A Saga dos Pereiras
Capítulos:
I
, III, IV ,V, VI ,VII , VIII, IX

 

Cap II

...........O ferimento no pé de meu avô já estava cicatrizado, então se iniciou o processo de fisioterapia e prontamente eu me candidatei a ministrar o procedimento. Tratava-se de massagear a região atrofiada com sebo quente de carneiro capado. Carneiro trazido da Faz. Canabrava para ser sacrificado no quintal da nossa casa (nossa porque eu a considerava minha também) com uma paulada na cabeça, sangrado, retirado o couro e submetido aos cortes de carnes apropriadas para mesa. Os miúdos seriam usados para preparar um suculento "mininico" à ser servido na madrugada do dia seguinte com a presença de tio Oscar Pereira e regado a um bom vinho português. E o sebo? Já ia me esquecendo. Também pudera, empanturrado de mininico fazia mal ocupar a cabeça com outras preocupações! O sebo foi retirado, limpo de carnes e sangue, lavado e guardado em um recipiente de barro vitrificado. Em torno das 19 horas minha avó trazia para o quarto um pequeno fogareiro para manter a temperatura do sebo que já fora esquentado em banho-maria previamente na cozinha. O resto ficava sob minha responsabilidade. Com a mão direita enrolada em uma flanela, retirava pequenas parcelas para fazer a massagem. Aí começava o papo: Por que seu pai usava esta roupa? E esta espada? Apontava para o baú ou arca como ele a chamava! Ele foi para a guerra? O pai dele era guerreiro? E o senhor também foi para a guerra? Pacientemente ele respondeu: - meu pai, seu bisavô, serviu ao exército imperial. Nem eu nem o meu avô Manuel fomos soldados. Criança, submetido a uma educação que não permitia muitas perguntas aos mais velhos, dei-me por satisfeito. Adulto, procuro as respostas que seriam atendidas, por meus avós, minha mãe e meus tios se estivessem vivos! Agora é tarde. Só me restam vagas lembranças e cumpre-me interpreta-las. MANUEL PEREIRA DE SOUZA não era Catuense. Seria um cristão novo a serviço da Casa da Torre ou um português que se abrigara em Catú após a Guerra da Independência. Segundo Zote, filho de tia Santa (irmã de meu avô Alfredo, para quem está chegando agora), MANUEL era português. Com certeza ele se estabeleceu em Catú, se casou com ANNA FRANCISCA DO ESPÍRITO SANTO, e montou um engenho de açúcar as margens do riacho Cabeça de Negro na região hoje conhecida como Riachão dos Pereira, ou simplesmente, Riachão. Se fosse soldado da Casa da Torre teria fundado um curral. São filhos de MANUEL e ANNA FRANCISCA : JOAQUIM PEREIRA DE SOUZA ARMUNDES (pai do nosso avô Alfredo) e JOSEPHINA PEREIRA DA SILVA (Pereira de Souza de batismo, casada com Manoel Pereira da Silva, proprietário da Faz. Maleitas em região que separa os atuais distritos de Pau Lavrado e Sítio Novo. Sobre JOAQUIM vamos dedicar todo um capítulo. JOSEPHINA vem ser a nossa bisavó SINHÁ, mãe de nossa avó ADELAIDE. Vai ter tempo para lhes contar esta história............

( Luiz Carlos Batista )
 

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