Alimentação

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A alimentação, intimamente ligada aos recursos locais, tem por base o massango (omahagu) e o leite (omasine).

A farinação do massango, trabalho moroso, normalmente a cargo das raparigas, é feita nos pilões, à entrada do eumbo (oposhine). Aí o descascam, molham e voltam a pisar, num ritmo sempre igual.

Depois, numa bandeja feita de verga( ongalo), separam, com pequenas sacudidelas sucessivas, os elementos mais grosseiros do cereal moído. A farinha (oufila), deitada numa panela de barro com água fervente, transforma-se num instante no prato de resistência: o pirão (osifima). Estas papas consistentes estão invariavelmente presentes nas duas refeições principais.

O leite fresco é raramente utilizado na alimentação dos adultos, que preterem o leite azedo. O leite ordenhado é batido em grandes cabaças penduradas, que são balançadas de quando em vez. Para apressar a coagulação da manteiga, misturam no leite pedaços de raízes da árvore omunhudi.

Além destes produtos, muitos outros fazem parte da alimentação, mas sem a mesma regularidade. Entre os cereais, podemos citar a massambala.

O pirão de milho não é apreciado, mas a fuba (farinha) de milho, importada do Norte pelos comerciantes, vai sendo consumida, e a ela recorrem em grande escala nos anos de escasso massango. Gostam muito, no entanto, das maçarocas assadas.

Outros animais domésticos e de capoeira fornecem alimento cárneo: galinhas e cabritos especialmente. Os porcos não abundam, porque destrõem as lavras, no tempo das chuvas, e conspurcam a escassa água, no tempo seco. Os poucos que são criados à solta originam sempre questões. No tempo dos sobas era proibida a criação desses animais.

Os legumes mais frequentes na ementa Cuanhama são os feijões e as cucurbitáceas. Com uma planta da família das leguminosas, a que chamam ombidi, confeccionam, como dissemos, um esparregado muito apreciado. Estes legumes cozidos e desidratados, constituem uma boa reserva alimentar para a época seca (mavanda).

Habitualmente têm três refeições por dia: a primeira, de manhã, consiste, para os homens e para os rapazes, nuns "copos" de uma espécie de cerveja espessa, preparada pelas mulheres a partir da farinha de massango (osikundu). Estas, as raparigas e as crianças comem os restos da refeição anterior.

Cerca do meio-dia terá lugar a segunda refeição (omusa), constituída normalmente pelo pirão e leite azedo.

A refeição da noite é mais abundante e solene. O dono da casa come juntamente com os rapazes, no pátio grande (olupale), onde cada uma das esposas lhe vai levar, para escolhes, o pirão e o conduto. As mulheres, as raparigas e as crianças comem, à parte, na cozinha. Esta refeição consta geralmente de pirão, carne ou peixe e leite azedo.

De acordo com a época e as circunstâncias, a ementa varia, pois nela entram os vários produtos atrás referidos. Esta é, porém, e ementa-tipo.

As refeições são cozinhadas nas panelas de barro, servidas em pratos (elilo) feitos de folhas de palmeiras entrelaçados e comidos à mão. O leite é bebido por vasos de madeira.

Não considerando a da manhã, pode dizer-se que os Cuanhamas não consomem bebidas alcoólicas às refeições. Fora delas, porém, quando podem, usam e abusam das diversas bebidas fermentadas e destiladas, por processos gentílicos, e do vinho e aguardente, adquiridos no comércio local.

As bebidas tradicionais mais vulgares são: a berlunga, o amolado, o gongó e as aguardentes diversas.

 

Ana Patricia Rosa

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