RESUMO DO LIVRO O MUNDO DE SOFIA
Jostein Gaarder, nasceu em 1952, na Noruega. Estudou filosofia, teologia e literatura, e foi professor durante dez anos. Estreou como escritor em 1986, tornando-se logo um dos autores de maior destaque em seu país. A partir de 1991, ganhou projeção internacional com O Mundo de Sofia, já traduzido para 42 línguas. Mora em Oslo, com a mulher e dois filhos.. Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Os postais foram mandados do Líbano, por um major desconhecido, para uma tal de Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhece. O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste fascinante romance, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países em que foi lançado. De capítulo em capítulo, de "lição" em "lição", o leitor é convidado a trilhar toda a história da filosofia ocidental - dos pré-socráticos aos pós-modernos -, ao mesmo tempo em que se vê envolvido por um intrigante thriller que toma um rumo muito surpreendente.
O JARDIM DO ÉDEN
Sofia era uma menina de quase quinze anos que
morava com sua mãe pois o trabalho de seu pai o deixava ausente boa parte do
tempo. Em um dia belo, quando voltava da escola, encontrou com dois pequenos
envelopes brancos, não simultaneamente. Cada um deles continha uma indagação e
elas levaram Sofia a refletir sobre a vida e a origem do mundo. Também recebeu
um cartão-postal que deveria ser entregue a uma pessoa que ela nem conhecia e a
qual o nome era Hilde.
Sofia foi pensar e refletir sobre os envelopes em
um esconderijo no jardim de sua casa. Para ela, ele representava um mundo à
parte, um paraíso particular, como o jardim do Éden mencionado na Bíblia.
A
CARTOLA
O conteúdo do envelope amarelo que Sofia recebe diz
que as pessoas têm preferências por diversos tipos de assuntos: umas gostam de
esporte, outras curtem observar os astros. Porém existem questões que deveriam
interessar a todos como, por exemplo, saber quem somos e de onde viemos. Essas
e muitas outras têm sido pensadas e discutidas há muito tempo e as explanações
para elas variam de acordo com o contexto histórico.
Hoje em dia também devemos procurar nossas
respostas e é importante conhecermos o que foi dito em outras épocas para que
possamos formar uma opinião própria. O professor de filosofia também faz
referência a um truque mágico onde um coelhinho branco é tirado de uma cartola
preta. Assim, ele quer passar para Sofia a idéia de que também fazemos parte de
um grande mistério e nos comparar ao coelho com a diferença de que, ao
contrário deste, temos consciência de estarmos participando de um enigma e
procuramos explicações para isso.
No mesmo dia, Sofia recebe um outro envelope
amarelo. Primeiramente, o professor faz uma citação: "a única coisa de que
precisamos para nos tornarmos bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos
com as coisas". Depois diz que os bebês possuem esta capacidade mas, à
medida que crescem, vão perdendo-a. Deste modo, compara um filósofo a uma
criança: tanto um quanto o outro ainda não se acostumaram com o mundo e não
pretendem se acomodar com as coisas.
OS MITOS
No dia
seguinte Sofia leu sobre a visão mitológica do mundo. Os mitos surgiram da
necessidade do homem justificar fenômenos como o crescimento das plantas, as
chuvas, os trovões, etc. Tudo que ocorria aqui na Terra estava intimamente
ligado ao que acontecia no mundo dos deuses. Dessa maneira, secas, epidemias e
outras coisas ruins eram reflexo de que as forças do mal triunfavam sobre as do
bem e o inverso ocorria quando havia fartura e riqueza.
Por volta de 700 a.C. Homero e Hesíodo registraram
por escrito boa parte da mitologia grega. Isso foi importante, pois agora era
possível questioná-la. Xenófanes foi um filósofo crítico em relação aos mitos
pelo fato de seus representantes terem sido criados à imagem e semelhança das
pessoas.
OS
FILÓSOFOS DA NATUREZA
A
denominação "filósofos da natureza" é dada aos primeiros pensadores
gregos por estes se interessarem pelos processos naturais. Eles partiram do
pressuposto de que sempre existiu alguma coisa e, vendo as transformações que
ocorriam no meio ambiente, indagavam-se como aquilo era possível. Então,
acreditavam que havia uma substância básica que subjazia a todas essas
transformações.
Esses filósofos também tentaram descobrir leis
eternas a partir da observação dos fatos, desconsiderando as explanações
mitológicas. Assim, a filosofia se libertava da religião e os primeiros
indícios de uma forma científica de pensar começavam a aparecer.
Tales achava que a água era um elemento de
fundamental importância. Dela tudo se originava e a ela tudo retornava.
Anaximandro não pensou como Tales. A seu ver, a Terra era um entre vários
mundos surgidos de alguma coisa, sendo que tudo se dissolveria nessa
"alguma coisa" que ele denominava de infinito. E finalmente,
Anaxímenes (c. 550-526 a.C.) cria que o ar era a substância básica de todas as
coisas. A água seria a condensação do ar e o fogo, o ar rarefeito. Pensava
ainda que se comprimisse mais ainda a água, esta se tornaria terra.
Para
Parmênides, nada podia vir do nada e nada que existisse poderia se transformar
em outra coisa. Era extremamente racionalista e não confiava nos sentidos. Não
acreditava nem quando via, embora soubesse que a natureza se transformava.
Heráclito pensou que a principal característica da
natureza eram suas constantes transformações. Ele confiava nos sentidos. Sobre
ele, podemos falar ainda que acreditava que o mundo estava impregnado de
constantes opostos: guerra e paz, saúde e doença, bem mal e que reconhecia
haver uma espécie de razão universal dirigente de todos os fenômenos naturais.
Para acabar com o impasse a que a filosofia se
encontrava, Empédocles (c. 494-434 a.C.) fez uma síntese do modo de pensar de
Heráclito e Parmênides e com isso chegou a uma evolução do pensamento.
Empédocles acreditava na existência de mais de uma
substância primordial. Para ser mais exato, havia quatro elementos básicos:
terra, ar fogo e água e tudo existente era produto da junção disso, em
proporções diferentes. Achava também que o amor e a disputa eram duas forças
que atuavam na natureza. O amor une e a disputa separa as coisas.
Anaxágoras (c.500-428 a.C.) declarava que as coisas
eram constituídas por pequenas partículas invisíveis a olho nu. Estas podiam se
dividir, mas mesmo na pequena parte existia o todo. Ele denominava estas partes
minúsculas de sementes ou gérmens. Também imaginou uma força superior, a
inteligência, responsável pela criação das coisas.
Anaxágoras foi o primeiro filósofo de Atenas, mas
foi expulso da cidade acusado de ateísmo. Interessava-se por astronomia,
explicou que a Lua não possuía luz própria e como surgiram os eclipses.
DEMÓCRITO
Demócrito (c. 460-370 a.C.) foi o último filósofo
da natureza. Ele imaginou a constituição das coisas por partículas
indivisíveis, minúsculas, eternas e imutáveis e as chamou de átomos. Estes, a
seu ver, possuíam vários formatos, se diferenciavam entre si e podiam ser
reaproveitados. Por exemplo, quando um animal morresse seus átomos
participariam da constituição de outros corpos.
Era justamente por isso que o Lego era o brinquedo
mais genial do mundo. Ele podia ser utilizado para a construção de vários
objetos, ficando a cargo da imaginação das pessoas. Era resistente e
"eterno", pois em qualquer época, crianças se interessavam por este
tipo de entertenimento.
Demócrito foi um filósofo que valorizou a razão e
as coisas materiais. Não acreditava em forças que intervissem nos processos
naturais. Achava também que sua teoria atômica explicava nossas percepções
sensoriais e que a consciência e a alma também se constituíam de átomos. Ele
não cria numa alma imortal.
O
DESTINO
Uma das características dos antigos gregos era o
fato de eles serem fatalistas, isto é, acreditar que tudo que vai acontecer já
está pré-destinado. Para eles, as doenças eram vistas como um castigo de Deus.
Achavam também que os deuses podiam curar as pessoas, bastando para isso que
lhes fosse feito o sacrifício apropriado.
SÓCRATES
Sofia
recebeu a carta do seu professor de filosofia que pedia desculpas por recusar o
convite de ir até a sua casa conhecê-la pessoalmente. Nela estava seu nome:
Alberto Knox. No entanto, ele a presenteou com uma echarpe de seda. Quando
olhou o verso da carta, viu algumas perguntas e passou algum tempo refletindo
sobre elas. Ela estava em seu esconderijo. Num dado instante, percebeu que
alguém vinha da floresta. Passados alguns instantes, entrou em seu local
secreto um grande cão labrador com um envelope amarelo na boca. Então, ela
descobriu que ele o mensageiro de seu professor. A nova carta falava da
filosofia em Atenas e de Sócrates.
Na cidade de Atenas primeiramente surgiram os
sofistas – homens que criaram uma crítica social . Eles discutiam sobre o que
era natural e o que não era, ou seja, o que era criado pela sociedade. Sócrates
foi contemporâneo dos sofistas. Ele também se ocupava das pessoas e de suas
vidas, levando-as a refletirem por si mesmas sobre coisas como os costumes, o
bem e o mal. Mas ele diferia dos sofistas por não se considerar um sábio, não
cobrava por seus ensinamentos e tinha a convicção de que nada sabia. Reconhecia
que havia muita coisa além do que podia entender e vivia atormentado em busca
do conhecimento. Sócrates ousou mostrar as pessoas que elas sabiam muito pouco.
Para ele o importante era encontrar um alicerce seguro para os conhecimentos.
Ele era um racionalista convicto. Em 399 a.C. foi acusado de corromper a
juventude e de não reconhecer a existência dos deuses. Foi julgado, considerado
culpado e condenado à morte.
ATENAS
Sofia encontrou mais um dos envelopes amarelos e
desta vez veio uma fita de vídeo. Ela correu para sua casa e ao colocá-la no
aparelho apareceram imagens de uma grande cidade que ela supôs ser Atenas.
Pouco tempo depois, um homem apresentou-se no filme e começou a falar da
capital grega. Era seu professor.
Ele falou a Sofia sobre a Acrópole e seu
significado, sobre os templos e a época áurea de Atenas. Mostrou-lhe
monumentos, o antigo teatro de Dioniso onde se realizavam as comédias e
tragédias gregas, o Areópago, as ruínas da antiga praça do mercado onde numa
época bastante remota concentrava tribunais, edifícios públicos, comércio,
ginásio de esportes, etc.
Porém, ele achava que isso não era o bastante para
Sofia e então, como num passe de mágica, toda a Atenas se reconstruiu. Todos
aqueles edifícios e templos apareceram novos, intactos. Várias pessoas trajadas
de modo diferente andavam pelas ruas. Nesse momento, seu professor surgiu
novamente para a câmera e apresentou Sofia a Sócrates e Platão. Este, fez-lhe
algumas perguntas par que ela refletisse depois e, de repente, o filme acabou.
PLATÃO
Platão (427-347 a.C.) foi discípulo de Sócrates e o
acompanhou em sua condenação. Publicou um discurso em defesa de seu mestre onde
revelava o que ele havia dito ao júri. Além disso, escreveu uma coletânia de
cartas e mais de trinta diálogos filosóficos e fundou sua própria escola de
filosofia, que recebeu o nome de Academia, porque se localizava num bosque
denominado Academos, herói legendário grego.
O projeto filosófico de Platão é baseado no seu
interesse pelo que é eterno e imutável tanto no que se refere à natureza,
quanto à moral e à sociedade. Platão acreditava numa realidade autônoma por
trás do mundo dos sentidos a qual denominou de mundo das idéias que, a seu ver,
continha as coisas primordiais e imagens padrão referentes a tudo existente.
Platão acreditava na dualidade humana: o homem
possui um corpo (que flui) e uma alma imortal (a morada da razão). Ele também
achava que a alma já existia antes de vir habitar nosso corpo (ela ficava no
mundo das idéias) e que quando passava a habitá-lo, esquecia-se das idéias
perfeitas. Também pensava que a alma desejava se libertar do homem e isso
propiciava um anseio, uma saudade, que chamou de Eros (amor).
Platão dividiu o corpo humano em três partes:
cabeça (razão), peito(vontade) e baixo-ventre (desejo ou prazer) e achava que
quando elas agiam como um todo tinha-se o homem íntegro, que atingiu a
temperança. Imaginava um Estado-modelo dirigido por filosófos e o constituía
como o ser humano onde a cabeça seria os governantes; o peito (defesa), os
sentinelas; e o baixo-ventre, os trabalhadores. Era extremamente racionalista e
cria que tanto homens quanto mulheres possuíam capacidade de governar, desde
que estas tivessem a mesma formação daqueles.
A CABANA
DO MAJOR
Depois de ler sobre Platão, Sofia permaneceu em seu
esconderijo refletindo sobre as idéias deste filósofo. Era um dia de Domingo e
ainda estava bastante cedo. Então, ela resolveu ir floresta adentro a fim de
encontrar seu professor de filosofia, cujo nome era Alberto Knox.
Sofia seguiu a trilha que cortava a floresta e,
pouco tempo depois, viu um lago e do outro lado, uma cabana. Ela o atravessou
usando um barco a remo. Quando chegou à casa, bateu na porta e, como ninguém
respondeu, resolveu entrar.
Sofia entrou numa sala grande e concluiu que alguém
morava ali, pois havia resquícios de fumaça num velho fogão à lenha. Viu uma
máquina de escrever, alguns livros, dois quadros na parede (Berkeley e
Bjerkely) e um grande espelho com moldura de latão entre outras coisas.
Encontrou também uma tigela com restos de comida o que significava que quem ali
residia possuía um animal. Quando foi ao quarto viu dois cobertores e sobre
eles pêlos amarelos. Então, deduziu que na cabana moravam Alberto e seu
cachorro Hermes.
Antes de sair, Sofia viu uma carteira sobre a
cômoda que ficava abaixo do espelho. Ela a abriu e viu, dentre outras coisas,
uma carteira de estudante de Hilde Knag. Sofia se assombrou. Quando ia saindo,
viu um envelope com seu nome sobre a mesa e, involuntariamente, o pegou e
correu. Porém, um problema lhe esperava: o barco estava no meio do lago. Então,
para retornar à sua casa, ela teve que dar a volta pela floresta.
No caminho, abriu o envelope que pegara, leu o seu
conteúdo e achou que tinha alguma coisa a ver com o próximo filósofo,
Aristóteles. Ao chegar à casa eram quase onze horas da manhã. Encontrou sua mãe
preocupada e lhe explicou que tinha ido dar uma volta na floresta, falou da
cabana, o barco e o estranho espelho. Sua mãe então lhe disse que o lugar onde
ela havia ido era conhecido pelo nome de "cabana do major" porque há
muitos anos tinha vivido lá um velho major.
Depois disso, Sofia foi para o seu quarto e lá
pensou sobre tudo que tinha passado. Ficou receosa por haver entrado na casa de
seu professor e então resolveu escrever-lhe uma carta pedindo desculpas.
ARISTÓTELES
Aristóteles (384-322 a.C.) foi aluno da Academia de
Platão. Era natural da Macedônia e filho de um médico famoso. Seu projeto
filosófico está no interesse da natureza viva. Ele foi o último grande filósofo
grego e também o primeiro grande biólogo da Europa. Utilizava-se da razão e
também dos sentidos em seus estudos. Criou uma linguagem técnica usada ainda
hoje pela ciência e formulou sua própria filosofia natural.
Aristóteles discordava em alguns pontos de Platão.
Não acreditava que existisse um mundo das idéias abrangedor de tudo existente;
achava que a realidade está no que percebemos e sentimos com os sentidos, que
todas as nossas idéias e pensamentos tinham entrado em nossa consciência
através do que víamos e ouvíamos e que o homem possuía uma razão inata, mas não
idéias inatas.
Para Atistóteles, tudo na natureza possuía a
probabilidade de se concretizar numa realidade que lhe fosse inerente. Assim,
uma pedra de granito poderia se transformar numa estátua desde que um escultor
se dispusesse a escupi-la. Da mesma forma, de um ovo de galinha jamais poderia
nascer um ganso, pois essa característica não lhe é inerente.
Aristóteles acreditava que na natureza havia uma
relação de causa e efeito e também acreditava na causa da finalidade. Deste
modo, não queria saber apenas o porquê das coisas, mas também a intenção, o
propósito e a finalidade que estavam por trás delas. Para ele, quando
reconhecemos as coisas, as ordenamos em diferentes grupos ou categorias e tudo
na natureza pertence a grupos e subgrupos. Ele foi um organizador e um homem
extremamente meticuloso. Também fundou a ciência da lógica.
Aristóteles dividia as coisas em inanimadas
(precisavam de agentes externos para se transformar) e criaturas vivas (possuem
dentro de si a potencialidade de transformação). Achava que o homem estava
acima de plantas e animais porque, além de crescer e de se alimentar, de
possuir sentimentos e capacidade de locomoção, tinha a razão. Também acreditava
numa força impulsora ou Deus (a causa primordial de todas as coisas).
Sobre a ética, Aristóteles pregava a moderação para
que se pudesse ter uma vida equilibrada e harmônica. Achava que a felicidade
real era a integração de três fatores: prazer, ser cidadão livre e responsável
e viver como pesquisador e filósofo. Cria também que devemos ser corajosos e
generosos, sem aumentar ou diminuir a dosagem desses dois itens. Aristóteles
chamava o homem de ser político. Citava formas de governo consideradas boas
como a monarquia, a aristocracia e a democracia. Acreditava que sem a sociedade
ao nosso redor não éramos pessoas no verdadeiro sentido do termo.
Para ele, a mulher era "um homem
incompleto". Pensava que todas as características da criança já estavam
presentes no sêmen do pai. Sendo assim, o homem daria a forma e a mulher, a
substância. Essa visão distorcida predominou durante toda a Idade Média.
O
HELENISMO
O final
do séc. IV a.C. até por volta de 400 d.C. marcou um longo período que é
conhecido por helenismo, ou seja, a predominância da cultura grega nos três
grandes reinos helênicos: Macedônia, Síria e Egito. Alexandre foi uma figura
importante nesta época, pois ele conseguiu a derradeira e decisiva vitória
sobre os persas e também uniu o Egito e todo o Oriente, até a Índia, à
civilização grega. A partir de 50 a.C. Roma, que tinha sido província da
cultura grega, assumiu o predomínio militar e começou o período romano também
conhecido como final da Antigüidade.
O helenismo foi marcado pelo rompimento de
fronteiras entre países e culturas. Quanto à religião houve uma espécie de
sincretismo; na ciência, a mistura de diferentes experiências culturais; e a
filosofia dos pré-socráticos e de Sócrates, Platão e Aristóteles serviu como
fonte de inspiração para diferentes correntes filosóficas as quais veremos
algumas agora.
A filosofia cínica foi fundada em
Atenas
por Antístenes (discípulo de Sócrates)
por
volta
de 400 a.C. Os cínicos diziam que a
felicidade podia ser alcançada por todos, pois ela não consistia em luxúria,
poder político ou boa saúde e sim em se libertar disto tudo. Achavam que as
pessoas não deviam se preocupar com o sofrimento (próprio ou alheio) nem com a
morte. O principal representante desta corrente filosófica foi Diógenes
(discípulo de Antístenes).
A filosofia estóica surgiu em Atenas por volta de
300 a.C. e seu fundador foi Zenão, originário da ilha de Chipre. Os estóicos
consideravam as pessoas como parte de uma mesma razão universal e isto levou à
idéia de um direito universalmente válido, inclusive para os escravos. Eram
monistas (negavam a oposição entre espírito e matéria) e cosmopolitas.
Interessavam-se pela convivência em sociedade, por política e acreditavam que
os processos naturais (morte, por exemplo) eram regidos pelas leis da natureza
e por isso o homem deveria aceitar deu destino. O imperador romano Marco
Aurélio (121-180), o filósofo e político Cícero (106-43 a.C.) e Sêneca (4
a.C.-65 d.C.) foram alguns que seguiram o estoicismo.
Aristipo foi aluno de Sócrates. Ele desenvolveu uma
filosofia cujo objetivo era obter para a vida, através dos sentidos, o máximo
possível de satisfação afastando toda e qualquer forma de sofrimento. Por volta
de 300 a.C. Epicuro (341-270 a.C.) fundou em Atenas a escola dos epicureus que
desenvolveu mais ainda a ética do prazer de Aristipo e a combinou com a teoria
atômica de Demócrito. Epicuro ensinava que o resultado prazeroso de uma ação
devia ser ponderado, por causa dos efeitos colaterais. Achava também que o
prazer a longo prazo possibilitava mais satisfação ao homem. Ele se utilizava
da teoria de Demócrito contra a religião e superstição. Os epicureus quase não
se interessavam pela política e sociedade e sua palavra de ordem era
"Viver o momento".
O neoplatonismo foi a mais importante corrente
filosófica da Antigüidade. Ela foi inspirada em Platão. O neoplatônico mais
importante foi Plotino (c. 205-270). Ele via o mundo como algo dividido entre
dois pólos: numa extremidade estava a luz divina, Uno ou Deus. Na outra
reinavam as trevas absolutas. A seu ver, a luz do Uno iluminava a alma, ao
passo que a matéria eram as trevas. O neoplatonismo exerceu forte influência
sobre a teologia cristã.
Uma experiência mística significa experimentar a
sensação de fundir sua alma com Deus. É que o "eu" que conhecemos não
é nosso "eu" verdadeiro e os místicos procuravam conhecer um
"eu" maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito
cósmico, universo, etc. No entanto, para chegar a esse estado de plenitude, é
preciso passar por um caminho de purificação e iluminação através de uma vida
simples. Encontra-se tendências místicas nas maiorias religiões do mundo. Na
mística ocidental ( judaísmo, cristianismo e islamismo ), o místico diz que seu
encontro é com um Deus pessoal. Na oriental ( hinduísmo, budismo e religião
chinesa ) o que se afirma é que há uma fusão total com deus, que é o espírito
cósmico. É importante notar que essas correntes místicas já existiam muito
antes de Platão e que pessoas de nossa época têm relatado experiências místicas
como uma forma de experimentar o mundo sob a perspectiva da eternidade.
OS
CARTÕES-POSTAIS
Passados
alguns dias sem que Sofia nada recebesse do seu professor de filosofia e como
ela estaria livre a partir da quinta-feira devido a um feriado, aceitou o
convite de sua amiga Jorunn para acampar e escolheu, intencionalmente, um lugar
próximo à cabana do major, pois ela pretendia ir lá novamente.
Chegando ao local, armaram a barraca e depois de
organizarem tudo, fizeram um lanche. Sofia perguntou se Jorunn já tinha ouvido
falar da cabana e convenceu a amiga a ir até lá. Depois de uma caminhada,
avistaram o lago e a casa que parecia estar abandonada. Utilizaram o barco para
irem para o outro lado e, desta vez, Sofia teve todo o cuidado de puxá-lo.
Quando entraram na casa estava muito escuro, mas
Sofia tinha trazido fósforo e acendeu uma vela que lá havia. Então, chamou
Jorunn para ver o espelho e lhe disse que era um espelho mágico. Nesse momento,
Jorunn descobriu alguma coisa no chão da sala. Eram cartões-postais. Todos
vinham do Líbano e estavam endereçados a Hilde Knag. Sofia teve um certo
receio, pois seu nome poderia estar mencionado nos cartões (Jorunn não sabia
sobre o filósofo nem sobre outros cartões que Sofia recebera ) mas começou a
lê-los com a amiga. Eles falavam do aniversário de quinze anos de Hilde e sobre
um misterioso presente que ela receberia. No entanto, no último cartão estavam
mencionados os nomes de Sofia e Jorunn. Elas ficaram assustadas. Além disso,
ainda havia um detalhe: era dezesseis de maio de mil novecentos e noventa e o
cartão indicava a mesma data. Como aquilo era possível? Sofia disse que tinha
algo a ver com o espelho mágico e Jorunn achou absurdo , mas não havia outra
explicação. Ela ainda mostrou à amiga os dois quadros na parede -- Berkeley e
Bjerkely. A vela já estava quase no fim. Jorunn queria ir embora e Sofia a
seguiu mas, antes disso, resolveu levar o espelho consigo. As duas voltaram
para o acampamento caladas.
Na manhã seguinte, após tomarem café, conversaram
sobre os cartões-postais e caminharam de volta para casa. No outro dia, pela
manhã, Sofia foi até seu esconderijo e encontrou outro envelope amarelo.
Imediatamente começou a ler.
DOIS
CÍRCULOS CULTURAIS
A denominação indo-europeus é dada a todos os
países e culturas nos quais são faladas as línguas indo-européias . Os
indo-europeus primitivos viveram há mais ou menos quatro mil anos nas
proximidades dos mares Negro e Cáspio. De lá, espalharam-se por diversos
lugares: Irã, Índia, Grécia, Itália, Espanha, Inglaterra, França, Escandinávia,
Leste Europeu e Rússia, formando o círculo cultural indo-europeu. Dentre outras
coisas, pode-se dizer que sua cultura era marcada pelo politeísmo, a visão era
o principal sentido para eles e acreditavam que a história era cíclica. As duas
grandes religiões orientais – hinduísmo e budismo – são de origem
indo-européia. O mesmo vale para a filosofia grega. Nessas religiões,
enfatiza-se a presença de Deus em tudo (panteísmo). Outro ponto importante é a
crença de que o homem pode chegar a uma unidade com Deus por meio do
conhecimento religioso. No Oriente, a passividade e a vida reclusa são vistas
como ideais religiosos e em muitas culturas indo-européias acredita-se na
metempsicose ou transmigração da alma.
Os semitas pertencem a um círculo cultural
completamente diferente, com uma língua completamente diferente também. Eles
são originários da península da arábia e também se expandiram para extensas e
diferentes partes do mundo. As três religiões ocidentais – judaísmo, o
cristianismo e o islamismo – têm base semita. De modo geral, o que se pode
dizer dos semitas é que eram monoteístas, possuíam uma visão linear da
história, a audição desempenhava papel preponderante e proibiam a representação
pictórica. Quanto à história, é interessante saber que, para eles, ela começou
com a criação do mundo por Deus e Este tinha o poder de intervir em seu curso.
Em relação às imagens, ainda são proibidas no judaísmo e no islamismo, mas no
cristianismo são permitidas devido à influência do mundo greco-romano.
Agora vamos examinar o pano de fundo judeu do
cristianismo. A história é a seguinte: houve a criação do mundo e a rebelação
do homem contra Deus (Adão e Eva) e a partir de então, a morte passou a existir
na Terra. A desobediência do homem a Deus atravessa toda a história contada na
Bíblia. No Gênesis há a menção do pacto feito entre Deus e Abraão e seus
descendentes que exigia a obediência rigorosa aos mandamentos de Deus. Esse
pacto foi mais tarde renovado com a entrega das Tábuas da Lei a Moisés no monte
Sinai. Naquela época, os israelitas viviam havia muito tempo como escravos no
Egito, mas foram libertados e levados de volta a Israel onde se formou dois
reinos – Israel (ao Norte) e Judá (ao Sul) – que foram assolados por guerras, e
por todos os séculos que se seguiram até o nascimento de Jesus Cristo, os
judeus continuaram sob dominação estrangeira. O povo judeu não entendia o
motivo de tanta desgraça e atribuía isso ao castigo de Deus sobre Israel devido
à sua desobediência. Então começaram a surgir profecias sobre o Juízo Final e
também sobre a vinda de um "príncipe da paz" que iria restaurar o
antigo reino de Davi e assegurar ao povo um futuro feliz. Esse messias viria
para restituir a Israel a sua grandeza e fundar um "Reino de Deus".
No contexto de toda essa efervescência nasceu Jesus
Cristo. Naquela época, o povo imaginava o messias como um líder político,
militar e religioso. Outros, duzentos anos antes do nascimento de Jesus, diziam
que o messias seria o libertador de todo o mundo. Mas Jesus apareceu com
pregações diferentes das que vigoravam e admitia publicamente não ser um
comandante militar ou político. E mais, dizia que o Reino de Deus era o amor ao
próximo e aos inimigos. Ele não considerava indigno conversar com prostitutas,
funcionários corruptos e inimigos políticos do povo e achava que estes seriam
vistos por Deus como pessoas justas bastando para isso que se voltassem para
Ele e Lhe pedisse perdão. Jesus acreditava que nós mesmos não podíamos nos
redimir de nossos pecados e que nenhuma pessoa era reta aos olhos de Deus. Ele
foi um ser humano extraordinário. Soube usar de forma genial a língua de seu
tempo e deu a conceitos antigos um sentido novo, extremamente ampliado. Tudo
isto acrescentado a sua mensagem radical de redenção dos homens ameaçava tantos
interesses e posições de poder que ele acabou sendo crucificado. Para o
cristianismo, Jesus foi o único homem justo que viveu e o único que sofreu e
morreu por todos os homens.
Alguns dias depois da crucificação e enterro de
Jesus, começaram a surgir boatos sobre sua ressurreição. Pode-se dizer que a
Igreja cristã começou naquela manhã de Páscoa. Paulo disse: "Pois se
Cristo não ressuscitou, então todo nosso sermão é vão; é vã toda a vossa
crença". A partir de então todas as pessoas podiam ter esperança na
"ressurreição da carne". Os primeiros cristãos começaram a espalhar a
"boa-nova" da redenção pela fé em Cristo. Poucos anos depois da morte
de Jesus, o fariseu Paulo se converteu ao cristianismo e suas viagens missionárias
pelo mundo greco-romano transformaram o cristianismo numa religião universal.
Quando esteve em Atenas, ele fez um discurso do Areópago que falava do Deus que
os atenienses desconheciam e isso provocou um choque entre a filosofia grega e
a doutrina da redenção cristã. Apesar de tudo, Paulo encontrou nessa cultura um
sólido apoio, ao chamar atenção para o fato de que a busca por Deus estava
dentro de todos os homens. Em Atos dos Apóstolos está escrito que depois de seu
discurso, foi vítima de zombaria por parte de algumas pessoas, quando estas o
ouviram dizer que Cristo havia ressuscitado dos mortos. Mas também houve os que
se interessaram pelo assunto. Depois, Paulo prosseguiu em sua tarefa
missionária e passadas algumas décadas da morte de Cristo já existiam
comunidades cristãs em todas as cidades gregas e romanas mais importantes.
Paulo não foi importante para o cristianismo apenas
por suas pregações missionárias. Dentro das comunidades cristãs, sua influência
era muito grande pois as pessoas também queriam uma orientação espiritual. Pelo
fato de o cristianismo não ser a única religião nova daquela época, a Igreja
precisava definir claramente a doutrina cristã, a fim de estabelecer seus
limites em relação às demais religiões e evitar uma cisão interna. Surgiram
assim as primeiras profissões de fé, os primeiros credos que resumiam os
princípios ou os dogmas cristãos mais importantes como o que dizia que Jesus
havia sido Deus e homem ao mesmo tempo e de forma plena e que realmente tinha
padecido na cruz.
A IDADE
MÉDIA
Sofia recebeu um telefonema de Alberto dizendo que
de agora em diante não haveria mais cartas. Ele marcou um encontro para lhe
falar sobre a Idade Média. Disse que o pai de Hilde já estava fechando o cerco
e que precisavam batalhar juntos. Sofia não entendeu nada. Eles se encontraram
numa igreja antiga construída na época medieval. Era de madrugada. Quando Sofia
chegou lá ficou a espera de seu professor. Passados alguns instantes ele entrou
vestido de monge e começou a falar sobre a Idade Média. Dentre outras coisas
disse que na Idade Média se formou uma unidade cultural cristã sólida. Havia
uma contradição entre Deus e razão. Essa problemática foi tratada por dois
importantes filósofos desta época: Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. O
primeiro dividiu o mundo entre bem e mal, mesclou sua concepção filosófica com
a de Platão e a do cristianismo ("cristianizou Platão"); achava que o
mal era a ausência de Deus e que a "boa vontade era obra de Deus". O
segundo foi o filósofo quem "cristianizou Aristóteles".
Atribui-se-lhe o mérito de ter conseguido fazer uma síntese da fé e do
conhecimento. Achava que existiam dois caminhos para se chegar a Deus: a
revelação cristã e a razão e os sentidos. Acreditava que Deus havia se revelado
ao homem através da Bíblia e da razão.
O
RENASCIMENTO
Na noite seguinte Sofia teve um sonho com Hilde. Ao
acordar, achou uma corrente de ouro com uma cruz. No seu verso estavam grafadas
três letras: HMK, as iniciais de Hilde. No outro dia, Domingo, Sofia viu Hermes
no jardim de sua casa e foi até ele que a conduziu para um casarão onde
encontrou um cartão destinado a Hilde com a data antecipada. Lá, encontrou
também Alberto. Então ele lhe deu explicações sobre o Renascimento.
Entende-se por Renascimento um período de apogeu
cultural que fez nascer de novo a arte e a cultura da Antigüidade. Neste
período, o homem voltou a ocupar o centro de todas as coisas (antropocentrismo)
ao contrário do que ocorria na Idade Média (teocentrismo). Por isso fala-se do
humanismo do renascimento. A Igreja aos poucos foi perdendo seu poder e
monopólio no que se refere à transmissão do conhecimento. A moda naquela época
era tornar o ser humano algo grandioso e valioso. O humanismo do renascimento
foi muito marcado pelo individualismo. A nova visão do homem centrava-se no
interesse pela anatomia e nas representações dos nus humanos. O homem, a partir
desta concepção, não existia apenas para servir a Deus, mas a ele próprio. Vale
ressaltar que no Renascimento desenvolveu-se um novo método científico – o
princípio vigente era o da investigação da natureza mediante a observação e a
experimentação – método empírico.
O
BARROCO
Durante alguns dias, Sofia não teve notícias de
Alberto. Numa conversa com sua mãe, disse que queria uma festa em seu aniversário.
Ela continuou recebendo os cartões-postais mandados pelo pai de Hilde. A cada
dia percebia que estava diante de um enigma. Então, foi novamente ver Alberto.
Quando chegou a sua casa ele lhe disse que queria falar-lhe sobre o séc. XVII,
ou seja, sobre a época conhecida por barroco.
A designação barroco tem sua origem numa palavra
que significa "pérola irregular." Na arte do barroco houve a
valorização das formas opulentas, cheias de contrastes. Em muitos aspectos, o
barroco foi marcado pela vaidade e pela irracionalidade. Do ponto de vista
político, o séc. XVII foi uma época de contrastes: de um lado guerras e de
outro o surgimento de potências na Europa como a França. No aspecto social, a
principal característica foram as diferenças de classes. A arquitetura trazia
formas sobrecarregadas de ornamentos que ocultavam as linhas da estrutura. Um
correlato disso na política seriam os assassinatos, as intrigas e as
conspirações. Dentre os principais representantes desta época destacam-se:
William Shakespeare, o poeta dramático espanhol, Calderón de la Barca e Ludvig
Holdberg (já trazia traços do Iluminismo).
DESCARTES
René Descartes nasceu em 1596. Ele foi uma pessoa
que se dedicou muito a viagens pela Europa e pode-se dizer que foi o fundador
da filosofia dos novos tempos e o primeiro grande construtor de um sistema
filosófico que foi seguido por Spinoza e Leibniz, Locke e Berkeley, Hume e
Kant. Sistema filosófico é uma filosofia de base cujo objetivo é encontrar
respostas para as questões filosóficas mais importantes. Uma coisa que ocupou a
atenção de Descartes foi a relação, entre corpo e alma. Sua obra mais
importante é Discurso do método, onde
explica, entre outras coisas, que não se deve considerar nada como verdadeiro.
Ele queria aplicar o método matemático à reflexão da filosofia e provar as
verdades filosóficas como se prova um princípio de matemática, ou seja,
empregando a razão. Em seu raciocínio, Descartes objetiva chegar a um
conhecimento seguro sobre a natureza da vida e afirma que para tanto deve-se
partir da dúvida. Ele achava importante descartar primeiro todo o conhecimento
constituído antes dele, para só então começar a trabalhar em seu projeto
filosófico. Achava também que não devíamos confiar em nossos sentidos. Era,
portanto, racionalista. Uma das conclusões a que chegou foi a de que a única
coisa sobre a qual se podia ter certeza era a de que duvidava de tudo.
Acreditava na existência de Deus como algo tão evidente quanto o fato de que
alguém que pensa era um ser, um Eu presente. Achava que o homem era um ser
dual: tanto pensa como ocupa lugar no espaço. Descartes morreu aos 54 anos, mas
mesmo após sua morte continuou a ser uma figura de grande importância para a
filosofia. Ele foi um homem à frente de seu tempo.
SPINOZA
Baruch Spinoza foi um filósofo holandês que recebeu
influências de Descartes. Ele pertencia à comunidade judaica de Amsterdã, mas
foi excomungado por heresia. Contestava o fato de que cada palavra da Bíblia
fosse inspirada por Deus e dizia que quando a lemos temos que fazê-lo com uma
postura crítica. Com essa forma de pensar, foi sendo isolado por todos, até por
sua família. Seu sustento provinha do polimento de lentes e isso tem um
significado simbólico, pois a tarefa de um filósofo é justamente ajudar as
pessoas a ver a vida de um modo novo. Em sua filosofia é fundamental enxergar
as coisas sobre a perspectiva da eternidade.
Spinoza era panteísta, ou seja, achava que Deus
estava presente em tudo que existia. Em relação à ética, ele a entendia como a
doutrina de como deve-se viver para ter uma boa vida. Também era racionalista e
pretendeu mostrar que a vida do homem é governada pelas leis da natureza.
Achava que o homem tinha que se libertar de seus sentimentos e sensações para
só então encontrar a paz e ser feliz. Ele era monista (acreditava somente numa
natureza material, física). Spinoza considerava Deus, ou as leis da natureza, a
causa interna de tudo o que acontecia. Ele tinha uma visão determinista. Ele
defendeu de forma enérgica a liberdade de expressão e a tolerância religiosa.
LOCKE
Passaram-se duas semanas sem que Sofia tivesse
contato com Alberto, mas quando vinha da escola encontrou Hermes no jardim de
sua casa e o acompanhou até a residência de seu professor. Quando lá chegou,
relembrou com ele o que tinham discutido na última vez em que estiveram juntos.
Então começaram com o estudo sobre Locke, um filósofo da experiência ou
empírico. Antes, porém, falaram do racionalismo e de seus principais
representantes no séc. XVII que foram o francês Descartes, o holandês Spinoza e
o alemão Leibniz. Um empírico deriva todo o seu conhecimento daquilo que lhe
dizem os sentidos. A formulação clássica de uma postura empírica vem de
Aristóteles. Locke repetiu as palavras deste filósofo, mas o destinatário de
sua crítica foi Descartes. John Locke (1632-1704) foi o primeiro filósofo
empírico inglês. Seu livro mais importante chama-se Um ensaio sobre o entendimento humano.
Nele, Locke tentava explicar
duas questões: em primeiro lugar, de onde o homem retirava seus pensamentos e
suas noções; em segundo, se podíamos confiar no que nossos sentidos nos dizem.
Locke acreditava que todos os nossos pensamentos e
nossas noções
nada mais eram do que
um reflexo daquilo que um dia já sentimos ou percebemos através de nossos
sentidos. Antes de sentirmos qualquer coisa nossa mente era como uma tábula
rasa, uma lousa vazia. Ele estabeleceu a diferença entre aquilo que se chama de
qualidades sensoriais primárias e secundárias. Por qualidades sensoriais
primárias Locke entendia a extensão, peso, forma, movimento e número das
coisas. As secundárias eram as que não reproduziam as características
verdadeiras das coisas e sim o efeito que essas características exteriores
exerciam sobre os nossos sentidos. Locke chamou a atenção para o conhecimento
intuitivo ou demonstrativo. Ele acreditava que certas diretrizes éticas valiam
para todos e que era inerente à razão humana saber da existência de um Deus.
HUME
David Hume viveu de 1711 a 1776. Sua filosofia é
considerada até hoje como a mais importante filosofia empírica. Ele achava que
lhe cabia a tarefa de eliminar todos os conceitos obscuros e os raciocínios
intricados criados até então. Hume queria retornar à forma original pela qual o
homem experimentava o mundo. Constatou que o homem possuía impressões de um
lado, e idéias, de outro e atentou para o fato de que tanto uma quanto outra
poderiam ser ou simples ou complexas. Ele se preocupou com o fato de às vezes
formarmos idéias e noções complexas, para as quais não há correspondentes
complexos na realidade material. Era dessa forma que surgiam as concepções
falsas sobre as coisas. Ele estudou cada noção, cada idéia, a fim de verificar
se sua composição encontrava correlato na realidade. Ele achava que uma noção
complexa precisava ser decomposta em noções menores. Era assim que pretendia
chegar a um método científico de análise das idéias
do homem. No âmbito da ética e da moral, Hume se opôs ao pensamento
racionalista. Os racionalistas consideravam uma qualidade inata da razão humana
o fato de ela poder distinguir entre o certo e o errado. Hume, porém, não
acreditava que a razão determinasse as ações e pensamentos de uma pessoa.
BERKELEY
George Berkeley (1685-1753) foi um bispo irlandês.
Ele cria que a filosofia e a ciência de seu tempo constituíam uma ameaça para a
visão cristã do mundo. Além disso, achava que o materialismo, cada vez mais
consistente e difundido, colocava em risco a crença cristã de que Deus criou e
mantém vivo tudo existente na natureza. Ao mesmo tempo, porém, Berkeley foi um
dos mais coerentes representantes do empirismo. Ele dizia que tudo que existia
era só o que percebíamos e que aquilo que percebíamos não era matéria ou
substância. Acreditava também que todas as idéias tinham uma causa fora da
consciência, mas que esta causa não era de natureza material e sim de natureza
espiritual. Segundo Berkeley, portanto, a alma podia ser a causa das próprias
idéias, mas só outra vontade, só outro espírito podia ser a causa das idéias
que formavam o mundo material. Ele dizia que tudo vinha do espírito
"onipotente por meio do qual tudo existia". Afirmava que tudo que
víamos e sentíamos era um efeito da força de Deus, pois Ele estava presente no
fundo de nossa consciência e era a causa de toda a multiplicidade de idéias e
sensações a que estávamos constantemente sujeitos. Este espírito, no qual tudo
existia era o Deus cristão.
BJERKELY
Hilde Knag acordou na mansarda da antiga casa do
capitão, nas proximidades de Lillesand. Levantou-se e foi até a janela. Eram 15
de junho de 1990, o dia de seu aniversário de quinze anos. Então, lembrou-se de
que seu pai estaria de volta do Líbano em uma semana. Na janela, ela observou o
jardim, o ancoradouro e a casa de barcos pintada de vermelho. Olhou para o lago
e se recordou de que uma vez caíra nele quando tinha seis ou sete anos por
tentar atravessá-lo sozinha no barco. Hilde tinha cabelos loiros e levemente
ondulados e olhos verdes. Quando olhou para o criado-mudo viu que sobre ele
havia um grande pacote, embrulhado num papel de presente e deduziu que era o
presente de seu pai. Havia muitas folhas datilografadas e na primeira página
estava o título O MUNDO DE SOFIA. Hilde acomodou-se na sua cama e começou a
ler. Teve um susto quando leu que Sofia recebera cartões-postais do Líbano,
endereçados a ela. Em vez de colocar os cartões dentro do pacote seu pai tinha
escrito a mensagem de "feliz aniversário" dentro do próprio presente.
Então, continuou a ler e não conseguia mais parar. A parte em que Sofia achou a
cabana chamou bastante a atenção de Hilde principalmente no tocante ao espelho,
pois ele realmente existia em sua casa. A cada capítulo lido, Hilde tinha a
convicção de que Sofia não era apenas uma personagem fictícia e que talvez ela
existisse.
ILUMINISMO
O iluminismo foi um movimento que caracterizou o
pensamento europeu do século XVIII, baseado na crença do poder da razão e do
progresso, na liberdade de pensamento e na emancipação política. Muitos dos
filósofos do iluminismo francês tinham visitado a Inglaterra, que em certo
sentido era mais liberal do que a França. A ciência natural inglesa encantou
esses filósofos franceses. De volta a sua pátria, a França, eles começaram
pouco a pouco a se rebelar contra o autoritarismo vigente e não tardou muito a
se voltarem também contra o poder da Igreja, do rei e da aristocracia. Eles
começaram a reimplantar o racionalismo em sua revolução. A maioria dos
filósofos do Iluminismo tinham uma crença inabalável na razão humana. A nova
ciência natural deixava claro que tudo na natureza era racional. De certa
forma, os filósofos iluministas consideravam sua tarefa criar um alicerce para
a moral, a ética e a religião que estivesse em sintonia com a razão imutável do
homem. Todos esses fatores contribuíram para a formação do pensamento do
iluminismo francês. Os filósofos desta época diziam que só quando a razão e o
conhecimento se difundissem era que a humanidade faria grandes progressos. A
natureza para eles era quase a mesma coisa que a razão e por isso enfatizavam
um retorno de homem a ela. Falavam também que a religião deveria estar em
consonância com a razão natural do homem. O iluminismo foi o alicerce para a
Revolução Francesa de 1789.
KANT
Immanuel Kant nasceu em Königsberg, uma cidade da
Prússia Oriental, em 1724. Ele conheceu muitos filósofos racionalistas e empíricos.
Achava que tanto os sentidos quanto a razão eram muito importantes para a
experiência do mundo e concordava com Hume e com os empíricos quanto ao fato de
que todos os conhecimentos deviam-se às impressões dos sentidos. Mas, e nesse
ponto ele concordava com os racionalistas, a razão também continha pressupostos
importantes para o modo como o mundo era percebido. Kant explicava que o espaço
e o tempo pertenciam à condição humana sendo propriedades da consciência, e não
atributos do mundo físico. Ele afirmava que a consciência se adaptava às coisas
e vice-versa acreditava que a lei da causalidade era o elemento componente da
razão humana e que era eterna e absoluta, simplesmente porque a razão humana
considerava tudo o que acontecia dentro de uma relação de causa e efeito. Ele
atentou para o fato de haver limites bem claros para o que o homem podia saber
e achava que o ser humano jamais poderia chegar a um conhecimento seguro a
respeito da existência de Deus, de que o universo era ou não infinito, etc.
Outro pensamento de Kant era o de que a razão operava fora dos limites daquilo
que os seres humanos poderiam compreender. Existiam dois elementos que
contribuíam para o conhecimento do mundo: a experiência e a razão. Achava que o
material para o conhecimento era dado através dos sentidos que se adaptava, por
assim dizer, às características da razão.
O
ROMANTISMO
O Romantismo começou na Alemanha, em fins do século
XVIII, como uma reação à parcialidade do culto à razão apregoado pelo
iluminismo e durou até meados do século passado. Suas palavras de ordem eram:
sentimento, imaginação, experiência e anseio. No Romantismo, o indivíduo
encontrava caminho livre para fazer sua interpretação e professava uma
glorificação quase irrestrita do "eu". Os românticos acreditavam que
só a arte era capaz de aproximar alguém do indizível. Alguns levaram essa
reflexão às últimas conseqüências e chegaram a comparar o artista com Deus.
Costumava-se dizer que o artista possuía uma espécie de imaginação criadora do
mundo e em seu êxtase artístico seria capaz de experimentar um estado em que as
fronteiras entre sonho e realidade desapareceriam. Os românticos sentiam-se
atraídos pela noite, pelo crepúsculo, por antigas ruínas e pelo sobrenatural.
Interessavam-se muito pelo que se chama de lado oculto da vida: o obscuro, o
misterioso, o místico. O Romantismo foi sobretudo um fenômeno urbano.
Precisamente na primeira metade do século passado, a cultura urbana vivia um
período de apogeu em muitas regiões da Europa. Dizia-se que, para o artista a
ociosidade era o ideal e a indolência, a primeira virtude do romântico e que
era seu dever viver a vida, ou imaginar-se distante dela. Uma das
características mais importantes deste período era o amor pela natureza e por
sua mística. O Romantismo também foi uma reação à visão do mundo mecanicista do
iluminismo. Isto significa que a natureza voltou a ser vista como um todo, como
uma unidade. Devido ao fato de o Romantismo ter trazido consigo uma
reorientação em tantos setores, costuma-se distingui-lo de duas formas:
Romantismo Universal e o Nacional. No primeiro, os românticos se preocupavam
com a natureza, a alma do mundo e com o gênio artístico. No segundo, eles
interessavam-se sobretudo pela história do povo, sua língua e também pela
cultura popular.
KIERKEGAARD
Kierkegaard
nasceu em Copenhague em 1813. Ele se opôs intensamente aos pensamentos de
Hegel, o próximo filósofo a ser estudado, e disse que a filosofia da unidade
dos românticos e o historicismo de Hegel tinham tirado do indivíduo a responsabilidade
pela sua própria vida. Para Kierkegaard, mais importante do que a busca de uma
verdade era a busca por verdades que são importantes para a vida de cada
indivíduo. Ele dizia também que a verdade era subjetiva não no sentido de que
era totalmente indiferente o que pensamos ou aquilo em que acreditamos, mas que
as verdades realmente importantes eram pessoais. Kierkegaard achava que havia
três possibilidades diferentes de existência e as denominou de estágio
estético,
estágio ético e estágio religioso. Quem vive no
estágio estético vive o momento e visa sempre o prazer. O estágio ético, é
marcado pela seriedade e por decisões consistentes, tomadas segundo padrões
morais. Quem vive no estágio religioso prefere a fé ao prazer estético e aos
mandamentos da razão. Para Kierkegaard, o estágio religioso era o cristianismo.
HEGEL
Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em 1770, em
Stuttgart. Ele reuniu e desenvolveu quase todos os pensamentos surgidos entre
os românticos. Hegel também empregou o conceito espírito do mundo, mas lhe
atribuiu um sentido diferente do de outros românticos. Quando falava de
espírito ou razão do mundo, ele estava se referindo à soma de todas as
manifestações humanas. Ele dizia que a verdade era basicamente subjetiva e
contestava a possibilidade de haver uma verdade acima ou além da razão humana.
Achava também que as bases do conhecimento mudavam de geração para geração e,
por conseqüência, não existiam verdades eternas. Ele dizia que a razão era algo
dinâmico e que fora do processo histórico não existia qualquer critério capaz
de decidir sobre o que era mais verdadeiro e o que era mais racional.
Acreditava que quando se refletia sobre o conceito de "ser" não tinha
como deixar de lado a reflexão da noção oposta, ou seja, o "não ser" e
que a tensão entre esses dois conceitos era resolvida pela idéia de
transformar-se. Hegel atribuiu uma importância enorme àquilo que chamou de
forças objetivas: a família e o Estado. Ele achava que o indivíduo era a parte
orgânica de uma comunidade e que a razão ou o espírito do mundo só se tornavam
possíveis na interação das pessoas e dizia também que o Estado era mais que o
cidadão isolado e mais que a soma de todos os cidadãos. Hegel achava impossível
desligar-se da sociedade por assim dizer. Para ele, quem dava as costas à
sociedade na qual vivia e preferia encontrar-se a si mesmo era um louco. Ele
falava que não era o indivíduo que encontrava a si mesmo, mas o espírito do
mundo e tentou mostrar que este retorna a si em três estágios: em primeiro lugar,
o espírito do mundo se conscientiza de si mesmo no indivíduo (chama-se de razão
subjetiva); depois, atinge um nível mais elevado de consciência na família, na
sociedade e no Estado, (chama-se de razão objetiva); e enfim atinge a forma
mais elevada de autoconhecimento na razão absoluta. E esta razão absoluta eram
a arte, a religião e a filosofia, sendo esta última a mais elevada da razão. Só
na filosofia era que o espírito do mundo se encontraria. Desse ponto de vista,
a filosofia podia ser considerada o espelho do espírito do mundo.
MARX
Marx foi um filósofo materialista e seu pensamento
tinha um objetivo prático e político. Foi também um historiador, sociólogo e
economista. Ele achava que eram as condições materiais de vida numa sociedade
que determinavam o pensamento e a consciência e que tais condições eram
decisivas também para a evolução da história. Nesse sentido, Marx dizia que não
eram os pressupostos espirituais numa sociedade que levavam a modificações
materiais, mas exatamente o oposto: as condições materiais determinavam, em
última instância, também as condições espirituais. Além disso, achava que as
forças econômicas eram as principais responsáveis pela mudança em todos os
outros setores e, conseqüentemente, pelos rumos do curso da história. Para
Marx, as condições materiais sustentavam todos os pensamentos e idéias de uma
sociedade sendo esta composta por três camadas: embaixo de tudo estavam as
condições naturais de produção que compreendiam os recursos naturais; a próxima
camada era formada pelas forças de produção de uma sociedade, que não era só a
força de trabalho do próprio homem, mas também os tipos de equipamentos,
ferramentas e máquinas, os chamados meios de produção; a terceira trata das
relações de posse e da divisão do trabalho, chamada de relações de produção de
uma sociedade. Para ele, o modo de produção determinava se relações políticas e
ideológicas podiam existir. Marx falava que toda a história era a história das
lutas de classes. Pensava a respeito do trabalho humano falando que quando o
homem labutava, ele interferia na natureza e deixava nela suas marcas e
vice-versa. Marx foi a pessoa que deu grande impulso ao comunismo. Ele atacava
fortemente o sistema capitalista que vigorava em todo mundo e achava que seu
modo de produção era contraditório. Para ele, o capitalismo era um sistema
econômico autodestrutivo, sobretudo porque lhe faltava um controle racional.
Ele considerava o capitalismo progressivo, isto é, algo que aponta para o
futuro, mas só porque via nele um estágio a caminho do comunismo.
Segundo Marx, quando o capitalismo caísse e o
proletariado tomasse o poder, haveria o surgimento de uma nova sociedade de
classes, na qual o proletariado subjulgaria à força a burguesia. Esta fase de
transição Marx chamou de ditadura do proletariado. Depois disso a ditadura do
proletariado daria lugar a uma sociedade sem classes, o comunismo e esta seria
uma sociedade na qual os meios de produção pertenceriam a todos. Em tal
estágio, cada um trabalharia de acordo com sua capacidade e ganharia de acordo
com suas necessidades.
DARWIN
Darwin foi um cientista que, mais do que qualquer
outro em tempos mais modernos, questionou e colocou em dúvida a visão bíblica
sobre o lugar do homem na criação. Ele achava que precisava se libertar da doutrina
cristã sobre o surgimento do homem e dos animais, vigente em sua época. Darwin
nasceu em 1809 na cidade de Shrewsbury. Em um de seus livros publicados,
Origem das espécies, defendeu duas
teorias ou idéias principais: em primeiro lugar dizia que todas as espécies de
plantas e animais existentes descendiam de formas mais primitivas, que viveram
em tempos passados. Ele pressupôs, portanto, uma evolução biológica. Em
segundo, Darwin explicou que esta evolução se devia à seleção natural. Um dos
argumentos propostos por ele para a evolução biológica era o fato de existir
depósitos de fósseis estratificados em diferentes formações rochosas. Outro
argumento era a distribuição geográfica das espécies vivas (ele havia visto com
seus próprios olhos que as diferentes espécies de animais de uma região
distinguiam-se umas das outras por detalhes mínimos). Darwin não acreditava que
as espécies eram imutáveis, só que lhe faltava uma explicação convincente para
o modo como se processava a evolução. O que ele tinha era um argumento para a
suposição de que todos os animais da Terra possuíam um ancestral comum: a
evolução dos embriões dos mamíferos, mas continuava sem explicar como se
processava a evolução para as diferentes espécies. Enfim chegou a uma
conclusão: a responsável era a seleção natural na luta pela vida, ou seja, quem
melhor se adaptava ao meio ambiente, sobrevivia e podia garantir a continuidade
de sua espécie. "As constantes variações entre indivíduos de uma mesma
espécie e as elevadas taxas de nascimento constituem a matéria-prima para a
evolução da vida na Terra. A seleção natural na luta pela sobrevivência é o
mecanismo, a força propulsora que está por trás desta evolução. A seleção
natural é responsável pela sobrevivência dos mais fortes, ou dos que melhor se
adaptam ao seu meio".
FREUD
Freud
nasceu em 1856 e estudou medicina na Universidade de Viena. Ele achava que
sempre havia uma tensão entre o homem e o seu meio. Para ser mais exato, um
conflito entre o próprio homem e aquilo que o seu meio exigia dele. Ele
descobriu o universo dos impulsos que regiam a vida do ser humano. Com
freqüência, impulsos irracionais determinavam os pensamentos, os sonhos e as
ações das pessoas. Tais impulsos irracionais eram capazes de trazer à luz
instintos e necessidades que estavam profundamente enraizados no interior dos
indivíduos. Freud chegara a conclusão da existência de uma sexualidade infantil
por meio de sua prática como psicoterapeuta. Ele também constatou que muitas
formas de distúrbios psíquicos eram devido a conflitos ocorridos na infância.
Após um longo período de experiência com pacientes, concluiu que a consciência
seria mais ou menos como a ponta de um iceberg que se elevava para além da
superfície da água. Sob a superfície ou sob o limiar da consciência, estava o
subconsciente ou inconsciente. A expressão inconsciente significava, para
Freud, tudo o que reprimimos.
NOSSO
PRÓPRIO TEMPO
Hilde estava gostando bastante do presente que
ganhara de seu pai e não parava a leitura por nada. Esquecia-se até de comer.
Ela refletia sobre tudo que lia e sempre chegava a conclusões que às vezes nem
entendia. Então voltou a ler. Sofia estava voltando para casa e no meio do
caminho lhe aconteceram coisas estranhas. Quando chegou a sua casa, passaram
alguns instantes até que sua mãe retornasse também. As duas foram limpar o
jardim para a festa de
Sofia. Na manhã seguinte, Alberto ligou e marcou um
encontro no "Café Pierre" para falar sobre o existencialismo.
O existencialismo tem como ponto de partida única e
exclusivamente o homem. Vale ressaltar que todos os filósofos existencialistas
eram cristãos. Jean-Paul Sartre foi um de seus principais representantes. Ele
ainda fez um comentário sobre a revolução tecnológica por que o mundo passava.
Depois dessa explicação, foram até uma biblioteca
que ficava ali perto e Alberto deu de presente a Sofia um livro.
A FESTA
NO JARDIM
Hilde já estava quase no final do livro. Ela sentia
que tinha prendido muita coisa desde que começara a ler O Mundo de Sofia. Ela
prosseguiu com a leitura. Sofia pegou um ônibus para voltar par casa e por
coincidência sua mãe estava nele. Quando chegaram ao seu destino, desceram e
passaram o resto do dia organizando e terminando os preparativos para a festa.
Entre os que viriam, estava Alberto. Os convidados começaram a chegar. Vieram
Jorunn e seus pais e alguns colegas do colégio onde Sofia estudava. Todos
estavam ansiosos pela chegada do já comentado professor de filosofia de Sofia.
Então ele chegou e fez um discurso que contava tudo que estava ocorrendo. Falou
sobre Hilde e seu pai e que tudo que estava acontecendo e a existência de todos
que estavam ali não passava de uma brincadeira inventada para divertir Hilde no
dia de seu aniversário. Os pais de Jorunn acharam aquilo absurdo e a mãe de
Sofia não estava entendendo nada. Então Sofia contou-lhes que teria que ir
embora com Alberto. Sua mãe, mesmo triste, aceitou e os dois sumiram pela
floresta.
O
CONTRAPONTO
Hilde refletiu sobre o que havia acontecido e ficou
curiosa para saber onde os protagonistas daquela história teriam ido parar, o
que realmente tinha acontecido, mas a história tinha acabado. Será que a
própria Hilde agora deveria continuar a história? Então, de repente,
ocorreu-lhe uma idéia: se Alberto e Sofia realmente tinham conseguido fugir da
história, não poderia haver nada escrito sobre isto nas páginas do fichário.
Afinal tudo que estava escrito ali era do conhecimento de seu pai. Nos dias
seguintes que se passaram, ela e sua mãe foram preparar a festa de São João,
que seria no Sábado. Sofia e Alberto conseguiram escapar do livro e agora
estavam em outro local como se fossem almas ou espíritos.
Quando o pai de Hilde chegou ao aeroporto,
encontrou várias mensagens como as que ele mandava para Sofia. Era sua filha
pregando-lhe uma peça e enquanto isso Sofia e Alberto estavam indo para
Lillesand para a residência de Hilde. Durante este percurso eles perceberam que
estavam fazendo parte de outro mundo, uma espécie de mundo da eternidade..
Hilde esperava o seu pai no jardim onde também já
se encontravam Sofia e Alberto. Eles estavam invisíveis. Quando o Major Albert
Knag (este era o nome do pai de Hilde) chegou, deu um grande abraço em sua
filha e foram jantar. Depois, os dois foram para o jardim conversar.
A GRANDE
EXPLOSÃO
Hilde escutava atentamente seu pai falar sobre o
universo. Sofia e Alberto também estavam ali, ouvindo tudo. Seu pai lhe falou
sobre a origem do universo, a teoria do Big Bang, que foi uma grande explosão
cósmica ocorrida há bilhões de anos atrás, sobre astronomia, gravidade, inércia
e falou que na noite de Ano Novo antes dele viajar para o Líbano foi que
decidira escrever-lhe o livro de filosofia. Hilde estava encantada.
Enquanto isso, Alberto e Sofia, que estavam perto
do lago, foram até o barco e o soltaram. Hilde não entendeu e então se
lembraram do episódio do livro em que Sofia toma emprestado o bote de seu
professor e resolveram nadar juntos até o barco.
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