Menachem Klein, professor de Ci�ncia Pol�tica na Universidade Bar Ilan [e veterano ativista do PAZ AGORA], que foi assessor da delega��o de Israel na c�pula de Camp David em 2000 e membro da equipe israelense que negociou o Acordo de Genebra.

Klein recentemente falou em Washington no Carnegie Endowment sob o patroc�nio da Foundation for Middle East Peace e a APN - Americans for Peace Now.

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O  PLANO DE DESLIGAMENTO DE SHARON OU O ACORDO DE GENEBRA ?

[Menachem Klein - Summer Edition do Logos Journal - www.logosjournal.com  07/05/04 ]

- traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

O Acordo de Genebra � o pesadelo de Sharon. �s v�speras do referendo do Likud sobre o plano de desligamento de Sharon, ele amea�ou que caso n�o tivesse sucesso, Genebra seria a alternativa. Sharon est� t�o preocupado com Genebra (ou iniciativas similares como o plano [A Voz dos Povos ] de Nusseibeh-Ayalon, que insistiu para o presidente Bush incluir a seguinte frase na carta que o presidente entregou a Sharon durante seu encontro em Washington em abril: �Os Estados Unidos far�o o m�ximo para evitar qualquer tentativa por qualquer um de impor qualquer outro plano  ... da minha pr�pria vis�o e sua implementa��o, como descrito no road map".  Para explicar por que Sharon est� t�o preocupado com Genebra, irei compar�-lo com o plano de Sharon.

O compromisso de Sharon evacuar os assentamentos em Gaza � uma cortina de fuma�a. Retirar 17 assentamentos de Gaza n�o terminar� a ocupa��o da Faixa de Gaza. Sob o plano de Sharon, Israel ir� manter o controle israelense sobre o espa�o a�reo de Gaza, seu mar territorial, e todos as passagens de fronteira. Tamb�m tem em vista que o ex�rcito israelense e os servi�os de seguran�a continuar�o a ter liberdade para operar ali. Gaza assim se tornar� uma vasta pris�o sob o controle externo do ex�rcito de Israel, que manter� o direito de intervir.

A decis�o de Sharon implementar seu plano unilateralmente tamb�m � problem�tica. Ao evitar negocia��es com os palestinos para a evacua��o dos assentamentos de Gaza, Israel n�o recebe nenhum avan�o para a paz. Em contraste, o Acordo de Genebra oferece procedimentos de seguran�a para Israel, um fim �s reivindica��es, e um final para o conflito em troca da retirada dos assentamentos. Al�m disso, e este � meu principal argumento, ao focar o debate na evacua��o os dos assentamentos da Faixa de Gaza, Sharon objetiva disfar�ar seu objetivo estrat�gico de consolidar o controle de Israel sobre a Cisjord�nia. Ele est� disposto a sacrificar os assentamentos civis de Gaza para consegui-lo. O plano de Sharon para a Cisjord�nia � definido por tr�s aspectos do sistema da "barreira de separa��o" que Israel est� construindo unilateralmente ao longo de um tra�ado aprovado pelo gabinete israelense em junho de 2002 e outubro de 2003. Esses s�o os territ�rios que a barreira ir� cercar; o territ�rio que ir� ficar do lado israelense da barreira; e os assentamentos que, de acordo com a vis�o de Sharon e seus compromissos, devem ser retidos.

A barreira de separa��o ter� 686 km de extens�o, incluindo o tra�ado que ter� em torno do assentamento de Ariel, enquanto a Linha Verde, fronteira anterior a 1967 tinha apenas 350 quil�metros. A fronteira definida pela barreira ser� aumentada para cerca de 786 km, assumindo que Sharon implemente seu plano de estend�-la de forma que deixe os assentamentos de Maal� Adumim, Jerusal�m Oriental e Kiriat Arba, pr�ximo a Hebron, do lado israelense.

Os planejadores militares de Sharon tamb�m tra�aram uma linha para a barreira de separa��o no vale do Jord�o, � leste, que tem 143 km, embora uma porta-voz de Sharon tenha dito que o muro oriental n�o ser� constru�do por enquanto. Contudo, Sharon sempre disse que Israel ir� reter o Vale do Jord�o at� uma linha a cerca de 10 km a oeste do Rio Jord�o. A pol�tica de Sharon de permanecer no Vale do Jord�o � confirmada pela loca��o ali tanto de assentamentos "legais" que ele dever� manter, como de �postos avan�ados ilegais" que est�o ali sendo constru�dos. S�o cerca de 37 postos avan�ados nessa regi�o, cujo prop�sito � adensar os grandes assentamentos estabelecidos na regi�o ao longo do Vale do Jord�o. O fato de o governo estar oferecendo casas em assentamentos estabelecidos no Vale do Jord�o a novos compradores israelenses � uma maior evid�ncia da inten��o de Sharon preservar esta �rea, de fato, como parte de Israel.

O Controlador do Estado de Israel reportou que o Ministro da Habita��o gastou 6,5 milh�es de d�lares em constru��o de assentamentos ilegais durantes os �ltimos tr�s anos. Metade disto foi para postos avan�ados ilegais, sem atentar para o fato de que o road map determina o desmantelamento de todos os postos avan�ados, e Sharon prometeu faz�-lo. O ex�rcito israelense, a Organiza��o Sionista, a Ag�ncia Judaica, o Minist�rio de Infra-estrutura, e o pr�prio primeiro-ministro Sharon foram c�mplices deste absurdo.

Se Sharon apenas construir a parte Oeste da barreira de separa��o, Israel j� estar� anexando, de fato, cerca de 20% da Cisjord�nia. Se ele estender a barreira para o Vale do Jord�o, ou mesmo se ele apenas cumprir seu compromisso de controlar o Vale do Jord�o sem uma barreira, Sharon ter� anexado, de fato, cerca de 45% da Cisjord�nia. As �reas que Sharon planeja reter sob seu plano s�o muito similares �quelas do mapa que Israel prop�s aos palestinos na c�pula de Camp David em 2000.

� claro que a linha da barreira de separa��o no Oeste e a barreira virtual no leste, mesmo se uma barreira real n�o for constru�da ali,  n�o s�o baseadas apenas em considera��es de seguran�a. S�o basicamente designadas a preservar a maioria dos assentamentos e para dividir, conter e controlar as �reas palestinas povoadas.

Agora, comparemos o Acordo de Genebra com o plano de Sharon. Primeiro, se assumimos que Sharon pretende anexar apenas 20% da Cisjord�nia, isto se compara a apenas 2% que seria anexado sob o Acordo de Genebra. Esses 2% incluiriam as �reas nas quais mais de 50% dos colonos residem.

Sob o Acordo de Genebra, nenhum palestino ser� anexado a Israel e nenhum colono ficar� no lado palestino da fronteira. Em compara��o, sob o plano de Sharon 375.000 palestinos da Cisjord�nia restaria no lado israelense da barreira, 200.000 dos quais s�o residentes palestinos de Jerusal�m Oriental. 50 mil vivem logo nas vizinhan�as da cidade. Os outros 125 mil vivem no resto da Cisjord�nia, a Oeste da barreira de separa��o. Eles ficariam entre a fronteira internacional de 4 de junho de 1967 e a cerca que os separa do territ�rio palestino.

Al�m disso, sob o plano de Sharon, mais 200 mil palestinos da Cisjord�nia, principalmente em �reas rurais pobres, ser� confinados em enclaves. O plano de Sharon evacuar� apenas quatro pequenos, semi-vazios e muito distantes assentamentos no norte da Cisjord�nia. O plano preservaria os outros 58 assentamentos israelenses no cora��o da Cisjord�nia no lado palestino da barreira de separa��o. Para proteger esses 58 assentamentos, Israel ir� conter e controlar os palestinos atrav�s de uma combina��o de sensores eletr�nicos, bloqueios de estradas e postos de controle que criar�o barreiras adicionais dentro da barreira de separa��o.

Os 58 assentamentos autorizados, aos quais se pode adicionar mais uns 80 postos avan�ados "ilegais", cont�m cerca de 70 mil colonos. Eles ter�o 700 km de estradas para seu (e do ex�rcito israelense) uso exclusivo. � claro por estes dados que Sharon n�o tem inten��o de se desligar da Cisjord�nia. O vice de Sharon, Ehud Olmert, recomendou uma retirada bem maior da Cisjord�nia, evacuando 40 a 44 mil colonos para Israel. Sharon rejeitou isto porque ainda est� comprometido psicol�gica e ideologicamente, e por raz�es de seguran�a, ao projeto israelense de assentamentos, o maior realizado por Israel desde a guerra de 1967. A escala massiva do empreendimento de coloniza��o criado sob a lideran�a de Sharon sem seus postos ministeriais anteriores e hoje como primeiro-ministro fala por si mesma. Duvido que Sharon seja capa de cruzar o Rubic�o e reverte-o.

A barreira de separa��o de Sharon ir� incorporar a Israel 154 mil colonos nos cinco principais blocos de assentamentos que Sharon declarou que ir� preservar, e 70 mil colonos adicionais no lado palestino da barreira tamb�m ficar�o sob controle israelense. Sob o Acordo de Genebra, apenas 110 mil colonos israelenses, ou seja, 50% do total, seriam anexados a Isael e nenhum assentamento ficaria do lado palestino da fronteira. Em contraste, o plano de Sharon iria reter cerca de 225 mil colonos, locados em ambos os lados da barreira, sob controle israelense, ou cerca de 99% do total.

A diferen�a entre os 20% do territ�rio (n�o incluindo o Vale do Jord�o e as �reas constru�das dos 58 assentamentos no lado palestino da barreira) a serem anexados sob o plano de Sharon, e os 2% do territ�rio a ser absorvido por Israel sob o Acordo de Genebra � tamb�m grande. As diferen�as entre os colonos e terra a serem anexados, de jure ou de fato, sob os dois planos reside na estrat�gia de Sharon anexar o m�ximo de territ�rio da Israel b�blica e o n�mero m�ximo de assentamentos. Para conseguir isto, ele est� disposto a aceitar a inevit�vel anexa��o de fato de muitos palestinos. Em contraste, o Acordo de Genebra favorece a retirada de muito mais terras e assentamentos, de forma a por fim � ocupa��o dos palestinos.

A retirada unilateral dos assentamentos de Gaza traz o risco de que Gaza seja controlada por uma coaliz�o do Hamas, Jihad Isl�mica e de fac��es radicais da Fatah. De forma geral, � de grande interesse para Israel conseguir um acordo definitivo com os palestinos, e isto apenas pode ser alcan�ado por negocia��es.

Sharon justifica agir unilateralmente, afirmando n�o existir nenhum parceiro com quem negociar na atual lideran�a palestina. Outros, como Ehud Barak, v�o mais longe, dizendo que o povo palestino n�o � um parceiro e que Israel ter� que aguardar a emerg�ncia de uma nova gera��o de palestinos antes que possa haver paz.

Em contraste, o Acordo de Genebra afirma que tanto a atual lideran�a palestina, como o povo palestino, s�o parceiros para a paz. Genebra faz um chamamento ao refor�o dos palestinos moderados atrav�s de negocia��es com eles e reconhecimento de sua legitimidade. Mas Sharon se recusa a tratar com Abu Al� o primeiro-ministro Ahmed Qurei] ou qualquer outro l�der moderado palestino.

O plano de Sharon para a Cisjord�nia n�o contempla a responsabilidade israelense de governar diretamente os palestinos e fornecer-lhes servi�os caros como educa��o, sa�de e servi�os municipais. Mas os planos Sharon controlar os palestinos mantendo tropas do ex�rcito israelense na Cisjord�nia, controlando as principais estradas e as fronteiras da Cisjord�nia e Gaza, incluindo seu litoral. Em resumo, Sharon deseja conter 3,2 milh�es de palestinos, controlando-os por ora de suas �reas populosas com muros e cercas, mantendo o acesso militar e dividindo em enclaves o espa�o interno deixado para os palestinos, sem aceitar responsabilidade por govern�-los. Sharon responde ao argumento de que isto amea�a a maioria judaica,  afirmando que, em fun��o de os palestinos n�o receberem cidadania israelense e n�o serem governados diretamente por Israel, n�o existir� nenhum problema demogr�fico ou de um Estado bi-nacional.

Os moderados em Israel dizem que o plano de Sharon ir� destruir a democracia israelense. Eles afirmam que se Israel mantiver controle permanente, mesmo que seja indireto, sobre uma maioria palestina, Israel estar� se tornando, de fato, um Estado bi-nacional judeu-�rabe.

Eu concordo.  Se Sharon seguir seu caminho, Israel ir� tornar-se uma combina��o de um Estado militarizado como a antiga Esparta e um Estado de apartheid como a antiga �frica do Sul, que nega direitos iguais � maioria, criando um sistema que eu chamo de "Spartheid". Isto iria violentar valores judaicos e minaria moralmente a vis�o sionista de um Estado judeu democr�tico.

A vis�o alternativa de que o sionismo deveria ser expansionista e que a aquisi��o de territ�rios na Cisjord�nia e Gaza deve continuar atrav�s do uso do ex�rcito, assentamentos e coopera��o entre ambos � hoje obsoleta. Aquele conceito de sionismo deve dar lugar a um novo sionismo que enfatize o crescimento e bem-estar de um Estado judeu democr�tico dentro das fronteiras anteriores a 1967, em paz com os palestinos e outros Estados �rabes. Isto deve ser conseguido atrav�s da diplomacia, n�o da for�a.

Israel deve abandonar ambi��es de controlar territ�rios palestinos e renovar sua aten��o para construir uma sociedade israelense melhor pela melhoria da educa��o, bem-estar social e infra-estrutura. Alterar o projeto israelense da expans�o e coloniza��o para a reconstru��o interna ir�  demandar uma mudan�a na identidade israelense. Ser� muito dif�cil, mas precisa ser feito.

Lamentavelmente, as pol�ticas de Sharon est�o levando Israel para outra dire��o. A abordagem alternativa � o Acordo de Genebra, que iria renovar negocia��es para um status definitivo com parceiros moderados palestinos. Israel e os Estados Unidos tamb�m devem se aproximar de outros parceiros que t�m sido exclu�dos, como os europeus e os pa�ses �rabes moderados, e inclu�-los como partes da abordagem de Genebra.

Uma nova alian�a entre moderados e pragm�ticos, israelenses e palestinos, iria enfraquecer os religiosos fundamentalistas e extremistas em ambos os lados. Nossos parceiros palestinos em Genebra desejam isto, n�o menos do que n�s. O desafio deles em evitar uma vit�ria dos extremistas palestinos do Hamas e da Jihad Isl�mica � t�o grande quanto o nosso de resgatar Israel do projeto de coloniza��o e dos graves perigos da tentativa de dominar e controlar os palestinos.

Alguns israelenses dizem que dentro de dez anos, iremos ver atr�s a decis�o de Sharon evacuar assentamentos em Gaza como parte de um projeto maior de desenraizar todos os assentamentos, passo a passo. Mas eu n�o vejo evid�ncia, a julgar pelas declara��es e atitudes passadas de Sharon, que  ele tenha essa inten��o. Na verdade, todas as evid�ncias levam a um plano de Sharon de colocar a Cisjord�nia como o objetivo central de seu plano de "desligamento".

Para derrotar o plano de Sharon, a oposi��o israelense deve se expressar de forma mais efetiva em favor de sua alternativa, expondo os perigos do plano de Sharon para o futuro de Israel. Os l�deres da oposi��o de Israel devem resistir a tentativa de Sharon coopt�-los, trazendo-os ao seu gabinete num governo de "unidade". O papel da oposi��o � o de transformar a opini�o p�blica em apoio aos seus pr�prios objetivos, assim persuadindo Sharon a mudar, ou ceder lugar para uma nova lideran�a.

A maioria dos israelenses hoje est� convencida de que a maioria dos palestinos ap�ia o terrorismo e odeia judeus. Israelenses tendem a acreditar no que seus l�deres dizem, e esta � a mensagem que ouvem do governo Sharon. Por outro lado, a maioria dos israelenses reconhece que o status quo � insustent�vel e que algo deve ser feito.

Os palestinos t�m uma imagem especular dos israelenses e tendem a demoniz�-los. Paradoxalmente, em ambos os lados muitos continuam a apoiar respostas violentas, enquanto ao mesmo tempo entendem que a viol�ncia n�o est� dando resultados e que algo diferente � necess�rio. Para os israelenses, o desligamento unilateral parece ser a resposta.

Cedo ou tarde, ambos os lados reconhecer�o que apenas um acordo negociado ter� sucesso, e, nesse contexto, a l�gica de um acordo mutuamente negociado nas linhas de Genebra � muito forte.

(*) Menachem Klein � um famoso escritor israelense e professor de Ci�ncia Pol�tica na Universidade de Bar Ilan. Foi assessor da delega��o de Israel na c�pula de Camp David em 2000, e tamb�m membro da equipe israelense que negociou o Acordo de Genebra . Este artigo � baseado numa palestra que deu em Washington sob o patroc�nio da Foundation for Middle East Peace e da APN - Americans for Peace Now [www.peacenow.org ] em 07/05/2004.

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org (vers�o em portugu�s). Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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OS ACORDOS DE GENEBRA

APENAS MAIS UM PLANO DE PAZ ?

CONFER�NCIA DO DR. NAZMI AL-JUBEH

- do Centro para Conserva��o Arquitet�nica - RIWAQ -  Ramalah -

[ PASSIA - Palestinian Academic Society for the Study of International Affairs - www.passia.org  10/02/2004 � traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

 Os Acordos de Genebra chamaram aten��o porque ofereceram esperan�a de uma nova dire��o, uma sa�da do atual caos. O documento de Genebra representa um compromisso, e n�o uma posi��o palestina em si. Portanto, n�o � justo criticar os negociadores por n�o produzirem um tratado que se conforme aos objetivos de qualquer fac��o espec�fica da na��o palestina. � o resultado de conversa��es com os israelenses, e inevitavelmente haver� alguns compromissos. Os palestinos n�o conseguir�o obter tudo que querem, tanto quanto os israelenses tiveram que fazer concess�es.

Participantes:


Fatima Abdo, MA studies on Jerusalem; Ibrahim Shaban, Lecturer An Najah University; Mohammed Nuseibeh, Islamic Higher Council; Hanlie Booysen, South African Representative Office to the PA; Khalil Assali, VOA; Elisabeth Petersen, FES; Sarah Albrecht, FES; Peter Shafer, FES; Jamal Al-Aref, Deputy Director of ANERA; Hatem Abdul Qader, PLC Member; Elias Zananiri, RFI; Ishaq Budeiri, Arab Studies Society; Andrew Whittaker, British Consulate; Maha Abusamra, UNRWA; Rafiq Husseini, Welfare Association; Saman Khoury, Media Advisor; Christian Stevzing, Heinrich-Boell Foundation; Sari Hanafi, Director, Shaml; Catherine Nichols, Sabeel; Nick Kardahji, Hijazi Natshe, Mahdi Abdul Hadi, PASSIA. 


O palestrante, Dr Nazmi Jubeh, deu uma vis�o geral dos Acordos de Genebra de 2003, as dificuldades encontradas durante a negocia��o, e sua vis�o do papel dos Acordos para o futuro. A esta narrativa se seguiu uma sess�o animada de perguntas e respostas, durante a qual muitos participantes levantaram quest�es sobre os Acordos.

O Cen�rio de Genebra

O Dr Jubeh iniciou fazendo algumas observa��es sobre os Acordos de Genebra. Primeiramente ressaltou a sua diferen�a por ter atra�do tanta aten��o da m�dia. Isto o faz distinto de outras propostas recentes. Existe um v�cuo pol�tico na Palestina que desde a erup��o da Intifada, se n�o antes e os Acordos chamaram aten��o porque ofereceram esperan�a de uma nova dire��o, uma sa�da do atual caos.

O palestrante sublinhou que o documento de Genebra representa um compromisso, e n�o uma posi��o palestina em si. Portanto n�o � justo criticar os negociadores por n�o produzirem um tratado que se conforme aos objetivos de qualquer fac��o espec�fica da na��o palestina como um todo. � o resultado de conversa��es com os israelenses, e inevitavelmente haver� alguns compromissos. Os palestinos n�o conseguir�o obter tudo que querem, tanto quanto os israelenses tiveram que fazer concess�es.

Todos t�picos principais no acordo j� foram acordados separadamente em fun��o de discuss�es no passado entre a OLP e o governo de Israel, ou entre representantes das partes e negociadores n�o-oficiais do lado israelense. Os negociadores n�o quebraram qualquer ponto novo. Sua conquista foi ao combinar todos esses pontos num �nico documento.

O ponto de partida dos Acordos foram as negocia��es de Taba em 2001. Elas forneceram a vis�o e o escopo para o acordo, e os negociadores preencheram os detalhes restantes. Muitas vezes foi uma quest�o de linguagem. Por exemplo, com respeito ao conflito sobre o Monte do Templo, Israel estava preparado para aceitar o "controle" palestino do local, mas n�o a "soberania".

O documento de Moratinos n�o foi particularmente significativo. Foi apenas um entre v�rios pap�is estudados pelos negociadores, no in�cio das negocia��es. Em sua opini�o este documento em particular foi meramente uma s�ntese neutra das posi��es que a OLP e Israel atingiram ao final de Taba, e, portanto, n�o acrescentou nada de novo.

O Dr Jubeh listou os seguintes pontos-chave que serviram como linhas mestras para a negocia��o:

�      Objetivaram uma solu��o de Dois Estados

�      As fronteiras de 1967 foram a base para as negocia��es

�       Nenhum palestino morador dentro das fronteiras de '67 ficaria sob a soberania israelense e vice-versa

�      Jerusal�m como capital de Dois Estados

�      Ao fim das negocia��es, todos os temas ser�o "encerrados", ou seja, ter�o sido objeto de acordo.

�      Cada lado deve reconhecer a validade das reivindica��es feitas pelo outro

�      Deve haver um acordo definitivo, o que significa que nenhuma reivindica��o posterior ser� permitida ap�s

Entre os temas mais dif�ceis, que consumiu o maior tempo de negocia��o, foi primeiramente a quest�o dos refugiados. O status de Jerusal�m foi bem menos problem�tico, especialmente porque os negociadores vinham de uma perspectiva secular. Sobre refugiados finalmente se tornou poss�vel desenvolver um enunciado que ambos os lados puderam aceitar.

A segunda maior �rea de atrito foi a demanda israelense de que os palestinos reconhe�am o "car�ter judaico de Israel". Para os negociadores palestinos esta era uma demanda estranha, com a qual estavam descontentes, primeiramente porque nenhum outro pa�s pede a outros para "reconhecer seu car�ter", e em segundo lugar pelas preocupa��es pela grande minoria n�o-judaica de Israel. Qual ser� o destino dos �rabes que vivem na Galil�ia e em outros lugares, sob esse acordo?

Com rela��o a Jerusal�m, havia problemas com vista a uma s�ria de temas secund�rios, embora o princ�pio de dividir a cidade tenha sido aceito logo de in�cio como acima mencionado. Por exemplo, os limites exatos dos assentamentos israelenses localizados dentro das fronteiras municipais da cidade foram discutidos. Outros desacordos afloraram sobre o futuro do bairro de Beit Safafa, da Estrada n� 1 e do Port�o de Jaffa.

Os detalhes precisos da troca de terras e o destino dos palestinos presos em Israel foram outra �rea de dificuldade. O primeiro caso foi resolvido reduzindo-se a quantidade de terra a ser trocada a 2,2%. Entretanto os palestinos ficaram descontentes por n�o conseguir terra de boa qualidade em troca de blocos de assentamentos.

Para os prisioneiros, os israelenses queriam manter alguns dos prisioneiros mesmo ap�s a assinatura de um acordo de paz. Claramente isto era inaceit�vel para a equipe negociadora palestina, que argumentou que estes eram prisioneiros pol�ticos, detidos durante uma situa��o de conflito e, portanto, deveriam ser libertados quando a paz fosse declarada. Ao final, os israelenses concordaram que todos prisioneiros seriam soltos dentro do per�odo de 30 meses ap�s o acordo.

Todos outros temas foram resolvidos de forma relativamente r�pida, e foram baseados em grande parte no que j� havia sido acordado em conversa��es anteriores.

O Dr Jubeh comentou sobre relatos de que partes do acordo n�o foram publicadas. Afirmou que essas "teorias conspirat�rias" eram falsas e que todas as partes tinham sido publicadas, pelo conhecimento que tinha como algu�m que participara das negocia��es desde o in�cio. Ele tamb�m disse que os negociadores estavam atentos ao problema de poss�veis m�s interpreta��es (como ocorreu com o acordo de Oslo), mas frisou que � imposs�vel alcan�ar clareza total.

O conferencista ent�o entrou na discuss�o das negocia��es de Taba. Disse que Arafat tinha feito um erro fundamental naquelas conversa��es, acreditando que quando foram rompidas iriam se reiniciar ap�s algumas semanas ou meses. Mas n�o foi o que aconteceu, pois Barak j� estava sendo derrotado nas elei��es e tentou usar as conversa��es para refor�ar seu apoio. De acordo com o Dr. Jubeh muito tempo foi desperdi�ado durante as negocia��es por manipula��es de Barak.

O Dr. Jubeh, descreveu os objetivos dos dois lados durante as negocia��es do Acordo de Genebra, da seguinte maneira:

- Para os israelenses:

Eles estavam procurando um caminho para reconstruir o abalado campo pacifista e seu papel na sociedade israelense. Desejavam reciclar sua for�a pol�tica e construir uma oposi��o a Sharon. De acordo com o Dr Jubeh este � um objetivo leg�timo e "n�s est�vamos contentes em construir uma plataforma para a esquerda israelense".

Havia tamb�m preocupa��es com as dimens�es geogr�ficas do conflito, ou seja, o crescimento da popula��o palestina com rela��o � israelense. Os israelenses queriam achar um parceiro para chegar a uma forma aceit�vel de "separa��o".

Mais e mais israelenses come�aram a enxergar os custos morais, psicol�gicos, sociais e econ�micos da Ocupa��o. Eles est�o preocupados com que o tecido social da sociedade israelense seja permanentemente danificado pelas a��es israelenses nos Territ�rios Palestinos Ocupados e est�o ansiosos para dar um fim � Ocupa��o antes que um estrago permanente seja feito.

- Para os palestinos:

Os palestinos desejavam mostrar que existe um parceiro para a paz, apesar do que proclamam Barak e Sharon. Um acordo � poss�vel e o povo palestino est� pronto para negociar.

A maioria dos palestinos que participaram nas conversa��es n�o estava convencida de que a Intifada � algo positivo. Estavam preocupados com a deteriora��o das condi��es dos palestinos: todas as �reas de suas vidas foram prejudicadas. Somados a erros da lideran�a, os palestinos est�o numa posi��o negociadora fraca.

O Dr Jubeh disse que os palestinos que participaram da Iniciativa de Genebra contavam com cr�ticas e afirmou que o apoio que de fato receberam foi maior que o esperado. Muitas das cr�ticas foram baseadas numa m� leitura dos Acordos, algumas vezes deliberadamente. Se as pessoas se inteirarem de fato do texto do acordo lendo todo seu conte�do, poder�o formar uma opini�o mais objetiva.

Tamb�m disse que ele e seus colegas foram beneficiados por n�o fazerem parte das estruturas de poder. As pessoas envolvidas n�o eram os atores principais ("n�s n�o somos os Abu's"), e apesar de o nome de Yasser Abed Rabbo estar associado ao acordo, ele teve muito pouco a ver com as negocia��es de fato. Alguns dos atores-chave na Autoridade Palestina, embora reivindicando apoio aos negociadores durante as conversa��es, agora come�aram a publicamente condenar o acordo por raz�es oportunistas.

O Dr Jubeh admitiu que ainda havia muito trabalho pela frente. O acordo foi vendido no estrangeiro, mas n�o na Palestina. N�o foi feito esfor�o suficiente para envolver a popula��o e ganhar seu apoio.

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COMO PERDER OUTRA CHANCE DE PAZ

[ Qaddoura Fares (*) -  26/10/2004 � Haaretz � traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

O ministro da Autoridade Palestina discute as chances de sucesso do "Plano Sharon" de desligamento unilateral. Fares defende que apenas uma negocia��o bi-lateral, como o modelo da Iniciativa de Genebra, pode trazer uma solu��o justa para o conflito: "Mesmo que alguns possam discordar de algumas cl�usulas da Iniciativa de Genebra, ela continua sendo o modelo que prova que a paz � poss�vel e vi�vel."

כדורא פארס Xclique na foto e ou�a QADDOURA FARES

O primeiro-ministro israelense Ariel Sharon n�o � o �nico a desejar que seu plano unilateral de desligamento tenha sucesso. Muitos no lado palestino gostariam de v�-lo funcionar, certamente no contexto da sa�da das tropas israelenses de Gaza e do desmantelamento de assentamentos judeus. Mas o plano, como se apresenta hoje, e a julgar pelo que as autoridades de Israel nos dizem, n�o tem chance de ser bem sucedido.

O �nico componente que o plano tem hoje � de seguran�a. Dizem a n�s, palestinos, que o sucesso do plano de Sharon pode levar um caminho bi-lateral que reviveria o processo de paz. Mas isto n�o � suficiente para convencer o povo palestino, cuja maioria n�o acredita ser a paz poss�vel sob o atual governo de Israel.

Al�m disto, n�o � poss�vel quando o pr�prio Sharon e seu assessor, Dov Weisglass, falam abertamente que o plano foi concebido originalmente para congelar o processo de paz e contornar o apoio popular e internacional que a Iniciativa de Genebra ganhou, ap�s ser assinada e oficialmente lan�ada em 01/12/2003.

Para que o desligamento unilateral tenha �xito, n�o pode ficar apenas sobre a perna da seguran�a. Ele precisa tamb�m de um componente pol�tico, assim como de um econ�mico.

Sem um componente pol�tico, dificilmente haver� um �nico palestino disposto a apoiar o plano de Sharon, mesmo quando ele fale de retirar as tropas israelenses da Faixa de Gaza. Este componente pol�tico � fundamental para garantir que o processo de "Gaza primeiro" n�o termine como "Gaza por �ltimo". O componente pol�tico � o �nico mecanismo que serve como plataforma de lan�amento de um processo de negocia��es abrangentes que leve a um aut�ntico final do conflito.

Muitos perguntam qual seria a alternativa. Outros defendem que o plano de Sharon � a �nica op��o em jogo e por isso "n�s precisamos lidar com ele positivamente". Isto � verdadeiro, mas s� em parte. A �nica op��o em jogo �, e deve continuar sendo sempre, um acordo negociado que ponha um fim a este conflito. Para sair do unilateralismo para o bi-lateralismo n�o � f�cil, talvez por causa do atual estado de coisas entre os governos da Palestina e Israel.

Mas a alternativa est� ali. Est� nas palavras de Sharon e de seu assessor. Ambos falaram da
 Iniciativa de Genebra como sendo um importante fator que os levou a adotar o desligamento unilateral dos palestinos.

Ambos entenderam que o impulso p�blico e internacional que a Iniciativa ganhou poderia muito provavelmente levar a uma campanha internacional de press�o sobre Israel para aceitar os par�metros da
 Iniciativa de Genebra.

Embora o desligamento unilateral possa ajudar Sharon por algum tempo, ele afinal ter� que encarar a necessidade de iniciar o processo de paz, a n�o ser que ele assuma que o atual impasse possa continuar permanentemente.

Apenas um acordo negociado pode terminar este conflito. Apenas um processo bi-lateral de conversa��es entre lideran�as de Israel e Palestina pode levar a tal acordo.

N�o obstante o fato de que alguns possam concordar ou discordar de certas cl�usulas da
Iniciativa de Genebra, ela permanece como o �nico modelo que prova que a paz � poss�vel e fact�vel. Acreditamos fortemente que um esfor�o concertado deve continuar, tanto no lado palestino quanto no israelense, para enfatizar que a �nica op��o em jogo, que conduz a uma solu��o justa, � a Iniciativa de Genebra, nem mais e nem menos.


(
*) Qaddoura Fares � Ministro de Estado da Autoridade Nacional Palestina , membro do Conselho Legislativo Palestino e um dos negociadores e signat�rios da Iniciativa de Genebra. � tamb�m membro do Comit� Executivo da  PPC - Coaliz�o Palestina da Paz / Iniciativa de Genebra - Palestina - www.ppc.org.ps

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UM CHAMADO PALESTINO PARA REATIVAR A PARCERIA

[ Qaddoura Fares (*) - 28/09/04 - FORWARD - tradu��o PAZ AGORA/BR ]


[A} solu��o continua sendo a de dois Estados para dois povos. � aceita por uma maioria de palestinos e israelenses, pela comunidade internacional e consistente com a lei internacional. Fazer elei��es palestinas numa atmosfera pac�fica - onde haja uma parceria ativa para alcan�ar um acordo e uma sensa��o de esperan�a, entre o povo palestino, de que ser�o capazes de se livrar da ocupa��o - poder� fortalecer aqueles que acreditam na democracia, na reforma e num acordo politicamente equilibrado.

Estes �ltimos quatro anos do confronto palestino-israelense, o per�odo mais violento e sangrento desde a primeira ocupa��o israelense de territ�rios palestinos, provam que quanto mais continuar a ocupa��o, pior ser� o sofrimento de ambos os povos.

N�o foi coincid�ncia que os confrontos come�aram ap�s as negocia��es terem parecido haver fracassado. Apesar de 4 anos de morte e sofrimento, e a despeito das complexas camadas hist�ricas e religiosas deste conflito e de seu impacto regional e internacional, uma solu��o pol�tica � ainda assim vi�vel. E essa solu��o continua sendo a de dois Estados para dois povos. Esta solu��o � aceita por uma maioria de palestinos e israelenses, e tamb�m � apoiada pela comunidade internacional e consistente com a lei internacional.

Mesmo que nenhum acordo de paz tenha sido alcan�ado durante a C�pula de Camp David em 2000, os palestinos e israelenses estiveram muito perto de finalizar um acordo durante as negocia��es de Taba, pouco depois. Mas fatores dom�sticos israelenses, particularmente a convoca��o, pelo ent�o primeiro-ministro Ehud Barak, de elei��es antecipadas e a subseq�ente recusa pelo primeiro-ministro Sharon a negociar, evitou a conclus�o a partir do ponto em que as negocia��es foram deixadas.

A necessidade de uma solu��o de dois Estados como base para qualquer acordo � entendida claramente pela maioria dos palestinos e israelenses. A quest�o � se suas lideran�as poder�o vencer as diferen�as entre os dois lados nos temas mais sens�veis. Ultrapassar esses obst�culos requer em primeiro lugar o desejo de faz�-lo, algo que o atual governo de direita de Israel - cujos l�deres se opuseram ao processo de paz de Oslo - n�o t�m.

O atual governo israelense recusa-se a negociar um acordo definitivo que leve ao estabelecimento de uma Palestina vi�vel, lado-a-lado com Israel. A direita israelense n�o negocia, ela imp�e sua vontade. Isto � melhor demonstrado pela insist�ncia de Sharon em se retirar unilateralmente de Gaza sem a menor coordena��o ou negocia��o com os palestinos, enquanto continua a constru��o do muro na Cisjord�nia, expandindo col�nias ilegais israelenses nos territ�rios ocupados palestinos e completando o cerco da Jerusal�m Oriental ocupada sob o pretexto de n�o ter um parceiro palestino para paz.

Este refr�o il�gico de "n�o existir parceiro palestino" � usado para justificar pol�ticas que continuam o conflito, e n�o o resolvem. A l�gica determina que qualquer parceria de sucesso requer uma base consistente e um objetivo comum. Uma parceria baseada na desigualdade, onde o objetivo de uma parte � continua sua ocupa��o sobre a terra da outra, seguramente fracassar�.

Jamais haver� um parceiro palestino que aceita um acordo que proporcione nada menos que todos os direitos nacionais do povo palestino.. Sharon ainda n�o aceitou este fato, e procura por press�o militar alterar a lideran�a democraticamente eleita dos palestinos ou suas posi��es. Isto, � claro, ocorre com a complac�ncia do governo americano.

Esta estrat�gia de coer��o pol�tica, diplom�tica e mesmo militar para mudar a lideran�a palestina, ou para infligir tal sofrimento no povo palestino que seu desespero se volte contra seus pr�prios l�deres, n�o trar� uma mudan�a de lideran�a.

A estrat�gia de Israel poderia levar a um colapso das estruturas governamentais palestinas formadas ap�s os acordos de Oslo. Isto pode bem ser parte do plano de Sharon, mas certamente nenhuma institui��o iria emergir em sua decorr�ncia que pudesse estar disposta a aceitar menos do que a atual lideran�a palestina j� indicou que aceitaria como parte de um acordo para terminar o conflito. A estrat�gia de Israel � uma receita para continu�-lo.

Antes que qualquer lado conclua apressadamente que n�o h� parceiro para a paz, ambos devem entender a base e o prop�sito da parceria. Para os palestinos, o objetivo da parceria � terminar a ocupa��o dos territ�rios ocupados em 1967 (inclusive Jerusal�m Oriental), estabelecer um Estado soberano palestino ao lado de Israel, e alcan�ar uma solu��o justa e acordada para o destino dos refugiados, consistente com a lei internacional, a iniciativa �rabe de paz e as posi��es da OLP.

Estas metas s�o consistentes com as propostas de paz que eu e outros representantes palestinos desenvolvemos com um grupo de proeminentes israelenses, conhecido como
Iniciativa de Genebra. Esta iniciativa representa as possibilidades de uma parceria baseada em igualdade e justi�a. A �nica coisa que falta � desejo pol�tico para transform�-la de uma iniciativa para um acordo.

Tal desejo pol�tico, por�m, n�o emergir� espontaneamente. Ele requer que os Estados Unidos altere fundamentalmente seu papel, da administra��o do conflito para sua solu��o. Em outras crises internacionais, como na ocupa��o iraquiana do Kuwait, limpeza �tnica na B�snia e Kosovo e apartheid na �frica do Sul, a comunidade internacional demonstrou uma clara disposi��o e compromisso com a aplica��o da lei e da justi�a.

Trazer paz � regi�o e terminar a ocupa��o israelense tamb�m demandar� um compromisso internacional. Sem ele, o conflito continuar�. Esperar, para trazer a paz, por evolu��es internas nas sociedades israelense e palestina, � uma estrat�gia falha.

Muitos depositaram suas esperan�as por paz na reforma [pol�tica] da Palestina. O caminho certo para reformas fundamentais � realizar elei��es abrangentes, legislativas, presidenciais e municipais, assim como elei��es livres internas em todas as partes pol�ticas, a come�ar de meu partido, Fatah, o maior partido pol�tico palestino.

Uma verdadeira reforma vai al�m do governo, e se estende tamb�m � sociedade civil. Elei��es em sindicatos profissionais, por exemplo, permitiriam a estes ocupar o papel a que t�m direito.na constru��o da democracia. Mas � imposs�vel realizar elei��es livres com postos militares israelenses restringindo o movimento de eleitores e candidatos, e enquanto o ex�rcito israelense se recusa a sair de cidades palestinas.

Em 13/09, Israel impediu o registro eleitoral na Jerusal�m Oriental, numa tentativa de bloquear elei��es. Isto prova que Israel n�o tem interesse em elei��es palestinas, ou num tipo de reforma que poderia delas emergir. Conseq�entemente, depende da comunidade internacional ajudar a criar as condi��es em que uma elei��o possa se realizar.

Fazer elei��es palestinas numa atmosfera pac�fica - onde haja uma parceria ativa para alcan�ar um acordo e uma sensa��o de esperan�a entre o povo palestino de que ser�o capazes de se livras da ocupa��o - poder� fortalecer aqueles que acreditam na democracia, na reforma e num acordo politicamente equilibrados.

Mas se houver elei��es com os soldados da ocupa��o perturbando as ruas, a maioria dos palestinos n�o ir�o �s urnas, os grupos isl�micos ter�o uma maior chance de sucesso eleitoral, pois se ap�iam no estado de pobreza, desespero e frustra��o resultantes da continuada repress�o israelense.

A maioria dos palestinos � mais liberal e apoiaria um acordo pol�tico equilibrado e a cria��o de um sistema pol�tico democr�tico. Mas a atual situa��o mant�m silenciosa a maioria, prejudicando a pol�tica interna palestina.

A nova gera��o da Palestina  uma gera��o que cresceu s� conhecendo a ocupa��o, sofreu pris�es e torturas por israelenses, e testemunhou a ocupa��o nas suas mais brutais formas  quer n�o apenas sua liberdade, mas tamb�m um Estado democr�tico palestino baseado na separa��o de poderes, vig�ncia da lei, pluralismo, prote��o de direitos das mulheres e o desenvolvimento de uma cultura pol�tica que coloque a Palestina entre as democracias do mundo.

Esta gera��o quer um Estado que rejeita a viol�ncia, procure a coexist�ncia, que n�o seja parte de nenhuma alian�a militar e n�o permita que sua terra seja usada para ataques contra seus vizinhos. Esta gera��o anseia por um Estado que viva em paz e seguran�a com o Estado de Israel e o povo judeu, cujo hist�rico sofrimento entendemos. Mas � tempo de essas v�timas sentirem e reconhecer o sofrimento das v�timas palestinas.

As vis�es e cren�as que mencionei acima representam a posi��o e ideais da nova gera��o de palestinos  uma gera��o cujos valores s�o melhor refletidos por meu amigo e companheiro, Marwan Barghouti, que est� hoje mantido numa pris�o israelense.


(*) Qaddoura Fares, Ministro de Estado da Autoridade Palestina, � membro do Comit� Executivo da Fatah na Cisjord�nia, deputado do Conselho Legislativo Palestino, e um dos negociadores e signat�rios palestinos da Iniciativa de Genebra. Este artigo foi publicado originalmente pela Forward [www.forward.com], tradicional publica��o de judeus progressistas em N.York, em 26/09/2004, antes da reelei��o de Bush e do falecimento de Arafat.

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org (vers�o em portugu�s).  Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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PACIFISTA ISRAELENSE FAZ PALESTRA NA PUC-SP

 [Roberta Jovchelevich - Jornal da PUC-SP - www.pucsp.br � 03/07/04]

 

<I><FONT size=2>O embaixador da Autoridade Nacional Palestina,<BR>
Musa Odeh, ao lado de Yael Dayan, no Tuca</I></FONT>

Embaixador da Autoridade Palestina

ao lado de Yael Dayan no TUCA

A pacifista israelense Yael Dayan esteve no Tuca na noite  de 17/6, onde proferiu a palestra �Dois Estados para Dois Povos�. Vice-prefeita de Tel Aviv, ela veio a S�o Paulo participar do evento Urbis 2004, a convite da prefeitura paulistana.

Ex-deputada do Knesset (parlamento israelense), Yael �  filha do general Moshe Dayan, ministro da Defesa na Guerra dos Seis Dias, em 1967, que definiu as atuais fronteiras do Estado judeu. Yael, no entanto, defende a sa�da dos territ�rios ocupados e a conviv�ncia pac�fica com o povo palestino, proposta que integra a Iniciativa de Genebra,   da qual � uma das promotoras. "Paz e ocupa��o s�o auto-excludentes. Espero que haja negocia��es, mas n�o enquanto houver col�nias e assentamentos."

Yael Dayan integra o MOVIMENTO PAZ AGORA, a Rede de Mulheres pela Paz (Conex�o Jerusal�m) e a Coaliz�o pela Paz no Oriente M�dio. Recebeu o Pr�mio de Direitos Humanos Bruno Kreisky (1991) e o Pr�mio para a Paz Olof Palme (1998). � autora de oito livros e uma das fundadoras do partido social-democrata Yahad.

Aproveitando sua passagem pela capital, os integrantes dos movimentos pacifistas internacionais Portas Abertas e PAZ AGORA promoveram o encontro na PUC-SP, do qual tamb�m participou o embaixador da Autoridade Nacional Palestina, Musa Odeh. Foi, ali�s, a primeira reuni�o na cidade entre uma lideran�a israelense e uma lideran�a palestina.

Em seu curto discurso, Odeh agradeceu a oportunidade de participar do evento ao lado "de uma grande mulher que trabalha pela paz e por nobres objetivos". Em seguida, acrescentou: "� preciso colocar um fim na ocupa��o israelense. N�s temos que viver juntos para sempre, a despeito de ser uma �rea muito pequena, mas que pode conter os dois povos".

Leia a seguir os principais trechos da enf�tica fala de Dayan, constantemente aplaudida pelo p�blico presente (cerca de 200 pessoas).

Fanatismo religioso

"O Oriente M�dio deve voltar a ser o ber�o das civiliza��es, aquilo que foi no passado. E isso � imposs�vel enquanto houver fan�ticos dos dois lados: uns usam palavras; outros, bombas; e outros, pedras. Mas o resultado � o mesmo."

Terrorismo

"O terrorismo n�o � parte da solu��o racional para se chegar a um acordo, porque quem o ap�ia n�o � a favor do Estado de Israel. Ningu�m do Hamas e do Jihad fala em dois Estados, o embaixador Odeh fala. O Hamas e o Jihad falam no aniquilamento de Israel."

Muro na Cisjord�nia

"Em Israel, lutamos contra o muro; ao se fazer o mal, n�o se consegue fugir do mal que se quer evitar. As bombas v�m das fronteiras de 1967 e a muralha n�o vai mudar isso."

Dois Estados

"As for�as armadas de Israel n�o impedir�o o Estado palestino. Dois Estados para dois povos ser� o pre�o mais barato que poderemos pagar. Espero voltar a S�o Paulo com uma boa nova."

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YAEL DAYAN:

SHARON FRACASSA NO DI�LOGO

[ Bianca Kestenbaum Banai - Folha Online  -  03/07/04 ]

� claro que a morte de Rabin sinalizou uma mudan�a de rumo, somando a intifada ... e o fracasso do governo Barak. A pergunta n�o � por que [os israelenses] n�o votam na esquerda; e, sim, por que votam na direita? Por que esta histeria em apoiar a direita, o racismo e o golpe nas camadas mais baixas da sociedade? Por que os mais fracos votam justamente em quem os prejudica? A esquerda existe e agora est� tratando das feridas ap�s o assassinato de Rabin. A esquerda tem um programa positivo de di�logo.

יעל דיין  Xclique na foto e ou�a YAEL DAYAN

Neste domingo (6), o Knesset (Parlamento de Israel) votar� o plano de desocupa��o total de Gaza e parcial da Cisjord�nia proposto pelo primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon.

O plano original de Sharon, rejeitado por seu partido, o Likud [direita], previa a retirada de 7.500 colonos judeus de Gaza e o desmantelamento de alguns assentamentos na Cisjord�nia. A nova proposta � uma vers�o bem atenuada, mas enfrenta resist�ncia de partidos e grupos contr�rios a qualquer concess�o aos palestinos, especialmente sem uma contrapartida.

"Se o plano de Sharon for aprovado neste domingo, ent�o � preciso iniciar a desocupa��o imediatamente. N�o se pode esperar que tenha mais um atentado terrorista para sair de Gaza", afirma a vice-prefeita de Tel Aviv e l�der do movimento pacifista
PAZ AGORA, Yael Dayan.

A pacifista considera haver parceiros para discuss�o do outro lado [palestino], mas como Sharon n�o consegue se entender com ningu�m, ela concorda que a sa�da seja unilateral e imediata.

Filha do general e ex-ministro da defesa de Israel Moshe Dayan, a ativista desembarca no pr�ximo dia 15 no Brasil. Ela � uma das autoridades estrangeiras a participar do encontro internacional de cidades - Urbis 2004 [congresso internacional de cidades promovido pela prefeitura de S�o Paulo], que acontece entre os dias 14 e 18 no Expo Center Norte, em S�o Paulo.

Dayan ap�ia a retirada total dos assentamentos israelenses em Gaza e na Cisjord�nia de forma unilateral, apesar de afirmar que h� palestinos interessados no di�logo e num esquema de paz com Israel.

Escritora, jornalista e membro da Parlamento israelense durante tr�s mandatos, Dayan passar� dois dias em S�o Paulo e um no Rio de Janeiro. Al�m da palestra sobre: "limites e perspectivas para o desenvolvimento das cidades e regi�es metropolitanas", no dia 16, ela foi convidada e aceitou fazer palestra na PUC-SP (Pontif�cia Universidade Cat�lica) e se encontrar com lideran�as da comunidade judaica.

Aos 65 anos, Dayan trabalha na prefeitura da maior cidade de Israel [Tel Aviv] al�m de atuar em diversos movimentos pacifistas, feministas e de homossexuais.

Em meio a viagens pelo exterior para divulgar suas id�ias pela paz e do plano alternativo de Genebra (Su��a), Dayan, que fala cinco idiomas [hebraico, ingl�s, espanhol, franc�s e grego] concedeu entrevista exclusiva � Folha Online, em hebraico.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Folha Online - A senhora pode nos adiantar qual enfoque vai dar sobre Tel Aviv, na sua palestra na Urbis 2004?

Dayan:� um encontro muito importante e vou falar sobre muitos problemas sociais da cidade. � uma metr�pole que atrai muita gente e por isto tem mais trabalhadores estrangeiros, mais imigrantes, problemas de drogas, prostitui��o e uma grande comunidade homossexual. Tudo � maior em Tel Aviv por se tratar de uma cidade grande, aberta e liberal. H� tamb�m problemas de bem-estar mas n�o �, se comparada por exemplo a Jerusal�m, uma cidade pobre.

Acredito que podemos dar exemplo em muitos assuntos, como os programas modernos de atendimentos �s crian�as, menores e na educa��o al�m de programas especiais que tratam da viol�ncia na fam�lia, de deficientes, de forma profissional.

Folha Online - Sobre a pol�tica de Israel e o governo do premi� Ariel Sharon, a senhora acha prefer�vel desocupar os territ�rios de Gaza de forma unilateral ou procurar parceiros para o di�logo?

Dayan-H� um programa, h� com quem falar do lado palestino. Podemos ir direto a um esquema final. Mas n�s n�o temos um governo que quer isto e o governo Sharon n�o � um parceiro para o di�logo. Do outro lado [palestino], sim, h� parceiros. E, por isto, n�s apoiamos qualquer iniciativa unilateral.

Folha Online - Mas o governo Sharon argumenta que n�o h� com quem conversar do lado palestino...

Dayan- Ok. Ent�o eles [membros do governo] fazem o que querem.

Folha Online - O jornal "Maariv" publicou ontem uma pesquisa na qual Sharon recebe apoio de 61% dos partid�rios do Likud [direita] e 51% de toda a popula��o. O que a senhora pensa sobre estes n�meros?

Dayan- Bem, o plano de Sharon � um programa m�nimo, mas � claro que a popula��o quer que algo aconte�a. As pessoas n�o aceitam mais serem ref�ns dos colonos. Este apoio n�o me causa surpresa. H� inclusive n�meros ainda maiores de israelenses que querem a desocupa��o total dos assentamentos.

Folha Online Mesmo com este apoio popular, Sharon se encontra numa "guerra de sobreviv�ncia". Ele n�o consegue ir adiante com seu plano que j� foi rejeitado no referendo realizado com seus partid�rios...

Dayan- Este plebiscito dentro do Likud foi um grande erro. N�o teve nenhuma validade e n�o d� legitimidade a nada.

Folha Online - Mas o resultado conseguiu paralisar o andamento do plano de retirada dos territ�rios...

Dayan- Bem, ele precisa receber autoriza��o para o plano. Ele viu que n�o tinha apoio da maioria do governo ent�o optou pelo plebiscito, pensando que venceria. Ele tem de aproveitar o apoio da maioria dos parlamentares e levar adiante a id�ia.

Folha Online - Sem qualquer esquema, os palestinos lan�am foguetes Qassam, de fabrica��o caseira, em cidades israelenses e continuam com os atentados. O que acontecer� ap�s a retirada das for�as militares de Israel que atualmente ocupam Gaza? A amea�a aumentar�?

Dayan- A inten��o � parar isto e acredito que a amea�a diminuir�. Eu ap�io a retirada de todos os territ�rios ocupados por Israel [Gaza e Cisjord�nia], fazer acordo e implantar um Estado palestino. Sem isto, � �bvio que o terror n�o vai acabar.

Folha Online - A senhora � uma das l�deres da iniciativa de Genebra [plano alternativo de paz redigido por israelenses e palestinos e lan�ado h� cerca de cinco meses]. Por que este programa saiu da pauta di�ria em Israel e n�o se v� nenhum avan�o sobre o assunto?

Dayan- Para aonde ele precisa avan�ar? O avan�o � no sentido de divulg�-lo e para receber apoio da popula��o. N�s realizamos palestras e eventos diariamente em diferentes cidades com este objetivo. Na manifesta��o que reuniu mais de 100 mil pessoas em Tel Aviv, h� duas semanas, n�s fomos dominantes. Por meio do site na Internet, pode-se ver atividades di�rias promovidas pelos l�deres israelenses e palestinos. Este � o nosso programa, nosso trabalho: passar por todo o pa�s e divulgar esta id�ia.

Folha Online - O plano n�o tem reconhecimento dentro no governo nem no Knesset (Parlamento israelense) e os partidos de oposi��o ao governo est�o em minoria. O que aconteceu com a esquerda?

Dayan- Esta � uma pergunta muito geral e quase demag�gica. O que se pode responder? O que voc� acha que aconteceu?

Folha Online - Algo foi perdido no meio do caminho depois da morte do ex-primeiro-ministro Yitzhak Rabin, assassinado em 1995 por um extremista judeu, e principalmente ap�s a ren�ncia de Ehud Barak que acabou resultando na volta da direita ao poder?

Dayan- � claro que a morte de Rabin sinalizou uma mudan�a de rumo, somando a intifada [revolta palestina contra a ocupa��o israelense] e o fracasso do governo Barak. A pergunta n�o � por que n�o votam na esquerda; e, sim, por que votam na direita? A resposta se encontra a�. Por que esta histeria em apoiar a direita, o racismo e o golpe nas camadas mais baixas da sociedade? Por que os mais fracos votam justamente em quem os prejudica? A esquerda existe e agora est� tratando das feridas ap�s o assassinato de Rabin. A esquerda tem um programa positivo de di�logo e que n�o se modificou na sua base nos �ltimos anos.

Quanto a vota��o que a direita recebe, n�o digo que o Arafat � respons�vel (Iasser, presidente da Autoridade Nacional Palestina), mas n�o � absolutamente errado que aqui o terror trocou o programa pol�tico, uma reconcilia��o ou esquema. E isto � muito confort�vel para a direita. Ela n�o tem plano pol�tico e n�o � exigida por isto. At� porque n�o conseguem nada. A direita � exigida quanto a problemas de seguran�a.

Folha Online - Por que os israelenses votam em Sharon, ap�iam o plano de retirada, desprezam a esquerda, mas no fundo est�o confusos j� que n�o acreditam que algo vai mudar?

Dayan- Na elei��o, eles [israelenses] v�o �s urnas e votam em Sharon. As pessoas falam que n�o sabem, ficam indecisas e dizem n�o saber em quem votar at� que uma urna � aberta e a maioria vota em Sharon. Isto n�o � confus�o, votar � uma escolha que, sem d�vida, mexe com a vida de todos. Isso n�o pode continuar para sempre. Afinal, o que � n�o fazer nada? O que tem de ser feito � desocupar os territ�rios e, at� que este processo n�o seja iniciado, n�o somos parceiros para nada. Essa cena gera grande apoio � retirada. As pessoas n�o s�o burras e querem ver a primeira fam�lia sair de Gaza e entrar no territ�rio israelense com suas crian�as, com seus pertences, e, neste momento, n�s [a esquerda] temos de voltar ao quadro pol�tico com toda a for�a.

Folha Online O que a senhora pensa sobre o apoio eg�pcio?

Dayan- Vem um pouco tarde, mas n�o � um jogo. Eles tamb�m est�o sendo pressionados como n�s, pelos americanos e por pa�ses europeus.

Folha Online - A senhora concorda com a id�ia que prop�e o fechamento da fronteira entre Israel e Gaza, obrigando, neste caso, a sa�da dos palestinos atrav�s do Egito e ao governo eg�pcio a responsabilidade pelo povo palestino?

Dayan- Por que eles deveriam sair pelo Egito? N�s ocupamos o lugar durante tantos anos. Antes de mais nada eles n�o s�o eg�pcios e tamb�m n�o h� motivo algum para os eg�pcios aceitarem isso. O Egito n�o quer nenhum papel, o que desejam � ter boas rela��es com os Estados Unidos e Europa. Eles far�o o m�nimo pois n�o nos suportam nem gostam dos palestinos.

Folha Online Que tipo de recep��o a senhora espera encontrar no Brasil com rela��o as suas id�ias esquerdistas?

Dayan- De um modo geral, os judeus brasileiros se identificam com a esquerda israelense, mas a comunidade judaica � problem�tica. Eles n�o aceitam o que n�o � de consenso. Eu espero que me escutem, que tenha imprensa que explique as coisas, mas sei que n�o tenho "cart�o de entrada gratuita" dentro da comunidade judaica do Brasil. N�o � confort�vel para eles as cr�ticas ao governo israelense, mesmo que concordem comigo.  

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ISRAEL N�O EST� EM PERIGO.

NOSSA IMAGEM E NOSSA DEMOCRACIA, SIM

 - Palestra de YAEL DAYAN na Bnai Brith, promovida pelos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA  -

[ S�o Paulo, 18/06/2004 ]

- Excertos transcritos por Lia Bergmann e Mois�s Storch  -

A Paz Poss�vel: Dois Estados para Dois Povos

Quando se fala do processo de paz [entre Israel e os palestinos] � preciso diferenciar o que sonhamos como ideal e o que � poss�vel. H�, por exemplo, os que sonham com o Grande Israel, do Eufrates ao Nilo. No entanto, se na realidade o Estado de Israel quer ser aceito pelas na��es, tem que se conformar �s leis internacionais.

H� uma trag�dia no Oriente M�dio. Os palestinos e os israelenses reclamam o direito a um mesmo peda�o de terra. Este conflito precisa ser resolvido com justi�a e legitimidade internacional.

Nem o Estado de Israel, que � muito forte, pode se apossar de toda terra pela for�a, e nem os palestinos conseguir�o obter seu pa�s pela viol�ncia, varrendo Israel do mapa.

A ï¿½nica solu��o consiste em dois Estados lado a lado, convivendo em paz. Esta solu��o asseguraria a exist�ncia de um estado judaico democr�tico em Israel, pois, do contr�rio, em breve os �rabes se tornariam maioria num pretenso estado judeu entre o Jord�o e o Mediterr�neo.

Enquanto persistir a ocupa��o de Gaza e da Cisjord�nia,  n�o haver� paz. Al�m do aspecto moralmente inaceit�vel da ocupa��o, ela se transformou em um ninho de fomento ao �dio, � guerra, ao terrorismo, e de tudo o que � contra a paz.

Assim o primeiro passo para a paz seria a cria��o de um Estado palestino ao lado de Israel. H� que se separar os dois povos, t�o machucados por anos de viol�ncia e raiva, para num passo posterior fomentar a boa vizinhan�a e a coopera��o regional, que se espera de vizinhos que vivem em paz.

Processo de Paz

O Road Map, promovido pelo Quarteto [Estados Unidos, Uni�o Europ�ia, R�ssia e ONU], foi aceito por todas as partes, inclusive pelos governos de Israel e da Autoridade Palestina. A Iniciativa de Genebra, da qual participo pessoalmente, n�o conflita com o Road Map mas � complementar a ele, representando um avan�o ao abordar detalhadamente aspectos cr�ticos, como a quest�o dos refugiados, a divis�o de Jerusal�m, o retorno �s fronteiras anteriores � 1967 com modifica��es mutuamente acordadas.

Existem muitos interlocutores confi�veis do lado palestino, o que em minha opini�o n�o inclui Arafat, que ao meu ver est� comprometido com o terror. Est� comprovado que ele assinou cheques beneficiando o terrorismo. A maior parte dos palestinos quer a solu��o de dois Estados, mas hoje s�o ref�ns dos movimentos terroristas extremistas. E, sem querer fazer qualquer compara��o, de certa maneira Israel tamb�m � ref�m de colonos extremistas, que amea�am detonar uma guerra civil.

Nunca vamos ter paz se o futuro for colocado na m�o de suicidas ou de radicais. O Road Map prop�e um esfor�o conjunto de israelenses e palestinos, e com a ajuda do resto do mundo, o terror ter� fim. Mas, para isto, os palestinos precisam enxergar uma luz no fim do t�nel, precisam de uma esperan�a.

Sair de Gaza, AGORA e Come�ar o Fim da Ocupa��o

Neste sentido, a retirada de Gaza seria uma demonstra��o de que Israel est� disposto a um gesto significativo rumo � paz. Os partidos israelenses de oposi��o apoiar�o a proposta do primeiro ministro israelense Ariel Sharon para a retirada de Gaza, pois � preciso ser realista e este seria um importante passo para que haja paz no futuro.

N�o quero meus filhos tomando conta de outro povo e parando ambul�ncias nos checkpoints com medo de que estejam sendo usadas por terroristas. Nossa exist�ncia n�o est� em perigo, Israel � muito forte, mas a nossa imagem, a nossa democracia, os nossos valores, estes sim correm perigo. Queremos ter uma vida normal, n�o de luta sem fim.

Sou otimista quanto ao futuro. N�o acho que ser� f�cil e nem que a paz se concretize logo. Por�m acredito na possibilidade de conviv�ncia de dois Estados: Israel, judeu e democr�tico e outro palestino, sem terrorismo, que com a ajuda de Israel, dos palestinos ricos e de todo o mundo, poder� construir uma infra-estrutura capaz de absorver os palestinos dos campos de refugiados do L�bano, S�ria e da Jord�nia.

Com isso, os israelenses poderiam ter melhor qualidade de vida, usufruindo o que constru�ram nestes 55 anos, como, por exemplo, o melhor sistema educacional do mundo, e continuando a absorver novos imigrantes, como sempre o fez sempre com os judeus de todo o mundo quando estes enfrentam situa��es de persegui��o, incluindo os que foram expulsos de pa�ses �rabes.

� f�cil dizer: "n�o saiam da Cisjord�nia", ou repetir chav�es como "todos os palestinos s�o terroristas" ou "que n�o h� com quem conversar", quando se est� fora de Israel. De longe, o panorama parece muito diferente. Mas toda a comunidade judaica do mundo inteiro tem que ser militante a favor da Paz. 

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YAEL DAYAN:

 ï¿½ � PRECISO BUSCAR FORMAS DE ENCERRAR O CONFLITO ENTRE ISRAELENSES E PALESTINOS �

 -  Entrevista de Yael Dayan (*) por Kety Shapazian -

[ Di�rio do Com�rcio - http://net.dcomercio.com.br - 16/06/2004 ]

O conflito entre israelenses e palestinos n�o deveria ser visto como uma briga entre duas crian�as, como quem come�ou e de quem � a culpa. Devemos descobrir como encerr�-lo. N�o importa quem come�ou e tamb�m n�o � uma quest�o sobre de quem � a culpa.  Podemos e devemos fazer muito mais, pois as pessoas est�o atentas, e com seus b�sicos sensos de justi�a, sabem que estamos certos. Os sens�veis e s�bios ir�o se juntar a n�s. Queremos o acordo total e acreditamos que h� um parceiro para a paz.

Sobre o pai dela, Moshe Dayan, o atual primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, um dia disse: Moshe Dayan acordava com 100 id�ias na cabe�a. Noventa e cinco eram perigosas, tr�s eram ruins, mas duas, entretanto, eram brilhantes. Filha do lend�rio ministro da Defesa, Yael Dayan seguiu os passos do pai ao ingressar na pol�tica. Por�m, ela diz n�o ter sido influenciada pela heran�a pol�tica de Moshe Dayan. Formada em Pol�tica Social e em Biologia, Yael credita � guerra no L�bano � Israel invadiu aquele pa�s em 1982 � seu interesse pela pol�tica. "Era imposs�vel n�o se envolver", disse, por telefone ao Di�rio do Com�rcio, a vice-prefeita de Tel-Aviv.

Al�m de vice-prefeita, Yael Dayan � que � jornalista h� 30 anos e autora de oito livros �, ajudou a fundar o mais novo partido pol�tico de Israel. Em novembro de 2003, a frente pacifista Meretz e o movimento social-democrata [Shahar], dirigido pelo ex-ministro trabalhista, Yossi Beilin � principal participante do Acordo de Genebra �, se fundiram em um �nico partido chamado Yahad. O pacifista Beilin se separou do Partido Trabalhista junto com Yael Dayan, em dezembro de 2002, ao fracassar nas elei��es internas com vistas �s gerais de janeiro de 2003.

Acordo de Genebra

A base do Yahad (Juntos, em portugu�s) � o Acordo de Genebra . "N�s queremos o acordo total e acreditamos que h� um parceiro para a paz", disse a filha do general, dois dias antes do Parlamento votar e aprovar a retirada das tropas israelenses da faixa de Gaza at� o final de 2005. Ex-membro do Knesset (Parlamento) de 1992 a 2002, Yael chega a S�o Paulo a convite do grupo Amigos Brasileiros do PAZ AGORA para a Urbis 2004 � 3� Feira e Congresso Internacional de Cidades �, onde faz palestra hoje.

Para a av� de Alma e Yasmin, apenas Sharon conseguir� remover algum colono da faixa de Gaza ou da Cisjord�nia. "O Partido Trabalhista nunca conseguiu. N�s certamente n�o conseguiremos. S� a direita, mesmo". Ela v� o plano de retirada unilateral como um passo "simb�lico", importante para mostrar aos palestinos que a sa�da � poss�vel. "Quero ver um �nibus, caminh�o ou carro retirando a primeira fam�lia e os trazendo de volta a Israel porque, at� agora, nada foi evacuado", diz.

Como encerrar?

Yael acha que o conflito entre israelenses e palestinos n�o deveria ser visto como uma briga entre duas crian�as, como quem come�ou e de quem � a culpa. "Devemos descobrir como encerr�-lo. N�o importa quem come�ou e tamb�m n�o � uma quest�o sobre de quem � a culpa".

Al�m da atua��o na pol�tica, Yael Dayan participa de diversos movimentos pacifistas e j� recebeu condecora��es pelo trabalho desenvolvido na busca pelo entendimento entre israelenses e palestinos. A revista francesa "L'Express" cita a filha de Moshe Dayan como uma das 100 mulheres mais influentes no mundo.

(*) YAEL DAYAN, vice-prefeita de Tel Aviv/Yafo recebeu como homenagem aos seus esfor�os pela paz entre os povos do Oriente M�dio, uma r�plica do "Marco da Paz" erigido no P�teo do Col�gio, oferecida pela Associa��o Comercial de S�o Paulo.

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 GENEBRA AGORA

- Entrevista com YASSER ABED RABBO -

 [ Danny Rubinstein - 29/10/04 - Haaretz - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

 Abed Rabbo est� convencido de que a complexa solu��o para o problema dos refugiados formulada pela Iniciativa de Genebra, baseada na reabilita��o e repara��es em Israel e no exterior, n�o � um abandono dos refugiados, mas ao contr�rio, a primeira tentativa palestina desde 1948 para defender os direitos dos refugiados em termos pr�ticos.

יאסר עבד-רבו Xclique na foto e ou�a YASSER ABED RABBO

A Iniciativa, definida como um acordo privado, teve um significativo impacto em ambos os lados. Sua influ�ncia no lado israelense foi expressa numa recente entrevista ao Haaretz por Dov Weisglass, principal assessor do primeiro-ministro, que disse que o apoio � Iniciativa de Genebra levantou temores que fizeram com que Sharon sa�sse com o plano de desligamento.

Yasser Abed Rabbo ainda acredita na Iniciativa mas admite, "Ningu�m no nosso lado acredita que ela possa ser implementada agora."

O primeiro anivers�rio da conclus�o das negocia��es do modelo para um acordo permanente entre palestinos e israelenses, conhecido como a Iniciativa de Genebra est� pr�ximo. Yossi Beilin dirigiu a equipe negociadora israelense, e Yasser Abed Rabbo conduziu a delega��o palestina.

Perguntamos a Abed Rabbo: O que fez a Iniciativa de Genebra ao lado palestino?

Diferentemente de Beilin, Abed Rabbo ainda � um membro central da lideran�a palestina. Foi ministro da informa��o e cultura da Autoridade Palestina (AP) mas atualmente n�o � ministro. Seu papel oficial � de membro do Comit� Executivo da OLP. Isto n�o deve ser tomado como uma diminui��o de seu status, porque para membros da faixa superior da estrutura da AP, o status depende de sua participa��o no pequeno c�rculo de assessores diretos de Arafat. Abed Rabbo continua membro desse clube.

Numa entrevista no �ltimo s�bado, em seu escrit�rio no Centro Palestino de Informa��o e Comunica��o em El-Bireh, ele disse que a popula��o palestina respondeu � Iniciativa de Genebra com choque e des�nimo. O choque foi causado, em sua opini�o, pela linguagem do documento com respeito � solu��o do problema palestino. "Os extremistas do lado palestino se aproveitaram disso para retratar-me e aos meus amigos como aqueles que desistiram dos direitos palestinos, diz ele.

As se��es dedicadas ao tema dos refugiados criaram o que ele chamou de "uma atmosfera muito pouco amig�vel", aos olhos da popula��o palestina. � interessante notar a extens�o em que este assunto era completamente dependente dos olhos do leitor. Ron Pundak, diretor do Centro Peres para Paz, recentemente disse que enquanto o lado palestino considerava a Iniciativa de Genebra como uma rendi��o do direito de retorno, a popula��o israelense interpretou a Iniciativa como significando exatamente o oposto. Os israelenses acreditaram que a Iniciativa expressava a recusa palestina de renunciar a seu direito de retorno.

De qualquer forma, Abed Rabbo est� convencido de que a complexa solu��o para o problema dos refugiados formulada pela Iniciativa de Genebra, baseada na reabilita��o e repara��es em Israel e no exterior, n�o � um abandono dos refugiados, mas ao contr�rio, a primeira tentativa palestina desde 1948 para defender os direitos dos refugiados em termos pr�ticos.

"Esta � a defesa dos refugiados, que deve substituir a linguagem oca e os slogans do passado", diz ele.

Ap�s todas as rea��es negativas, o Sr. ainda acredita que A Iniciativa de Genebra tem chance?

Abed Rabbo: "Com certeza. Em mesmo sou um refugiado, e sei que a Iniciativa de Genebra abriu um di�logo s�rio pela primeira vez sobre este assunto no lado palestino".

Que valor tem o di�logo � luz de t�o ampla resist�ncia?

"Esse n�o � exatamente o caso. Realizamos v�rias pesquisas de opini�o p�blica entre palestinos. Apresentamos todas as se��es da Iniciativa de Genebra, incluindo as fronteiras projetadas do Estado Palestino, o acordo compromissado sobre Jerusal�m e a solu��o dos refugiados, e recebemos uma maioria de 60% de apoio a ela."

"�N�s n�o mencionamos que est�vamos perguntando aquelas quest�es em conex�o com "'Genebra' , que se tornou um termo negativo. Apenas perguntamos sobre os temas, como um todo, e isso deixou claro que existe um amplo apoio para a Iniciativa. Tudo depende de como as coisas s�o apresentadas. Se voc� chegar e perguntar, por exemplo: 'Voc� aceita a Iniciativa de Genebra, que renuncia ao direito de retorno?'  At� eu vou responder 'N�o'. "

No ver�o de 1988, o Conselho Nacional Palestino da OLP se encontrou na Arg�lia para aceitar uma decis�o do Conselho de Seguran�a que representou de fato o reconhecimento do Estado de Israel, e a aceita��o de uma solu��o de dois Estados para os dois povos. Abed Rabbo explica que, desde ent�o, ningu�m realmente explicou o resultado espec�fico daquela decis�o, ou seja, o significado pr�tico do reconhecimento do Estado de Israel. O significado � uma solu��o de compromisso.

"Em hebraico, h� um ditado de que voc� tem de colocar os pontos [que representam as vogais no hebraico] nas letras, para deixar o significado claro. � isto que fizemos com a Iniciativa de Genebra. Colocamos os pontos nas letras da decis�o da OLP, em termos da cria��o de dois Estados para dois povos na superf�cie desta terra".

Como seria poss�vel promover a implementa��o da Iniciativa de Genebra?

"O grande inimigo de Genebra, de nosso lado, o lado palestino, n�o � a postura conservadora do grande p�blico. Mas sob as atuais circunst�ncias, ningu�m acredita que possamos alcan�ar tal solu��o. Quando os palestinos v�em o que est� acontecendo na Cisjord�nia - os assentamentos fortalecidos, a cerca de separa��o que oprime os palestinos e cria expropria��es intrusivas - e a pol�tica israelense de puni��es coletivas, ningu�m quer nos ouvir. Eles me v�em e aos meus colegas da Iniciativa de Genebra como uma cole��o de sonhadores iludidos". 

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YASSER ABED RABBO:

PLANO DE SHARON DIVIDIU PALESTINOS 

 [Palestinian Media Center � 19/09/04 - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

Agora, nesses momentos que s�o os mais tr�gicos e perigosos em nossa hist�ria moderna deste 1948, nos falta uma vis�o unificada e uma lideran�a unificada...

 A miss�o b�sica de Sharon � completar a 'Guerra de Independ�ncia' erradicando a exist�ncia do povo palestino atrav�s de um sistema integrado de procedimentos estrat�gicos que tornariam imposs�vel para o povo palestino criar no futuro um Estado em parte das terras entre o mar [Mediterr�neo]  e o rio [Jord�o]...

Precisamos desenvolver um consenso nacional sobre uma resposta [ao plano de Sharon] para decidir o que rejeitamos, que � a solu��o parcial e unilateral,  e o que aceitamos, que � o fim da ocupa��o dentro do quadro de uma solu��o abrangente que conduza � cria��o de um Estado independente dentro das fronteiras de 1967...

 

Membro do Comit� Executivo da OLP e co-autor da  Iniciativa de Genebra, Yasser Abed Rabbo quer a convoca��o de uma confer�ncia nacional de todos setores representativos [palestinos] para trabalham numa rea��o unificada ao plano unilateral do primeiro-ministro israelense de "desligamento" da Faixa de Gaza, que descreveu como "o mais perigoso plano pol�tico desde 1948 que tem uma chance real de ser imposto" sobre o povo palestino.

Numa entrevista exclusiva � revista quinzenal palestina Attareek, da Coaliz�o Palestina de Paz (Palestinian Peace Coalition - PPC), que ser� publicada nessa 2� feira, Abed Rabbo advertiu sobre a aus�ncia de uma "vis�o e de uma lideran�a unificada palestina" para lidar com o plano de Sharon.

Na introdu��o � entrevista, Abed Rabbo que preside a PPC, disse:

�Existe alguns, nos c�rculos de lideran�a e de oposi��o palestinos, que fecham os olhos �s suas (do plano de Sharon) perigosas e desastrosas implica��es, que se igualam em suas repercuss�es � cat�strofe (Nakba) do povo da Palestina em 1948, e que demandam trat�-lo sob o pretexto de ï¿½n�o ser poss�vel rejeitar a retirada [israelense] de qualquer cent�metro de terra palestina ocupada".

Abed Rabbo confirmou que o plano criou divis�es nas fileiras palestinas no mais alto n�vel.

O risco agora emana do fato de que "parte da burocracia da Autoridade Nacional Palestina (ANP), em particular de seu extrato superior, est� atra�do pelos sonhos de repetir o que aconteceu no tempo de sua cria��o em 1993 com respeito ao fluxo de ajuda e projetos externos, e que lhe seria poss�vel obter um territ�rio onde poderia impor total soberania como Estado", disse ao Attareek.

"Agora, nesses momentos que s�o os mais tr�gicos e perigosos em nossa hist�ria moderna deste 1948, nos falta uma vis�o unificada e uma lideran�a unificada", uma situa��o sem precedentes, advertiu.

Elaborando, Abed Rabbo disse que apesar das crises e turbul�ncia na ANP e na OLP, "n�s nunca enfrentamos perigos similares com lideran�as e fileiras nacionais t�o confusas e divididas como estamos agora".

Para ilustrar essa conclus�o, citou como exemplo a aus�ncia do comit� executivo da OLP e do departamento de negocia��es da organiza��o: �Um ï¿½rg�o pol�tico que costumava discutir op��es em sua totalidade e tentava trat�-las de uma maneira integrada e abrangente, como o comit� executivo [da OLP],o departamento de assuntos de negocia��es e outros �rg�os similares e institui��es coletivas n�o mais existem ou foram esvaziados em seus pap�is", disse Rabbo.

Oposi��o procura 'participa��o� na Nova Autoridade

Tornando pior uma situa��o m�, algumas fac��es e grupos antiocupa��o, "incluindo aqueles que declaram ser mais resistentes e combativos que outros, simplificam o assunto para anunciar que o plano de Sharon sobre [a Faixa de] Gaza foi o resultado dessa resist�ncia e luta, e de acordo com isso desejam ser parceiros na cria��o de uma nova autoridade, que n�o seja limitada pelos compromissos de Oslo!"

�A posi��o deles", prosseguiu Rabbo, �� confinada ao di�logo e barganha para assegurar participa��o (na nova autoridade) e romper o monop�lio do movimento Fatah de sua maior parte�.

Ainda que reconhecendo que a luta nacional palestina "foi um fato importante" a pressionar Sharon na busca de uma solu��o e uma sa�da diferente da "solu��o de seguran�a [militar]", Abed Rabbo disse que � ainda muito cedo para concluir que Sharon desistiu de suas armas criminosas tendo optado por outro plano para marcar o in�cio do fim da ocupa��o israelense.

Sharon completando a "Guerra da Independ�ncia"

Abed Rabo citou a divis�o das fileiras palestinas, o apoio dos Estados Unidos a Sharon e as indiferen�as regional e internacional para concluir que o plano do premier israelense "� o mais perigoso plano pol�tico desde 1948 que tem uma chance real de ser imposto sobre n�s".

le recordou os leitores do Attareek que a "miss�o b�sica de Sharon � completar a 'Guerra de Independ�ncia' [de Israel], erradicando a exist�ncia do povo palestino "atrav�s de um sistema integrado de procedimentos estrat�gicos que tornariam imposs�vel para o povo palestino criar no futuro um Estado em parte das terras entre o mar [Mediterr�neo]  e o rio [Jord�o].

O que restaria aos palestinos no melhor dos cen�rios "seria algumas ilhas isoladas e cercadas�,  disse indicando que "isto quer dizer ... a gradual morte [da exist�ncia do povo palestino] em todos n�veis".

Sublinhando qu�o perigosa � a situa��o, Abed Rabbo disse: �Nunca, em momento algum de nossa hist�ria moderna, a expans�o de col�nias [israelenses] e um plano [como o de Sharon] essencialmente hostil aos nossos interesses nacionais, ganhou tal apoio dos Estados Unidos, e com tal indiferen�a regional e internacional, apesar do fato de que todas essas partes sabem que [esse plano] n�o se trata do in�cio do fim da ocupa��o."

Sharon quer parceiro palestino na "implementa��o"

Abed Rabbo disse que "� inevit�vel" que Sharon desejar� um parceiro palestino na fase de implementa��o de seu plano, mas n�o durante a fase de sua aprova��o.

"� decerto um plano unilateral, mas s� durante seu est�gio de aprova��o, isto �, durante o est�gio do planejamento do plano de Gaza. Por que? Porque Sharon n�o quer um parceiro palestino que possa negociar e barganhar com ele, e que possa recusar ou pedir qualquer emenda ao disposto no seu plano".

Entretanto, durante a fase de efetiva implementa��o do plano, � inevit�vel que ele [Sharon] queira ent�o um parceiro palestino, para tomas parte - ao menos nas �reas administrativa e de seguran�a - na implementa��o e,  mais importante, que endosse o plano" e renuncia a todas obriga��es israelenses e compromissos m�tuos, apontou Rabbo.

Levando adiante seu ponto de vista, disse: "Ningu�m deve acreditar que � um processo unilateral at� o fim. Eles precisam de um 'parceiro' que implemente a solu��o e n�o um parceiro que negocie previamente uma solu��o".

Abed Rabbo confirmou que os palestinos apenas ser�o parceiros se for para negociar.

" Francamente, n�s n�o seremos parceiros para quaisquer procedimentos de seguran�a, administrativos ou mesmo econ�micos, a n�o ser que sejamos essencial e primordialmente parceiros pol�ticos, ou seja, que negociemos previamente a solu��o em todos seus passos, o que deve incluir os territ�rios em toda sua inteireza, at� que estabele�amos um Estado em toda nossa terra dentro das fronteiras de 1967, e n�o um Estado com fronteiras de longo-prazo provis�rias, consistindo de cant�es, incluindo o cant�o de Gaza".

Confer�ncia representativa de todos palestinos � necess�ria

Abed Rabbo instou por uma confer�ncia representativa de todos palestinos para for�ar uma posi��o nacional unificada contra o plano de Sharon.

�Provavelmente n�s precisaremos de uma confer�ncia nacional envolvendo a mais ampla representa��o nacional", disse completando: �N�s precisamos desenvolver um consenso nacional sobre uma resposta", para "decidir o que rejeitamos, que � a solu��o parcial e unilateral,  e o que aceitamos, que � o fim da ocupa��o dentro do quadro de uma solu��o abrangente que conduza � cria��o de um Estado independente dentro das fronteiras de 1967".

(*) YASSER ABED RABBO � membro do Comit� Executivo da OLP, co-autor da Iniciativa de Genebra, e ex-ministro da Autoridade Palestina.

 

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�O PIOR INIMIGO" DA PAZ ENTRE PALESTINOS E ISRAELENSES �

"A PERDA DE CONFIAN�A"

- Entrevista com YASSER ABED RABBO � 07/08/04 -

[ Miren Gutierrez - www.itongadol.com.ar- traduzido pelo PAZ AGORA/BR ] 

Segundo Rabbo, " ...toda retirada dos Territ�rios Ocupados �, por si, positiva. Mas na aus�ncia de uma verdadeira negocia��o entre Israel e os dirigentes eleitos palestinos, uma retirada unilateral � uma ferramenta de Sharon para perpetuar a ocupa��o israelense na Cisjord�nia.

Sharon deixou bem claro que este plano n�o envolve nenhuma lideran�a palestina, porque, como afirma, n�o h� ningu�m com quem falar do lado palestino. Tal enfoque � uma receita para posteriores enfrentamentos armados. 

Sharon est� enviando uma perigosa mensagem para o lado palestino: a de que a viol�ncia compensa."

 

Rabbo sabe o que diz: � membro do Comit� Executivo da Organiza��o para Liberta��o da Palestina (OLP) e co-promotor do Acordo de Genebra  , um plano n�o oficial que se negocia para lograr uma paz permanente entre israelenses e palestinos.

Segundo esse plano, em troca da paz com Israel, os palestinos ganhariam um Estado n�o militarizado e a soberania sobre o Monte do Templo (com acesso para os judeus a esse lugar sagrado), enquanto que Israel manteria alguns assentamentos na Cisjord�nia, incluindo muitas das novas comunidades judias erigidas na parte �rabe de Jerusal�m.

Em entrevista, Rabbo fala sobre Gaza, a crise na Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o terrorismo.

> O que o senhor. pensa sobre o plano do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon que prev� a retirada de Gaza?

Y.R. --Toda a retirada dos Territ�rios Ocupados � por si positiva. Mas o plano de Sharon para uma retirada unilateral de Gaza est� concebido com uma s�rie de elementos destrutivos. Na aus�ncia de uma verdadeira negocia��o entre Israel e os dirigentes eleitos palestinos, uma retirada unilateral segue sendo uma ferramenta de Sharon para perpetuar a ocupa��o israelense na Cisjord�nia, pois ele deixou bem claro que este plano n�o envolve nenhuma lideran�a palestina, porque, como afirma, n�o h� ningu�m com quem falar do lado palestino. Tal enfoque � uma receita para posteriores enfrentamentos armados. Por meio da retirada unilateral, Sharon est� enviando uma perigosa mensagem para o lado palestino: est� dizendo que a viol�ncia compensa.

> H� 2 anos existiam esperan�as de que um processo de renova��o dentro da OLP teria dado mais oportunidades de participa��o a pol�ticos mais jovens. N�o s� se congelou esse processo, mas tamb�m parece haver uma luta pelo poder dentro da OLP, entre Yasser Arafat e o primeiro-ministro Ahmed Qurei. Esta situa��o � mais s�ria porque se produziram protestos armados contra Arafat...

Y.R.--N�o obstante suas s�rias ramifica��es para o povo palestino, n�o estou de acordo em que estes fatos em Gaza fa�am parte de uma luta pelo poder. A reforma da ANP foi sempre uma demanda de v�rias fac��es do povo palestino desde que a ANP foi criada em 1994. A mais recente tentativa de come�ar um processo genu�no de reformas dentro da ANP se produziu durante o governo de Mahmud Abas, que ruiu porque o governo israelense, pressionado por grupos belicosos palestinos, suspendeu todas as conversa��es depois de ataques realizados por esses grupos. Sempre afirmamos que, como resultado dos ataques, a suspens�o das conversa��es s� serve para dar a esses grupos belicosos o poder de veto que, por sua vez arru�na todos os esfor�os de paz na regi�o. O governo israelense obviamente n�o est� de acordo com isto.

> Pese a oposi��o de ambas as partes, o Acordo de Genebra firmado em dezembro de 2003 teve um impacto positivo no ambiente das negocia��es. Atualmente, essas esperan�as se desvaneceram?

Y.R--O Acordo de Genebra nasceu da m�tua necessidade entre palestinos e israelenses de deter o ciclo de viol�ncia e voltar � mesa de negocia��es. O fato  de que o Acordo, ou pelo menos seus principais par�metros, n�o tenham sido adotados ou aceitos pelo governo israelense deu lugar a mais enfrentamentos e a ulteriores baixas em ambos os lados. Depois de ganhar apoio internacional, estamos agora em meio a campanhas locais para conseguir o m�ximo respaldo ao Acordo em ambas partes da linha divis�ria.

�� um trabalho muito duro. Temos descoberto que a gente de ambos os lados, ainda que ap�ie os par�metros e os princ�pios tra�ados no Acordo, ainda est� muito indecisa quanto a apoi�-lo, porque n�o consegue enxergar mais al�m de seu sofrimento di�rio e em dire��o a um futuro no qual um acordo de paz firmado pelo governo israelense seja poss�vel. O pior inimigo que enfrentamos na atualidade � a perda da confian�a das pessoas num acordo negociado. Os palestinos, aterrorizados pelas intermin�veis incurs�es e os ataques sem fim do ex�rcito israelense, n�o podem jogar o papel de profetas da paz quando suas vidas est�o em constante perigo. O mesmo � aplic�vel ao povo israelense�. 

> O endurecimento do governo de Sharon, com a execu��o de ataques a�reos e incurs�es terrestres, seguidos por ondas de ataques suicidas, n�o t�m feito muito para pacificar a regi�o. Mas, o que dizer do desengano ou o fracasso da ANP para deter o terrorismo?

Y.R--H� uma impress�o equivocada em muitos pa�ses de que a ANP n�o tem feito nada para deter os ataques contra Israel. Isso � totalmente injusto. Quando prevalece a paz entre as duas partes e elas parecem estar logrando algum tipo de progresso, o papel da ANP na mobiliza��o de seu povo contra os grupos belicosos se faz mais f�cil. O contr�rio tamb�m � certo. Quando a gente n�o v� esperan�a alguma no horizonte e est� sujeita quase diariamente a ataques, incurs�es, assassinatos, demoli��es de casas, confisco de terras e � constru��o do Muro de Separa��o, ent�o ela volta ao c�rculo vicioso da viol�ncia e vingan�a. Nos �ltimos quatro anos os aparatos de seguran�a da ANP e sua infra-estrutura tem sido um alvo sistem�tico do ex�rcito israelense. Atualmente, Israel se est� comportando como o que mata o mensageiro s� para afirmar que n�o h� mensagem.

�Apesar disso, ainda cremos que a lei e a ordem t�m um interesse fundamental para os palestinos e por isso estamos tratando, com nossos limitados recursos, de trazer de novo a tranq�ilidade e a estabilidade�.

> Qual � a sua opini�o sobre as elei��es presidenciais nos Estados Unidos?

Y.R--Existe uma id�ia amplamente equivocada entre muita gente, para quem trocar o presidente dos Estados Unidos significa automaticamente uma mudan�a na posi��o estadunidense para o Oriente M�dio. Pensamos que o fluxo de acontecimentos dita as pol�ticas dia-a-dia adotadas por Washington no Oriente M�dio, enquanto mant�m sua postura estrat�gica no conjunto. Sem importar quem ganhe as elei��es, o presidente George W. Bush colocou os cimentos para (uma posi��o de) qualquer futuro governo americano ao por �nfase em sua vis�o sobre uma solu��o com Dois Estados -- o israelense e o palestino - atrav�s da instrumenta��o do Road Map para a paz.

" Esperamos que quem seja que ganhe as pr�ximas elei��es siga esta perspectiva de futuro e a converta numa meta estrat�gica do governo dos Estados Unidos. Esta vis�o � muito mais importante do que tomar partido a favor ou contra o governo de Sharon." 

(*) YASSER ABED RABBO � membro do Comit� Executivo da OLP, co-autor da Iniciativa de Genebra, e ex-ministro da Autoridade Palestina.

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org  e aos tradutores.

- Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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HOJE N�S TE SALVAMOS, SR. SHARON

[YOSSI BEILIN (*) - 29/11/04 - Haaretz - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

Embora esta evacua��o n�o esteja sendo realizada pela vontade de um acordo definitivo de paz, ela tornar� poss�vel que este seja alcan�ado, quase certamente sem o senhor.  N�o daremos uma raz�o, ou a desculpa, para deixar de evacuar os assentamentos de Gaza. Permaneceremos com a consistente tradi��o da esquerda sionista, que ap�ia qualquer passo para acabar com a ocupa��o...

ד''ר יוסי ביילין Xclique na foto e ou�a YOSSI BEILIN

Prezado senhor. Primeiro-Ministro,

O fato de que o Yahad, que tenho a honra de chefiar, ir� salvar o seu governo de ser derrubado hoje, frente ao voto de desconfian�a que est� sendo proposto contra ele pela ala trabalhista, causa-me noites de ins�nia. Afinal, n�o temos nem um pingo de confian�a no senhor.

Sua pesada responsabilidade pelo desastre causado pela sup�rflua Guerra do L�bano, e sua visita provocativa ao Monte do Templo - que contribuiu para a erup��o da Intifada, ou pelo menos a acelerou - s�o suficiente para evitar que o apoiemos.

Durante o mandato do governo Barak, 53 israelenses foram mortos na Intifada, enquanto durante o seu termo, para o qual o senhor prometeu que prevaleceria a paz e a seguran�a, quase mil outros israelenses, e tr�s vezes mais palestinos, foram mortos. Isso � suficiente para justificar n�o confiar no senhor.

O assunto do momento � a pobreza em Israel. At� 1977, Israel era um dos pa�ses mais igualit�rios do mundo. O Likud, que tinha a imagem de representar os pobres contra os bem servidos e os corruptos, ampliou as diferen�as sociais, algo que todos os governos de esquerda eleitos nos 27 anos anteriores haviam com sucesso evitado.

Seu governo realmente fez um bom trabalho. Ele transformou Israel em um dos pa�ses ocidentais com o maior abismo entre ricos e pobres. Ele premia os ricos com benef�cios, reduz impostos para pessoas com condi��es, e altivamente e de olhos abertos, corta as aloca��es dos pobres.

O senhor ocasionalmente emite slogans sobre compaix�o, como se fosse proferir um serm�o numa sinagoga, e d� ao Ministro das Finan�as, Benjamin Netanyahu, total liberdade de a��o, com a qual ele est� mergulhando Israel num abismo de desigualdade e a n�veis de pobreza sem precedentes na Hist�ria de Israel.

O senhor poderia encontrar as v�timas de sua pol�tica, se tivesse ido comigo nesta 4� feira a um encontro com os moradores da Shchun� Dalet em Beer Sheva, que vivem de pens�es e est�o sendo for�ados a sobreviver  com duas a tr�s fatias de p�o por dia.

O desligamento de Gaza, que � a raz�o pela qual n�o o iremos derrubar hoje, tampouco nos traz grande alegria. N�o temos d�vida de que Dov Weisglass falava a verdade na recente entrevista para Ari Shavit no Haaretz.

Sua grande inten��o � renunciar a este peda�o indesej�vel de terra para evitar as cr�ticas internacionais com rela��o a sua falta de evacuar os postos avan�ados ilegais, a continua��o do empreendimento de assentamento na Cisjord�nia , os assassinatos seletivos, a destrui��o de casas, a constru��o da cerca de separa��o ao longo de um tra�ado que anexa �reas palestinas a Israel, e a continua��o da ocupa��o.

No final, o senhor far� todo poss�vel para colocar qualquer processo pol�tico vi�vel em formol, como se pode deduzir do fato de o senhor ser o primeiro primeiro-ministro que se recusa a entrar em negocia��es sem pr�-condi��es com o presidente da S�ria.

E apesar de tudo isto, acreditamos que o fato de o senhor pretender evacuar os assentamentos de Gaza � uma importante contribui��o para o processo pol�tico, que proporciona um precedente significativo para o futuro.

Embora esta evacua��o n�o esteja sendo realizada pela vontade de um acordo definitivo de paz, ela tornar� poss�vel que ele seja alcan�ado, quase certamente sem o senhor.

N�o daremos uma raz�o, ou a desculpa, para deixar de evacuar os assentamentos de Gaza. N�s permaneceremos com a consistente tradi��o da esquerda sionista, que ap�ia qualquer passo para acabar com a ocupa��o, mesmo que ele n�o venha de n�s. Ficaremos em guarda, n�o lhe permitiremos evitar facilmente a conclus�o da tarefa que o senhor se prop�s a fazer, que parecia muito mais f�cil de ser feita pelo senhor uma ano atr�s do que hoje.

N�o, isto n�o � uma rede de seguran�a. Estamos nos abstendo unilateralmente de um voto de desconfian�a.

N�o temos interesse de ter ministros no seu governo, porque, ao contr�rio de outros, n�o iremos aceitar a responsabilidade coletiva pelas suas pol�ticas de seguran�a e social.  Nos reservamos todo o direito de nos unir a um voto de desconfian�a se o seu governo tomar decis�es que marquem precedentes e de longo alcance com as quais n�o possamos conviver.

Mas faremos uso desse direito apenas se n�o houver outra sa�da. Tampouco seremos capazes de nos abster quando o or�amento do Estado for levado a vota��o - a n�o ser que este incorpore mudan�as que salvem as crian�as famintas dos bairros pobres de Beer Sheva. Mas esta vota��o poder� ser adiada e levada ao Knesset apenas daqui a quatro meses.

Por enquanto, superaremos nosso justificado desejo de v�-lo deixar o escrit�rio de Primeiro-Ministro, porque acreditamos em nossa capacidade de provocar evolu��es pol�ticas que se desviem das suas inten��es originais.

Da mesma forma que tornamos poss�vel com a Iniciativa de Genebra  - como o senhor admitiu especificamente - que o senhor levantasse a id�ias da retirada unilateral de Gaza, n�s tamb�m trabalharemos ap�s a retirada para promover negocia��es com a nova lideran�a palestina, na dire��o de um acordo definitivo.

Este acordo ser� baseado no plano Clinton e na iniciativa Bush. Ser� realizado no contexto do plano de paz road map, e quando for assinado, ser� surpreendentemente simular �quela mesma Iniciativa de Genebra da qual o senhor tentou fugir.

(*) Yossi Beilin foi Ministro da Justi�a de Israel, � presidente do Partido Yahad e o co-promotor israelense da Iniciativa de Genebra, lan�ada em 1� de dezembro de 2003 na Sui�a (leia  a �ntegra em portugu�s em http://geocities.yahoo.com.br/agenebra/).

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TRANSI��O PALESTINA e CONVERSA��ES DE PAZ

- Abu Mazen - Uma Segunda Oportunidade �

[ YOSSI BEILIN (*) - 17/11/2004 - La Vanguardia - traduzido pelo PAZ AGORA/BR ]

Abu Mazen se atreveu a dizer � dire��o palestina encabe�ada por Yasser Arafat que a intifada armada foi um erro, desde seu primeiro dia. "

Em outubro de 1993, um m�s depois da assinatura do acordo de Oslo na Casa Branca, viajei a T�nis, sede da dire��o  da OLP, encabe�ando uma delega��o israelense que ia tratar do tema dos refugiados palestinos como parte das conversa��es multilaterais (iniciadas na confer�ncia de Madri em 1991). Na primeira noite de nossa visita, mantive com Yasser Arafat uma longa conversa, finda a qual me pediu um encontro privado. Disse-lhe de meus temores ante um prolongado acordo provis�rio de 5 anos, durante os quais os extremistas -de ambos lados- tentariam sabotar por todos os meios o acordo sobre o estatuto permanente. Propus a ele que lev�ssemos a cabo um processo informal, no intento de chegar a um acordo sobre o estatuto permanente muito antes dos 5 anos estabelecidos. Para minha surpresa, aceitou de imediato a proposta e me disse que Abu Mazen trabalharia comigo.

Abu Mazen era o homem que havia estado por tr�s dos negociadores palestinos em Oslo, como eu estivera com os negociadores israelenses. Nos conhecemos na Casa Branca por ocasi�o da cerim�nia de assinatura dos acordos de Oslo, e me agradou que tivesse sido encarregado de negociar comigo.

As conversa��es se celebraram ao longo de dois anos, principalmente entre os negociadores israelenses e palestinos. Em 31/10/1995, nos reunimos em segredo em Tel Aviv, no meu escrit�rio, e declaramos que consider�vamos os entendimentos a que hav�amos chegado e os mapas anexos como a base para as negocia��es entre as duas partes. Abu Mazen devia passar o material a Yasser Arafat para que o revisasse, e eu a Yitzhak Rabin (nesse momento, meu cargo era  de ministro de Economia e Planejamento). Quatro dias mais tarde, Yitzhak Rabin foi assassinado; e foi sucedido por Shimon Peres, que n�o quis tratar do tema antes das elei��es de 1996.

Durante a campanha eleitoral, os entendimentos vazaram para os meios de comunica��o de forma distorcida, e foram apresentados como uma enorme concess�o por parte de Israel. Segundo o acordo preliminar que hav�amos estabelecido, n�o confirmamos a exist�ncia desses entendimentos e os apresentamos como simples conversa��es, n�o vinculantes entre as duas partes. Durante o mandato de Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro,  me foi pedido que apresentasse esses entendimentos a um representante de seu governo, coisa que fiz. Mas Netanyahu n�o os utilizou.

Pouco antes das conversa��es de Camp David em 2000, Sandy Berger, assessor de Seguran�a Nacional do presidente Clinton, visitou Israel e pediu uma reuni�o com Abu Mazen e comigo na casa de Martin Indik, embaixador estadunidense em Israel. Berger nos fez uma simples pergunta: "Voc�s respaldam o documento conhecido como os entendimentos Beilin-Abu Mazen?". Recebeu uma resposta de n�s dois.

O documento n�o foi apresentado na c�pula de Camp David, mas o presidente Clinton me disse mais tarde que tinha servido de base para o plano Clinton, apresentado por ele em dezembro de 2000. E constituiu a base para o plano muito mais detalhado que apresentamos ao mundo faz um ano, o Acordo de Genebra, que foi apoiado e alentado fortemente por Abu Mazen desde seus prim�rdios.

Abu Mazen � um estadista especial. Muito modesto, n�o se mostra desejoso de assumir o poder pol�tico,  considera-se algu�m que s� de modo ocasional participa em pol�tica, por falta de op��o e porque �s vezes n�o h� outro para fazer o trabalho. Percebe-se que n�o � desejado, desaparece logo do cen�rio, como fez em 2003, ap�s 4 meses no cargo de primeiro-ministro sob a dire��o de Yasser Arafat. Raras vezes concede entrevistas, nunca estar� na primeira fila e n�o gosta de proferir discursos. Mas quando fala � sincero e seus discursos n�o s�o demag�gicos nem exaltados.

Abu Mazen foi valente porque se atreveu a dizer � dire��o palestina encabe�ada por Yasser Arafat que a intifada armada era um erro -desde seu primeiro dia,  e que tinha-se que por um fim nela. At� h� poucas semanas, muitos o considerava como algu�m que n�o regressaria � dire��o palestina porque havia cortado em grande medida seus v�nculos com o movimento Fatah e a OLP. Por�m, coisas da pol�tica, a morte de Yasser Arafat o devolveu ao terreno pol�tico, porque � considerado um dos pais fundadores do movimento nacional palestino e porque, neste momento, n�o h� ningu�m na dire��o palestina que possa receber o mesmo apoio que ele.

Uma segunda oportunidade � algo raro na vida em geral, e particularmente na pol�tica. O retorno de Abu Mazen � cena pol�tica � uma not�cia muito boa para os que acreditam na paz.

N�o � moderado em sua perspectiva ideol�gica nem tampouco um negociador f�cil, nas � pragm�tico, l�gico e respons�vel. Se Abu Mazen for eleito presidente da Autoridade Palestina em 9 de janeiro de 2005, a paz palestino-israelense ter� uma segunda oportunidade tamb�m.

(*) YOSSI BEILIN � o principal promotor israelense dos Acordos de Genebra, presidente do Yahad (Partido Social-Democrata de Israel), e um dos principais articuladores do processo de paz de Oslo. 

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Entrevista mundial via Internet em 28/07/2004

�         O plano de retirada de Sharon ir� transformar Gaza numa grande pris�o para os palestinos?

�         O senhor se acha pessoalmente respons�vel pelos milhares de mortos e feridos israelenses, v�timas de sua fracassada pol�tica de Oslo?

�         Israel est� preparado para devolver as colinas de Golan?

�         O senhor tamb�m riscou Arafat de sua agenda?

�         O muro de separa��o se provou eficaz para conter atentados terroristas. O senhor v� alguma real alternativa ao muro?

Leia as respostas a estas e outras quest�es a israelenses, australianos, palestinos, eg�pcios, turcos, ...

 

 

Entrevista do l�der do Partido Social-Democrata de Israel � Yahad. Yossi Beilin respondeu, via internet, em 28/07/04, quest�es de leitores do jornal Haaretz em todo o mundo.

 Beilin, que comanda o partido de esquerda Yahad, articulou no ano passado o Acordo de Genebra, em conjunto com o l�der palestino Yasser Abed Rabbo. A iniciativa n�o-oficial prop�e uma concess�o palestina sobre o direito de retorno a terras dentro do Estado de Israel, em troca da soberania sobre o Monte do Templo.

  O plano tamb�m prop�e uma retirada israelense da maior parte da Cisjord�nia e de toda a Faixa de Gaza. A proposta encontrou uma furiosa desaprova��o do governo Sharon.

Beilin serviu como Ministro da Justi�a ao governo chefiado por Ehud Barak, e foi tamb�m um dos arquitetos do Acordo de Oslo.

�       Parece-me que o desligamento de Gaza, ainda que n�o sendo a melhor solu��o � a �nica poss�vel de ser realizada nas atuais circunst�ncias. O senhor ap�ia o desligamento de Gaza? (Dov Yafit - Ramat-Hasharon, Israel)

 

Yossi Beilin: Concordo com sua opini�o de que uma retirada unilateral de Gaza est� longe da vis�o do Campo da Paz de um acordo definitivo de paz, em linha como o Acordo de Genebra. � muito claro que Sharon est� lan�ando a trilha de uma retirada unilateral para evitar um acordo.

Ainda assim, como voc� sugere em sua quest�o, n�o se pode ignorar que neste exato momento este � o principal jogo que est� rolando. Mais ainda, o fato de que Sharon, pai do movimento de assentamentos, ir� desmantelar assentamentos � importante. Portanto, o Campo da Paz, e o Partido Yahad em particular, apoiar�o o plano quando for proposto no Knesset, e far� seu m�ximo para usar o momentum da retirada para renovar o processo de paz. 

�       O senhor acha que Sharon e seu governo ir�o se retirar de Gaza e da Cisjord�nia de forma que os palestinos possam construir um Estado, ou ir� o plano de retirada apenas transformar Gaza numa grande pris�o para os palestinos?  (Kosay- Cairo, Egito)

YB: Ouvindo Sharon e conhecendo sua escola de pensamento, eu sua escola de pensamento, suspeito que ele est� conduzindo o plano de retirada unilateral com vistas a evitar que a vis�o de Genebra se transforme em realidade, e para promover seu antigo plano de Bantust�es para a Cisjord�nia e Gaza. No entanto, acredito que tais processos t�m suas vidas pr�prias, e depende dos campos da paz - tanto do israelense quanto dos �rabes - juntamente com o mundo, fazer que este plano seja um "Primeiro Gaza", em vez de "Gaza no Final".

�       A maioria dos palestinos apenas enxerga uma usurpa��o israelense de terras no Muro da Cisjord�nia, incessante atividade de assentamentos, e presen�a militar agressiva do ex�rcito israelense. Assim, para os palestinos, a solu��o de Dois Estados parece invi�vel. O Sr. poderia dizer algo para atenuar esta percep��o palestina? (Ghassan Abdullah -Ramalah, Palestina).

YB: Acho que nos meados dos '90, israelenses e palestinos experienciaram um lampejo da atmosfera que um acordo de paz entre os dois povos poderia criar. Lamentavelmente, o ciclo de viol�ncia que come�ou em setembro de 2000 minou severamente a confian�a entre os dois povos. Entretanto, posso dizer aos palestinos e israelenses que eles n�o devem perder a esperan�a. N�o existe uma alternativa real � solu��o de Dois Estados, que traga paz e estabilidade � nossa regi�o. Os dois lados n�o devem desistir de seus parceiros pela paz, mas ao contr�rio, devem refor��-los.

�       O senhor  se acha pessoalmente respons�vel pelos milhares de mortos e feridos israelenses que foram v�timas de sua fracassada pol�tica de Oslo? (Paul Herdan - Los Angeles, E.U.)

YB: : O processo de Oslo � a �nica esperan�a para uma solu��o tipo ganha-ganha entre Israel e os palestinos. Ele se tornou v�tima de extremistas de ambos os lados (o primeiro foi Baruch Goldstein e os terroristas suicidas palestinos o seguiram). Quando a sanidade retornar, ele se tornar� novamente a �nica solu��o, mesmo que o chamemos de Plano Clinton, Iniciativa de Genebra ou Plano Bush. Quando voc� se refere a n�meros, deve ser mais cuidadoso, mas quando voc� tenta atribu�-los, � melhor referi-los � indisposi��o de fazer paz, em vez de aos esfor�os de faz�-la.

�       Em vista da ca�tica situa��o nas ruas palestinas, como o senhor proporia iniciar negocia��es para um acordo de paz entre Israel e os palestinos, e com quem? (Shimon Z. Klein - Bat Hefer, Israel)

YB:  Nos �ltimos 3 anos e meio, o governo Sharon est� fazendo tudo o que pode para enfraquecer a Autoridade Palestina. Entretanto, o campo pragm�tico entre os palestinos toma sua for�a do status do processo de paz: quando este est� em marcha - os pragm�ticos prevalecem; quando n�o h� processo, os extremistas tomam o controle. Existe um primeiro-ministro palestino conhecido como Abu Al� - ele � nosso parceiro oficial e devemos negociar com ele e a lideran�a pragm�tica palestina que ele representa. 

�       Conforme muitos observadores, � imposs�vel concluir um tratado de paz est�vel israelense-palestino com Arafat. Por essa raz�o os governos israelense e americano o isolaram f�sica e diplomaticamente. Qual seu ponto de vista sobre isto? O senhor tamb�m o riscou de sua agenda? (Alfred Pijpers- Haia, Holanda)

YB:  Acho esta pol�tica equivocada. Isol�-lo como a um animal ferido, sabendo que ele ainda � o mais relevante l�der palestino, certamente n�o o far� um menor obst�culo. Por mais problem�tica que Arafat seja como l�der,  Abu Al�, Abu Mazen e o restante do grupo palestino pragm�tico ainda precisa de sua legitimidade para chegar a um acordo com Israel.

�       Dada a sua experi�ncia em Camp David e Taba, o que � necess�rio do lado palestino para que o processo de paz avance. E se estes passos necess�rios se materializarem, como poderia a popula��o de Israel ser convencida de que � poss�vel um progresso? (Steve Sass - Marblehead, E.U.)

YB: : Antes de 12/10/2003, minha resposta a esta quest�o seria uma hip�tese. Mas agora, ap�s chegar ao Acordo de Genebra naquela data, eu sei que tanto israelenses e palestinos proeminentes podem chegar a um acordo. Mesmo este acordo n�o sendo oficial, ele consegue um apoio est�vel de 40% em ambos os lados. Eu acredito fortemente que se tal acordo for apresentado por lideran�as oficiais, ele ganhar� uma vasta maioria.

�       Com rela��o � S�ria, n�o ouvimos nada sobre alguma negocia��o. Parece que todo di�logo foi congelado. Pergunto-me sobre o status das negocia��es das Colinas de Golan. Israel est� preparado para devolver as colinas na sua totalidade? (Sossi Yepremian - Los Angeles, E.U.)

YB: Depende de sobre qual Israel estamos discutindo. Quatro primeiros-ministros israelenses - Rabin, Peres, Netanyahu e Barak - concordaram com a retirada das Colinas de Golan num contexto de um acordo de paz. Lamentavelmente, o Sr. Sharon nem mesmo tentou ver se o apelo do presidente Assad por uma renova��o das negocia��es era s�rio ou n�o.

�       O que o faz pensar o senhor tem o direito de negociar com palestinos ou qualquer outro, se o Sr. n�o � um representante eleito pelo povo israelense? Em qualquer outro pa�s, o senhor enfrentaria acusa��es de trai��o. (George Erdos - Toronto, Canad�).

YB:  Tenho orgulho da democracia israelense que permite tal comportamento. Como o senhor provavelmente sabe, nunca tivemos a pretens�o de assinar um acordo, mas sim uma carta � Ministra do Exterior da Su��a, com um modelo de acordo em anexo.

�       Por que existem diferen�as t�o significativas entre o que o Acordo de Genebra diz em ingl�s, em hebraico, e o que diz em �rabe, particularmente com respeito ao "Direito de Retorno?" (Shari Reich - Lakeland, FL, E.U.)

YB:  Acho que o senhor est� enganado. N�o existe tal diferen�a. A vers�o obrigat�ria � a inglesa, mas as vers�es em �rabe e hebraica foram ambas examinadas por especialistas das duas partes. 

�       O muro de separa��o se provou um meio eficaz para conter atentados terroristas. Dada a presente situa��o, o Sr. v� uma real alternativa a completar o muro? (Eran - Bonn, Alemanha)

YB:  O muro de separa��o � por sua natureza uma solu��o de curto-prazo. Ele n�o defender� Israel por si. E seu tra�ado s� pode ser o das fronteiras de 1967.

�       O que explica a posi��o da Europa visivelmente contra Israel? (Neil Solomons - Londres, G.B.)

YB: A quest�o pol�tica para Israel � como tornar a Uni�o Europ�ia mais amiga de Israel do que uma advers�ria. E eu acredito que nos �ltimos 3 anos e meio, Israel fez tudo que podia para evitar tal evolu��o.

�       Quanto da Cisjord�nia, Faixa de Gaza e Jerusal�m o senhor est� disposto a ceder como parte de um acordo definitivo? (Michael Rogers- Colorado , E.U.)

YB:  Conforme o mapa sobre o qual acordamos na Iniciativa de Genebra, a base para as futuras fronteiras ser�o as fronteiras de 1967. E as trocas de terras s�o eq�itativas e baseadas neste pressuposto.

�       O Sr. detecta sinais de uma decad�ncia ideol�gica em Israel? Parece que o sionismo como ideologia pioneira j� se acabou e agora precisa ser redefinido para sobreviver. Qual sua opini�o? (Efraim - Jerusal�m, Israel).

YB:  A principal id�ia do sionismo n�o mudou nos �ltimos 100 anos. � o ideal de haver um Estado Judeu que seja democr�tico e assegure sua maioria judaica.

�       O senhor acha que a lideran�a palestina ir� ao final concordar em renunciar ao direito de retorno de refugiados palestinos como parte de um tratado final de paz? (Susan Jenkins- Wellington, Nova Zel�ndia).

YB:  Os palestinos entendem que a insist�ncia no direito de retorno ir� impedir um acordo com qualquer governo israelense no futuro. E eu acredito que est� provado na Iniciativa de Genebra que pode-se chegar a um acordo com eles sobre uma solu��o definitiva sem qualquer refer�ncia ao direito de retorno.

�       Qu�o bem sucedido e eficiente seria um Estado Palestino administrado nas dus regi�es separadas de Gaza e Cisjord�nia? (Harry Schnapp- Sydney Austr�lia).

YB: � claro que � prefer�vel que o Estado tenha total contig�idade, mas, no caso do futuro Estado Palestino, a conex�o entre a Cisjord�nia e Gaza ter� que ser diferente. Ou por uma estrada especial sob soberania israelense, ou por um t�nel ou ponte. Assim mesmo, acredito que tal Estado pode ser vi�vel, especialmente se o mundo, inclusive Israel, lhe der assist�ncia.

�       O que os fez oferecer a ren�ncia ao Port�o de Jaffa e Efrat no Acordo de Genebra?  (Murray- Thornhill, Canad�).

YB: � preciso de dois para dan�ar um tanto, e n�o se pode negociar sem um parceiro. N�s obtivemos muito nas negocia��es de Genebra e tamb�m tivemos que fazer concess�es.

�       O qu�o preocupante � o crescimento do anti-semitismo na Europa? Como o Sr. acha que Israel deveria agir em rela��o a isso? (Ido Lotan- New York, E.U.).

YB: O anti-semitismo � um fen�meno preocupante em todo o mundo. Seria dif�cil ou mesmo imposs�vel elimin�-lo. Mas � o papel do Estado Judeu fazer qualquer coisa poss�vel para n�o despertar esta besta �s vezes adormecida e assegurar que os atos de Israel n�o estejam aumentando as perspectivas de anti-semitismo. Eu acredito que o atual governo n�o est� levando isto em conta. Israel, por exemplo, deve ser muito cuidadoso quando decide assassinar um l�der inimigo e sua fam�lia, sabendo que algu�m como ele pode provocar um atentado terrorista em comunidades judaica, como o que aconteceu no edif�cio da AMIA em Buenos Aires, em 1994.

�       Gostaria de ouvir sua opini�o sobre o Sr. Arafat. O senhor concorda com a tese bem difundida de que at� que ele saia do cen�rio nada pode acontecer? (Asi - Londres, G.B. 

YB: N�o tenho nenhuma informa��o sobre o sucessor do Sr. Arafat e estou longe de estar certo de que caso ele saia ir� haver um sucessor que far� a paz com Israel. Nesses tempos, gostemos ou n�o, � ele que est� representando o lado palestino. Acho que dever�amos negociar com seu primeiro-ministro, com os membros de seu governo, sabendo que no final n�o haver� um acordo sem a sua confirma��o, sem a sua assinatura.

�       Apesar do fato de os temas social e econ�mico se terem tornado centrais na pol�tica israelense, parece que as suas pr�prias posi��es sobre esses assuntos n�o s�o totalmente claras. Com rela��o a isso, com qual partido europeu ou americano o senhor mais se identifica? (Amir- Oxford, G.B. 

YB:  N�o creio que muitos outros l�deres israelenses tenham se preocupado em escrever livros sobre suas posi��es sociais e econ�micas. Posso remet�-lo ao meu livro que foi publicado em 1999, chamado "Do Socialismo ao Social-Liberalismo". Eu me vejo como parte da internacional socialista, e me identifico com as pol�ticas dos partidos social-democratas na Europa, como o sueco e muitos outros.

�       Demograficamente, dada � taxa de nascimento dos �rabes israelenses muito maior que a dos cidad�os judeus, eles poderiam se tornar maioria em Israel, com a correspondente representa��o no Parlamento. Como o Sr. v� o futuro e a exist�ncia de Israel como estado judeu, e qual � sua sugest�o para evitar que isso aconte�a? (Gabi - Tel Aviv, Israel)

YB:  De acordo com as proje��es do Prof. [dem�grafo S�rgio] Dela Pergolla, haver� 65% de judeus e 35% de n�o-judeus em Israel em 2050. Isto significa que estamos falando de uma s�lida maioria judia em Israel no futuro previs�vel, se estivermos aptos a concordar com as fronteiras da Iniciativa de Genebra.

�       O Sr. acha que o Ir� � uma amea�a existencial a Israel? As amea�as israelenses de atacar o Ir� tornam Israel mais seguro? (Marsha Cohen - Miami, E.U.)

YB:  Ningu�m pode ignorar as amea�as iranianas. Israel as deve levar a s�rio e provoca��es n�o nos ajudar�o.

�       Parece que quanto maior o sucesso do movimento dos colonos, mais a solu��o de um �nico Estado se torna mais vi�vel a longo-prazo. Que passos devem ser dados para assegurar que uma solu��o de Dois Estados reemerja como alternativa preferida pelos dois lados?  (Albert A. Greg�rio - Rochester, N.York , E.U.)

YB:   Acho que o Sr. est� certo e que o sucesso do movimento dos colonos iria por um fim ao sonho sionista. Ao defender o Grande Israel, eles est�o renunciado ao estado judeu. Apenas um governo que esteja determinado a fazer um acordo com os palestinos, baseado na solu��o de Dois Estados, ir� mudar esta tend�ncia. E n�s n�o temos muito tempo.

�       Meu entendimento � que o Yahad se op�e ao direito de retorno palestino, mas tamb�m se op�e �s emendas �s leis de imigra��o que cancelam a possibilidade de palestinos se tornarem israelenses atrav�s do casamento, conhecido como o "crawling right of return". Como o senhor explicaria esta discrep�ncia? ( Yoav Dotan- Detroit , E.U.)

YB:  Existe uma grande diferen�a entre se opor ao "direito de retorno" e aceitar leis draconianas de imigra��o. Em nossa era de globaliza��o e abertura, mesmo que n�o possamos aceitar uma id�ia de entrada livre em Israel, devemos ser muitos cuidadosos para n�o criar aqui um gueto judeu, e devemos pagar o pre�o para isso.

�       Os judeus t�m algum direito de viver em Hebron se os palestinos n�o os desejam l�? (Larry Brown - Chicago, E.U.) 

YB:   Conforme a Iniciativa de Genebra, israelenses ter�o uma permiss�o especial para visitar Hebron. Mas n�o viver�o l�.

�       Por que n�o existe um PAZ AGORA palestino? (Chaim Landau- Givat Shmuel, Israel)

YB:   S� � preciso acompanhar os acontecimentos no lado palestino, os an�ncios que foram publicados no m�s passado contra a viol�ncia e contra atitudes de vingan�a, o trabalho que est� sendo feito com o objetivo de apoiar a Iniciativa de Genebra, as assinaturas que foram coletadas em apoio � Iniciativa Ami Ayalon-Sari Nusseibeh, para entender que esta quest�o j� pertence a uma �poca passada.

�       O que pensa o senhor da entrada do partido Trabalhista num governo de uni�o nacional com o Likud? (Leelee - Paris, Fran�a)

YB:  O partido Trabalhista [Avod�] est� cometendo um grave erro ao tentar voltar ao governo Sharon. A experi�ncia de 2001 a 2002 foi traum�tica para os interesses nacionais de Israel e para o pr�prio partido. Se o Avod� quer apoiar a retirada unilateral de Gaza, pode faz�-lo dando ao Likud uma rede [parlamentar] de prote��o ao inv�s de obter pastas ministeriais e compartilhar a responsabilidade coletiva por pol�ticas a n�vel econ�mico, social e religioso que s�o contr�rias � sua pr�pria ideologia.

�       O senhor acredita que a esquerda israelense, e o Yahad em particular, s�o percebidos pela maioria dos israelenses como representantes da classe m�dia alta, alienados da massa de israelenses que sofrem a inseguran�a econ�mica? Se for assim, o Sr. tem algum plano para superar esta percep��o? (Noam Knoller- Amsterdam , Holanda)

YB:   Concordo que esta percep��o ocorre no que se refere ao segmento judaico urbano. Mas � muito errado quando se fala do segmento rural de Israel ou quando se fala do segmento �rabe. A pol�tica do Yahad � uma pol�tica de solidariedade, de igualdade, e contra o capitalismo cruel do atual governo. Planejamos continuar e perseguir esta pol�tica. Nosso papel ser� o de convencer o m�ximo de pessoas de que a atual pol�tica de Netanyahu e seus colegas � a pior para eles e que nossa pol�tica por� um fim � sua mis�ria.

�       Os judeus europeus est�o hoje uma situa��o dif�cil. Enquanto tentam convencer suas comunidades a apoiar posi��es de esquerda e pacifistas, tornam-se menos e menos claros sobre temas como a cerca e os refuseniks. O senhor teria alguma orienta��o para eles? ( Stephane N. Ginsburgh- Bruxelas, B�lgica)

YB:  A pol�tica do Yahad sobre a cerca � muito clara. N�o nos opomos � id�ia da cerca, desde que seja constru�da sobre as fronteiras de 1967. N�o se constroem cercas no terreno de seu vizinho. Quanto aos  refuseniks, o Yahad � firme contra a desobedi�ncia coletiva, mas respeitamos aqueles soldados que decidem desobedecer em fun��o de ordens ilegais, e que est�o dispostos a pagar o pre�o por isso.

�       O senhor enxerga um novo mapa pol�tico sendo formado, com o Likud e o Avod� rachando para formar novas alian�as direita/esquerda - direitistas do Likud unindo-se � Uni�o Nacional , deputados esquerdistas do Avod� juntando-se ao Yahad, e uma terceira for�a de centro ? (Eliezer Ben-Moshe - Jerusal�m, Israel)

YB:  N�o acredito na teoria do Big Bang. Acho que em qualquer sistema pol�tico normal se tem uma esquerda e uma direita e as vamos ter sempre em Israel. A esquerda � o movimento que nunca est� contente com a realidade, a qual sempre deseja melhorar. A direita � movimento que justifica a situa��o presente. Deve haver um acordo entre direita e esquerda em temas espec�ficos, o que ocorre em qualquer sociedade. Mas n�o se deve tirar nenhuma conclus�o disso, acreditando que seja um denominador comum amplo o suficiente para permitir uma unifica��o entre as duas.

�       Mu�ulmanos e judeus j� viveram em relativa paz, por exemplo na Espanha, onde o grande Maim�nides viveu e trabalhou. Mas hoje, gra�as ao legado da guerra e do terrorismo, as rela��es mu�ulmano-judaicas s�o muito pobres. Como um corajoso pacifista israelense, o que o senhor pensa que pode ser feito para melhorar as rela��es entre mu�ulmanos e judeus? (Ali Adams - Istambul, Turquia)

YB:   N�o tenho a panac�ia e n�o posso ignorar o �dio e a desconfian�a que se desenvolveu na �ltima gera��o entre  mu�ulmanos e judeus. Mas acredito que iremos achar uma solu��o para o conflito israelense-palestino e se passarmos a soberania sobre o Monte do Tempo (Haram al-Sharif) aos palestinos, isso deve abrir um novo cap�tulo nos relacionamentos entre os dois povos e as duas religi�es.

�       A imagem p�blica de Israel jamais foi t�o m� - com ou sem raz�o. O que deve Israel fazer para melhor�-la, especialmente no mundo �rabe? (Ehud Kauffman - Haifa, Israel)

YB:  A quest�o n�o � de imagem, mas de pol�tica. Mesmo que n�o acredite que Israel mere�a a imagem que tem, tenho que admitir que o governo israelense est� contribuindo para a atual situa��o com provoca��es desnecess�rias: desde a famosa visita do Sr. Sharon ao Monte do Templo em 28/09/2000, at� a forma com que tem falado sobre l�deres de outros pa�ses. Acredito que um governo bem mais modesto, que n�o provoque o mundo e que esteja disposto a fazer a paz com nossos vizinhos ir� mudar radicalmente a situa��o, como o fizemos no governo de Yitzhak Rabin

�       O que o senhor pensa que acontecer� aos moradores �rabes de Jerusal�m Oriental, e em particular aos que vivem pr�ximos aos muros da Cidade Velha? Tornar-se-�o cidad�os israelenses? Muitos desses moradores s�o ap�tridas, sendo considerados meros residentes permanentes, mesmo que tenham vivido todas as suas vidas sob a jurisdi��o do governo israelense. (David Steinberg  - Londres, G.B.)

YB:  Conforme a Iniciativa de Genebra, todos os palestinos que vivem em Jerusal�m Oriental ser�o cidad�os do Estado Palestino, e nenhum deles permanecer� ap�trida.

�       Como os �rabes palestinos jamais tiveram um pa�s do qual Israel tenha tomado terras, e Jerusal�m jamais foi a capital de qualquer pa�s �rabe, mesmo quando esteve sob as ocupa��es jordaniana e otomana, por que o senhor ofereceria a soberania do mais sagrado local judeu, o Monte do Templo, e dividiria a capital de Israel com �rabes palestinos, especialmente quando Israel permite as ora��es mu�ulmanas no Monte do Templo, enquanto a Jord�nia transformou o Muro das Lamenta��es num dep�sito de lixo durante sua ocupa��o? (Marlene Young - Baltimore, E.U.)

YB:  Penso que a Sra. est� certa sobre o passado, mas errada sobre o futuro. A quest�o para n�s agora, aqui em Israel, n�o � necessariamente quem tem os direitos, mas que ter� a maioria. E se como um resultado de discuss�es sobre Hist�ria, nos descobrirmos como uma minoria judaica dominando uma maioria palestina, n�o seremos mais capazes de ter um Estado judeu. As concess�es �s quais a Sra. se refere s�o necess�rias para aqueles que acreditam na necessidade de um Estado judeu e democr�tico.

�       Por que n�o podem israelenses e palestinos viver juntos num Estado unificado e secular? Isto evitaria tanta viol�ncia e seria um golpe nos fundamentalistas mu�ulmanos e judeus. Acima de tudo, isso iluminaria a alternativa - um Estado de apartheid na medida em que a popula��o palestina deve superar a judaica nos pr�ximos 20 anos, e significaria n�o ser necess�rios longos e complexos tratados sobre divis�es, direito de retorno, fronteiras e Jerusal�m, que uma solu��o de Dois Estados envolveria.(James Hurst - Londres, G.B.) 

YB:  A id�ia sionista era sobre um Estado judeu. Se renunciarmos a essa id�ia, n�o haver� vantagem em viver nesta terra para muitos de n�s. Existem muitos pa�ses mais agrad�veis do que Israel nos quais poder�amos ser uma minoria como judeus, e a id�ia toda � ter ao mesmo tempo uma maioria judaica e democracia, o que significa direitos iguais para todos os cidad�os n�o-judeus do pa�s.

O preenchimento da aspira��o por autodetermina��o pelos palestinos e para os israelenses � uma causa nobre, em minha opini�o, e eu n�o a trocaria por uma id�ia de um pa�s democr�tico secular no qual os dois povos continuariam seu conflito em torno de cultura, s�mbolos ou identidades nacionais. 

�       Como pode o processo de Oslo, durante o qual houve massivos confiscos de terras, a cria��o de checkpoints, a duplica��o da popula��o de colonos e "legaliza��o" da ocupa��o israelense atrav�s de leis servir como um modelo para paz? N�o deveria a esquerda israelense, que controlava o governo nos anos de Oslo assumir a responsabilidade pelo fracasso do processo de paz? (Connie Hackbarth - Jerusal�m, Israel)

YB:  A direita culpa o processo de Oslo pela v�timas do terrorismo e a extrema-esquerda critica o processo de Oslo pelo crescimento dos assentamentos. A verdade � que Oslo n�o merece nenhuma dessas cr�ticas. O processo de Oslo foi uma tentativa de implementar os acordos de Camp David de 1978 e de levar, durante 5 anos de uma solu��o provis�ria, a uma solu��o permanente baseada nas resolu��es 242 e 338 da ONU.

As duas partes do acordo violaram sua implementa��o, e de certa maneira pode-se dizer que esse processo foi assassinado em 04/11/1995 [dia do assassinato de Yitzhak Rabin]. O que temos de fazer agora mesmo � chegar a uma solu��o definitiva o quanto antes, baseados nas mesmas id�ias de Dois Estados, ao longo das fronteiras de 1967 com pequenos ajustes, duas capitais em Jerusal�m, compensa��o para os refugiados palestinos e arranjos de seguran�a para ambas as partes.

�       O senhor acha que os grupos terroristas ir�o derrubar o governo de Yasser Arafat ? (Ben - Chicago. E.U.) 

YB:  A desordem nos territ�rios palestinos pode levar a v�rios resultados. N�o h� d�vida de que o interesse nacional de Israel est� na estabilidade do lado palestino, e espero que a decis�o do primeiro-ministro Abu Ala [Ahmed Qurei] de retirar sua ren�ncia ir� contribuir para a estabilidade do lado palestino. 

�       Como o Sr. explica o simples fato de que nos �ltimos 10 anos, desde o in�cio do processo de paz israelense-palestino, o n�mero de perdas israelenses � muito maior do que nos 30 anos anteriores? N�o seria esta a verdadeira raz�o de os israelenses estarem c�ticos sobre o assim chamado "Processo de Paz"? (Yosi I - Tel Aviv, Israel)

YB:  Na verdade, � uma quest�o de quando iniciar a contagem de perdas. Por exemplo, no per�odo entre 1957 e 1967, houve apenas 24 perdas em Israel. Desde nossa grande vit�ria em 1967, o n�mero se multiplicou geometricamente. A primeira intifada come�ou ap�s um longo per�odo de tens�o nas rela��es entre israelenses e palestinos. A onda de atentados suicidas por palestinos come�ou exatos 40 dias ap�s o massacre de Baruch Goldstein em Hebron. A segunda intifada foi em muito relacionada � visita de Sharon ao Monte do Templo, ocorrida um dia antes dela come�ar. Ent�o, acredito que se o senhor quiser culpar israelenses pelas perdas, existem muito mais eventos tang�veis conectados �s ondas de viol�ncia do que o processo de Oslo.

�       Como o campo da paz, inclu�do o Partido Trabalhista, est� tentando voltar ao poder em Israel? O que o senhor pessoalmente pensa que John Kerry, caso eleito, pode fazer? (Talal Altatar - Houston, E.U.)

YB:  N�o temos nenhuma teoria m�gica sobre como vencer as pr�ximas elei��es, mas sabemos que precisamos trabalhar muito. Estamos dedicando nosso tempo a encontrar pessoas, o m�ximo que possamos, para partilhar com elas nossas vis�es sobre paz e justi�a social, e acredito que apenas atrav�s de tais encontros, aumentaremos nosso poder.

Conhe�o John Kerry, o aprecio e acredito que de forma geral, ele est� expressando os pontos de vista da ala moderada e pragm�tica dos E.U. e outros lugares.

�       O que pensa do plano de Ami Ayalon e Sari Nusseibeh? O que o senhor diz do coment�rio de Ayalon, que diz que a esquerda israelense se distanciou muito da sociedade israelense? O seu partido teria a resposta certa para esta aliena��o? (Eyal - Boston, E.U.)

YB:  Eu assinei a iniciativa de Ami Ayalon e Sari Nusseibeh [A Voz dos Povos], mas n�o posso subscrever a sua cita��o de Ami Ayalon. Ningu�m fez pelas camadas mais fracas de Israel o que fizemos por eles como ministros, legisladores ou l�deres pol�ticos. O fato de que n�o ganhemos muitos votos dessas camadas n�o nos faz necessariamente errados. A forte correla��o entre fraqueza econ�mica e nacionalismo � algo que n�o foi inventado em Israel.

�       O senhor acredita que um f�rum internacional com uma influ�ncia americana teria uma chance maior (que a C�pula de Camp David em 2000) como f�rum para negocia��es abrangentes? (Gilad - Los Angeles, E.U.

YB:  N�o excluo esta possibilidade, mas n�o acredito que isto tornar� a solu��o mais f�cil para israelenses e palestinos. No final, ter� de ser uma decis�o dos dois lados, que tornar� poss�vel se ter paz em nossa parte do mundo.

�       O senhor acha a pol�tica de imigra��o de Israel correta? Como um n�o-judeu, desejoso de viver em Israel, fiquei surpreso em saber que as pol�ticas de imigra��o mudam conforme o peso dos ultra-ortodoxos no governo. O senhor realmente acha que aceitar apenas judeus convertidos pelo rito ortodoxo � correto? (Jordi Gomis - Barcelona, Espanha)

YB:  Como um Estado judeu e democr�tico, Israel deve estar aberto a qualquer judeu que deseje viver aqui, mas isto n�o significa que devemos ter port�es fechados para todos os outros. Penso que as recentes mudan�as feitas na pol�tica de imigra��o de Israel est�o erradas.

�       Desde setembro de 2000, tenho ouvido v�rias vezes o senhor condenando as a��es do ex�rcito israelense (assassinatos seletivos, bloqueios de estradas) por n�o existir solu��o militar para o terror. � poss�vel que todas essas a��es que o senhor desaprovou tenham salvo centenas de vidas at� agora?  � poss�vel haver uma solu��o militar? (Iris F - Tel Aviv, Israel)

YB: Qualquer solu��o desse tipo � uma solu��o tempor�ria e deve provocar viol�ncias ainda maiores no outro lado. Apenas um acordo com nossos parceiros do lado palestino nos permitir� que vivamos uma situa��o diferente, que acredito ser� muito mais tranq�ila.

�       O Sr. n�o se preocupa que o Acordo de Genebra  se torne a base para novas negocia��es? Ahmed Qurei j� iniciou o que acha ser um bom "ponto de partida" para um acordo. Parece que Genebra cont�m todas as concess�es pelo lado israelense, mas concess�es muito vagas do lado palestino. N�o foi esta a hist�ria de Oslo? (David - Sydney, Austr�lia)

YB: Como o mesmo tipo de cr�tica � ouvido pelos nossos parceiros palestinos em seu lado, acredito que � razo�vel dizer que a Iniciativa de Genebra � um tratado justo. Se ela � percebida como um ponto de partida para Israel, e tamb�m para os palestinos, � porque ambos os lados manifestaram sua disposi��o para assin�-las e este � o grande avan�o de Genebra.

�       Por quanto tempo os campos da paz ficar�o como ref�ns dos extremistas nos dois lados? Se o senhor acredita que a maioria em Israel ap�ia a solu��o de Dois Estados, o que realmente tem que acontecer para que o campo da paz israelense se reenergize e obtenha o suporte de uma maioria s�lida? (Fawad Razzaque - Saint Louis, E.U.)

YB: A situa��o de Israel tem sido pendular entre direita e esquerda, e acredito que o fracasso do atual governo poder� conduzir � vit�ria da esquerda.

�       A Comiss�o do 11/9 concluiu seu relat�rio nomeando o terror isl�mico como o o inimigo que os E.U. devem combater. Por que o Sr. ainda se recusa a admitir que Israel est� enfrentando o mesmo inimigo - o radicalismo isl�mico? (Mladen Andrijasevic - Be'er Sheva, Israel)

YB:  ï¿½ preciso ser muito cuidadoso para n�o transformar nosso conflito com os palestinos num conflito cultural ou religioso, porque se isto acontecer teremos que desistir de uma solu��o, e se desistirmos de uma solu��o, estaremos desistindo de nossa exist�ncia. 

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org  e aos tradutores.  Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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YOSSI BEILIN:

 " MELHOR PARA ISRAEL � FIRMAR UM ACORDO COM OS PALESTINOS "

[ Entrevista por Elisabetta Piqu� - La Naci�n -  02/04/04 ]

 -  traduzida pelo PAZ AGORA/BR -

 

Em um dos piores momentos da historia do Oriente M�dio, quando n�o param de correr rios de sangue, o terror est� na ordem do dia, e reina a desesperan�a, h� quem insista em que � poss�vel uma solu��o para o conflito palestino-israelense. Um destes ï¿½ o ex-ministro da Justi�a, Yossi Beilin, hoje � frente do Yahad (Juntos) - um novo agrupamento social-democrata que incluiu o tradicional partido pacifista de esquerda, Meretz -, e art�fice do recente Acordo de Genebra.

Membro do Trabalhismo at� 2002, quando o partido Avod� decidiu unir-se � coaliz�o de governo do premier Ariel Sharon, Beilin tamb�m foi um dos arquitetos dos Acordos de Oslo, alcan�ados h� uma d�cada.

 Sem perder o entusiasmo, apesar da situa��o explosiva que se vive aqui h� mais de tr�s anos, Beilin idealizou o projeto de Genebra, junto ao ex ministro de Informa��o palestino, Yasser Abed Rabbo. Um plano muito detalhado, firmado em dezembro passado �s margens do lago Leman por personalidades israelenses e palestinas, que prev� dois Estados com uma fronteira n�o muito distinta da que havia em 1967, duas capitais em Jerusal�m, e uma solu��o para o problema dos refugiados.
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Muito bem recebido pela comunidade internacional, se bem que recha�ado por Sharon, conta com o apoio de 40% dos israelenses e dos palestinos, segundo Beilin. "Se os partid�rios da paz n�o atuarem, ningu�m atuar� em seu lugar", sublinha este prestigiado pol�tico israelense, que em entrevista ao [di�rio espanhol] LA NACION se manifestou contr�rio ao plano de "desligamento" de Sharon, que prev� a retirada unilateral de Gaza.

"Me parece uma p�ssima id�ia. Creio que h� que se buscar uma solu��o atrav�s de um acordo com a outra parte, n�o unilateralmente. Claro, � melhor do que continuarmos nos territ�rios como ocupantes, e por isso meu partido dar� seu apoio se houver uma vota��o no Knesset (Parlamento israelense)."

�Nosso papel, por�m, � tentar convencer a opini�o p�blica de que a melhor id�ia para Israel, se n�o quiser se converter num novo gueto para judeus no Oriente M�dio, � fazer um acordo com os palestinos; pois o acordo � poss�vel, e � Iniciativa de Genebra � um modelo para isto�.

�       O senhor diz que o acordo � poss�vel, mas na realidade nunca houve situa��o pior entre israelenses e palestinos, o road map est� praticamente morto, continuam os atentados, e os israelenses parecem estar de acordo com a id�ia de deixar unilateralmente Gaza...

YB: Os israelenses apoiar�o o fim da ocupa��o, e isto � uma boa noticia. A quest�o � se � o caso de faz�-lo mediante uma retirada unilateral. Sharon nunca avaliou a possibilidade de um acordo; nunca falou de um acordo com os palestinos desde que foi eleito em fevereiro de 2001. Por isso creio que antes de deixar os territ�rios sem nenhum tipo de pre�o nem compromisso, sem saber o que pode acontecer, e sabendo da amea�a do Hamas, deveria chegar a um acordo com os palestinos. 

�       Quem poderia ser o interlocutor?

YB: H� um primeiro-ministro palestino, Abu Ala (Ahmed Qurei), que foi o resultado direto da press�o israelense. Como � poss�vel ent�o que n�o falemos com eles? Parece-me algo no melhor estilo de Fellini... n�o o entendo. 

�       Teme que ap�s a retirada unilateral de Gaza, Hamas tenha mais poder?

YB: N�o tenho nenhuma d�vida. Isto n�o significa que o Hamas governar� Gaza diretamente, mas sim que ir� dominar Gaza. O Hamas quer controlar as mesquitas, as escolas e a vida di�ria, e n�o h� d�vida de o far� completamente quando sairmos.

�       Depois do assassinato do sheikh Ahmed Yassin, cr� que o Hamas se fortaleceu?

YB: N�o sei se est� mais forte, mas seguramente est� mais enfurecido, e buscando mais do que antes a vingan�a.

�       Muitos palestinos cr�em que jamais haver� paz com Sharon no poder...

YB: As pessoas em Israel dizem que enquanto Arafat estiver no poder n�o pode haver paz, e as pessoas do lado palestino dizem que enquanto Sharon estiver no poder n�o pode haver paz, mas o que eu digo � que, enquanto houver gente nos dois lados que querem paz, haver� paz.

�       Ainda que j� n�o pense num Grande Israel, e planeje se retirar de Gaza, Sharon pretende ficar com boa parte da Cisjord�nia?

YB: Sim. Creio que o que est� fazendo � muito parecido ao que fez Menahem Begin em 78/79: renunciar a uma parte para ficar com a outra. Begin renunciou � pen�nsula do Sina� para ficar com Gaza e Cisjord�nia. E Sharon est� preparado a renunciar a Gaza para ficar com boa parte da Cisjord�nia.

�       Acredita ser preciso uma renova��o de l�deres para que haja paz?

YB: Creio que os dois povos merecem l�deres melhores - ainda que isto seja um fen�meno mundial -, mas n�o acredito que tenhamos que esperar por essa mudan�a. Muitas vezes os sucessores podem ser ainda piores. H� que pressionar os l�deres para a PAZ AGORA. N�o se pode esperar.

�       Qual sua opini�o sobre os assassinatos seletivos?

YB: Israel se orgulha de ser a �nica democracia no Oriente M�dio, mas pode deixar de s�-la se prosseguir nesta pol�tica, que n�o � pertinente a uma democracia. Creio que se deve decidir se queremos continuar orgulhosos de nossa democracia, ou se  nos convertemos em outro tipo de pa�s, que executa pessoas sem julgamento.

COPYFREE :   Reprodu��o permitida com os devidos cr�ditos aos autores, ï¿½ fonte, ao PAZ AGORA/BR - www.pazagora.org  e aos tradutores.  Os textos publicados visam subsidiar o di�logo e N�O representam necessariamente as posi��es do Movimento PAZ AGORA ou dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA. Estas s�o expostas nas se��es "QUEM SOMOS" e "POSI��ES" do site www.pazagora.org

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YOSSI BEILIN :

 "RESPOSTA AO ACORDO DE GENEBRA � POSITIVA "

- Entrevista de Yossi Beilin a Egon Friedler -

[ "Mundo Israelita" - Buenos Aires - 02/04/04 ]

 - texto recebido do entrevistador e traduzido pelo PAZ AGORA/BR -

 Yossi Beilin � sem d�vida uma das personalidades pol�ticas mais interessantes e controvertidas de Israel. Eleito h� poucas semanas como l�der do novo partido social-democrata Yahad (Juntos) tem por tr�s uma impressionante carreira pol�tica. Nascido em 1948 em Israel, se iniciou como jornalista, logo passando a integrar o Conselho Editorial do di�rio �Davar�. Depois de receber um doutorado em Ci�ncias Pol�ticas na Universidade de Tel Aviv, ingressou na vida pol�tica. Foi porta-voz do Partido Trabalhista entre 1977 e 1984, secret�rio de governo entre 1984 e 1986 e Diretor-Geral de Assuntos Pol�ticos do Minist�rio de Rela��es Exteriores entre 1986 e 1988.

Parlamentar destacado, Vice-Ministro de Rela��es Exteriores e depois ministro em v�rios gabinetes de governo trabalhistas, ficou conhecido, sobretudo, como o incans�vel arquiteto dos acordos de Oslo. Tamb�m foi autor de v�rios livros sobre temas da sociedade israelense e as rela��es de Israel com a Di�spora. Beilin saltou uma vez mais � notoriedade internacional no ano passado, como principal art�fice da parte israelense do Acordo Informal de Paz Palestino-Israelense de Genebra, que firmou conjuntamente com Yasser Abed Rabbo, ex-ministro de Informa��o e Cultura da Autoridade Palestina.

O acordo, como se recordar�, despertou duras cr�ticas de parte do governo do Primeiro Ministro Ariel Sharon e foi visto com simpatia matizada de reservas, por v�rios setores de opini�o em Israel e no mundo.

Yossi Beilin, teve a gentileza de responder a um question�rio enviado eletronicamente, com respeito �s repercuss�es do Acordo de Genebra e outros aspectos da realidade pol�tica israelense. O que segue s�o as perguntas que lhe enviamos e as respostas do destacado l�der pol�tico israelense.

 

�       EF : O Acordo de Genebra foi recebido por muitas cr�ticas, especialmente da direita, mas tamb�m de moderados e esquerdistas. Inclusive um moderado como Yossi Alpher diz que o senhor  est� de acordo com a evacua��o de 100.000 colonos, uma tarefa que nenhum governo israelense ser� capaz de empreender. Qual � sua resposta �s cr�ticas?

YB: Era de se esperar que o Acordo de Genebra despertasse cr�ticas, e de minha parte n�o penso que ser criticado seja um problema. Muito ao contrario. A busca de caminhos novos sempre � algo controvertido, e se todo mundo tivesse concordado com o que oferecemos em Genebra, eu teria pensado que o acordo tem alguma falha importante. Quanto � evacua��o de colonos, concordo que n�o ser� uma tarefa f�cil para ningu�m, mas devemos nos perguntar qual � alternativa. Por mais dif�cil que seja evacuar colonos,  considero que n�o evacuar colonos � algo que nenhum governo israelense ser� capaz de fazer. Porque isto significaria a continua��o da ocupa��o de 3 milh�es de palestinos, que continuemos privando a todo um povo de seus direitos civis (e muito ami�de tamb�m humanos) e que abandonemos a id�ia sionista de um estado judeu e democr�tico.

�     EF : O texto do acordo de Genebra foi enviado aos lares de israelenses e palestinos. Como foi recebido por ambas as partes, e quais foram suas rea��es?

YB: O texto foi enviado a todas as casas em Israel. Isto significa 1.900.000 c�pias em hebraico, russo e �rabe. Entre os palestinos, o texto do Acordo foi distribu�do por outras vias.(Muita gente n�o sabe que atualmente n�o existe um servi�o regular de distribui��o de correi nos territ�rios palestinos, pelo que n�o � poss�vel distribuir o documento da mesma maneira em que se distribui em Israel). No geral, a resposta foi extremamente positiva. Em primeiro lugar, uma grande propor��o do p�blico, cerca de 95%, diz que est� familiarizado com a Iniciativa de Genebra (um �ndiece que inclusive os diretores de marketing de marcas das mais prestigiosas considerariam como surpreendentemente alto).

Em segundo lugar, a popula��o aprecia estar bem informada e sua atitude  sobre Genebra espelha essa atitude. Ainda que algumas pessoas discorde de alguns aspectos do Acordo, em geral seu desacordo se baseia numa an�lise muito mais s�ria e profunda da que � habitual no debate pol�tico a que estamos acostumados.

O resultado � que o interc�mbio de id�ias resulta ser muito f�rtil, o que n�o significa que vamos convencer cada pessoa no pa�s. Sabemos que isto n�o � poss�vel. O que temos a espera�za de conseguir, � que as pessoas tomem consci�ncia do que est� em jogo num acordo permanente com os palestinos. Quer dizer, que lhes fique claro o que implica, qual ser� o custo e quais os benef�cios.

�     EF : Um jornalista do ï¿½Haaretz� disse que o Acordo de Genebra se converteu em uma esp�cie de teatro �underground�.  O que pensa dessa defini��o? Cr� que em algum momento Genebra poder� se transformar na base de uma negocia��o s�ria?

YB: N�o me lembro de ter lido essa defini��o. Mas o teatro n�o � algo mau se desperta o p�blico para que veja o drama pol�tico que o rodeia. De qualquer maneira, n�o temos nada de clandestino. Estamos continuando na mira p�blica, em reuni�es em v�rias cidades, em col�gios secund�rios, na imprensa e, como mencionei antes, em cada lar israelense. Por outro lado, nos convertemos em um fator de refer�ncia importante na arena internacional e h� governos e parlamentos estrangeiros que atuam para criar um entorno que possa estimular os respons�veis pol�ticos a adotar esta iniciativa como sua pol�tica oficial.

�     EF : Num artigo no �New York Times�, David Horowitz, editor da revista �Jerusalem Report� disse : �Desde que foi completado no outono passado, o acordo de Genebra n�o conseguiu seu prop�sito essencial � persuadir as partes mutuamente desconfiadas de que o inimigo pode ser um s�cio razo�vel de um acordo. Mas a antipatia em alguns casos tem mais a ver com as personalidades envolvidas que com o conte�do do acordo em si. Por exemplo, o rol proeminente de Yossi Beilin, um ex-ministro da Justi�a que � visto como um apologista do Sr.Arafat, teria gerado uma oposi��o particular por parte dos israelenses. O que lhe responderia?

YB: O mais f�cil � sempre levar as coisas para o terreno pessoal. Penso que, para o bem ou para o mal, isto faz parte da cultura moderna. Mas o Acordo de Genebra n�o se refere a mim nem a nenhum dos indiv�duos que trabalharam nele. � um programa pol�tico, detalhado, concreto e pr�tico. De qualquer maneira, como pessoa que aceitou o desafio de propor mudan�as, sei que sou objeto de controv�rsias. Eu o aceito. Mas se isto desperta a antipatia de alguns, tamb�m h� muitos que me ap�iam com entusiasmo. Incidentalmente, acabo de ser eleito l�der do Yahad, o recentemente criado partido social-democrata israelense. O Yahad n�o � um partido numeroso, mas eu n�o teria ganho a elei��o prim�rio se fosse a pessoa menos popular em Israel.

�     EF : A esquerda israelense � considerada d�bil tanto em Israel como no estrangeiro, e muitos acreditam que n�o poder� recuperar sua for�a. Qual sua opini�o?

YB: � certo que a esquerda israelense est� relativamente d�bil atualmente, mas n�o � menos certo que o que se costumava associar com o pensamento da esquerda tem mais vig�ncia do que nunca. Em outras palavras, a din�mica pol�tica � um pouco mais complexa do que nossa representa��o no Knesset [Parlamento] poderia sugerir.

Por exemplo, o n�mero de israelenses dispostos a se retirar-se de toda a Margem Ocidental e Gaza cresceu consideravelmente nos �ltimos 3 anos, e inclusive o Partido Likud aceitou a cria��o de um estado palestino. Por isso, mesmo que a esquerda se tenha debilitado em termos estritamente parlamentares, se tornou mais forte ideologicamente com a ado��o por parte da direita de algumas id�ias b�sicas da esquerda israelense tradicional, ou seja, o Partido Trabalhista atravessa uma profunda crise, mas h� sinais de vida em outras partes. O recentemente formado partido social-democrata de Israel � um fato muito promissor.

�     EF : Como o Sr. v� seu papel na esquerda israelense?

YB: Como l�der do Yahad, vejo meu papel como um bar�metro para todo o espectro da esquerda do mapa pol�tico israelense e particularmente do Campo da Paz. Enquanto o Partido Trabalhista continua atravessando uma situa��o organizacional muito prec�ria e uma virtual bancarrota ideol�gica, o que se expressa em suas constantes tentativas de reingressar no governo de Sharon em lugar de atuar como uma oposi��o decidida, o papel de meu partido � tratar de influir sobre o trabalhismo e atuar de maneira aberta e decidida para oferecer � popula��o israelense uma alternativa vi�vel e atraente ao trajeto daninho que o governo de Sharon adotou tanto no plano social como pol�tico.

�     EF : O senhor esteve contra uma proposta de retirada unilateral do ex�rcito israelense de Gaza tal como foi colocada pelo primeiro-ministro Ariel Sharon. Pensa que � poss�vel uma retirada acordada com os palestinos? O que o Sr. proporia?

YB: N�o tenho a menor d�vida de que � poss�vel uma retirada acordada dos israelenses de Gaza. A Autoridade Palestina tem um interesse vital em alcan�ar um acordo com Israel, porque se fracassar, isto minaria sua autoridade e daria uma vit�ria aos extremistas. O que proponho � que o governo israelense inicie imediatamente negocia��es para um acordo final com a Autoridade Palestina e ofere�a a retirada de Gaza no marco de algum tipo de acordo, seja um negociado entre Sharon e o primeiro -ministro Abu Al�, ou caso ambos n�o possam chegar a um acordo, no marco de algum outro tipo de entendimento reconhecido como v�lido tanto por parte de Israel como por parte da Autoridade Palestina.

Isto poderia ser, por exemplo, a terceira fase de Oslo (que nunca foi implementada) ou a segunda fase do Road Map ( que nunca chegou a ser posto em pr�tica).

�     EF : Ultimamente se produziram sintomas alarmantes de anarquia e caos na Autoridade Palestina. Como v� a situa��o?

YB: Estou muito preocupado. A Autoridade Palestina se est� debilitando. H� muitas raz�es que explicam isto, e como israelense s� posso falar da cota de responsabilidade israelense. E esta cota tem sido muito grande. A pol�tica de Sharon debilitou consideravelmente a Autoridade Palestina. N�o sei se � isso o que Sharon esperava conseguir com sua pol�tica, mas este foi exatamente o efeito de tudo o que fez at� agora - desde se negar a negociar com seus l�deres (n�o s� Arafat, como tamb�m um primeiro-ministro ap�s outro) a continuar exercendo press�o sobre a popula��o palestina.

Um exemplo que ilustra a pol�tica err�nea de Sharon � sua incapacidade de alcan�ar um arranjo sobre a libera��o de prisioneiros com o primeiro-ministro Mahmud Abbas (Abu Mazen), para liberar pouco mais tarde centenas de prisioneiros em benef�cio do Hizbolah.

De forma consistente e tr�gica, a pol�tica de Sharon tem premiado os terroristas e castigado os pragm�ticos.

�     EF : As elei��es em Israel foram fixadas para 2006. Haver� elei��es antecipadas?

YB: As elei��es ficaram marcadas oficialmente para novembro de 2007, mas poucos acreditam que se esperar� at� ent�o. A coaliz�o de Sharon se debilita dia ap�s dia. E um governo que oferece uma vis�o t�o escura � vasta maioria da popula��o n�o pode sobreviver muito tempo. A popula��o est� se tornando vez mais contra Sharon e anseia encontrar uma alternativa.

�     EF : A "sabedoria convencional" diz que s� a direita pode fazer a paz com os �rabes, pois a esquerda e o centro n�o s�o capazes de conseguir um acordo que obtenha o apoio do povo israelense. O senhor concorda com isso?

YB:  A �sabedoria convencional� � apenas isto, convencional. � dif�cil discutir com esta classe de �sabedoria� que carece de imagina��o e �, por defini��o, conformista. Na realidade, penso que n�o � s�bia em absoluto. ï¿½ mais um clich�. E eu odiaria que nosso futuro fosse determinado por clich�s. Se Rabin tivesse pensado desta maneira, por exemplo, nunca ter�amos ido a Oslo. Excetuando a Menachem Begin, nenhum l�der israelense de direita fez a paz com um pa�s �rabe.

�     EF : ï¿½ poss�vel alcan�ar algum avan�o para a paz num ano eleitoral nos Estados Unidos?

YB: � certo que Washington est� cada vez mais preocupada com as pr�ximas elei��es. Mas os norte-americanos n�o s�o o �nico fator que conta.

Os europeus tamb�m podem cumprir um papel e tem quase um ano para provar a si mesmos e a todas as partes na regi�o que tamb�m podem ter um papel destacado.

� importante ter em conta que algumas das mudan�as mais importantes na rela��o israelo-palestina tiveram lugar sem a interven��o norte-americana. Na verdade, o processo de Oslo se realizou nas costas dos norte-americanos. Sempre � conveniente que haja um fator externo para respaldar a negocia��o, mas em �ltima inst�ncia o que permite avan�os substanciais � s� a vontade pol�tica de ambas as partes.

Dito isto, a comunidade internacional, e particularmente os Estados Unidos, devem jogar um papel importante no que respeita a assistir as partes no delicado processo de implementa��o dos acordos, assist�ncia financeira, extens�o de garantias de seguran�a, etc.

�     EF : O senhor cr� que exista um s�rio interlocutor para a paz, capaz de cumprir suas promessas, no lado palestino?

YB: Como judeu agn�stico, prefiro me basear em fatos n�o em cren�as. E a Iniciativa de Genebra � um fato incontroverso.

 

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COMO LUTAR CONTRA O  HAMAS

[ YOSSI BEILIN (*) - 24/03/04 - www.itongadol.com.ar ]

 - traduzido pelo PAZ AGORA/BR �

O Hamas floresce na escurid�o, quando n�o h� esperan�a. E murcha quando existe em andamento um processo pol�tico s�rio.�Foi o que ocorreu no final da d�cada dos noventa. A luta contra o Hamas � crucial, mas se equivoca todo aquele que opine que essa organiza��o pode ser derrotada mediante o assassinato de seus dirigentes. S� pode ser derrotada por meio de um processo pol�tico, porque n�o h� maior amea�a para os defensores de um Estado pan-isl�mico em todo o Oriente M�dio que um acordo palestino-israelense que veja a apari��o de um Estado Palestino.

 

O assassinato do sheikh Ahmed Yassin n�o proporcionar� uma maior seguran�a ao povo de Israel. Faz parte do ciclo de viol�ncia que n�o para de crescer desde o princ�pio da segunda �intifada�, em setembro de 2000. O assassinato provocou uma grande f�ria, aumentou o �dio contra Israel e refor�ou os sentimentos de vingan�a. No pr�prio momento do assassinato, na manh� do 22 de mar�o, se iniciou a contagem regressiva para o pr�ximo ataque terrorista. A �nica coisa que falta saber � se este atentado ter� lugar em Israel ou se dirigir� contra objetivos judeus em outras partes do mundo. Cair�o mais v�timas inocentes?

O sheikh Ahmed Yassin  era um extremista que abra�ou a causa do �dio e a viol�ncia. Mesmo assim, ainda que o mundo sem ele possa ser melhor, n�o necessariamente ser� mais seguro. Seja quem for, seu sucessor na dire��o do Hamas buscar� vingan�a.

Na minha opini�o, os assassinatos seletivos s� s�o leg�timos quando se realizam para impedir um ataque terrorista iminente. Acabar com inimigos pol�ticos e ideol�gicos �ainda que hajam abra�ado a causa da viol�ncia e o �dio - n�o � leg�timo.

O assassinato do sheikh Yassin criou uma situa��o artificial na qual os palestinos da Faixa de Gaza e Cisjord�nia se sentem obrigados a permanecer juntos, unidos. Criamos uma situa��o na qual �todos somos Yassin�, quando a maioria dos palestinos recha�a sua pessoa e seus m�todos. No lugar de separar os pragm�ticos dos extremistas, o assassinato converteu os palestinos num coletivo unido e furioso que clama vingan�a em un�ssono. Israel n�o poderia ter cometido erro maior.

N�o � demasiado tarde para fazer um giro de 180�. Israel, mesmo sob o mandato de Sharon, pode declarar que cessa unilateralmente suas a��es militares e que est� disposto a regressar � mesa de negocia��es ap�s anos de a ter abandonado. Perdemos a oportunidade de negociar com o primeiro-ministro anterior, Abu Mazen, e n�o estamos negociando com o atual, Abu Ala. Israel deveria aproximar-se dele e declarar que est� disposto a retomar as negocia��es interrompidas em Taba, em janeiro de 2001, entre representantes do governo israelense e a Autoridade Palestina.

Temos um s�cio palestino. � um s�cio mais fraco que no passado. Grande parte de sua infra-estrutura est� destru�da. E cometeu graves erros durante a ï¿½intifada�. Contudo, este s�cio � pragm�tico e deseja chegar a um acordo. Em lugar de acelerar o final da Autoridade Palestina, devemos fazer um esfor�o para negociar com ela e chegar a um acordo muito parecido ao que alcan�amos em Genebra h� alguns meses, e que satisfaz aos principais interesses de ambos os lados: dois estados soberanos vizinhos, a fronteira internacionalmente reconhecida de 1967 com modifica��es consensuais, Jerusal�m como capital dos dois estados, uma solu��o justa para o problema dos refugiados e acordos de seguran�a adequados.

Se a negocia��o for retomada, renascer� a esperan�a. O mundo est� enormemente interessado em ver o final do conflito no Oriente M�dio. Os potenciais econ�micos de Israel e Palestina s�o dos mais favor�veis. Todo aquele que tenha algo a perder far� o que puder para conseguir um �xito final. Os palestinos pragm�ticos apoiar�o uma dire��o que aceita negociar e n�o deixar� que o Hamas ponha a perder a esperan�a de uma vida normal em nossa regi�o. O Hamas floresce na escurid�o, quando n�o h� esperan�a. E murcha quando existe em andamento um processo pol�tico s�rio.�Foi o que ocorreu no final da d�cada dos noventa.

A luta contra o Hamas � crucial, mas se equivoca todo aquele que opine que essa organiza��o pode ser derrotada mediante o assassinato de seus dirigentes. S� pode ser derrotada por meio de um processo pol�tico, porque n�o h� maior amea�a para os defensores de um Estado pan-isl�mico em todo o Oriente M�dio que um acordo palestino-israelense que veja a apari��o de um Estado Palestino.

(*) YOSSI BEILIN foi recentemente eleito presidente do novo YAHAD - Partido Social-Democr�tico de Israel. Um dos principais promotores da Iniciativa de Genebra, foi ministro da Justi�a e negociador do processo de paz no governo Barak.
 

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Esta colet�nea � uma homenagem dos 

AMIGOS BRASILEIROS DO PAZ AGORA

 a todos os israelenses e palestinos que resistem � viol�ncia, dialogando na busca da paz.

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(*) Vers�o em portugu�s pelos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA, baseada no texto oficial em inglês.

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