CURSO
DE LATIM |
| Introdução | Lição
1 | Lição 2 | Lição
3 | Lição 4 | Lição
5 | Lição 6 |
| Lição 7 | Lição
8 | Lição 9 | Lição
10 | Lição 11 | Lição
12 | Lição 13 |
LIÇÃO 3
3.1. Substantivos da segunda declinação Já estudamos os substantivos da primeira declinação. Seria necessário adentrarmos em uma série de particularidades antes de passarmos para o estudo da segunda. Mas iremos, com o passar das lições, lhe alertando para uma ou outra pequena irregularidade, e alguma possível exceção. Assim como a primeira declinação é caracterizada pela terminação -ae no genitivo singular de todos seus substantivos, a segunda declinação se caracteriza por ter o genitivo singular terminado em -i, em todos seus substantivos. Enquanto a maioria dos substantivos da primeira declinação era do gênero feminino, os da segunda são, em sua maioria, masculinos ou neutros: dominus,
domini (M)
senhor As terminações variam: -us, -er, -um, mais a palavra vir, viri, varão. Eis a declinação completa: Singular Plural Nom.
dominus
puer saxum
domini
pùeri
saxa Repare as seguintes características: a) As terminações do dativo e do ablativo singular são iguais; no plural são as mesmas da primeira declinação: -is b) O vocativo é igual ao nominativo, no singular e no plural, exceto para substantivos terminados em -us, quando se torna -e; Existem duas regras importantes para os neutros, de qualquer declinação: 1) As formas do nominativo e do acusativo são sempre idênticas, sejam quais forem; 2) O nominativo e o acusativo plurais terminam sempre em -a. Alguns substantivos terminados em -er, perdem o -e na declinação, como ager, que se torna agri no genitivo (e não *ageri), e mantém o radical agr- em todos os outros casos. Casos como esse serão notados no decorrer das lições *** Exercícios: 1. Decline
no singular campus, -i (M), planície, campo,
líber, libri, livro *** 3.2. Adjetivos da primeira e da segunda declinações Vistas as duas primeiras declinações, podemos agora tratar do primeiro grupo de adjetivos do latim, os adjetivos que se declinam ou como os substantivos da primeira declinação, ou como os da segunda. Para cada adjetivo desse grupo, temos três terminações distintas, uma para o masculino, outra para o feminino, e outra para o neutro: magnus, magna, magnum, grande. Independente das terminações do substantivo com o qual concorda em gênero, número e caso, os adjetivos desse grupo tomam a forma terminada: em
-us quando usados com substantivos masculinos: em
-a quando usados com substantivos femininos: em
-um quando usados com substantivos neutros: Como dissemos, os adjetivos concordam em número e caso com os substantivos a que se referem: magnae insulae - as grandes ilhas e não se esqueça que as terminações não são necessariamente idênticas: magnOrum poetArum - dos grandes poetas. Eis a tabela completa da declinação de bonus, bona, bonum, bom, boa Singular Plural M. F. N. M. F. N. Nom.
bonus bona bonum
boni
bonae
bona Não é necessário que você estude essa tabela. Basta apenas observar que os adjetivos masculinos seguem a declinação de dominus, -i; os femininos a declinação de puella, - ae; e os neutros a declinação de saxum, -i. Como aconteceu com ager, agri, assim também ocorre com alguns adjetivos, como pulcher, pulchra, pulchrum, belo, formoso, que no genitivo masculino torna-se pulchri. Daí a declinação segue normalmente, fazendo uso do radical pulchr-. Como em português, os adjetivos podem ser usados como se fossem substantivos:
bonum amat
Ele ama o bom (aquilo que é bom) Note que usamos com o neutro a palavra coisa para traduzir os adjetivos usados substantivamente. Nem sempre ela deve aparecer em traduções, e uma opção é procurar outra palavra mais conveniente em um dicionário. *** Exercícios 1. Decline conjuntamente no singular: a)
pulcher capillus (capillus, -i, cabelo) 2. Decline conjuntamente no plural: a)
malus liber *** 3.3. Ablativo de instrumento ou meio O ablativo sem preposição é usado para indicar o instrumento ou o meio com que algo é feito:
Romani
gladiis pugnabant. Os
romanos lutavam com espadas.
Oculis videmus.
Vemos com os olhos. Puellas
taeda terruit.
Ele assustou as meninas
com uma tocha. 3.4. Ablativo de modo O ablativo pode ser usado com ou sem a preposição cum para indicar o modo ou maneira como as coisas são feitas: Verba
misera cum venia audivisti. A preposição cum é exigida nessa construção quando o substantivo não é modificado por um adjetivo. Quando o é, cum é opcional, e pode ser colocada entre o adjetivo e o substantivo. Este tipo de construção é muito comum em latim, e a veremos ainda com outras preposições. *** Exercício Traduza 1.
Si incolae saxis pugnavissent, inimicos non superavissent. diligentia, -ae
- aplicação
peto, -ivi, -itus, -ere - pedir; buscar; dirigir-se a 3.5. A seqüência dos tempos Um fato que nem sempre nos damos conta em português é que, em períodos subordinados, não podemos usar livremente os tempos verbais. Por exemplo, não podemos dizer coisas como Quero que cantasses, ou Queria que cante. O falante do português sabe que deve dizer: Quero que cante e Queria que cantasses. Esse fato ocorre porque o tempo do verbo da subordinada depende do tempo da principal. Isso é muito importante na sintaxe da língua, essa dependência, essa correlação, essa concordância entre os tempos. Em latim esse fenômeno também ocorre, e ainda com maior precisão. Na primeira lição, fizemos uma distinção entre os tempos, chamando-os ora de tempos primários, ora de tempos secundários. No indicativo, seriam chamados de tempos primários o presente e os futuros, e de secundários todos os passados. Vamos estender essa classificação ao subjuntivo: serão tempos primários o presente e o perfeito, e secundários o imperfeito e o mais-que-perfeito. Lembremo-nos da tabela que deixamos no fim da lição anterior: PRESENTE
(1)
PRESENTE (1s) De uma outra forma, podemos dizer: os tempos 1, 3, 6 e 1s, 3s são primários; os tempos 2, 4, 5 e 2s, 4s são secundários. Simplificando um pouco mais, podemos dizer: os tempos que têm os números 1, 3, 6 (tanto no indicativo quanto no subjuntivo) são primários, e os que têm 2, 4, 5 são secundários: PRIMÁRIOS 1 3 6 SECUNDÁRIOS 2 4 5 Essa classificação é fundamental em latim, pois, em períodos subordinados, o tampo da oração subordinada deve ter mesma classificação do tempo da principal. Temos assim uma seqüência primária de tempos, e uma seqüência secundária de tempos. Duas outras distinções são importantes em latim: 1) na seqüência primária o presente do subjuntivo (1s) denota uma ação que ocorre ao mesmo tempo que daquela do verbo da principal, e o perfeito do subjuntivo (3s) denota uma ação que ocorreu antes do tempo da ação da principal:
Intelligo quid dicas
Entendo o que dizes
Intelligo quid dixeris
Entendo o que disseste Preste atenção mais uma vez nos tempos em latim: 1 -> 1s, e 1 -> 3s, todos tempos primários, com 1s denotando contemporaneidade com o tempo da oração principal, e o 3s denotando anterioridade ao tempo da oração principal. 2) na seqüência secundária o imperfeito do subjuntivo (2s) denota uma ação que ocorre no mesmo tempo que o daquela do verbo da principal, e o mais-que-perfeito do subjuntivo (4s) denota uma ação que ocorreu antes do tempo da ação da principal:
Intelligebam quid diceres
Entendia o que dizias
Intelligebam quid dixisses
Entendia o que tinhas dito Preste atenção mais uma vez nos tempos em latim: 2 -> 2s, e 2 -> 4s, todos tempos secundários, com 2s denotando contemporaneidade com o tempo da oração principal, e o 4s denotando anterioridade ao tempo da oração principal. Observe também que, na tradução, não usamos a tradução crua dos tempos, mas procuramos outra que denotasse ou contemporaneidade ou anterioridade das ações das subordinadas. No caso, traduzimos os tempos do subjuntivo por tempos do indicativo (!). Lembre-se disso em suas traduções futuras. Outras traduções com outros tempos poderão ser possíveis, mas a relação de contemporaneidade ou de anterioridade das ações deve ser mantida. Veremos mais exemplos disso no tópico seguinte. 3.6. Orações finais Uma oração final denota o fim, o objetivo da ação que o sujeito da principal almeja: João trabalha para ter dinheiro. Podemos perguntar: Por que João trabalha?, e respondermos com o objetivo, o fim desejado por João ao trabalhar: para ter dinheiro. Em latim, usamos, na maioria dos casos, as conjunções ut, para, para que, e ne, para não, para que não para expressarmos nosso propósito. Nas orações abaixo estudaremos orações finais em seqüências primárias e secundárias. Observe atentamente a aplicação da seqüência dos tempos nas orações abaixo. 3.6.1. Orações finais em seqüência primária Laboro ut pecuniam habeam Trabalho para que eu tenha dinheiro. Trabalho para ter dinheiro. Laborabo
ut pecuniam habeam
Trabalharei para que eu tenha dinheiro. Laboravero
ut pecuniam habeam Terei
trabalhado para que eu tenha dinheiro. 3.6.2. Orações finais em seqüência secundária Laborabam
ut pecuniam haberem Trabalhava
para que eu tivesse dinheiro. Laboravi
ut pecuniam haberem
Trabalhei para que eu tivesse dinheiro. Laboraveram
ut pecuniam haberem Tinha trabalhado para
que eu tivesse dinheiro. Note que em todas as orações é possível traduzir a subordinada por para ter o dinheiro. Note também que basicamente traduzimos apenas o tempo da principal. *** Exercício Traduza: 1.
Incolae pugnant ut nautas superent. bellum gerere
- fazer guerra
scribo, scripsi, scriptum, scribere - escrever *** |