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Equívocos sobre a Imunização

Equívoco n°1
Por causa de melhorias na higiene e nas condições sanitárias, as doenças já tinham começado a desaparecer antes das vacinas serem introduzidas.

Declarações como esta são bastante comuns na literatura anti-vacinas, a intenção aparentemente é sugerir que as vacinas não são necessárias. Melhorias nas condições socioeconômicas têm tido indubitavelmente um impacto indireto sobre doenças. Uma nutrição melhor, sem mencionar o desenvolvimento de antibióticos e outros tratamentos, têm aumentado as taxas de sobrevivência entre os doentes; um menor número pessoas vivendo aglomeradas tem reduzido a transmissão de doenças; e queda da natalidade tem diminuído o número de contatos domiciliares susceptíveis. Mas examinar a incidência real de doenças com o passar dos anos deixa poucas dúvidas do significativo impacto direto que as vacinas vêm tendo, mesmo em tempos modernos. O gráfico abaixo, por exemplo, está mostrando a incidência relatada de sarampo desde 1920.

Casos de Sarampo nos EUA desde 1920. A seta indica quando foi permitido o uso da vacina.

Houve picos e vales periódicos através dos anos, mas a queda real, permanente coincide com o licenciamento e uso disseminado da vacina contra o sarampo começando em 1963 [seta]. Gráficos de outras doenças evitáveis por vacina mostram um padrão aproximadamente similar, com todas exceto hepatite B mostrando uma queda significativa de casos correspondendo com o advento do uso de vacina. Espera-se que acreditemos que melhores condições sanitárias fizeram com que a incidência de cada doença caísse, justamente na época que uma vacina para aquela doença foi introduzida? Além disso, se a melhoria das condições sanitárias causou a queda do número de doenças respiratórias evitáveis por vacinas, por que não diminuiu a incidência de outras doenças respiratórias (como gripes e resfriados) que são transmitidas da mesma maneira?

A vacina Hib (contra Haemophilus influenzae tipo b) é outro bom exemplo, porque a doença por Hib foi prevalente até apenas alguns anos atrás, quando vacinas conjugadas que podem ser usadas por crianças foram finalmente desenvolvidas. (A vacina polissacarídea disponível anteriormente não podia ser usada por crianças, em quem a maioria dos casos da doença estava ocorrendo.) Uma vez que as condições sanitárias não são melhores agora do que eram em 1990, é difícil atribuir o virtual desaparecimento da doença por Hib em crianças em anos recentes (de 20.000 casos estimados por ano para 1.419 casos em 1993, e caindo) para qualquer outra coisa senão a vacina.

A varicela (catapora) também pode ser usada para ilustrar o argumento, uma vez que as modernas condições sanitárias obviamente não preveniram aproximadamente 4 milhões de casos por ano nos Estados Unidos. Se doenças estavam desaparecendo, deveríamos esperar que a varicela estivesse desaparecendo junto com as outras. Mas aproximadamente todas as crianças nos Estados Unidos contraem a doença hoje, da mesma maneira que há 20 ou 80 anos atrás. Baseado na experiência com a vacina da varicela em estudos antes de ser licenciada, podemos esperar que a incidência da varicela caia significativamente agora que uma vacina foi licenciada nos Estados Unidos.

Finalmente, podemos observar as experiências de vários países desenvolvidos após deixarem os níveis de imunização caírem. Três países -- Grã-Bretanha, Suécia e Japão -- interromperam o uso de vacina da coqueluche por causa de temores em relação a vacina. O efeito foi dramático e imediato. Na Grã-Bretanha, uma queda na vacinação da coqueluche em 1974 foi acompanhada por uma epidemia de mais de 100.000 casos de coqueluche e 36 mortes em 1978. No Japão, por volta da mesma época, uma queda nas taxas de vacinação de 70% para 20%-40% levou a um salto na coqueluche de 393 casos e nenhuma morte em 1974 para 13.000 casos e 41 mortes em 1979. Na Suécia, a taxa anual de incidência da coqueluche por 100.000 crianças entre 0-6 anos de idade aumentou de 700 casos em 1981 para 3.200 em 1985. Parece claro a partir dessas experiências que não apenas as doenças não estariam desaparecendo sem vacinas, mas se pararmos de vacinar, elas poderiam voltar.

De interesse mais imediato é a grande epidemia de difteria ocorrendo agora na antiga União Soviética, onde baixas taxas de imunização primária em crianças e a falta de vacinações de reforço em adultos resultou em um aumento de 839 casos em 1989 para aproximadamente 50.000 casos e 1.700 mortes em 1994. Já houve pelo menos 20 casos importados na Europa e dois casos de cidadãos dos EUA que trabalharam na antiga União Soviética.

A incidência de hepatite B não caiu tão dramaticamente ainda, porque as crianças que começaram a receber a vacina em 1991 nos EUA não estarão em alto risco de contrair a doença até elas estarem pelo menos na adolescência. Devemos desse modo esperar um atraso de cerca de 15 anos entre o início da vacinação infantil universal e uma queda significativa na incidência da doença.

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Esta informação foi adaptada do material que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA publicou em 1996 para ajudar médicos a tranqüilizarem seus pacientes.

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