A amamentação é prolongada: chega a ultrapassar dois anos, desde que não
surja nova gravidez ou não falte o leite.
Cedo começam a beber também leite de vaca e a berlunga (cerveja); e, após
os primeiros dentes, comem pirão (espessas papas de massango).
As crianças são sujeitas
quase diariamente a lavagens intestinais. O
líquido medicamentoso é obtido pondo na água folhas maceradas de vários
arbustos, e é introduzido nos intestinos através de um caniço metido no
ânus. A criança é deitada de bruços sobre a perna esquerda da mãe, que lhe
levanta as pernas com a mão direita e lhe injecta sucessivos bochechos da morna
infusão.
As mães lambem frequentemente os olhos e chupam o prepúcio para limparem os
filhos pequenos.
Entretanto, os rapazes iniciam as suas excursões pelos campos e as raparigas
cirandam pelo eumbo ( "casa"), como todos os da sua idade.
Depois dos 10 anos são submetidos a uma operação que é uma prova de
coragem e resistência à dor - a okukulwa. Consiste esta em arrancar os dois
incisivos médios inferiores e limar interiormente os dois correspondentes
incisivos superiores. É a marca dos Cuanhamas e tribos afins. A esta prática
que é por vezes adiada, já nem todos se submetem, mas ainda são objecto de
escárnio os que a ela fogem: são chamados ova-nailongo, isto é,
"estrangeiros".
Começa agora a sorrir a vida ao rapaz Cuanhama. Com as flechas de caniços,
com ponta de pau, mata aves; com mocas (porrinhos), que segura na cinta, apanham
os coelhos; com flechas de ponta de ferro, mata pequenos antílopes. Além
disso, andam armados com azagaias (onga) e uma faca de dois gumes com bainha de
madeira (mukonda), o que lhe dá um aspecto belicoso. A sua tarefa principal é
guardar, sem muito cuidado, o rebanho.
As raparigas ajudam as mães na lida da casa: acarretar lenha e água,
manejar o pilão, etc.
As crianças integram-se, desta maneira, no meio e a sua vida identifica-se
facilmente com a dos pais, por meio do exemplo e da persuasão. Raro são os
castigos e os prémios.
Há festas onde rapazes e raparigas se divertem e travam conhecimento, que
pode ser o início do noivado. Estes contactos entre a juventude já bastantes
deturpados, estão a perder o seu conteúdo e inocência.
Os Cuanhamas observavam uma rigorosa moral sexual, que hoje está cada vez
mais lassa. A gravidez antes da festa da nubilidade (efundula) era punida com a
pena de morte; na região de Evale os dois "criminosos" eram lançados
num pego, amarrados um ao outro. Hoje os costumes são mais fáceis; aquela
sanção já não existe e muitas raparigas, se não a totalidade, têm
relações sexuais antes da efundula. Normalmente, porém, evitam ou escondem a
gravidez.
O recurso ao aborto é um meio, não raras vezes usado, para fazer
desaparecer uma gravidez que ainda é uma desonrosa.
Cada vez é menor a influência dos país na escolha da noiva, embora
raramente a rapariga se comprometa sem ouvir a mãe.
Durante o noivado, que pode ser muito longo, a família da rapariga não tem
que se preocupar com o vestuário, que fica a cargo do noivo. Quando o noivado
se rompe, há restituição do vestuário e outros presentes recebidos.