Caça, Recolha e Pesca

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Caça

As tradições orais indicam um povo caçador entre os antepassados dos actuais Cuanhamas. Os ova-kwa-nyama, "os da carne", ter-se-iam fixado na região devido, precisamente, à abundância de caça.

O oficio de caçador era considerado sobrenatural. A sua aprendizagem completava uma iniciação espirita e o exercício das funções um certo número de actos de culto ao espírito possuído.

Este aspecto vai desaparecendo, embora sobrevivam, certas crenças, e a caça passou a segundo plano, ainda que tenha valor económico apreciável. É impossível calcular o número de animais abatidos. Mas, não havendo talhos, e dado que os nativos raramente abatem um boi, a não ser nas grandes festas, o alimento cárneo é, em grande parte, obtido por intermédio da caça. Os bons caçadores são muito admirados e respeitados ainda hoje.

Os rapazes, munidos de mocas, arcos e flechas e auxiliados por cães, caçam aves, coelhos e pequenos antílopes, "enquanto, descuidadamente, apascentam o gado. Na época das chuvas, muitos olongos enterram as sua pernas esguias nos lamaçais, onde, rendidos pelo cansaço acabam por ser apanhados; e grandes bandos de patos, que ali vêm fazer criação, são também perseguidos. Os animais capturados vivos são inexoravelmente vendidos ou mortos, pois temem domesticar animalejos bravios.

As armadilhas são muito utilizadas.

Os homens usam também os canhangulos para abater bichos mais corpulentos. Nestas armas, de carregar pela boca, metem pólvora, chumbo, pedaços de ferro esféricos ou poliédricos, cabeças de pregos, pedras, etc. Nenhum animal resiste a um tal projéctil, que faz um buraco enorme. Enquanto a bala de uma arma aperfeiçoada pode atravessar um animal sem, aparentemente, o molestar, desde que não atinja centros vitais, um tiro de canhangulo, acerte onde acertar, abate-o irremediavelmente.

Apanha ou Recolha

Se bem que os Cuanhamas tenham ultrapassado há muito o estádio da simples recolecção, forma mais primitiva da utilização da natureza, certo é que recorrem ainda, em larga escala, aos produtos espontâneos da flora e a pequenos animais, que lhes fornecem um complemento alimentar indispensável.

Nos anos de grande fome, quando não podiam recorrer ao comércio, eram as ervas, as raízes, os frutos e os pequenos bichos do mato que salvavam muitos Cuanhamas de morrer à míngua. Apesar de a floresta não ser muito exuberante, nem extremamente generosa, fornece algumas variedades de frutos selvagens que são muito apreciados, além de outros sem interesse de maior.

Apanham os ratos dos campos, as rãs enormes que aparecem após as primeiras chuvas, lagartas, vermes, térmites aladas e gafanhotos.

Pesca

A pesca atinge, nos anos de grandes cheias, um volume considerável, grande parte do qual é comercializado.

As grandes pescas tradicionais, que, na época seca, se organizam, especialmente, nos pegos de Cuvelai, são colectivas. Mobilizam centenas de nativos de ambos os sexos e de várias idades, que, no dia aprazado, se juntam no local escolhido.

As mulheres apresentam-se com um grande cesto cónico, feito com fibras de omuselesele. Segurando as nassas pela ponta, vão batendo coma base aberta os fundos do rio. Quando pressentem os movimentos desesperados de algum peixe prisioneiro, "libertam-no" .Para isso, metem o braço por uma abertura e, sem levantar o cesto do fundo, agarram-no. Esta abertura está voltada para a pescadora. Retirado o peixe, é entregue a uma ajudante que vem atrás. Esta mete-o numa cabaça. No entanto, quando não tem a ajudante, a própria pescadora mete o peixe numa cabaça que, para o efeito, equilibra sobre a cabeça.

Também já pescam, individualmente, com anzóis, adquiridos no comércio local, mas em pequena escala.

 

Ana Patricia Rosa

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