O adeus do voluntário
Adeus! longe de teus olhos
Tristes dias vou passar;
Vou cingir a espada, e longe
Mil perigos afrontar.
Adeus, que em longínqua terra
Me chama o clarim da guerra.
Dever de leal soldado
Me arranca dos braços teus;
Hoje a pátria que padece
Me manda dizer-te adeus.
Oh! que este adeus é bem nobre;
Porém quanta angústia encobre!...
A honra vou defender
Do auriverde pavilhão;
Ele e o teu nome aqui levo
Gravados no coração.
Devo voltar com vitória
Ou morrer cheio de glória!...
Esta vida, este meu sangue
Devo à pátria que mos deu;
Mas depois da pátria salva,
Serei teu, somente teu.
Guardar-te-ei fé inteira
Qual guardo a minha bandeira.
Terei sempre ante meus olhos
A tua imagem louçã;
O nome teu nas pelejas
Será o meu talismã
E como um fanal de glória
Me levará à vitória.
Mas se no campo da honra
É meu destino morrer,
Se nunca mais os meus olhos
Puderem tornar-te a ver,
Sem lastimar minha sorte
Chora sempre a minha morte.
Desses teus formosos olhos
Uma lágrima de dor
Caia sobre o ignoto nome
Do obscuro lidador
E tua saudade imensa
Seja a minha recompensa.
Praza ao céu que eu possa um dia
Entre os hinos da vitória
À grinalda dos amores
Unir os lauréis da glória
E à sombra dos lares meus
Repousar nos braços teus.
Adeus, ó minha adorada,
Soa a hora da partida;
Ai que minha alma se parte
Nesta triste despedida.
Cinge-me nos braços teus,
Não chores... adeus...adeus!...
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